sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Seminário aborda políticas afirmativas para as minorias


Por: Emanuelle Oliveira
Jornalista / Integrante da Cojira-AL


As ações e políticas afirmativas e a igualdade racial no mercado de trabalho foram temas debatidos durante o II Seminário Regional de Promoção da Igualdade, que teve início ontem e se estende até hoje (28), no auditório da Ordem dos Advogados (OAB/AL). Promovido pela Comissão de Defesa das Minorias Étnico-Sociais da OAB/AL, o evento foi realizado em várias capitais brasileiras e marca o mês da consciência negra, trazendo também painéis sobre a violência doméstica, a promoção dos direitos da pessoa com deficiência, as questões indígenas, a igualdade de direito na saúde e na vida e a intolerância religiosa.

No primeiro tema, as painelistas Silvia Cerqueira, presidente da Comissão nacional da promoção da igualdade (Cnpir) e da Associação nacional de advogados afrodescendentes da Bahia (Anaad/BA) e Valdice Gomes, presidente do Sindicato dos jornalistas de Alagoas (Sindjornal) e integrante da Comissão de jornalistas pela igualdade racial (Cojira/AL) falaram sobre o preconceito que ainda existe no país e que para elas vai além da questão social. Helcias Pereira, coordenador de cultura do Anajô, foi o presidente de mesa.

A advogada defendeu a política de cotas nas universidades e disse que é preciso promover um debate amplo, porque os negros se sentem envergonhados por serem cotistas. Para ela, essa é uma medida de reparação, que necessita de um maior incentivo do governo, como a distribuição de bolsas de auxílio financeiro, já que muitos estudantes não têm como arcar com xerox e transporte. "Os negros não têm oportunidades como os não-negros, porque herdaram a ausência de cidadania.

Dificilmente os vemos ocupando cargos de chefia e as cotas servem só para garantir o acesso ao ensino superior, porque o rendimento é avaliado da mesma forma e sabemos que no Rio de Janeiro e na Bahia os cotistas se saíram igual ou melhor que os demais, mostrando que são capazes, desde que tenham condições", afirmou Silvia.

Segundo Silvia, as leis não são suficientes para acabar com o racismo, uma vez que apenas em 2001 o governo reconheceu, perante a comunidade internacional, que o Brasil é um país miscigenado e assinou protocolos que são um marco nas políticas afirmativas. Com base no artigo 3°, que diz ser preciso erradicar a pobreza e a desigualdade, combatendo qualquer forma de preconceito, ela justifica as ações inclusivas.

Já a jornalista Valdice Gomes contestou a falta de profissionais negros, principalmente nas redações dos meios de comunicação, porque eles têm o mesmo diploma e apesar de não existir nenhuma determinação que os proíba de trabalhar em televisão, são ignorados por causa de um preconceito implícito. "Apenas 4% dos jornalistas que trabalham em tv pública são negros e a programação desses veículos também não representa a diversidade étnico-cultural do país", reforçou.

"Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comprova que a construção do emprego no Brasil começou de forma desigual, porque a imigração européia se deu 30 anos antes da abolição da escravatura, reafirmando a ideologia do braqueamento e a exclusão dos negros. É necessário que todas as categorias abracem a causa, para que as empresas promovam a igualdade também no mercado de trabalho", enfatizou Valdice.

Estiveram presentes ao evento o presidente da OAB/AL, Omar Coelho, o presidente da Comissão de defesa das minorias étnicas e sociais, Alberto Jorge, além de religiosos de matrizes africanas, professores, estudantes e demais membros da sociedade civil.

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