terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Museu da Resistência

O ano de 2013 é encerrado com uma boa notícia para a cultura afro-alagoana. Foi aprovada na Câmara Municipal de Maceió a proposta da construção do Museu da Resistência (História e Cultura Africana e dos Afro-Brasileiros) e a emenda parlamentar no valor de R$80.000 no Plano Plurianual (PPA) 2014 a 2017, que será administrada pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC). 

O novo espaço visa o fortalecimento do turismo étnico em Maceió e será norteado por três vertentes: memória, história e arte. “Acreditamos que será um mecanismo importante para a propagação da consciência crítica sobre o papel da população afrodescendente no desenvolvimento de nossa nação, e ainda, busca promover o pertencimento étnico e o orgulho pelas manifestações afro-culturais. Queremos que estudantes, pesquisadores, ativistas e turistas possam ter acesso aos mais diversos tipos de exposições e conferir apresentações dos segmentos afros”, justificou a autora da iniciativa, vereadora Fátima Santiago(PP). 

Trata-se de um investimento concreto de política pública, sendo respaldada pelo momento que estamos vivenciando: a Década Internacional dos Povos Afrodescendentes, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da Resolução A/66/460. Na edição 264ª dessa Coluna Axé (27/08 a 02/09/13), já tínhamos ressaltado que o projeto de lei estava em tramitação e teve uma reflexão na nota “cultura afro” sobre a necessidade de ter mais locais gratuitos para repassar informações sobre as questões étnicorraciais. 

Atualmente no Brasil, existe o Museu Afro Brasil em São Paulo(SP), o Museu do Negro no Rio de Janeiro(RJ) e o Museu da Abolição no Recife(PE). Porém, no Estado de Alagoas, terra de Zumbi dos Palmares e onde teve o maior quilombo da resistência negra, os espaços públicos com essa temática são escassos. É possível encontrar alguns materiais no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e tem a expressividade da Serra da Barriga no município de União dos Palmares que possui em seu platô o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, mas, o espaço Batucajé (dança ao som de tambores) não é utilizado para exposições e outros eventos afros, e ainda, tem a precária estrada de acesso que impossibilita a ampliação de visitantes. 

Bom, esperamos que a proposta seja concretizada e esse ponto turístico da capital alagoana torne-se uma referência. Axé!


Coluna Axé – 280ª edição – Jornal Tribuna Independente (31/12/13 a 06/01/14)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

A maior luta do Spider man - Anderson Silva

Por: Luciane Reis - Publicitária


Não assisto UFC, não gosto de nada que tenha violência. Se eu quiser briga e morte basta ir às periferias ou na minha rua no bairro da Saramandaia, em Salvador. Mas quero dizer aAnderson Silva, que ele nunca me chamou a atenção pelo esporte que pratica. Ele é meu herói, por ser um lutador titânico ao mostrar sua família preta. Ao se mostrar um pai responsável e ser um exemplo de homem que gostaria de ter em minha vida.
Para mim você é um herói por ter aceito, sem medo, e com muita serenidade, a  tarefa que esta geração vem se negando a fazer preservar  nossos  legados e realizações  via o fortalecimento de  famílias  negras. Aos meus olhos você será sempre o cara que lutou e venceu a pior herança deixada pela escravidão aos homens negros. Falo do legado do escravo reprodutor. Você, ao contrario de outros de sua  cor, entende que não é mais escravo reprodutor da Casa Grande, logo tem responsabilidade com as mulheres e famílias negras. Admiro-te por não ter escolhido o mais fácil e ter construído uma família interracial e por não ter acreditado e absorvido o discurso de um monte de homens negros de que  “ o coração não escolhe cor e o importante é o amor". Ter  responsabilidade afetiva e social com família e mulheres negras é um posicionamento político SIM! Se a família negra não fosse assim tão importante durante a escravidão este não seria o primeiro laço quebrado.

Anderson a escolha feita por ti, e que aos meus olhos o torna um grande herói, é   você ter percebido  a importância de ser pai de uma família negra. Muitos dos jovens negros que se encontram acorrentados nas cadeias e prisões  estão por fatores sociais diversos, mas com certeza existe a falta de uma  figura paterna forte em suas vidas, afinal suas mães, irmãs, tias e avós nunca os abandonaram.  Uma mãe por mais que ofereça  sabedoria, discernimento, disciplina e encorajamento, não completa sozinha a educação de um ser humano. Mesmo com todas estas qualidades preenchidas, ainda faz falta a presença  de um pai na vida de seus filhos  e não foi por acaso que nossos algozes tiraram primeiro dos nosso homens pretos esta responsabilidade .
Você compreende que ser pai é muito mais do que ser um doador de sêmen, você sabe da necessidade de uma presença consistente e ativa e, ao meu ver, você ganha a batalha mais importante de sua vida ao mostrar sua família linda e preta.

Querido, qualquer outra derrota se torna insignificante em sua vida diante da batalha diária que você enfrenta, que é garantir que sua família não seja destroçada pelo racismo cordial nosso de cada dia. PORTANTO, maior herói que você não existe. Você e o ex-goleiro da seleção brasileira DIDA,  sabem que tem lutas diárias que são mais importantes que UFC OU MMA .

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Força guerreiro!



Um dos assuntos mais abordados no momento é o drama de Anderson Silva vivenciado na luta contra o americano Chris Weidman, quando tentava recuperar o cinturão no UFC. A cena foi chocante, ele fraturou a tíbia e a fíbula, lesão que podia ser comparada a um acidente de moto.

Ele é considerado o melhor lutador da história, tem 33 conquistas e é o detentor do record de 17 vitórias seguidas. Tem faixa preta no judô, jiu jitsu, muay thai e taekwondo, além de saber lutar boxe e capoeira. A recuperação será dura com uma previsão de seis a nove meses, e ainda, tem os questionamentos sobre uma possível aposentadoria forçada.

Agora, o que ele mais precisa é do amor da família e amigos, além de paciência e saúde.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Prêmio Lélia Gonzalez vai distribuir R$ 2 milhões para organizações de mulheres negras

Iniciativa da SEPPIR e SPM premiará projetos que envolvam mídias; campanhas; eventos (cursos, seminários, oficinas, encontros ou similares); produção de publicações, registro e memória.


Estão abertas as inscrições para o Prêmio Lélia Gonzalez – Protagonismo de Organizações de Mulheres Negras. O edital da premiação foi publicado, no dia 19 de dezembro, no Diário Oficial da União. Organizações da sociedade civil que atuam no enfrentamento ao racismo e sexismo podem se inscrever até 14 de fevereiro, exclusivamente por via postal.

O concurso vai disponibilizar R$ 2 milhões em prêmios para projetos em três eixos prioritários: Protagonismo da Organização; Enfrentamento ao Racismo e ao Sexismo Institucional; e Cultura e Comunicação para a Igualdade. Os projetos podem conter ações de conteúdo midiático; campanhas; eventos (cursos, seminários, oficinas, encontros ou similares); produção de publicações, registro e memória.

A premiação foi lançada no dia 18/12, em Brasília, pelas ministras Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), em cerimônia que contou também com um debate acerca da vida da homenageada pelo nome do certame, Lélia Gonzalez.

O concurso tem como objetivos promover o reconhecimento das mulheres negras como sujeitos de direitos e protagonistas de ações de enfrentamento ao racismo e ao sexismo; a articulação entre ações destinadas às mulheres negras, em desenvolvimento na sociedade civil e no âmbito governamental; e a disseminação de experiências inovadoras realizadas por organizações de mulheres negras.

Como proponentes, podem participar pessoas jurídicas, sem fins lucrativos, com o mínimo de três anos de existência e identificadas como grupo, organização ou rede de mulheres negras. As organizações devem ainda ter em sua missão institucional o enfrentamento ao racismo e ao sexismo, e sua diretoria, ou similar, deve ser composta, exclusivamente, por pessoas do sexo feminino autodeclaradas negras (pretas ou pardas).

Categorias – A premiação se divide nas categorias: Municipal – com propostas de atividades especificamente no município onde está localizada a instituição proponente; Estadual – com propostas de atividades que envolvam, pelo menos, cinco municípios no mesmo estado onde se localiza a instituição proponente; Regional – com propostas de atividades em pelo menos três dos estados da região onde se localiza a instituição proponente; e Nacional – com propostas de atividades que abranjam, pelo menos, treze estados de três regiões do País.

Serão contempladas duas propostas na Nacional com o valor de R$ 200 mil; três na Regional, com R$ 150 mil; seis na Estadual, com R$ 100 mil; e onze na Municipal, com R$ 50 mil.

A seleção será feita em duas etapas: Habilitação de projetos pelas equipes técnicas da SEPPIR e da SPM, de caráter eliminatório, e Avaliação pela Comissão de Seleção, de caráter classificatório.

A Comissão de Seleção será composta por três servidoras da SEPPIR, três da SPM, uma da Fundação Cultural Palmares e duas representantes de organizações da sociedade civil, sendo uma do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e outra do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR).

As inscrições devem ser feitas pelo endereço:

Concurso SEPPIR-SPM/PR Nº 01/2013
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR/PR
Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas – SPAA
Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9º andar, Sala 901
CEP 70.054-906 – Brasília-DF.

Acesse aqui o edital completo.

Histórico – No contexto das Conferências de Políticas para as Mulheres, a crescente demanda por uma ação governamental inclusiva, antirracista e antissexista levou a SPM, em 2008, a incluir em seu II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), um capítulo dedicado ao “Enfrentamento ao Racismo, ao Sexismo e à Lesbofobia”, de modo a assegurar e afirmar os valores da diversidade.

Já em 2012, a SEPPIR formulou as Ações Integradas para as Mulheres Negras, que, além de buscarem atender ao capítulo do PNPM, refletem o estabelecido no Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010). Estas foram construídas em diálogo com a sociedade civil, ressaltando três eixos: fortalecimento da organização; enfrentamento ao racismo e ao sexismo institucional; e cultura e comunicação para a igualdade, justamente os eixos contemplados na premiação.

Lélia Gonzalez (1935-1994) – Antropóloga e ativista afro-brasileira, é referência dos movimentos feminista e de mulheres negras. Seu legado é fonte permanente de inspiração para diversas ações de enfrentamento ao racismo e ao sexismo, bem como para iniciativas que visam ampliar a participação política das mulheres, especialmente das mulheres negras.



Fonte: Assessoria de Comunicação Social/Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR
61 3411 4214 / 4228 / 4229 / 5807 / 5887             

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Grande final do The Voice Brasil



O reality show mais assistido e comentado no momento é o The Voice Brasil (Rede Globo), cuja 2ª temporada encerrará nessa quinta-feira(26.12). 

São quatro finalistas, mas, destacamos Pedro Lima natural de Nova Iguaçu(RJ), 24 anos, estudante de fonoaudiologia e que cantava apenas na igreja. 

A única mulher na disputa, é a paraibana Lucy Ramos de 27 anos que além de ter voz aveludada é graduada em Música e multi-instrumentista, sabe tocar bandolim, cavaquinho, baixo, violino e acordeão. A disputa promete!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Mais axé



Mais um ano chegou ao fim, com ele, também são fortalecidos os pensamentos e atitudes em busca de dias melhores. 

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL) vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) reafirma o seu compromisso com um jornalismo voltado para o respeito à diversidade e contribuindo na divulgação de informações que enalteçam as questões étnicorraciais. 

Também, queremos agradecer a colaboração de todos os parceiros e lideranças do movimento social negro, que nossa união seja fortalecida e tenhamos mais realizações. Que o espírito natalino ocorra todos os dias, independente da cor de pele, religião e condição financeira. 

Queremos um mundo melhor, com justiça social, mais motivos para sorrir e um 2014 cheio de axé (força e paz) para tod@s!



Fonte: Coluna Axé - 279ª edição – Jornal Tribuna Independente (24 a 30/12/2013)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Dueto de bamba no Orákulo Chopperia

VAMOS JUNTOS NOS DESPEDIR DE 2013 E COMEMORAR A CHEGADA DE 2014 NO ÚLTIMO SÁBADO DO ANO COM A MPB E O POP ROCK DE KEL MONALISA E O SAMBA DE RAIZ DE IGBONAN ROCHA.

JUNTE OS AMIGOS E VENHA CELEBRAR COM A GENTE!!!!!!

RESERVA DE MESAS PELOS FONES: : 9941-5755 (TIM) / 8890-1840 (OI) 


Governador empossa novos membros do Conselho Estadual de Comunicação


Solenidade será realizada nesta sexta-feira no Salão Aqualtune do Palácio República dos Palmares





O governador Teotonio Vilela Filho empossa nesta sexta-feira (20), às 10h30min, no Salão Aqualtune do Palácio República dos Palmares, os novos membros do Conselho Estadual de Comunicação. Após a solenidade, os representantes das diversas entidades que compõe o Conselho, que tem caráter consultivo, devem escolher a diretoria para o próximo biênio.

Criado em 2006, o Conselho Estadual de Comunicação foi o primeiro a ser instituído no Brasil, fruto do trabalho de base dos movimentos sociais, principalmente pela iniciativa do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Muitos outros Conselhos foram criados pelo País, todos inspirados na iniciativa alagoana.

A criação do Conselho foi um fato marcante, comemorado pelos profissionais e dirigentes das entidades de comunicação, e da sociedade civil organizada”, destacou o jornalista Bartolomeu Dresch. “No início ele cumpriu bem o seu papel de discutir a política de comunicação e de receber denúncias. A imprensa sempre acompanhava, com grande interesse, cada reunião”.

Apesar da sua importância, destacou o atual presidente, o jornalista e radialista Marcos Guimarães, o Conselho Estadual de Comunicação passou por períodos marcados pelo esvaziamento, onde as sessões não eram realizadas por vários motivos, entre eles a falta do quorum exigido pelo estatuto.

Em 2009, o Conselho se reuniu por uma vontade superior, a necessidade de organizar e legitimar a participação de Alagoas na Conferência Nacional de Comunicação. Durante a Conferência Estadual escolhemos os delegados para o evento nacional”, explicou Guimarães.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), Valdice Gomes, comemorou a volta do Conselho. “Temos uma grande demanda reprimida. A sociedade quer participar dessa discussão. Esperamos que os representantes do Governo e das entidades participem e as sessões aconteçam”.

Valdice também reforçou a necessidade do Conselho dar respostas a questões relevantes na comunicação. “A volta do Conselho significa o fortalecimento da comunicação pública no estado. O Conselho precisa dar respostas algumas proposições apresentadas na Conferência Nacional de Comunicação, como o acesso da diversidade étnica e dos movimentos sociais aos meios de comunicação”, disse.



Fonte: Agência Alagoas

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Programação cultural espalha clima de Natal pela cidade

As apresentações de corais e folguedos natalinos promovidas pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), seguem levando o clima de Natal para diversas localidades da cidade. A programação segue até o dia 22 quando haverá o momento mais especial com apresentações na Praça Multieventos, na Pajuçara.
FOTO QUINTETO VIOLADO
Quinteto Violado será uma das atrações dos festejos natalinos em Maceió
No encerramento, os shows serão iniciados às 19h com uma grande cantata natalina que reunirá mais de 20 corais, acompanhados pela Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no mesmo palco. Na sequência, o grupo Quinteto Violado apresentará o espetáculo ‘Uma Noite de Festa’ ao lado do Balé Folclórico de Alagoas (Transart).
O encontro de coros reunirá cerca de 200 vozes em torno de repertório típico dos festejos natalinos com canções como Aleluia de Handel, Adeste Fidelis, Noite Feliz, Primeiro Natal, além da tipicamente alagoana Natal Nordestino, de Eliezer Setton.
Já o espetáculo ‘Uma Noite de Festa’, do Quinteto Violado trará as principais manifestações do período natalino, aliando a inconfundível leitura musical do grupo ao primor das coreografias do Transart. No repertório, Pastoril, Cavalo Marinho, Burrinha, Reisado, Lapinha, e toda a riqueza do Natal nordestino. O ponto alto da festa é a homenagem que o Quinteto Violado fará ao estado de Alagoas com uma apresentação de Marujada.
Desde o dia 12 de dezembro diversos bairros de Maceió vêm sendo palco de apresentações de canto coral e folguedos natalinos. As exibições acontecem pela manhã, tarde e noite.

Fonte: Clarissa Veiga – Ascom Fmac

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

COOPVILA celebra cinco anos de atuação e transformação social


Nessa sexta-feira (20.12) terá a celebração com parceiros e a comunidade, por um natal justo e verdadeiro



A Cooperativa dos Catadores da Vila Emater (Coopvila) é uma organização sem fins lucrativos localizada em Maceió, que congrega 30 ex-catadores de materiais recicláveis do antigo lixão de Maceió. Para comemorar os seus cinco anos de fundação, terá nessa sexta-feira(20.12) a partir das 16h, uma confraternização especial na sede da instituição.

O evento contará com a presença dos cooperados, representantes de instituições parceiras, admiradores e comunidade em geral. Na ocasião, será rememorada a história da entidade e a realização de um ato ecumênico refletindo sobre a importância de um Natal justo e verdadeiro, onde todos tenham seus direitos reconhecidos.

A Coopvila avançou muito, é muito importante para os cooperados e a sociedade, e queremos ampliar ainda mais. A nossa vida era dentro do lixão, tudo precário e exposto a várias doenças. Com a Cooperativa desenvolvemos o espírito de solidariedade, a autoestima, lutamos para ver nossa profissão reconhecida e ter mais oportunidades. Muitos de nós voltou a estudar porque antes não tinha tempo”, ressaltou Eliene da Silva, Presidente da Coopvila.

Também terá a apresentação do coral Criança Alegria formado por crianças que moram na Vila Emater – uma parceria da Coopvila com o Centro de Educação São Bartolomeu (Ceasb) e a Escola Municipal Audival Amélio. E ainda, a participação especial do coral Canarinhos de Aracaju, que existe há 14 anos e é uma iniciativa do Instituto Canarinhos de Aracaju-SE (INCASE). Os dois grupos são regidos pelo maestro Carlos Magno, e juntos, interpretarão canções natalinas e que exaltam a cultura nordestina.

Direitos ameaçados
A Coopvila tem como princípio a busca incessante por justiça social e a preservação ambiental, além de promover a geração de renda e dignidade para os catadores. Participa da luta da Associação de Moradores da Vila Emater (Asmove) pela conquista de moradia digna, porém, esse direito é ameaçado pela ação de grileiros. A área onde as mais de 200 famílias vivem foi doada há um ano pelo Estado, mas a posse não foi efetivada até o momento, impedindo a construção de moradia pela Caixa Econômica.

Com baixa renda, proveniente exclusivamente da venda de materiais recicláveis, os cooperados buscaram o diálogo e lutam pelo pagamento do serviço de coleta seletiva pela Prefeitura de Maceió, um serviço público cuja conta pagam sozinhos.

Parcerias
A Coopvila é membro do Movimento Nacional dos Catadores e do Conselho Municipal de Economia Solidária. Ao longo da sua trajetória, conquistou parceiros importantes como a Fundação Banco do Brasil o recente patrocínio da Petrobras, através do Programa Desenvolvimento e Cidadania. Entre seus parceiros estão o Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (Ceasb),  o SGAP, Chesf, COEP, Funasa, Fundo Nacional do Meio Ambiente e 80 instituições públicas, empresas, hotéis e condomínios que entregam semanalmente materiais recicláveis e estão fortalecendo o Programa de Coleta Seletiva Solidária.


Fonte: Ascom - Coopvila

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Documentário “Mwany” é o grande campeão na Mostra Sururu

https://www.facebook.com/mwanyfilme?fref=ts


A V Mostra Sururu de Cinema Alagoano foi um sucesso! Realizada no período de 06 a 09 de dezembro, na Praça Multieventos em frente a praia da Pajuçara em Maceió, atraiu uma grande quantidade de cinéfilos que conferiram produções alternativas dirigidas na sua maioria por alagoanos e gravados em nossa terrinha.

Das 15 categorias na Mostra Sururu, o documentário “Mwany” foi o mais premiado. Já o filme “O Vulto” do realizador Wladymir Lima, que promove a reflexão sobre juventude, drogas e violência, levou o Prêmio Algás de Melhor Ficção e de melhor Ator com o jovem China Santos, capoeirista e integrante do Centro de Estudos e Pesquisas Afro Alagoano (Cepa Quilombo).

O documentário “Mwany” – Todo coração é uma nação, é um retrato poético de uma mulher e seu país em uma terra estrangeira. Dirigido por Nivaldo Vasconcelos, é protagonizado pela artista moçambicana Sônia Andrea e sua filha Thandy da Conceição. Foi gravado em Maceió e lançado em setembro de 2013, tem arrancado a admiração e muitos prêmios.

Na Mostra Suuru levou seis prêmios no total: melhor atriz; melhor direção; melhor direção de fotografia; melhor plano cinematográfico pela cena da corda de pular(foto); melhor documentário; e Prêmio de Melhor Curta Júri Popular. “Mwany trata das barreiras entre a ficção e a realidade, as barreiras entre Brasil e Moçambique, entre performance e o que chamam de recorte do real”, ressaltou o diretor. São 18’40” de reflexão sobre o pertencimento étnico e valores, e deveria ser exibido mais vezes e para os diversos públicos.

Foi emocionante ver a qualidade estética e o potencial do cinema nordestino que precisa ser mais valorizado e patrocinado. Nossa cultura agradece!

Homenagem merecida

Após dez dias de homenagens e peregrinações para exaltar a memória de Nelson Mandela – ícone mundial na luta por igualdade racial, justiça e liberdade – ele foi enterrado neste domingo às 12h45 (8h45 de Brasília) após um funeral com honras de Estado. 

Foi na aldeia de Qunu localizado no sudeste da África do Sul, onde passou os "momentos mais felizes de sua vida" de acordo com seu livro de memórias, em muitas áreas rurais daquele país é normal enterrar os parentes nas terras da família.

A cerimônia também foi marcada por rituais tradicionais da etnia xhosa; três helicópteros militares sobrevoavam o cemitério balançando a bandeira sul-africana e uma bateria de canhões disparou uma salva de 21 tiros. 

O ex-presidente sul-africano foi sepultado sobre os olhares de familiares, amigos mais próximos e uma seleta lista de convidados. Mandela se foi, mas, esperamos que seu legado seja fortalecido e a luta não seja em vão. Seguiremos em frente e tendo em mente uma das frases mais conhecidas do guerreiro:“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”. Axé! 



Nota
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), por meio de sua Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), emitiu nota pública lamentando o falecimento do líder sul-africano Nelson Mandela, herói mundial da luta pela liberdade e igualdade, ao tempo que externou a imensa gratidão pelos seus ensinamentos e exemplo que motivam os jornalistas brasileiros a continuarem lutando por um mundo de paz e sem racismo. Descanse em paz Madiba, exemplo de determinação, visão humanitária, diplomacia, liderança e afetividade para com a Humanidade.



Fonte: Coluna Axé - 278ª edição – Jornal Tribuna Indepedente (17 a 23/12/2013)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Servidores serão capacitados para combater racismo no serviço público


Servidores serão capacitados para combater racismo no serviço público


A Prefeitura de Maceió, por meio da integração entre secretarias e superintendências do município, participará nos próximos dias 16 e 17, de um ciclo de atividades promovido pela Secretaria Nacional da Juventude, da Presidência da República, na capital alagoana.

As oficinas discutirão, entre outras coisas, a abordagem e identificação do racismo institucional no âmbito do plano Juventude Viva. A iniciativa objetiva a elaboração de estratégias conjuntas para o combate do racismo no ambiente de trabalho e inclusão da perspectiva da igualdade racial nas ações das secretarias e superintendências de Alagoas.

Para a secretária executiva do Gabinete do Prefeito e também presidente do comitê Juventude Viva em Maceió, Adriana Toledo, a ação é de extrema importância para capacitar o servidor que lida diretamente com o público, em especial com população afrodescendente.

“A realização da oficina foi uma solicitação da Prefeitura de Maceió à Secretaria de Igualdade Racial, da Presidência da República. Fizemos isso porque ainda é muito frequente ouvir relatos da população negra se queixando do mau atendimento em estruturas do município. Queremos capacitar nossos servidores e fazer com que multipliquem o combate ao racismo no sistema público maceioense”, disse Toledo.

Os estudos serão facilitados pela equipe do Instituto Amma Psique e Negritude, sediado na grande São Paulo, adotando metodologia que promova a associação entre vivência e informação. A proposta envolve, entre outros pontos, registro e partilha de percepções que cada pessoa tem do racismo, de si e do outro, além de informações étnico-raciais e sociopolíticas como uma maneira de promover alterações de atitudes. A oficina será destinada para 40 gestores municipais, sendo que 20 de Maceió e outros 20 de Marechal Deodoro.

Na oportunidade, também será realizada uma reunião técnica para discutir a temática “Jovens de 15 a 17 anos retidos no Ensino Fundamental”. O encontro, promovido pela Diretoria de Currículos e Educação Integral (Dicei), da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), acontecerá no próximo dia 16. Nesta, a Prefeitura de Maceió participará por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Participam ainda, a Secretaria de Educação Estadual de Alagoas e as Secretarias Municipais de Educação participantes do Plano Juventude Viva e/ou que optaram pela adesão do programa Mais Educação em 2013, a exemplo da Semed e das secretarias de Arapiraca, Marechal Deodoro, Rio Largo, São Miguel dos Campos, Palmeira dos Índios e União dos Palmares.

Abaixo estão detalhados os locais e horários dos estudos.

Data e horário de realizaçãoMunicípios participantesLocal de realização
OficinaDias 16 e 17 de dezembro
8h30 às 17h30
Maceió
(20 gestores Municipais);
Marechal Deodoro
(20 gestores municipais)
Maceió
  1. Municipal de Governo e Gestão Pública: Rua Pedro Monteiro nº 291, 2º andar, sala 02. Centro.















Fonte: Secom Maceió

domingo, 15 de dezembro de 2013

1º Capoeira Solidária acontece nesse sábado

Nesse domingo (15.12) até às 18h, o Grupo Legião Brasileira de Capoeira realizará o 1º Capoeira Solidária na Praça Rui Palmeira, em frente à base comunitária do Vergel do Lago. No local, terão várias apresentações culturais, além do recolhimento de doação de alimentos e materiais de limpeza para famílias carentes. Parabéns pela iniciativa!




quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Câmara aprova o Dia Nacional da Capoeira

Câmara aprova o Dia Nacional da Capoeira
Foto: Divulgação

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (3) o projeto de lei que institui o 20 de novembro como Dia Nacional da Capoeira (PL 7536/10). Como já havia sido aprovado pela Comissão de Educação e Cultura e tramita de forma conclusiva, a matéria segue agora para o Senado, a menos que seja apresentado recurso para que haja votação no Plenário. O relator na CCJ, deputado Luiz de Deus (DEM-BA), defendeu a aprovação da proposta “por tratar-se de esporte de origem histórica de prática nacionalmente conhecida”. De acordo com o autor do projeto, deputado Márcio Marinho (PRB-BA), a intenção é “valorizar a capoeira e sendo o dia 20 de novembro o Dia da Consciência Negra, data em que Zumbi dos Palmares, um dos líderes mais importantes da luta pela liberdade e contra o escravismo, perdeu sua vida, cremos ser relevante reafirmar nesta data o seu reconhecimento como patrimônio cultural, instituindo o Dia Nacional da Capoeira”.


Nota oficial da CONAJIRA/FENAJ sobre Nelson Mandela

Mandela – um legado na luta por liberdade e igualdade
 
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), por meio de sua Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) lamenta, profundamente, o falecimento do líder sul-africano Nelson Mandela, herói mundial da luta pela liberdade e igualdade, ocorrido quinta-feira (05 de dezembro), ao tempo que externa sua imensa gratidão pelos seus ensinamentos e exemplo de humildade e solidariedade, que motivam os jornalistas brasileiros a continuarem lutando por um mundo de paz e sem racismo.

Neste momento de perda inestimável, a FENAJ, por meio da Conajira, ratifica a importância do legado deixado por Nelson Rolihlahla Mandela – do clã dos Madiba -, para as gerações presentes e futuras, destacando uma de suas frases marcantes: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem, ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

Depois de muitas homenagens nos últimos dias, nesta terça-feira (10), a África do Sul começa a receber chefes de estado e de governo de todo o mundo, inclusive a presidenta do Brasil, Dilma Roussef, para o início da cerimônia oficial do funeral de Mandela, que vai se prolongar até o domingo, quando acontecerá o sepultamento.

Descanse em paz Madiba, exemplo de determinação, visão humanitária, diplomacia, liderança e afetividade para com a Humanidade.

Brasília, 09 de dezembro de 2013

Diretoria da FENAJ
Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Adeus, grande líder!

O dia 05 de dezembro de 2013, entrou para a história, o mundo em luto com a morte de Nelson Mandela. A notícia foi transmitida pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma, que disse: "Meus amigos sul-africanos, nosso amado Nelson Rolihlahla Mandela, o presidente fundador da nossa nação democrática, foi embora(...) Ele está descansando. Ele está em paz. Nossa nação perdeu seu maior filho. Nosso povo perdeu um pai. Apesar de sabermos que esse dia chegaria, nada pode diminuir nosso sentimento de profunda perda”.

Jornais e sites de várias partes do planeta reproduziram a notícia, e logo, a comoção tomou conta das redes sociais; personalidades e organizações divulgaram suas opiniões/sentimentos através de discursos e notas públicas.

Nos últimos meses, a saúde de Mandela estava muito abalada em decorrência da infecção pulmonar, ele pouco ou nada dizia, e seguia as pessoas com o olhar. A família pretende realizar no dia 15 de dezembro um funeral mais íntimo, porém, a tradição africana determina o não impedimento de quem quer que seja de participar.

Ao longo desses dias, centenas de pessoas farão suas orações e homenagens dos mais diversos estilos. Cerca de 90 chefes de Estado e líderes mundiais também confirmaram presença no ato religioso oficial em memória de Mandela, que acontece hoje(10.13) no FNB Stadium (antes conhecido como Soccer City) para enaltecer a importância histórica na luta por justiça social, na garantia dos direitos humanos e no combate do racismo. Após essa cerimônia, o caixão de Mandela desfilará pelas ruas de Pretória de 11 a 13 de dezembro.

O nosso respeito e gratidão, que sua luta sirva de modelo por várias gerações. Axé!





Vá em paz!
Nascido em 18 de julho de 1918 no vilarejo de Mvezo, em uma nobreza tribal, Mandela foi o primeiro de sua família a concluir a educação formal e tornou-se advogado. Comandou a transição democrática na África do Sul e foi eleito o 1º presidente negro do país. Também se engajou no combate da Aids e conquistou o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Ele foi um líder revolucionário, lutou contra oregime segregacionista Apartheid, que vigorou por 44 anos na África do Sul, diferenciando os direitos e serviços públicos entre as quatro nações da população: brancos, negros, mestiços e indianos. Foi um homem simples e guerreiro, que lutou por paz e igualdade.


Fique sabendo
Outra curiosidade de Mandela é quanto às denominações que recebeu: Rolihlahla na língua Xhosa significa “pulando do galho de uma árvore”, “causador de problemas”, ou ainda “pestinha”. O nome Nelson ganhou da professora no primeiro dia de aula, isso era um costume já que os colonos britânicos não conseguiam pronunciar os nomes africanos. Aos 16 anos, Mandela passou pelo tradicional ritual Xhosa de iniciação na vida adulta e passou a ser chamado Dalibhuga que significa “criador ou fundador de um conselho (Corte)” ou “responsável por manter o diálogo”. Ele também é chamado por muitos sul-africanos simplesmente de “Tata” (pai); “Khulu” que é a abreviação de uBawomkhulu, que significa “avô”, ou ainda, “bom, supremo, grande”; e ainda, tem “Mandiba” o nome do seu clã que é muito mais importante do que o sobrenome, pois se refere ao ancestral da pessoa. No caso de Mandela, é o nome do chefe da tribo Thembu que governou a região de Transkei, no sudeste do país, no século XVIII. Chamar alguém pelo nome do clã é considerado uma atitude de respeito.


Fonte: Coluna Axé - 277ª edição – Jornal Tribuna Independente (10 a 16/12/2013)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Artigo: O dia em que a Ufal rejeitou Mandela como patrono




Gerônimo Vicente 
Jornalista e integrante da Comissão dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL)




Na história da raça negra a sociedade ocidental sempre se comportou de forma hipócrita e agiu conforme a conjuntura político-social e econômica da época, principalmente se esta lhe favorecia. Textos do Brasil-Colônia, por exemplo, exaltam o heroísmo de Domingos Jorge Velho por ter dizimado milhares de negros do Quilombo dos Palmares. Por esse período, documentos também apontavam que Tiradentes e Calabar eram subversivos e traidores, reparação que somente veio a ser feita mais de cem anos depois, ainda assim, nos meados do período republicano.

Hoje a história de Zumbi dos Palmares, Tiradentes e outros tantos heróis que lutaram por liberdade deste país é contada bem mais próxima à realidade.

Com a morte do líder sul-africano Nelson Mandela, o que assistimos por esses dias é uma repetição da hipocrisia de 300 anos atrás. Todos os estadistas do mundo fazem reverência a bravura deste negro que, por 27 anos, ficou encarcerado pelo simples fato de ter lutado pela igualdade racial em um país de maioria negra, cuja uma minoria branca descendentes de ingleses e americanos detinha todos os privilégios.

Evidente que este ato representa um avanço significativo. Mas, muito desses estadistas estão lamentando mais a morte do ex-presidente da África do Sul do que o homem que lutou quase três décadas contra o preconceito racial.

Não é estranho um príncipe William achar que Mandela foi inigualável, quando os reinados de Elizabeth I e II, suas bisavó e avó e apoiaram, financeiramente e, por um longo tempo, o Apartheid?

Imagine que por essas bandas e neste caso refiro-me ao Brasil e ao estado de Alagoas, o comportamento social e das instituições pelos idos de 1970-1980 não foi diferente. Minha geração que transpôs dois séculos e que acompanhou a história de Mandela sabe muito bem a que faço alusão. Tenho um registro pessoal sobre esse assunto tão marcante quanto à emoção, em minha vida profissional ao ver que algumas de minhas reportagens que tiveram repercussão nacional.

O fato ocorreu em janeiro de 1986, durante a formatura da turma de Comunicação Social – habilitações Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Federal de Alagoas, período 1982-1985, portanto, em pleno regime militar. O local era o hoje Espaço Cultural da Ufal, na praça Sinimbu, onde funcionou a Reitoria.

Contrariando todas as regras impostas pela universidade, a turma composta pelos, hoje jornalistas experientes e veteranos na área como, Mário Lima, Érico Abreu, Adelmo Ricardo, Marinete Barros, Sérgio Tôrres e outros que me fogem a memória, resolveu indicar como patrono Nelson Mandela, ativista sul-africano preso na África do Sul e sem contato com o mundo, pois sua comunidade no bairro de Sowetto também foi isolada por um muro que segregava brancos e negros.

A relação dessa turma de comunicação com a Ufal, nos quatro anos daquele período não era das melhores. O curso não era reconhecido e o desdém da Reitoria para o caso levou os estudantes à paralisação em todos os anos da grade curricular. Não havia prédio próprio. Ficávamos abrigados no Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA), cujos professores a toda hora pediam nossa expulsão da área.

O curso de comunicação era um dos que ditavam a condução política dentro do campus e possuía alguns dos melhores quadros do movimento estudantil. Tudo isso, incomodava os reitores indicados pelos sucessivos presidentes da República durante a Ditadura Militar. Eleição direta! Nem pensar.

Por sugestão de alguns colegas e, até por ser o único negro da turma, fui indicado o orador, função não permitida, oficialmente, pela universidade, talvez para que o discurso não saísse da etiqueta imposta pelas regras de Brasília.

No dia da formatura, uma noite de domingo, todos os estudantes do CHLA colaram grau juntos. O ritual solene esteve sob o controle do então reitor Fernando Cardoso Gama, de forma que em momento algum fui anunciado como orador da turma de Comunicação Social. A reação dos colegas de turma mudou o curso da história daquela colação de grau.  Mário Lima tirou-me da cadeira do auditório onde estava e me lançou em meio aos pró-reitores, chefes de departamentos e demais autoridades e avisou ao cerimonial que ali estaria o orador da turma, cujo patrono da turma era Nelson Mandela. Foi então que o reitor reagiu em público ao afirmar que a Universidade Federal de Alagoas não reconhecia Nelson Mandela como patrono da turma de Comunicação. O espanto foi geral, embora fosse comum as instituições públicas federais agirem daquela forma. O reitor então resolveu franquear a palavra, no entanto, sem fazer referência alguma a mim, tampouco ao ativista sul-africano.

Fiz um discurso de vinte minutos contra o racismo, citando algumas personalidades que apesar de terem descendência negra não assumia sua cor, a exemplo do escritor Machado de Assis e recomendei que a sociedade deveria aceitar o negro como ele era, com a cor de sua pele, o cheiro de seu suor, com cabelo enrolado e seus lábios grossos. O sociólogo Joel Rufino, com seu livro “O que é Racismo”, contribuiu muito para esse momento que, coincidência ou não, mudou a concepção da universidade.

Depois do discurso, para o desespero do reitor e pró-reitores, uma longa fila foi constituída para me congratular pelo discurso. Lembrou-me do jornalista Pedro Collor e sua esposa Teresa Collor (que colava grau em história) como um dos casais que atrasou a saída do auditório para me cumprimentar. Anos depois, encontrei Collor na redação da Gazeta de Alagoas que me reconheceu e relembrou o episódio.

Fui destaque no mês seguinte do informativo da Ufal, editado pelo saudoso Rosivan Wanderley e mais tarde, já como funcionário do Ministério da Educação encontrei o reitor Fernando Gama que brincou “não é possível! Você de novo. Parece que onde eu estou, você também está”. Parecia que a universidade se redimia da ação imposta. Gama era aberto ao diálogo, assim como os demais reitores da época. Contudo eles representavam o regime autoritário imposto pelos militares no país.

Com a morte de Nelson Mandela, veio-me a lembrança deste caso que, certamente contribuiu para minha afirmação social, conscientização social e política e que hoje conto para alguns jovens incrédulos que ainda acham que absurdos como esses nunca aconteceram na vida das pessoas negras.

Comissão da Câmara aprova cotas para negros em concursos públicos

Com apenas um voto contrário, PL 6.738/2013, passa pela primeira comissão técnica no Congresso. Relator Vicentinho afirma em seu parecer serem “inquestionáveis a relevância e o mérito do projeto”



A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, 4,  o parecer do deputado Vicentinho (PT-SP), favorável ao Projeto de Lei 6.738/2013, por meio do qual a presidenta Dilma Roussef propõe a “reserva aos negros de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União".

Ao encaminhar a proposta para o Poder Legislativo, a presidenta determinou sua tramitação nas duas Casas em regime de urgência constitucional (artigo 64 da Constituição Federal), em que Câmara e Senado têm prazo de 45 dias para votação, travando toda a pauta caso esse limite seja vencido.

Além da Comissão de Trabalho, o projeto será apreciado ainda pela Comissão de Direitos Humanos e Minoria, quanto ao mérito, e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a respeito de sua constitucionalidade, regimentalidade e juridicidade.

Foram oferecidas ao projeto seis emendas pelos deputados Luiz Alberto (PT-BA), que propôs a extensão dos benefícios aos cargos em comissão; Domingos Dutra (PT-MA), que amplia o percentual de reserva de vagas para 30%, incluindo indígenas; e quatro emendas da deputada Janete Pietá (PT-SP) que, entre outras sugestões, propôs que a vigência da lei seja por período indeterminado, e não apenas por 10 anos, conforme o texto original do PL, e altera o percentual de reserva de vagas de 20% para 50%.

Após extensa explanação técnica, Vicentinho rejeitou todas as emendas e, no mérito, se posicionou pela “aprovação integral” do Projeto de Lei encaminhado pela presidenta.

Medida necessária
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, já havia afirmado, no período do envio da proposta, pelo Planalto, que o projeto de lei que reserva 20% das vagas do serviço público federal para a população negra não acaba com a meritocracia nos concursos públicos. Ela ressaltou que ”não haverá uma flexibilização de critérios para poder beneficiar os negros e que a medida é necessária para acelerar a participação desta população nos lugares de prestígio do mercado de trabalho”.

“Daí a necessidade de estabelecer essa cota de 20% de maneira que, nos próximos 10 anos, possamos aproximar o percentual de ingressantes no serviço público ao percentual total da população negra no Brasil. Desta forma, estaremos fazendo aquilo que se espera de uma sociedade democrática, que é abrir oportunidades para todos os seus cidadãos e cidadãs, independentemente da cor da pele ou de qualquer outra condição”, disse ainda a ministra. E completou, “o objetivo das cotas é passar um recado para a população negra: não deixe que o racismo limite as suas expectativas de participação na sociedade brasileira”.

Parecer - o relator afirma em seu parecer que “são inquestionáveis a relevância e o mérito do projeto de lei”. Segundo Vicentinho, a proposta reafirma o compromisso do Governo Federal em reduzir a discriminação racial e a desigualdade social no país. “É incontroverso que a grande maioria da população negra faz parte das classes menos favorecidas e, portanto, são protagonistas de um círculo vicioso que não permite sua ascensão social nos mesmos níveis obtidos por pessoas de outras raças”, garante o parlamentar paulista.

O relator também que o projeto de lei “vai ao encontro de outras medidas bem sucedidas, tal como o sistema de cotas já adotado pelas universidades públicas, que vem oportunizando ao público abrangido melhores condições de estudos, o que futuramente irá trazer resultados relevantes”.

Para o parlamentar paulista, a proposta sob exame representa uma ação afirmativa a ser adotada pela administração pública federal em consonância com os princípios que norteiam a sua atuação, em especial o princípio da isonomia, na proporção em que trata os desiguais na medida das suas desigualdades.

Mais sobre as cotas nos concursos públicos em: http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/11/cotas-para-negros-nao-acabam-com-a-meritocracia-nos-concursos-publicos-diz-ministra


Fonte: Coordenação de Comunicação da SEPPIR

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Artigo: Mandela e a incoerência dos conservadores





Faleceu, em 05 de dezembro, aos 95 anos, o líder sul-africano Nelson Mandela. Símbolo da luta antirracista no planeta, Mandela se tornou referência na busca por mais democracia com tamanha força, que a direita internacional não teve alternativa se não aceitá-lo como liderança. Mesmo que ocultando algumas de suas principais características.

Nelson Mandela era militante da esquerda. Optou pela luta armada, filiou-se ao partido comunista de seu país e, ao sair da prisão, um de seus primeiros atos foi visitar Cuba.

Em um discurso na ilha caribenha, no ano de 1991, em virtude do 38° aniversário do assalto ao quartel de Moncada, Mandela não poupou elogios ao modelo de sociedade cubano (íntegra aqui). Suas palavras foram mais do que mero protocolo.

“Nós também queremos ser donos do nosso próprio destino. Estamos determinados a assegurar que o povo da África do Sul para forjar o seu futuro, continue a exercer os seus direitos democráticos com plenitude após a libertação do apartheid”, disse.

“Sabemos que o espírito revolucionário de hoje começou há muito tempo e que ele foi alimentado com o esforço dos primeiros combatentes da liberdade em Cuba e, de fato, para a liberdade de todos aqueles que sofrem sob o domínio imperialista”, afirmou em outra parte de sua fala.

Mandela também lembrou as ajudas de Cuba a povos africanos que lutavam por sua libertação. “Sabemos também que esta era uma ação de classe em Cuba. Sabemos que aqueles que lutaram e morreram em Angola eram apenas uma pequena parte dos que se voluntariaram. Para o povo cubano, o internacionalismo não é apenas uma palavra, mas algo que já vemos posto em prática para beneficiar grandes segmentos da humanidade”.

Porém, para lograr êxitos político na África do Sul, Mandela teve de recuar em diversos pontos de suas convicções. Escondeu sua relação com o partido comunista para que o imperialismo não interviesse alimentando ainda mais o estado de guerra pelo qual passa seu país.

Nem de longe ele abandonou o principio básico da igualdade. Mas jamais o fizera na forma como a mídia internacional tenta fazer parecer. Faltando apenas imagens de Mandela beijando os pés da elite branca da África do Sul.

Quando, em discursos, Mandela afirmava que não queria supremacia branca nem negra, isso jamais significou dizer que o Estado sul-africano não promoveria a ascensão dos negros, que valeria a irritante verborragia da meritocracia. Tão comum no Brasil.

O principal ponto de Mandela foi, ao se tornar presidente, buscar unificar o país na questão racial. Tentar eliminar a barreira cultural do preconceito. A econômica, que determina a política, é bem mais difícil e isso os sul-africanos não conseguiram. Mas os avanços conquistados graças à luta comandada por ele são inegáveis.

O mais engraçado é ver, nas redes sociais, aos montes, pessoas contrárias às políticas de cotas, odiosas com a esquerda devido à luta armada contra a ditadura civil-militar de 1964 e por ter relações com Cuba.

Esse comportamento é a mais nítida expressão de como a mídia de massas podem manipular as pessoas. Mandela representa tudo o que elas dizem odiar. Sorte de Mandela não ter nascido no Brasil, seria tachado de terrorista, petralha e coisas do gênero.

Vida longa à luta de Nelson Mandela!


Fonte: Blog do Cadu