quarta-feira, 30 de novembro de 2011

“UMA PRO SANTO” supera expectativas do Anajô/APNs


Descontração, ambiente agradável, samba e pessoas legais… foram os ingredientes primordiais para o evento “Uma pro santo – Feijoada entre amig@s”! A atividade ocorreu no domingo (27.11), no bar/restaurante Sertão e Mar localizado no bairro do Poço em Maceió. Foi uma realização do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô – entidade vinculada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) – e todo recurso arrecadado será destinado para a estruturação da sede.
Na ocasião, além da feijoada – um dos pratos afro-brasileiros mais emblemáticos, desenvolvido pelos negros escravizados durante o período colonial – teve chequetê (bebida africana), sorteio de brindes e a apresentação artística do grupo “Da moda antiga” que mesclou sambas tradicionais e pagodes da atualidade.

A banda existe há quatro anos e nasceu após a realização da oficina de percussão Batukatu no bairro de Ipioca, onde reuniu cerca de 50 crianças e adolescentes que aprenderam a tocar vários instrumentos. Atualmente, é composta pelos músicos Regis Curió (vocal e pandeiro), Cícero (vocal e cavaco), Juliana (rebolo ou tantã), Anderson (vocal), Leandro (vocal e surdo) e Mike (violão).

Estiveram presentes familiares e amigos dos integrantes do Anajô; representantes do Mocambo Esperança/APNs, Maracatu Baque Alagoano, Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (Ceasb), Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal); a Vereadora Fátima Santiago com membros do seu gabinete, que também apoiou financeiramente o evento.

A atividade que celebrou o mês da consciência negra surpreendeu as expectativas dos organizadores, pois teve um público bem diversificado e amplo, e muitas pessoas só saíram do local à noite. Outro ponto positivo foi a valorização e explicação do termo “Uma pro santo”, uma tradição de origem africana que representa na sua essência um ato de agradecimento para devolver a terra aquilo que ela nos deu (leia o artigo de Helcias Pereira).

Esse foi o primeiro, e o Anajô pretende realizar outros “Uma pro santo” próximos às datas simbólicas da luta do povo afro-descendente. Aguardem … que tal: “Uma pro santo – caldinhos entre amig@s” ou “Uma pro santo – churrasquinho entre amig@s”, ou ainda, “Uma pro santo – milho, quentão e amig@s”???

Muito obrigado a tod@s que estiveram presentes e aos malungos e malungas (companheir@s de luta) que não puderam ir, mas, mandaram seu axé e até ajudaram na divulgação.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Alagoanos contribuem para ações do CNPIR no combate ao racismo

Conselheiros Valdice Gomes e Helcias Pereira, ao lado da Ministra Luisa Bairros


Em menos de um ano atuando no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Cnpir), órgão da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), os ativistas alagoanos Helcias Pereira e Valdice Gomes tem dado importante contribuição para as ações em defesa das populações negras de Alagoas e do Brasil. Para os conselheiros, uma oportunidade de fortalecer o combate ao racismo, e propor alternativas para superar as desigualdades raciais, tanto do ponto de vista econômico quanto social, político e cultural.

Já nas primeiras reuniões, Helcias, que representa os Agentes de Pastoral Negros (APNs), no Conselho, denunciou as péssimas condições em que vivem as comunidades remanescentes de quilombo em Alagoas, principalmente, os moradores de Muquém em União dos Palmares, que desde a enchente de junho de 2010 estão vivendo em barracas de lona, à espera da construção de suas moradias.

A denúncia provocou a vinda a Alagoas do coordenador da Conaq (Confederação Nacional de Quilombos), Ivo Fonseca, também conselheiro do Cnpir para conferir de perto a situação dos quilombolas a fim de cobrar das autoridades competentes agilidade na entrega das casas, além da implementação de políticas públicas. Além disso, Helcias propôs e foi aceita pelo Pleno do Cnpir a realização de uma reunião do Conselho em Alagoas, com a presença da ministra da Igualdade Racial, Luisa Bairros, em data a ser definida.

Comunicação
Outro segmento que ganhou força com a presença dos alagoanos no Cnpir foi o de comunicação. Segundo a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas, Valdice Gomes, que representa a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) – órgão consultivo da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) – uma das primeiras deliberações do Conselho recomenda que a Seppir faça gestões junto aos órgãos do governo federal, para que sejam implementadas as propostas de promoção da igualdade racial aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação (I Confecom).

Como integrante da Comissão Permanente de Comunicação no Conselho, Valdice Gomes fez parte do Grupo de Trabalho que organizou a participação do movimento negro brasileiro no Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, ocorrido no período de 16 a 19 de novembro, no Centro de Convenções de Salvador (BA).

O evento reuniu representantes da sociedade civil, governo e parlamentares dos países integrantes da Ibero América, com objetivo de promover a reflexão sobre a história e a situação atual da realidade dos afrodescendentes na região, além de propor estratégias, políticas públicas e ações para a superação das desigualdades raciais.


Fonte: Encarte Afro AXÉ ESPECIAL - jornal Tribuna Independente (20.11.11)

Seminário sobre Racismo e Sexismo na Mídia

A 8ª edição Seminário A Mulher e a Mídia será transmitida pela Internet


Entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, acontece no Rio de Janeiro a 8ª edição do Seminário A Mulher e a Mídia. No Ano Internacional das e dos Afrodescendentes, o tema do evento é Racismo e Sexismo na Mídia: Uma Questão Ainda em Pauta. O seminário é realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Fundação Ford e ONU Mulheres, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia. Confira abaixo a programação.

De acordo com Marisa Sanematsu, editora da Agência Patrícia Galvão, existe uma invisibilização do racismo na mídia. “A mídia admite que existam desigualdades, mas ainda não estabelecem a relação do racismo como fator fundamental para a construção de tais desigualdades. Sem promover a igualdade racial, não alcançaremos a igualdade de gênero”, afirma. Marisa cita como exemplos a serem debatidos a cobertura e o posicionamento da mídia ao tratar de assuntos como políticas afirmativas e a imagem das mulheres negras nos meios de comunicação.

Transmissão na Internet e Redes Sociais
Neste ano, o seminário A Mulher e a Mídia 8 trará uma novidade: a interatividade. Os debates serão transmitidos ao vivo pela Internet e haverá a cobertura em tempo real do evento, com textos no portal Agência Patrícia Galvão (http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/) e informações divulgadas no Facebook e no Twitter. Os internautas poderão ainda fazer perguntas aos debatedores via email (mulheremidia8@patriciagalvao.org.br) pelas Redes Sociais.

Para acessar a transmissão, entre no link http://www.aplicanet.com.br/Eventos/evento.html
E participe nas Redes Sociais pelos perfis da Agência Patrícia Galvão (Ag Patrícia Galvão) no Twitter e Facebook!

Mais informações:
Agência Patrícia Galvão
Tel: (11) 2594.7399 ou (21) 2262-1704 (Redeh)
Email: mulheremidia8@patriciagalvao.org.br
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/


Programação Geral

29 de novembro - 3ª feira

16h - Coquetel

17h - Mesa de abertura: Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta
Jacira Vieira de Melo (Instituto Patrícia Galvão)
Luiza Bairros (ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
Tatau Godinho (subsecretária de Planejamento e Gestão da Secretaria de Políticas para as Mulheres)
Nilcéa Freire (representante da Fundação Ford no Brasil)
Maya L. Harris (vice-presidente da Fundação Ford para o Programa de Democracia, Direitos e Justiça)
Luciano Coutinho (presidente do BNDES)
ONU Mulheres

18h - Lançamento do Baobá – Fundo para Equidade Racial (Athayde Motta, diretor executivo)

18h30 - Apresentação dos resultados do Curso de Formação para Jornalistas sobre Gênero e Raça/Etnia (Valdice Gomes, coordenadora geral da Conajira/Fenaj)

19h - Homenagem à jornalista Lena Farias

30 de novembro - 4ª feira

9h - Mesa 1: Há uma cultura de negação do racismo e do sexismo na imprensa?
Luiza Bairros (ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
Iriny Lopes (ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres)
Dennis de Oliveira (jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)
Debatedora: Conceição Freitas (jornalista e cronista do Correio Braziliense, ganhadora do mídia impressa da 1ª edição do Prêmio Abdias Nascimento)
Coordenadora: Isabel Clavelin (assessora de comunicação da ONU Mulheres)

12h - Lançamento da publicação Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres: uma análise das tendências da cobertura jornalística
Realização: Secretaria de Políticas para as Mulheres, ANDI - Comunicação e Direitos e Instituto Patrícia Galvão

14h30 - Mesa 2: Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça
Bia Barbosa (jornalista, integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social)
Sérgio Suiama (procurador de Justiça do Ministério Público Federal)
Alexander Patez Galvão (coordenador do Núcleo de Assuntos Regulatórios na Ancine)
Debatedora: Juliana Cézar Nunes (jornalista, Rádioagência Nacional/EBC)
Coordenadora: Angélica Basthi (jornalista e escritora, membro da Cojira/RJ)

1º de dezembro - 5ª feira

9h - Mesa 3: Raça e gênero na publicidade: onde estão os limites éticos?
Edson Lopes Cardoso (jornalista, assessor especial da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
Maria Luiza Heilborn (antropóloga social, coordenadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos – CLAM)
Renato Meirelles (publicitário, diretor do Data Popular)
Debatedora: Nádia Rebouças (publicitária, diretora da Rebouças & Associados)
Coordenadora: Paula Andrade (jornalista, integrante da Rede Mulher e Mídia)

14h - Mesa 4: Racismo: a imprensa nega, a TV prega?
Maria Ceiça de Paula (atriz)
Hilton Cobra (ator, diretor da Companhia dos Comuns)
Maria Carmen Barbosa (autora de telenovelas e séries para TV)
Rosane Borges (jornalista, professora da Universidade Estadual de Londrina)
Debatedora: Ana Veloso (jornalista, professora da Unicap e representante do sociedade civil no Conselho Curador da EBC)
Coordenadora: Alice Mitika Koshiyama (professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)


Cota Racial: Superação de preconceitos e conquista do mercado profissional

Texto e foto: Gerônimo Vicente - Jornalista/Cojira-AL



Os primeiros estudantes que entraram na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no vestibular de 2005, pelo sistema de cota racial, já sentem os efeitos positivos no mercado de trabalho e no currículo profissional, embora, não escapem de alguns preconceitos. No Brasil, o programa Nacional de Ações Afirmativas foi instituído em 13 de maio de 2002, pelo decreto 4.228 do Governo Federal com o objetivo de aumentar a participação de grupos socialmente discriminados como, por exemplo, mulheres, pessoas portadoras de deficiências físicas e a população negra na universidade.

A comemoração dos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares também influenciou na discussão sobre a implantação do sistema de cotas na Ufal, e contou com a contribuição do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab). A partir de um seminário realizado em 13 de maio de 2002, foi produzido um documento cobrando que o Conselho Superior da universidade colocasse

em sua pauta as ações afirmativas, a partir daí, tornou-se a terceira universidade federal a implantar o sistema de cotas, depois da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A influência no Neab, por meio de programas de ações afirmativas, também contribuiu para que os estudantes fossem encorajados a enfrentar preconceitos em nível acadêmico, principalmente, pelo fato de serem provenientes do sistema de cotas. Entre provocações aos feras cotistas, uma delas insinuava que o estudante negro havia tomado o lugar de quem tinha capacidade de entrar na universidade. O então “bullying do preconceito” levou a Ufal, por meio do Neab a implantar a ação Afroatitude, onde os alunos cotistas eram estimulados a retomar a auto-estima diante da carga pesada de discriminação por parte de segmentos que tinham caráter de dominância nos meios acadêmicos, além de participar de projetos de extensão.

O ex-estudante de Direito e, hoje, advogado e bancário, Givaldo Saulo da Costa, 31 anos, sentiu na pele este preconceito. Mas, superou todas as barreiras de obstáculos enfrentadas, desde quando desistiu de ser fuzileiro da Marinha para encarar o desafio de entrar na universidade pública. “Como se sabe o curso de Direito é muito elitista e, na época, a forma como alcancei a aprovação incomodava a muitos colegas pela questão da cor, pela condição social e até pela capacidade Intelectual que era muito contestava. Lembro, quando dizia que fazia Direito, as pessoas já chegavam afirmando que eu era aluno de uma faculdade particular”, afirmou Givaldo.

O advogado ressaltou que conseguiu quebrar todos os paradigmas contrários ao sistema de cotas, demonstrando capacidade intelectual na sala de aula. “Fui um dos primeiros de uma turma de 50 estudantes a conseguir estágio, tinha grande aceitação dos professores e, depois de formado, passei no exame da OAB”. Givaldo nasceu em Carpina (PE) numa família pobre e, resolveu apostar nessa carreira depois de ouvir os parentes afirmar que o pai o avô dele trabalharam tanto e não conseguiram constituir um patrimônio sólido. “Foi então que, em 2001, ingressei na Marinha e comecei a apurar os motivos de tantas desigualdades sociais no Brasil”, afirmou.

Depois que foi aprovado na OAB, Givaldo auferiu aprovação também em um concurso público para agente bancário em estabelecimento financeiro estatal, onde trabalha pelo dia e abriu, no ano passado, um escritório de advocacia, para atender seus clientes à noite. Ele se queixava do conteúdo da universidade de preparação do estudante de Direito, na opinião dele, estritamente voltado para concurso público ou para interpretação de normas. “Estou adorando a profissão, já conquistei muitos clientes e, neste aspecto me concentro no Direito como suporte das ações sociais como a questão racial, o movimento social e tudo aquilo que diz respeitos aos direitos sociais do cidadão”, disse.

A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro da Ufal, professora Clara Suassuna aponta mais estudantes que superaram todos os tipos de preconceito racial e social, dentro e fora da universidade e conseguiram obter uma auto-estima profissional, a exemplo de: Joselina Rodrigues Santos que concluiu Pedagogia, é professora e atualmente cursa mestrado na Ufal; além de Gilmar Lindraz, também pedagogo e Fabiana Maria da Silva, todos com trabalho de pesquisa na área de Raça e Etnias e que colocam em prática no campo profissional o que desenvolveram como estudantes no Neab da Ufal. “Essa primeira turma é a nata do que temos de bom no sistema de cotas, desde de 2005”, garantiu a coordenadora do Neab.

A Universidade Federal de Alagoas tem cerca de 3 mil alunos, que ingressaram pelo sistema de cotas raciais no universo de 20 mil acadêmicos. Segundo dados do Neab, a média de aprovação dos cotistas durante a graduação registrou um crescimento surpreendente em todo o país, muitos já obtiveram bolsas de pesquisas e estão cursando mestrado.


Fonte: Encarte Afro AXÉ ESPECIAL - Jornal Tribuna Independente (20.11.11)

domingo, 27 de novembro de 2011

Cabelo bom, sim senhor!

Brasil vive o auge do racismo, onde o preconceito contra o cabelo crespo agride mulheres de todas as idades



Texto: Emanuelle Vanderlei - Jornalista
Fotos: Helciane Angélica - Jornalista


 
Carolina é uma menina negra, tem 12 anos e já sonha com uma escova progressiva. Perguntada pela mãe sobre os motivos ela explica: “Eu queria ficar mais bonita. A dona Graça (pessoa que faz o transporte escolar) disse que as outras meninas de cabelo ‘fuará,’ igual ao meu, fizeram e ficaram ótimas”. Carol, nem entende direito, mas já tenta negar sua identidade para fugir de uma das heranças mais malditas que o Brasil ainda preserva: o racismo.

Apesar de pouca gente assumir o preconceito racial que ainda guarda dentro de si, a manifestação contra o cabelo crespo é livre, aceita como se fosse natural. É comum ouvirmos as pessoas classificarem o cabelo, dizendo que “fulana tem o cabelo ruim”.

Nessa sociedade preconceituosa, o padrão de beleza criado e imposto pela mídia ultrapassa os limites do bom senso. Hoje, mães submetem crianças cada vez mais novas a procedimentos químicos agressivos, colocando em risco a saúde de suas filhas, tudo para negar a identidade mais forte da origem da população brasileira.

A resistência à mudança muitas vezes é vista como desleixo, falta de vaidade. E isso influencia em tudo, é preciso carregar o tempo todo, até mesmo em uma seleção de emprego. Na contramão disso, há quem resista, enfrente o racismo com criatividade e exibe orgulhosa o visual afro. E a beleza da diversidade continua colorindo o país.
O blog Cabelo crespo é cabelo bom (www.cabelocrespoecabelobom.com.br), da jornalista Mariangela Miguel, surgiu de uma indignação, como afirma a descrição dela própria: “Depois de tantos anos ouvindo (e eu mesma afirmando!) que meu cabelo é ruim, que cabelo crespo é ruim, que fulana tem cabelo ruim, cansei. É verdade que nunca gostei de cabelos lisos, não combina comigo. Mas os cabelos cacheados sempre me provocaram suspiros. Tentei de tudo, chapinha, relaxamento, mas é obvio que os cachos nunca ficaram perfeitos. É claro que na adolescência a frustração é maior. Quem não quer ter o cabelo da moda? Quando o seu cabelo só cresce para cima, como explicar para uma menina de 13 anos que ela não pode nem sonhar com o cabelo Chanel? Quem é o culpado? O cabelo ruim. Acreditei nisso por muitos anos. Hoje, depois de tantas experiências (que vou fazer questão de contar cada uma para vocês), cheguei a seguinte conclusão: se meu cabelo fosse realmente ruim, não teria aguentado tanto secador, chapinha e química”.
O depoimento de Mariangela descreve o sentimento de milhares de brasileiras. Como se sabe, a maior parte da população é negra e tem o cabelo crespo. A maioria não acha seu cabelo bonito, porque passou a vida inteira ouvindo que o bonito é o cabelo liso. Então é hora de desconstruir esses conceitos, lembrar que o racismo é inaceitável em qualquer que seja a sua forma de apresentação, e deixar que os cachinhos dominem o país. Não existe cabelo ruim, ruim é o preconceito.



Fonte: Encarte Afro AXÉ ESPECIAL - Jornal Tribuna Independente (20.11.11)

sábado, 26 de novembro de 2011

Hoje tem a abertura da Exposição "Festa das Águas"



Com fotografias de Thiago Biachetti, Juliana Barreto, Christiano Barros e Sandreana Melo retratando o dia 8 de dezembro na Pajuçara, durante a abertura será exibido o vídeo Eruyá que retrata a Festa de Iemanjá entre os anos de 2006 e 2008.  A noite também contará com a apresentação musical de Karine Moura e Manu Preta, às 22h.

Capoeira: A herança negra que se transformou em terapia

Cerca de 150 crianças, jovens, idosos e deficientes físicos e intelectuais realizam a atividade nas unidades da Pestalozzi



Texto: Emanuelle Oliveira - Jornalista
Fotos: Arquivo Ginga Terapia 


O som do berimbau e o ritmo envolvente de movimentos sincronizados dão vida à capoeira, herança negra que chegou ao Brasil com os descendentes de escravos africanos e se espalhou pelo mundo. Considerada por alguns como uma dança ou até mesmo um jogo, a capoeira vem ganhando uma nova finalidade e passou a ser utilizada como uma terapia, com portadores de necessidades especiais atendidos pela Associação Pestalozzi em Maceió.

O projeto Ginga Terapia começou em 2004, sob a coordenação do professor Antônio Sergio de Araújo, após um convite feito pela então presidente da Petalozzi, a vereadora Tereza Nelma ao mestre Girafa, do grupo Muzenza, que perdeu uma das pernas em um acidente de moto, mas que com o auxílio de uma prótese e força de vontade, superou desafios e continuou disseminando a capoeira em Alagoas.

“Ele me indicou para realizar esse trabalho em fevereiro de 2004. As nossas dificuldades são bem parecidas com a de todos os projetos culturais ou esportivos: falta de recursos, dificuldades com a divulgação e falta de apoio governamental. O apoio que recebemos vem da Pestalozzi, que nos oferece cursos de qualificação e apóia as viagens para eventos. Desenvolvemos esse trabalho com poucos recursos, mas com muito amor”, explicou o professor.


Entre os benefícios da capoeira inclusiva estão a diminuição dos níveis de estresse e agressividade, além da melhora do equilíbrio e resistência física e das perspectivas de inclusão social, garante Araújo, lembrando que o esporte também é uma forma de trabalhar a auto-estima das pessoas com deficiência.

“O esporte é uma importante ferramenta de inclusão social. A capoeira tem uma vantagem em relação às outras atividades físicas, pois consegue associar valores como noções de cidadania e ecologia à sua prática, benefícios que ficaram evidentes com a realização de uma pesquisa apresentada no Congresso Nacional das Associações Pestalozzi, em 2011, no Estado de Goiás”, explicou ele.

O trabalho com a capoeira inclusiva, desenvolvido em sete unidades da Pestalozzi na capital, também é feito com idosos. Araújo destacou ainda, que o mundo já descobriu e valoriza a capoeira, uma vez que existem professores e mestres “gringos”. Porém, lamenta que no Estado o esporte não seja reconhecido e valorizado como deveria.

“É uma arte afro-brasileira que sofreu influência indígena e também dos colonizadores e talvez seja a arte que melhor representa o povo brasileiro, com toda sua pluralidade, diversidade, alegria, gingado e malandragem, “é a cara do Brasil. Em Alagoas, a capoeira tem uma importância muito grande para a cultura”, ressaltou.

Amor pelo que faz

“O objetivo é que o aluno faça os movimentos de acordo com sua capacidade, mesmo que não seja de forma perfeita. Costumo ajudar um aluno deficiente físico de 17 anos a sair da cadeira para fazer os movimentos”, relata com entusiasmo o monitor Daniel Isac, se referindo ao desenvolvimento de seus alunos, que em sua maioria, têm autismo, síndrome de down e deficiência mental”.

Ele começou a praticar capoeira em 2008 e decidiu se dedicar ao Ginga Terapia junto com seu irmão Sérgio. “Existem alunos com epilepsia que apresentam um bom desenvolvimento. Há um jovem com autismo que nem se mexia e agora já faz alguns movimentos. Buscamos dar um apoio, principalmente para aqueles que não têm muita mobilidade e coordenação motora. Fiquei feliz quando fui chamado para dar aula e resolvi trabalhar só com capoeira. É um trabalho feito com amor”, explicou o monitor.

Segundo ele, a capoeira traz consigo um molejo que envolve os praticantes. “Trabalhamos com a musicalidade, a ginga, batendo palmas, é bem mais divertido, os alunos interagem. Transformamos a herança afro em um tratamento, é algo novo, porque a capoeira nasceu como uma luta e não era nem praticada por mulheres. Na hora de tocar berimbau, os alunos se soltam, me emocionei ao ver um deles, que tem autismo e dificuldade de se expressar, sorrindo para a mãe”, ressaltou.

Incentivo

A coordenadora da Associação Pestalozzi, Silvia Campos, lembrou que o bem-estar e a melhoria nas relações sociais são benefícios visíveis trazidos pela capoeira. “É um esporte genuinamente brasileiro e temos que valorizar nossa cultura. O projeto atende as pessoas que frequentam o centro de inclusão”, informou.

Vera Lúcia, que tem dois filhos portadores de necessidades especiais, afirmou perceber as mudanças no comportamento deles, após começarem a praticar o esporte. “Meus filhos tem 31 e 34 anos. Um deles era muito quieto, mas agora é mais comunicativo. Eles ficam ansiosos pelo dia da aula. Os pais devem incentivar seus filhos, independente deles terem algum tipo de deficiência”, destacou.


MAIS INFORMAÇÕES:
www.gingaterapia.blogspot.com
gingaterapia@hotmail.com
(82) 8831-5750 Sérgio Araujo (Bujão) / 8824-1035 Daniel Isac


Fonte: Encarte Afro AXÉ ESPECIAL - Jornal Tribuna Independente (20.11.11)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

8º GINGA TERAPIA em Maceió




PROGRAMAÇÃO:
 
SEXTA FEIRA- 25/11/2011
 
OFICINAS:
CAPOEIRA INCLUSIVA  - MESTRE BEIJA-FLOR (SERGIPE);
TREINAMENTO FUNCIONAL - MESTRE ROBSON (SERGIPE);
RECREAÇÃO APLICADA A CAPOEIRA - PROFESSOR EDY (CEARÁ);
CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DE INSTRUMENTOS (INSTRUTOR MAGRÃO) ALAGOAS;

CAPOEIRA ANGOLA - PROFESSOR ALEXANDRE (PERNAMBUCO);
CAPOEIRA MODERNA - MESTRE PANTERA NEGRA (SERGIPE).


LOCAL: ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI DE MACEIÓ - CENTRO INCLUSIVO GENILDA PORTO



RODA DE DIVULGAÇÃO
LOCAL: PRAÇA DO CENTENÁRIO
HORÁRIO: 16:00h ÀS 17:00h

SEMINÁRIO NACIONAL DE CAPOEIRA INCLUSIVA
PALESTRAS:
"ADAPTAÇÕES PARA A INCLUSÃO ESCOLAR"
PROF. SILVANA PAULA M. DE ALCANTRA LIMA - PSICOLOGIA FEJAL/CESMAC;


"CAPOEIRA INCLUSIVA"
MESTRE HERALDO GABRIEL (BEIJA-FLOR) - A.B.C.I. ARACAJU SERGIPE;


"CAPOEIRA NA TERCEIRA IDADE, PROMOVENDO A SAÚDE E A INCLUSÃO SOCIAL"
PROF. ANTONIO SERGIO DE ARAUJO MENDONÇA (BUJÃO) - PESTALOZZI DE MACEIÓ


LOCAL: AUDITÓRIO DO CENTRO INCLUSIVO GENILDA PORTO
HORÁRIO: 19:00h ÀS 21:00h



SÁBADO - 26 / 11 / 2011

 
FESTIVAL INFANTIL DE CAPOEIRA 
LOCAL: CENTRO INCLUSIVO GENILDA PORTO
HORÁRIO: 08:00h ÀS 12:00h

BATIZADO E TROCA DE CORDAS
LOCAL: CENTRO INCLUSIVO GENILDA PORTO
HORÁRIO: 14:00h ÀS 17:00h







INFORMAÇÕES:gingaterapia@hotmail.com
Sergio (82) 8831-5750/9933-2616
Daniel (82) 3328-3312

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Zezito Araújo é o entrevistado do Enfoque da TVE

Identidade Negra é o tema desta edição que faz parte da campanha “IZP no Mês da Consciência Negra”




O programa Enfoque desta quinta-feira (24), às 19horas, na TV Educativa de Alagoas, exibe entrevista especial sobre Identidade Negra com Zezito Araújo, atual Gerente de Educação para a Diversidade, da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, Ex-secretário de Estado de Defesa e Proteção das Minorias, historiador e militante do Movimento Negro. Esta edição faz do projeto “IZP no Mês da Consciência Negra” desenvolvido pelas emissoras Integrantes do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP).

Zezito de Araújo vem militando no Movimento Negro desde os anos 80; participou da estruturação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro;tem uma vasta experiência no campo, indo das atividades mais propriamente acadêmicas às políticas; participou do tombamento da Serra da Barriga e nos projetos que se desenvolveram com relação à montagem do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

IZP no Mês da Consciência Negra - Contemplando o mês da Consciência Negra, o IZP preparou uma programação especial envolvendo todas as suas emissoras, com entrevistas, musicais, exibição de filmes sobre a temática, além de divulgação e cobertura de eventos relacionados que estão ocorrendo em nosso estado neste período. A campanha do IZP envolve as rádios Educativa FM e Difusora AM, e a TV Educativa de Alagoas (TVE), e conta com o apoio das Secretarias de Estado da Cultura, Mulher e Paz, Comissão de Jornalistas pela igualdade Racial (Cojira/AL) e Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB/UFAL).

Sobre o programa: Com meia hora de duração, o Enfoque é comandado pelo experiente jornalista Miguel Torres, que a cada programa contará com um ou dois convidados para conversar sobre um único tema abordado sob perspectivas distintas. A idealização, produção e direção do programa são do jornalista Jimmy Mendonça. As estréias do programa acontecem às quintas-feiras, às 19h, com reapresentação às segundas-feiras, às 11h.



Fonte: Iranei Barreto - Ascom IZP

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Casa de Iemanjá é "quilombo vivo" que promove educação e cultura em Maceió


No filme Jardim das Folhas Sagradas, lançado este ano, o bem sucedido bancário Bonfim – homem negro – enfrenta o preconceito racial e a intolerância religiosa para conseguir montar um terreiro de candomblé em pleno espaço urbano da Salvador contemporânea. O que o protagonista do longa-metragem e o alagoano Célio Rodrigues dos Santos, o Pai Célio, têm em comum? Ambos reagiram à intransigência com ativismo social, sem distinguir cor nem crença.

Por perceber que questões como educação, saúde e inclusão social eram deficientes no entorno do bairro Ponta da Terra, em Maceió, o babalorixá resolveu transformar a sua casa de axé em uma ONG (Organização Não Governamental) no ano de 1984. Desde então, a Casa de Iemanjá – oficialmente Núcleo de Cultura Afro Brasileira Iyá Ogun-Té – virou um centro de atividades culturais e sociais que atende a praticantes ou não da religião.

O “quilombo vivo” da Ponta da Terra, como qualificou o sacerdote, foi mais além e, em 2005, passou a ser o primeiro Ponto de Cultura em uma casa de axé do país, ligado ao Ministério da Cultura. O foco, seja em qualquer um dos seus três pilares – religioso, cultural ou social – é a formação do ser humano. “Não estamos preocupados em criar adeptos da religião, mas em formar cidadãos que se valorizem e tenham uma visão diferenciada da sociedade e do mundo”, destaca.

A maior parte da população do bairro é afrodescendente, mas não se declara como negro, segundo o pai de santo, que é historiador e faz parte do Fórum Municipal pela Educação e Diversidade. “Quando os jovens se valorizam, temos menos violência urbana. Conseguimos, em alguns casos, tirar adolescentes das drogas”, conta.

As atividades oferecidas, que começaram com a capoeira, maculelê e com a criação do Afoxé Odoyá – que mistura dança, percussão e cânticos, puderam então se estender a serviços de saúde gratuitos e chegaram a compor uma verdadeira rede de educação paralela. Com o espaço aberto nas escolas pelas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), as iniciativas da Casa de Iemanjá, coordenadas por um núcleo de educadores, complementam a formação dos jovens da Ponta da Terra, Pajuçara e Vila dos Pescadores, pobres – em sua maioria – e com problemas de baixa auto-estima.

“Mostramos que o cabelo deles não é feio; é diferente e é bonito também. Que não precisa alisar com ‘chapinha’. Nós trabalhamos para resgatar a auto-estima desses jovens afrodescendentes, para que eles assumam sua identidade e se valorizem”, explica Pai Célio.

De acordo com o sacerdote, as crianças e adolescentes que participam das atividades culturais da Casa, além de terem um melhor rendimento escolar, apresentam bom comportamento nos seus lares. “As mães, inclusive, quando querem castigá-los por alguma travessura, ameaçam deixá-los sem vir para o afoxé. Elas dizem que é um santo remédio”, conta satisfeito.

As principais lutas de Pai Célio, agora, são incentivar outras casas de candomblé de Maceió a se institucionalizar para realizar um trabalho semelhante e insistir na criação de uma secretaria para as minorias. “Cinco casas de axé estão tirando CNPJ e criando um estatuto para começar a promover atividades. Isso é maravilhoso. Mas precisamos de um órgão de governo que olhe pelos índios, negros, quilombolas, para esse povo que ainda é taxado e tratado como uma ‘minoria’, e que sempre estiveram à margem do desenvolvimento”, conclui.

Cinema, leitura e até telecentro

A diversidade de atividades promovidas pela Casa de Iemanjá chega a surpreender. O Cine Axé acontece na última sexta-feira de cada mês e a cada edição visita uma escola diferente do entorno. Os filmes, de temática afro, são seguidos de debates com os alunos. Já a biblioteca instalada na Casa é um referencial para quem quer pesquisar a história e a cultura afro-brasileira.

O viés educacional da ONG vai ganhar reforço com a implantação de um telecentro nos próximos meses. A casa foi contemplada em um edital da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secti), no final do ano passado, e já recebeu computadores e mobiliário para o futuro Centro de Inclusão Digital. “Alugamos um espaço, onde o telecentro será montado. Essa foi a nossa contrapartida. Agora só falta a instalação”, comemora o babalorixá. As atividades serão abertas às escolas da região, aos jovens da comunidade e, talvez, aos idosos das redondezas.

Saúde

A ONG integra a Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde, o que favoreceu a oferta de serviços gratuitos à população. Seguindo um calendário nacional, acontecem dias inteiros dedicados à exames e orientação da população, como diagnósticos de diabetes, glaucoma e atenção à saúde da mulher, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Uma das maiores conquistas nessa área foi a inclusão da disciplina Saúde da População Negra no curso de medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).


Fonte: Luciana Buarque / Tudo na Hora

Afro XXI

O AfroXXI – Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes aconteceu no Centro de Convenções de Salvador (BA), de 16 a 19 de novembro, com aproximadamente 400 pessoas. Estiveram presentes autoridades de vários países, pesquisadores, gestores públicos e 200 representações do movimento negro, a exemplo de entidades que se destacam nacionalmente: a Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEM), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Movimento Negro Unificado (MNU), Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e o Coletivo de Entidades Negras (CEN).

Do Estado de Alagoas, estiveram: Valdice Gomes e Helcias Pereira, integrantes do Conselho Nacional (CNPIR/Seppir), que representam respectivamente a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira/Fenaj) e os APNs; além de Zezito Araújo e Vanda Menezes, como personalidades negras; e também foram convidadas representações do movimento negro que atuam na cidade e no campo, a exemplo do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb) e Coordenação Estadual de Quilombolas Ganga Zumba – que infelizmente não esteve presente.

Um dos pontos mais importantes foi a produção da Carta de Salvador, documento que sintetizou os debates realizados pelas entidades da sociedade civil organizada e foi entregue para os chefes de Estado no combate do racismo, que busca ampliar o comprometimento no combate do racismo e menciona a necessidade de criar um fundo internacional voltado para o financiamento de ações complementares das políticas públicas de reparação. Também ocorreu a instituição de Salvador como a Capital Afrodescendente da Ibero-América.

O evento foi uma realização do governo brasileiro, através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Governo do Estado da Bahia, através das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult), e das Relações Internacionais e da Agenda Bahia (Serinter), associados a Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib).

Contou ainda com a parceria Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), e a ONU, através de suas agências: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP). Saiba mais: www.funag.gov.br/afro21.


Fonte: Coluna Axé - nº178 - jornal Tribuna Independente (22.11.11)

sábado, 19 de novembro de 2011

Saúde da população quilombola será discutida durante seminário

A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) realizará o seminário Saúde da População Quilombola para representantes das 65 comunidades quilombolas situadas em 33 municípios alagoanos e gestores de Saúde desses municípios. O encontro irá acontecer na próxima quarta-feira (23), no hotel Enseada, em Maceió.

Rodas de conversas, atividades culturais, palestras, conferências, depoimentos e debates sobre a saúde da população negra remanescente de quilombos são algumas das atividades do seminário, que contará com a elaboração de um documento que define prioridades e mecanismos de atuação para a Política Nacional de Saúde da População Negra em Alagoas.

Além disso, serão realizadas palestras como “Buscando os porquês: determinantes sociais da Saúde”, por Sylvana Medeiros; “A saúde da população negra quilombola”, por Ângela Bahia; “Programa de políticas de ações afirmativas da Ufal”, por Clara Suassuna; “Vivências em práticas populares de saúde”, por Josefa da Guia; e “Sistematização das apresentações”, Theresa Cristina.
À noite, o seminário apresentará conferências sobre a “Erradicação da Miséria em Alagoas: políticas e ações específicas para as populações quilombolas” e “A promoção da igualdade e a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos afetados pela discriminação e demais formas de intolerância, com ênfase na população negra”.

Na quinta-feira (24), serão debatidos temas sobre a “Saúde da população negra com destaque para a saúde da mulher negra”, por Ângela Bahia; “A saúde da população negra com destaque para a saúde do homem negro”, por Jorge Riscado; “Experiências de mobilização social em populações quilombolas”, por Palmira Lopes; “Educação popular em Saúde e a questão quilombola”, por Simone Leite; “Funasa e o saneamento nas áreas de população quilombola em Alagoas”, por Roosevelt Patriota; e “Atenção Primária à Saúde da população quilombola: o que SUS tem a dizer”, por Myrna Pimentel.

O seminário tem o apoio da Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos e parceria com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, Assistência e Desenvolvimento Social e Cultura. Ainda são parceiros a Fundação Cultural Palmares, Fundação Nacional de Saúde, Superintendência Estadual da Funasa em Alagoas, Instituto de Terras de Alagoas, Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Presidência da República e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O Conselho Estadual de Saúde é um dos convidados para o encontro.


Fonte: Ascom / Saúde

ONU lança estudo sobre realidade de jovens afrodescendentes da América Latina


Políticas afirmativas são o caminho apontado para eliminar as desigualdades


Os jovens afrodescendentes da América Latina e do Caribe são um dos grupos populacionais que enfrentam as maiores desvantagens, exclusão e discriminação, segundo o relatório “Juventude afrodescendente na América Latina: realidades diversas e direitos (des)cumpridos”, que o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) lançou em Salvador (Bahia) nesta sexta-feira (18), em evento paralelo ao Afro XXI - Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes.

Estima-se que na América Latina, segundo a informação disponível nos nove países pesquisados, vivam ao redor de 24 milhões de jovens afrodescendentes, de um total de 81 milhões de pessoas de ascendência africana. Com mais de 22 milhões, o Brasil é o país que reúne a maior quantidade de jovens afrodescendentes, tanto em termos relativos como absolutos. Vêm a seguir Colômbia, Equador e Panamá, que, juntos, registram cerca de 1,4 milhão de jovens afrodescendentes.

“Um dos desafios em matéria de políticas para afrodescendentes – como sublinhado pelo relatório – é a falta de informação estatística desagregada, sistemática e confiável sobre este grupo de população”, disse Marcela Suazo, diretora para a América Latina e o Caribe do Unfpa. “A disponibilidade desses dados permitiria evidenciar as iniquidades enfrentadas por este grupo populacional e, portanto, contribuir para a formulação de políticas afirmativas para os afrodescendentes”.

Tripla exclusão – A desigualdade que caracteriza a América Latina – a região de maior desigualdade do mundo – se reflete também na juventude afrodescendente, que sofre uma tripla exclusão: étnica/racial (por ser afrodescendente), de classe (por ser pobre) e geracional (por ser jovem). Além disso, as mulheres afrodescendentes sofrem processos de exclusão e discriminação de gênero.

O relatório, fruto de um esforço conjunto do Unfpa e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal/Celade), é o primeiro a apresentar um panorama regional das dinâmicas populacionais das e dos jovens afrodescendentes, tanto em termos demográficos como de distribuição territorial, além de proporcionar informações sobre sua situação em matéria de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, educação e emprego, áreas-chave para sua inserção social e sua participação plena nos processos de desenvolvimento de seus países.

O estudo evidencia as brechas significativas existentes nos países entre os jovens afrodescendentes e os demais jovens. Os dados sugerem a existência de diferenças na implementação dos direitos de saúde reprodutiva entre as jovens afrodescendentes, já que a maternidade em idade precoce é tanto ou mais elevada entre elas do que para as demais jovens. Além disso, a maternidade precoce está sistematicamente associada a menores níveis de educação, ainda mais evidentes neste grupo populacional.

As porcentagens de jovens que não estudam nem trabalham na região são muito altas e, na maioria dos países, os jovens afrodescendentes se encontram entre os mais excluídos destes sistemas. A situação dos afrodescendentes na região tem cobrado maior visibilidade nos últimos anos, graças, por um lado, ao aumento das organizações e articulações afrodescendentes que defendem seus direitos em níveis regional e nacional e, por outro, à criação de instituições governamentais encarregadas dos assuntos concernentes aos povos afrodescendentes em mais de uma dezena de países. Contudo, isso não tem sido suficiente.

O estudo propõe o investimento e o fortalecimento das políticas afirmativas para a juventude afrodescendente em um marco de direitos, como caminho para superar as iniquidades, a discriminação e a exclusão. O Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes é uma realização do governo brasileiro, através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Governo do Estado da Bahia, através das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult), e das Relações Internacionais e da Agenda Bahia (Serinter), associados a Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib).

A parceria para a realização do Encontro inclui também a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), e a ONU, através de suas agências: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP).


Fonte: Assessoria do Afro XXI

"Coisa de Nêgo" no Parque Municipal de Maceió

TVE exibe reedição do Balançando o Ganzá sobre religiões Afro

O programa vai ao ar neste sábado, dia 19, às 11.


Dando sequência à campanha intitulada “IZP no Mês da Consciência”, a TV Educativa de Alagoas (TVE), emissora integrante do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), exibe neste sábado (19), às 11horas, reedição do programa “Balançando o Ganzá” sobre Religiões de Matriz Africana. Idealizado pelo saudoso folclorista Ranilson França, o programa que retrata os folguedos e a cultura popular do nosso estado, voltou a fazer parte da programação da emissora repaginado, com nova identidade visual e linguagem de documentário.

Os telespectadores vão acompanhar entrevistas feitas pelo saudoso professor Ranilson França com os Babalorixás Pai Célio e Pai Maciel e a Yalorixá Mãe Neide. Os sacerdotes de Matriz Africana falam sobre a Umbanda e o Candomblé, dos rituais e crenças de cada um e do sincretismo religioso no Brasil.

Falam também sobre a presença destas religiões em Alagoas e da discriminação sofrida por seus adeptos. O Pai Maciel explica ainda o significado das Cerimônias realizadas na Serra da Barriga, em União dos Palmares.

O programa Balançando o Ganzá tem reapresentação às terças-feiras, às 11h15, e às sextas-feiras, às 7h45. As estréias são sempre aos sábados, às 11h. Na próxima semana, a emissora vai exibir reedição sobre a comunidade remanescente de quilombo, a comunidade de Muquém.


Fonte: Iranei Barreto / Ascom IZP

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Artigo: Tambores de Xangô - Novembro de Todas as Cores

Por: Rachel Rocha - Professora de Antropologia e pesquisadora da cultura afro-alagoana


Maceió decide mostrar sua face negra em grande estilo. Subsumidas por séculos de preconceito racial e cultural - quando se trata das manifestações negras - comunidades representantes dessa rica tradição alagoana realizam nos dias 18 e 19 de novembro, no emblemático bairro de Jaraguá, uma grande comemoração numa clara demonstração de altivez e de reverência a uma tradição que é responsável pelo legado cultural presente em muitas das referências locais. O evento é uma realização da rede Articulação pela Cultura Popular e Afro-Alagoana e conta com o apoio do BNB e da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas.

A ideia, que partiu da comunidade negra Filhos de Axé Sociedade Afro-Cultura Palácio de Airá, que tem à frente o líder religioso babalorixá Elias de Airá, realizará no dia 18/11 (próxima sexta-feira), a cerimônia de coroação do Rei Doté Elias e da Rainha Lucineide, do Maracatu de Nação A Corte de Airá. A solenidade está marcada para as 9h00 na igreja Nossa Senhora Mãe do Povo, em Jaraguá.

A escolha não poderia ter sido mais feliz, uma vez que nesse mesmo bairro, na rua atrás da referida igreja, estava localizado um dos mais afamados terreiros de Maceió no começo do século XX, o de Mestre Felix, destruído, como muitos outros, em fevereiro de 1912, no episódio que ficou conhecido como “Quebra quebra dos terreiros” e que pôs fim a esta e a outras dezenas de casas religiosas afro-brasileiras na capital e no interior de Alagoas.

A brutal ação, demonstração da intolerância para com as práticas religiosas afro-brasileiras na Maceió provinciana de há um século, trouxe serias consequências à vivência e à visibilidade da religiosidade de matriz negra, resultando, entre outras, no que alguns, como Gonçalves Fernandes (Sincretismo Religioso no Brasil, 1941), identificou como uma nova modalidade de culto, batizado então de “xangô rezado baixo” que, na prática, refletia a intimidação de um candomblé que passava a ser realizado não mais com atabaques, mas com palmas.

Para relembrar e denunciar práticas intimidatórias contra os afro-brasileiros, ainda hoje presentes na Maceió contemporânea, as comemorações continuam no dia 19/11 (sábado), na praça Dois Leões (Jaraguá), com a realização de outra cerimônia, esta batizada de “Tambores de Xangô Rezado Baixo” que, desta feita, rezarão alto e em bom som, proclamando a necessária liberdade de cultos oriundos de negros escravizados e que se constituem em referências fundantes da cultura alagoana.

Essas manifestações, de rara beleza, solidariedade e sabedoria são motivo de orgulho para todos os alagoanos que terão a oportunidade de assistir a várias apresentações de maracatus, manifestações que existiam na Maceió do século XIX e começo do século XX e que depois desapareceram por conta do preconceito, mas que agora retornam, como indica a programação abaixo:

18h00 – Abertura com as autoridades;

18h30 – cerimônia “Tambores de Xangô Rezado Baixo”, part. de yalorixás de Alagoas;

19h00 – Maracatu Mirim (Ponto de Cultura AMAJAR);

19h30 – Maracatu Baque Alagoano;

20h00 – Maracatu Raiz da Tradição;

20h30 – Afoxé Omorewá;

21h00 – Arê Iorubá (Núcleo Cultural da Zona Sul);

21h30 – Maracatu Coroa Imperial;

22h00 – Malungos do Ilê;

22h30 – Maracatu Axé Zumbi (Núcleo Cultural da Zona Sul);

23h00 – Maracatu Nação A Corte de Airá;

23h30 – Encerramento com Coletivo AfroCaeté.



Fonte: www.coletivoafrocaete.blogspot.com

Negros recebem quase 40% menos por hora de trabalho do que demais camadas da população, segundo Dieese

Os negros – parcela da população que inclui pretos e pardos – recebem por hora, em média, 60,4% do pago às demais camadas populacionais. Essa é uma das conclusões do estudo divulgado hoje (17) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A pesquisa Negros no Mercado de Trabalho da Região Metropolitana de São Paulo mostra que um negro ganha, em média, R$ 5,81 por hora trabalhada, contra R$ 9,62 pagos a outros trabalhadores.

O principal motivo dessa desigualdade, segundo o estudo, é que a inserção dos negros no mercado de trabalho ocorre principalmente nas ocupações menos especializadas e pior remuneradas. Em 2010, 10,8% da população negra economicamente ativa trabalhavam como empregados domésticos. Entre a população que se declara branca e amarela, essa proporção é 5,7%.

Na construção civil, estavam empregados 8,8% dos negros inseridos no mercado de trabalho e 5% dos não negros. Segundo o estudo, esses setores são exatamente aqueles em que predominam postos de trabalho com menos exigências de qualificação profissional, menor remuneração e relações de trabalho mais precárias. “Por isso, menos valorizados socialmente”.

O serviço público absorve uma proporção maior de ocupados não negros (8,4%) do que de negros (6,2%). O fato de ser uma carreira que requer a aprovação em concurso público mostra, de acordo com a pesquisa, a falta de acesso dos negros ao ensino de qualidade.

A diferença também é grande no grupo que incluiu desde profissionais autônomos de nível universitário até donos de negócios familiares. O percentual de negros ocupados nessas atividades é 3,9%, contra 9% entre os não negros. “Dispor de riqueza acumulada que permita montar um negócio ou ter nível superior de escolaridade provavelmente são os fatores que explicam a exclusão de grande parte dos negros.”


Fonte: Agência Brasil

Comunicação e Cultura no especial “IZP no Mês da Consciência Negra”

Programa pela Educativa FM e Difusora recebe nesta sexta, 18, artistas, jornalistas e o secretário Osvaldo Viegas, da Cultura



A série de programas “IZP no Mês da Consciência Negra” tem nesta sexta-feira, 18, sua quinta e última edição com uma discussão sobre a influência do povo afrodescendente na cultura e na comunicação em nosso estado e país. O especial vai ao ar das 8 às 9 horas, pela Educativa FM, e das 13 às 14 horas pela Difusora.

Participam o secretário Osvaldo Viegas, da Cultura; o artista plástico Denis Matos, curador da exposição “Zumba: Um pintor negro para o Brasil”; as jornalistas Vera Valério, produtora da matéria da TV Educativa vencedora do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, e Helciane Angélica, editora da coluna Axé do jornal Tribuna Independente; além dos músicos Gustavo Gomes e Igbonan Rocha.

A série estreou na segunda-feira, 14, lançando um olhar sobre a história e a cultura afro-brasileira, e estimulando o debate e a reflexão a respeito da situação da comunidade negra nos dias atuais. Ao mesmo tempo, destacando a luta dos movimentos negros, as leis e projetos relacionados, além do preconceito racial e a inserção do negro nos espaços de cidadania.

Temáticas - Nas cinco edições o programa “IZP no Mês da Consciência Negra” abordou temáticas que são largamente discutidos pelos movimentos de Alagoas e do restante do Brasil, dentre elas as políticas de ação afirmativas para a educação, movimento negro e as comunidades quilombolas, religiões de matriz africana, 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, Instituído pela ONU, além de destacar o líder contemporâneo do movimento negro no país, Abdias Nascimento - que teve suas cinzas depositadas no platô da Serra da Barriga, em União dos Palmares, no último domingo.

Representantes do Movimento Negro de Alagoas deram sua contribuição ao projeto do IZP, a exemplo dos ex-secretários de Estado Zezito Araújo e Vanda Menezes; dos ativistas Helcias Pereira e Arísia Barros; da presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, Valdice Gomes; da historiadora e coordenadora do Núcleo de Estudos Afrodescendentes (Neab/ufal), Clara Suassuna; dos professores Rosário de Fátima e Clébio Araújo; do diretor de Educação para a Paz da Secretaria de Estado de Promoção da Paz (Promopaz), Fábio Rogério dos Santos; além do sacerdote da religião de Matriz Africana, Pai Célio e das yalorixás Mãe Mirian e Mãe Neide.

Intercalando as entrevistas, foram exibidas canções temáticas e depoimentos de ativistas dos estados do Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Bahia, que deram sua contribuição ao programa através de comentários e mensagens. A jornalista Valdice Gomes, que está em Salvador participando do Encontro Ibero-americano dos Povos Afrodescendentes, também participa do programa com informações sobre o encontro, que termina neste sábado, dia 19.

O programa “IZP no Mês da Consciência Negra” tem apresentação de Marcos Guimarães; roteiro musical de Givaldo Kleber; produção de Iranei Barreto, trabalhos técnicos de Edson Silva e Alessandro Tenório e apoio de Audrey Trevas e Karine Marinho.

Programação - Paralela à série “IZP no Mês da Consciência Negra” a programação das emissoras do IZP seguem com especiais de entrevistas, musicais, exibição de filmes sobre a temática, além de divulgação e cobertura de eventos relacionados que estão ocorrendo em nosso estado neste período. A campanha do IZP envolve as rádios Educativa FM e Difusora AM, e a TV Educativa de Alagoas (TVE), e conta com o apoio das Secretarias de Estado da Cultura, Mulher e Paz, Comissão de Jornalistas pela igualdade Racial (Cojira/AL) e Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB/UFAL).


Fonte: Iranei Barreto / IZP Alagoas

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quintal Cultural no mês da Consciência Negra

Secretaria da Cultura homenageia o pintor Zumba com exposição no Mupa


Mostra reúne 85 telas do pintor, que dedicou seu trabalho a retratar figuras humanas, sobretudo negros, além de paisagens e o folclore


Texto: Mirella Costa / Foto: Reprodução-Ailton Cruz


No mês em que é comemorado o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) escolheu um representante histórico para homenagear. A partir de quinta-feira (17), às 19h, a população poderá conferir, no Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa), uma coletânea de 85 telas do mestre José Zumba.

As telas foram cedidas por 29 fontes – particulares, instituições e colecionadores. A curadoria, pesquisa e montagem da exposição ficaram por conta do artista plástico Denis Matos.

A exposição é dividida em quatro ambientes. Na entrada principal, as telas apresentam uma visão global do artista e as outras três salas foram distribuídas com telas que retratam paisagens, figuras humanas e o folclore.

Natural de Santa Luzia do Norte, Zumba foi um grande batalhador que sustentou sua família através da arte, pintando diariamente e saindo para vender as telas pelas ruas da cidade, em repartições públicas e casas de colecionadores.

Segundo o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, o objetivo da homenagem é reacender as lembranças de um homem que lutou e conquistou seus direitos e espaço, marcando a vida e a cultura da sociedade alagoana.

“Ele foi um Mestre que marcou a história das artes plásticas em Alagoas. Sua pintura remete às raízes africanas ao retratar Zumbi, pretos velhos e mães de santo e ganha uma dimensão antropológica e sociológica quando nos apresenta os saberes e fazeres alagoanos, em especial as manifestações folclóricas e usos e costumes”, explicou Viégas.

O colecionador Fernando Gomes fez questão de contribuir com a homenagem, emprestando telas do seu acervo para a exposição. “Quando admiramos um ser humano, nós o fazemos por vários motivos – José Zumba foi, por meio da sua arte, traçada na sua vivência popular, respeitado por muitos, mas foi o seu caráter angular que mais me impressionou”, disse Gomes.

A exposição Zumba: Um pintor negro para o Brasil ficará no Mupa até o dia 2 de fevereiro. No momento de abertura, a ialorixá Mãe Neide fará uma apresentação, homenageando o artista Zumba e Zumbi.

O Museu Palácio Floriano Peixoto está aberto a visitações nas terças, quintas e sextas-feiras, das 8h às 17h; nas quartas-feiras, das 8h às 21h; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. Agendamentos de visitas e mais informações pelo telefone 3315-7874.


Fonte: Agência Alagoas

Sociedade civil se reúne para propor ações de combate à intolerância racial


A abertura do encontro da sociedade civil dentro do Afro XXI foi marcada pela afirmação da autonomia dos movimentos sociais e da sociedade civil em relação aos governos. A perspectiva desse encontro entre representantes da sociedade civil ibero-americano, caribenha e africana é constituir propostas que contribuam com a Declaração de Salvador, documento que sairá do encontro de chefes de Estado no último dia do Afro XXI.

À mesa de abertura do encontro sentaram-se, lado a lado, representantes dos movimentos sociais e de governos. O primeiro a saudar o encontro foi Gilberto Leal, militante do Movimento Negro, que destacou a necessidade da união e da competência na articulação política da sociedade civil para ter força para interferir e enfrentar blocos políticos muito bem articulados na região.

Juca Ferreira, representante do Brasil na Secretaria Geral Ibero-Americana, fez um prognóstico nada animador da possibilidade de recrudescimento do racismo com as crises atuais que afetam o centro do capitalismo global. Por outro lado afirmou a maturidade do movimento social de luta por igualdade. “Esse momento não é apenas de celebração. O objetivo é interferir no processo democrático e de desenvolvimento econômico”, disse Ferreira.

O panamenho Humberto Brown, representante do movimento Diáspora Latina, lembrou a necessidade de buscar a inteligência ancestral para encontrar saídas e dar respostas adequadas à conjuntura global na luta contra o racismo. “Será um dia desafiante, pois são muitas questões e pouco tempo para discutir toda a pauta”, refletiu ele.

A representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Magali Navys, demonstrou alegria por identificar um crescimento da organização da luta contra o racismo. “Até hoje foi a sociedade civil que empurrou os avanços”, declarou ela. Entretanto, ponderou que as forças contrárias a esses avanços também crescem.

Inclusão - Representando o governo da Bahia, o secretário Elias Sampaio, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, apontou que não há possibilidade de avanço do Brasil sem a inclusão dos afrodescendentes. “Eleger governos progressistas é uma condição necessária, mas não suficiente para construirmos a igualdade racial”, afirmou Sampaio.

Para finalizar, a representante da Articulação das Organizações das Mulheres Negras Brasileiras e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade, Vera Baroni, chamou a atenção do público para boatos de que a Secretaria das Mulheres e a Seppir estariam em risco de extinção. “Essas instituições cumprem um papel muito importante e precisam ser potencializados e não extintos”, declarou. E finalizou apontando para a grandeza da diversidade presente ao encontro e em especial à presença das mulheres negras.



Acompanhe outras informações do Encontro Ibero Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (16 a 19.11.11): www.funag.gov.br/afro21


Fonte: Assessoria / Seppir

Nesta sexta tem "Coisa de Nêgo", de Igbonan Rocha no projeto Sextas Populares no Teatro Deodoro

Dando continuidade às comemorações pelo mês da Consciência Negra, a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (DITEAL), apresenta no projeto Sextas Populares, nesta sexta (18) e na próxima (25) o show "Coisa de Nêgo", de Igbonan Rocha, a partir das 16h, no pátio do Teatro Deodoro, com entrada gratuita. 



Para participar do Projeto do Teatro Deodoro Igbonan idealizou o Show “COISA DE NÊGO....”. Aproveitando a evidência do mês de novembro (mês da Consciência Negra) e sendo 2011 o ANO INTERNACIONAL DOS POVOS AFRODESCENDENTES, intitulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), irá interpretar clássicos da MPB compostos e/ou interpretados por Negros ou com temática negra. Neste mergulho no universo da música negra brasileira Igbonan resgatou pérolas de Zé Keti, Dona Yvone Lara, Assis Valente, Geraldo Pereira, Wilson Batista além de Gilberto Gil, Milton Nascimento, Roque Ferreira, Seu Jorge e Max de Castro. Tendo o auxílio luxuoso de Joacaz Paz (violão), Jucélio Souza (sopros) e Paulinho Keita (percussão) a promessa é de um show onde a história do povo negro brasileiro será contada/cantada com muito ritmo e alegria. 




Sextas Populares é um projeto que visa divulgar a produção musical alagoana através de pequenas apresentações (pocket shows) num formato de happy hour do Teatro Deodoro.
Informações: (82) 3315-5665.



Serviço:
Projeto Sextas Populares
Pátio do Teatro Deodoro
"Coisa de Nêgo", de Igbonan Rocha 
Dias: 18 e 25 de novembro
A partir das 16h
Informações: (82) 3315-5665



Realização: Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (DITEAL)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tambores de Xangô Rezado Baixo em Maceió

Para refletir sobre os 99 anos do Quebra de Xangô e as cinzas de Abdias Nascimento o Fórum da Articulação Pela Cultura Popular e Afro Alagoana em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e o BNB mais Cultura/AL, realiza no Mês da Consciência Negra em Maceió, o evento TAMBORES DE XANGÔ REZADO BAIXO é um grande momento pra cultura afro e religiosa de Alagoas.

CONVITE: Exposição de Zumba no Museu Palácio Floriano Peixoto

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Indicação de filme para esse feriado

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) indica para este feriado (15.11) o filme produzido na Bahia, "Jardim das Folhas Sagradas", que recebeu o Prêmio de Melhor Fotografia no Los Angeles Brazilian Film Festival 2011. Assista no Cine Sesi Pajuçara, sessão às 21h (exceto segunda-feira), e os ingressos custam R$10 (inteira) e R$5 (meia - para estudantes e idosos).


Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Origem: Brasil
Estreia: 25 de Novembro de 2011
Direção: Pola Ribeiro
Roteiro: Pola Ribeiro e Henrique Andrade
Distribuidora: Polifilmes
Censura: 14 anos
Ano: 2010



Trailer - Jardim das Folhas Sagradas from Jardim das Folhas Sagradas on Vimeo.


Hoje tem a palestra “Zumbi – Liberdade e Musicalidade”


Acontece hoje (15.11), a partir das 15h, na Casa de Iemanjá – Rua Dona Alzira Aguiar, 429, Ponta da Terra em Maceió – a palestra de intercâmbio Brasil/África: “Zumbi – Liberdade e Musicalidade”, com os palestrantes: Clara Suassuna - Professora Doutora em História e Diretora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiras (NEAB-UFAL) e Meki Nzewi – Professor Doutor em Artes Musicais e Educação Musical Africana.


Meki Nzewi é o fundador e co-diretor da Fundação para o Diálogo AMA, palestrante em Música Africana na Universidade de Pretória (África do Sul), cientista cultural, que realiza um estudo das artes musicais tradicionais Africanas há mais de 36 anos. Escritor sobre os aspectos músico-filosófico da música africana, tem quatro livros publicados e 34 artigos e ensaios filosóficos sobre música, dança e drama da África. Compôs e produziu cinco obras de música-teatro, sete musicais, três óperas e três trabalhos de dança-teatro poético. Suas outras composições incluem obras para orquestra, coro, voz solo, tambores e outros conjuntos.

Em 2001, A Orquestra de Câmara Inglês (English Chamber Orquestra) deu a estreia mundial de seu mais novo trabalho orquestral durante uma excursão da África do Sul. Prof. Nzewi publicou também obras literárias, incluindo três peças de teatro, um romance e poemas, e escreveu e produziu trabalhos para TV e rádio. Como mestre de bateria, ele tem realizado workshops e se apresentado em toda a Europa e África.

No encerramento, está previsto a realização de um cortejo afro com todos os presentes e coquetel temático.


Fonte: Casa de Iemanjá/Divulgação

Cerimônia afro

Por: Helciane Angélica - Integrante da Cojira/AL (*)



O dia 13 de novembro de 2011 entrou para a história! A Serra da Barriga em União dos Palmares, na zona da mata alagoana, foi palco de mais um evento que mexeu com o coração de várias pessoas e exaltou a memória do líder negro Abdias do Nascimento (14/03/1914-24/05/2011), que ainda em vida desejou que suas cinzas fossem depositadas no local.

Abdias deu uma contribuição enorme ao Brasil e ao mundo, um legado de luta contra a intolerância religiosa, racismo e todas as formas de discriminação. E suas cinzas irão encontrar com todos os quilombolas que derramaram seu sangue em busca de liberdade”, disse Eloi Ferreira de Araújo, Presidente da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, ao dar boas-vindas às pessoas que vieram de várias partes do Brasil e do exterior. 

A Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, também prestigiou a cerimônia e destacou que “Abdias é uma das figuras mais importantes para a história do Brasil, porque antecipou a luta política em defesa das questões étnicorraciais, traçou naquela época, a pauta do movimento negro”, afirmou.

Um dos momentos mais emocionantes da celebração foi a oferenda aos ancestrais realizada pelo professor Anani Dzidzenyo, percussionistas nigerianos e os filhos de Abdias: Abdias Filho, Henrique Garcia e Osiris Nascimento – os dois primeiros filhos com a atriz Léa Garcia, e o outro com a psicóloga Elsa Larkin, que também estavam presentes. Juntos, ofereceram o rum jamaicano representando a diáspora africana; a cachaça do Brasil; vinho, bebida preferida do ativista; e a água, símbolo de paz – foi um momento de muita paz e energia, abrilhantado com a chuva. Também teve a leitura do poema “Escalando a Serra da Barriga” interpretado por Chico de Assis e Debora Almeida.

Dentre as autoridades presentes, estiveram: Kátia Born, Secretária de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Osvaldo Viégas, Secretário de Estado de Cultura; Genisete Sarmento, representante do escritório da FCP em Alagoas; Elson Davi, Secretário Municipal de Cultura de União dos Palmares; Isabel Gomes; Secretária Municipal de Turismo; ex-Deputado Estadual Paulão; Fátima Santiago, representando a Câmara Municipal de Maceió.

As cinzas de Abdias Nascimento foram depositadas no alto da Serra da Barriga em União dos Palmares junto com mudas de árvores sagradas como a gameleira e o baobá. A cerimônia contou com a presença de ialorixás e babalorixás de várias casas de axé de Alagoas, lideranças do movimento negro local e nacional (APNs, Conen, Unegro, MNU e Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará-Cedenpa), pesquisadores, estudantes, artistas, admiradores de vários países e veículos de comunicação.

A cerimônia foi encerrada como o povo negro gosta, celebrando a vida e a morte, ao som dos tambores com a apresentação do grupo baiano Ilê Aiyê, dança-afro e roda de capoeira. Abdias foi merecidamente homenageado com pompas de rei. Axé!



(*) Fonte: Coluna Axé - nº176 - Jornal Tribuna Independente (15.11.11)


Fotos: https://plus.google.com/photos/111987805166842451676/albums/5674989206417381329