sexta-feira, 31 de maio de 2013

Imprensa estrangeira destaca ascensão social dos negros

Agência France Presse entrevistou o presidente do Ipea e ministro da SAE, Marcelo Neri

A renda da população negra foi a que mais cresceu no Brasil entre 2001 e 2009, cerca de 45%, contra 21% dos brancos, informou o presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Marcelo Neri, em uma matéria publicada pela Agência France Presse (AFP) no último dia 23.

O texto da AFP (Brésil: parce que les femmes noires de Rio le valent bien) destaca o sucesso de uma rede de salões de beleza dedicada exclusivamente a atender clientes negras, fenômeno, de acordo com Neri, da “ascensão de uma nova classe média”. "É a nova classe média produzindo para a nova classe média”, afirmou.

O empreendedorismo na população negra também foi tema em uma reportagem publicada pelo jornal espanhol El País (Alrededor del 30% de la población negra en Brasil es empreendedora). De acordo com o diário, dados do IBGE apontam que, atualmente, 30% dos negros brasileiros são empreendedores, reflexo da elevação de renda e da diminuição da pobreza observada no país nos últimos dez anos, o que levou essa população a trocar o emprego doméstico ou a inatividade pelo empreendedorismo.

De acordo com o presidente do Ipea, vários fatores contribuíram para as mudanças sociais observadas, entre eles o aumento de renda do trabalho assalariado, a melhoria educacional nas camadas mais pobres, assim como, recentemente, as políticas de cotas em universidades públicas. Para o El País, Neri disse acreditar que o negro recuperou o orgulho por sua identidade.

OtimismoNo início do mês, a revista britânica The Economist publicou, em seu site, um artigo (Brazil isn’t growing, so why are Brazilians so happy?) no qual tenta entender por que o brasileiro continua feliz, mesmo com o baixo crescimento do país. O texto cita uma pesquisa do Ipea em que mais de dois terços das famílias afirmaram acreditar que a renda aumentará no próximo ano.


Fonte: Ipea

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mãe Neide - referência em Alagoas

Crédito da foto: Guesb/Inaê – Facebook


No dia 17 de maio, a alagoana Maria Neide Martins popularmente conhecida como Mãe Neide, foi uma das homenageadas pelo Partido Social Democracia Brasileira – PSDB/Mulher. Ela foi a primeira yalorixá do Brasil a receber a Medalha Ruth Cardoso, indicada pelo Diretório Estadual, em reconhecimento pelo seu trabalho social na comunidade. 

É uma referência no Estado de Alagoas, pela contribuição na criação de ações e programas de promoção social e ligadas a defesa dos direitos da mulher; implantou no Grupo União Espírita Santa Bárbara (Gesb), cursos profissionalizantes, oficinas e atividades culturais para famílias do Conjunto Village Campestre II; criou o projeto Casa das Janaínas, que abriga adolescentes grávidas em vulnerabilidade social e conflito familiar; também fundou uma creche para os filhos dos garis na cidade de Arapiraca e desenvolveu um trabalho sócio-cultural com vítimas das enchentes em União dos Palmares.

 Enfim, é uma grande mulher e um exemplo para a comunidade afro-alagoana! 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Combate a homofobia

Alagoas encontra-se entre os cinco Estados mais homofóbicos do Brasil. E na última sexta-feira (24.05), ocorreu uma sessão especial na Câmara Municipal de Maceió com o tema: “Maceió a capital mais homofóbica do Brasil – Como Mudar esta Realidade”. A atividade foi proposta pela vereadora Tereza Nelma (PSDB) e contou com a presença de outros parlamentares: Silvania Barbosa (PPS), Marcelo Gouveia (PRB), Kelmann Vieira (PMDB) e Dudu Ronalsa (PSDB). 

Também participaram: o Promotor de Justiça, Flavio Gomes; gestores públicos, educadores, profissionais da área da saúde e representações da sociedade civil, a exemplo do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos; Grupo Gay de Alagoas (GGAL), Associação dos Homossexuais do Benedito Bentes, Fórum Estadual Permanente de Educação e Diversidadade Étnico-Racial e o Grupo Direito à vida. 

O convidado de honra foi Cláudio Nascimento – Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos; e idealizador do projeto modelo RIO SEM HOMOFOBIA. Ele foi homenageado com a Comenda de Direitos Humanos Desembargador Mário Guimarães, e, veio compartilhar informações sobre as políticas públicas adotadas no Rio de Janeiro que exemplos em todo o país. 

O programa Rio sem homofobia é uma política de Estado implantada em 2007, com o lema: “Um lugar tão maravilhoso como o Rio de Janeiro não combina com discriminação – Respeite Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais”. Visa combater a discriminação e a violência contra a população LGBT, disseminar informações sobre seus diretos e o respeito às especificidades desses grupos populacionais; além de executar o monitoramento de políticas públicas nessa área. 

Dentre as ações implementadas estão: 1ª Rede Estadual de proteção à LGBT; Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e a parceria com a Universidade estadual do Rio (UERJ) na sustentação técnica e acadêmica para os projetos; Projeto Escola Rio Sem homofobia; Rede de Proteção Social, com a participação de CRAS, CREAS e polícias; e o Disk CIDADANIA GLBT – gratuito, anônimo e sigiloso – que existe há três anos, e já teve 10mil atendimentos. 

O palestrante destacou que para garantir a efetivação de políticas públicas, é preciso ter planejamento; diálogo permanente com a sociedade, institucionalização decreto e leis; e orçamento garantido. Também ressaltou que a concentração de dados de agressões homofóbicas compreende uma faixa etária entre 14 a 38 anos, e, aumentou o número de procura da população LGBT para denunciar casos e a busca dos direitos. 



Avanços

Apesar dos índices alarmantes de violência, mortes, perseguição político-religiosa e ideológica à comunidade LGBT; existem ações importantes que precisam ter mais visibilidade e a implementação para efetivar o combate da violação de direitos em Maceió.  A vereadora Tereza Nelma é a propositora da Lei Municipal de Combate à Homofobia (17 de maio) e instituiu o Dia da Visibilidade Lésbica; apresentou um projeto substitutivo para a criação de um Conselho Municipal de Cidadania e GLBT (4667/97) para cobrir práticas discriminatórias. Também quer a criação da Comenda Denilson Leite – ator e professor, que foi assassinato brutalmente e teve a cabeça decepada – busca homenagear artistas e grupos artísticos que combatem a homofobia e outras formas de discriminação.  E ainda, defende que travestis e transexuais possam usar o nome social em suas identidades.


Fonte: Coluna Axé - nº251 - Jornal Tribuna Independente (28.05.13)
Edição; Jornalista Helciane Angélica / COJIRA-AL

Prêmio Jornalista Abdias Nascimento é divulgado na Paraíba

Nessa quarta-feira (29.05) na cidade de João Pessoa (PB), terá uma atividade de divulgação da 3ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento que é uma realização do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, com o apoio da Federação dos Jornalistas (Fenaj) e das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (RJ, SP, AL, PB e DF), além do Núcleo de Comunicadores Afro-Brasileiros do Rio Grande do Sul e a Diretoria de Relações de Gênero e Promoção da Igualdade Racial na Bahia.

A jornalista Helciane Angélica, da Cojira-AL, foi convidada para fazer a articulação junto ao Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, visitar as redações e entregar o material informativo, além de participar de uma roda de conversa sobre “A importância das Cojiras e o comprometimento da mídia com as questões étnicorracias". 

O Prêmio foi criado para valorizar o conteúdo jornalístico capaz de tornar visível o racismo como fator estruturante das desigualdades socioeconômicas no país, e, simboliza a busca por um jornalismo plural. Ao todo são sete categorias, com premiação de R$ 5 mil para as melhores produções jornalísticas sobre questões étnicorraciais, cultura afro e o cotidiano da população afrodescendente.

As inscrições encerram no dia 31 de julho, saiba mais no site oficial: http://premioabdiasnascimento.org.br/w/


Fonte: Cojira-AL

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alagoas presente na mobilização de combate a mortalidade materna

Por: Helciane Angélica
Integrante da COJIRA-AL, com informações da organização



Acontece amanhã (28.05) em todo o Brasil, uma mobilização pela promoção dos direitos das mulheres. A ação marca o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

Em Alagoas, estão previstas rodas de conversa e panfletagem. Terão atividades nos municípios de Arapiraca (Secretarias da Mulher e Saúde), Campo Alegre (Secretaria Municipal de Saúde), Colônia Leopoldina (Sociedade Espírita Caminho da Luz), Teôtonio Vilela (Secretaria da Mulher e Associação Comunitária de Comunicação e Assistência Social) e em Maceió haverá uma palestra às 14h, no Instituto Federal de Alagoas (Ifal) para mulheres do Projeto Mulheres Mil, coordenado por Fátima Viana; também existe o envolvimento do Neab-Ufal e Diretoria de Promoção a Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde. 

"Como toda atividade global, as trocas de informação aumentam e o ganho é da população feminina. Essa mobilização dá visibilidade ao tema e permite que, não só nesse dia, mas durante todo ano o assunto tenha ampla discussão. São discutidos os direitos sexuais e reprodutivos, previstos em nossa Constituição Cidadã, e, dá enfase à principal causa de mortalidade materna que é o atendimento inadequado de gestantes onde 90% de mortes poderiam ser evitadas", destacou a pesquisadora Angela Brito. 

A iniciativa é do Fundo de População da Nações Unidas (UNFPA) em parceria com ativistas e organizações. Nessa data, busca-se refletir e cobrar das autoridades uma maior atenção quanto aos cuidados pré-natais de qualidade, humanizado e não-discriminatório. A mortalidade materna é uma das dez principais causas de morte de mulheres com idade entre 10 e 49 anos no Brasil. Outro dado importante, é que mães adolescentes, indígenas ou negras apresentam um menor percentual de consultas de pré-natal quando comparadas às mães brancas ou àquelas com 20 anos ou mais de idade.

A população também pode participar da mobilização através do twittaço com compartilhamento da hashtag  #mortematernaNÃO. Curta também a página no facebook: http://www.facebook.com/pages/Mobiliza%C3%A7%C3%A3o-pelos-Direitos-das-Mulheres-e-Redu%C3%A7%C3%A3o-da-Morte-Materna/322784791121604.

domingo, 26 de maio de 2013

Quem tem medo dos editais… ?

Quem tem medo dos editais… ?

vilma-reis …para as iniciativas culturais afro-brasileiras?
Por Vilma Reis
No contexto das forças políticas os Movimentos Negros e de Mulheres Negras se organizam no país contra a reação conservadora que, se levanta contra as diferentes formas de reparação, seja no mercado de trabalho, no acesso a educação ou no acesso a recursos, para que um grupo majoritário da sociedade brasileira, a população negra, possa apresentar suas narrativas para as gerações atuais e deixe seu legado, na dramaturgia, na dança, na música ou em outra forma de manifestação da cultura, para as gerações vindouras.
Essa manifestação do conservadorismo quando não permite a equidade, através de ações afirmativas, impede a partilha dos bens e recursos produzidas por todo povo brasileiro, evidenciando que é o racismo que estrutura o Brasil, onde o medo branco da onda negra permanece como um fenômeno longevo.
O Ministério da Cultura, conhecido como MinC, uma instituição com apenas 28 anos de existência, tão jovem como o recente período que o Brasil vive de intervalo de regimes autoritários, até 2012 o MinC seguia como se não houvesse divergência e vontade, por parte daqueles e daquelas que produz a cena cultural negra em sua diversidade, à demanda por acessar os recursos do Ministério.
Fóruns, Conferências, Painéis, locais e nacionais, foram organizados, Cias, Coletivos, Grupos, Posses foram erguidas, sempre cumprindo uma missão secular de ofertar a cultura, não como produto da indústria mas como reflexão, alimento, transmissão, para nossas dores, respostas contundentes diante das tragédias, das alegrias e celebrações da memória.
Tornou-se praxe para os donos do poder quando um grupo negro se manifesta de uma forma mais arrojada, logo eles pensam ah! Vamos apoiar um projeto deles e eles não mais incomodam. Mas não é que os donos do poder ficaram perplexos quando diante de todas as ausências, desde 1944 fomos capazes de dizer o nosso texto, com o TEN – Teatro Experimenta do Negro, e bem antes produzimos um outro texto com Lima Barreto, e depois com Carolina Maria de Jesus, um século antes de Carolina, com Maria Firmina dos Reis, no Maranhão, uma mulher negra, em 1859, fez o primeiro romance de uma escritora, assinado como escritora e não com pseudônimo masculino.
E depois, na cara da ditadura, em que pese não estar registrado nos manuais da historiografia dos aliados, nos anos 1970, com os Cadernos Negros, em 1978, criamos a possibilidade de dizer nossas LETRAS, com orgulho, vivos, vivas e de pé.
Mas diante do financiamento público de tantas iniciativas culturais não negras, ao longo dos 28 anos de existência do MinC, não havia caminhos institucionais para que nossas produções pudessem, como manda a etiqueta republicana, serem também apoiadas pelo Ministério da Cultura do Brasil?
Essa falta sempre nos incomodou, mas era preciso, como tudo que vira política pública para a população negra, que nós mesmo fôssemos pensar, organizar, montar uma proposta. Foi assim na educação básica, no acesso a universidade, na saúde, e nós não fugimos da tarefa. Em 2012, associações negras nacionais, que se organizam no campo da cultura, construíram uma proposta e submeteram ao MinC, que, como nos lembrou a matéria de O Globo, do dia 22.05.2013, respondeu com a criação inédita de cinco editais, lançados em 20 de novembro.
Hoje o Brasil, cenário de mega eventos mundiais, de forma conservadora há segmentos contra qualquer forma de partilha dos recursos que já estão circulando e que obrigatoriamente terão que circular dentro das produções culturais, onde o país irá se mostrar ao mundo, como ocorreu no fechamento das Olimpíadas em Londres, em 2012, quando produtores culturais de diversos grupos da Inglaterra participaram da elaboração das apresentações do legado cultural Inglês.
No Brasil corremos sério risco de ver representando o país somente com o que passar por olhos brancos. Por isso a fala de Emanuel Araújo, de afirmação dos editais precisa ser retomada, pois estes eventos não são somente esportivos, eles cumprem agendas, em disputa interna e externa, de visões sobre o Brasil e mesmo discordando da sua pertinência, devemos ter papel protagonista na produção de imagens que vão ocorrer, pois somos 51% do país e esta tarefa passa pela cultura e suas produções.
Mas como nos disse Machado de Assis, em seu magnífico conto “Pai contra Mãe”, a violência racial brasileira está secularmente organizada para impedir a nossa existência, negar a nossa humanidade, esmagar nossa criatividade coletiva, que, para todas as sociedades humanas passa pela vivencia cultural, por se mostrar nos palcos, nas letras, na musica, nas telas de cinema e em outras formas de expressão artística.
As filhas do vento, em 2005 e Raça, em 2013, de Joel Zito Araújo, é uma dessas possibilidades. Mas a recente e grave manifestação contra os editais para a produção afro-brasileira do MinC, a partir da justiça federal no Maranhão, não representa uma ação isolada, pois se materializa na expressão de ação política organizada Brasil afora, de ataque a qualquer política que altere a propriedade da terra, do poder político e da produção cultural, dado que esta ultima mexe, fundamentalmente, na representação histórica da imagem negra, sob controle, onde tem sido depositadas todas as formas simbólicas de negação da nossa humanidade.
O enfrentamento ao imaginário racista, que estrutura as relações sociais brasileiras, como bem observou Sueli Carneiro, em sua tese de doutorado, passa pelo nosso entendimento do bio-poder, do poder do outro dizer quem somos, nos representar, negando estruturalmente a possibilidade de fazermos uma autorrepresentação, sem tutelas. Por isso os editais para a produção de narrativas para a descolonização é algo inédito, pois que surge da necessidade de superar uma ausência nas políticas culturais do MinC.
E o inadmissível para aqueles que historicamente dominaram os recursos do Ministério é exatamente o risco de ver suas teses sobre a nossa impossibilidade de produção com qualidade serem desmascaradas, pois o que sempre falta às produções culturais afro-brasileiras são os recursos para filmar, entrar em cartaz, remunerar atores, atrizes, diretores diretoras, muitos dos quais que depois de horas de ensaios nos centros, voltam para suas casas na periferia é sofrem baculejo da polícia, que ri diante do grito EU SOU ARTISTA!
Militantes de companhias negras de teatro, dança, produtores da musica, de documentários, filmes e os grupos culturais comunitários, organizados a partir de encontros nacionais, como os Fóruns de Performance Negra, quatro vezes reunidos na Bahia, observando a cultura como um direito humano e fundamental, construíram os editais e ofereceram ao MinC, num movimento liderando pela AKOBEN, por uma nova atitude do Estado brasileiro, que, em geral, tem como forma organizar e alimentar os centros culturais centrais, como espaços para poucos e abastados, onde as maiorias não acessam, e, de entrar nas comunidades negras com a presença do aparato policial, o qual quase sempre viola direitos, ficando a oferta de bens e produções culturais a cargo dos grupos do lugar, onde os jovens e outros grupos organizam festas, bailes, rodas, coletivos literários, bibliotecas contando com recursos próprios, sem qualquer tipo de remuneração.
É contra esta situação que lutamos e aqui falamos a nossa palavra, por ora infinita, REPARAÇÃO contra todos e todas que não nos querem de cabeça erguida e bicão na diagonal !!!
…Cada pedaço de pau, cada pedra fincada um pedaço de mim, Ilê Aiyê o povo negro ajudou a construi…
Construímos tudo e a obra segue!!!

Vilma Reis é militante do Movimento de Mulheres Negras, socióloga, pesquisadora associada do Ceafro e membro do CDCN- Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia

sábado, 25 de maio de 2013

Marisa Lajolo comenta acusação de racismo nos livros de Monteiro Lobato

A professora e pesquisadora é especialista na obra do autor

o em 25/05/2013 às 12h58
A professora Marisa Lajolo é pesquisadora, ensaísta, escritora e especialista em Monteiro Lobato. Durante o Programa do Jô, ela falou sobre seus livros, “Monteiro Lobato livro a livro”, da editora UNESP, e “Poeta do exílio”, pela editora FTD.
Marisa Lajolo comentou a polêmica acusação de racismo nos escritos de Lobato, e disse ser contra a censura da obra do escritor. “Acho que ele não era racista. Tenho para mim que ele trabalha com a Tia Nastácia como o Brasil, na época, trabalhava com os ex-escravos”, declarou.

Marisa Lajolo participa do Programa do Jô desta sexta-feira (Foto: TV Globo/Programa do Jô)Marisa Lajolo participou do Programa do Jô desta sexta-feira (Foto: TV Globo/Programa do Jô)





Fonte: http://tvg.globo.com/programas/programa-do-jo/O-Programa/noticia/2013/05/marisa-lajolo-comenta-acusacao-de-racismo-nos-livros-de-monteiro-lobato.html

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Navio petroleiro recebe o nome de Zumbi dos Palmares




Nessa segunda-feira (20.05), a presidenta Dilma Rousseff cumpriu agenda em Pernambuco, para participar da cerimônia alusiva à primeira viagem do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, no Porto de Suape, em Ipojuca. No evento, foram entregues os documentos oficiais do navio e bandeiras à tripulação; a presidenta também almoçou com operários que trabalharam na construção do navio, no Estaleiro Atlântico Sul. Essa é a quinta embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) entregue à Transpetro, braço de logística da Petrobras, em um período de 18 meses; tem 274,20 metros de comprimento total – maior que dois campos oficiais de futebol – e 51,6 metros de altura – mais alto do que o Cristo Redentor; e homenageia o herói negro brasileiro.


Fonte: Coluna Axé / Jornal Tribuna Independente (21.05.13)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Jovens, queremos lhe ouvir!



A Secretaria da Mulher, Cidadania e dos Direitos Humanos realiza neste sábado (25) encontro com jovens em situação de vulnerabilidade social no bairro do Benedito Bentes. Trata-se do primeiro evento de mobilização do Plano Juventude Viva, que tem como objetivo ouvir jovens em situação de vulnerabilidade, visando o planejamento das ações para construção da cultura da paz, promoção da cidadania e redução das vulnerabilidades.

O encontro acontece das 9h às 13h na Escola Municipal Professor Petrônio Viana, no Conjunto Carminha.

Na metodologia do encontro para formação, diálogos e palestras, serão oferecidas aos jovens oito oficinas com os temas educação, saúde, cultura popular, construção da cultura de paz, esporte e lazer, trabalho e geração de renda, infraestrutura e garantias de direitos. Além do Carminha, o encontro vai envolver jovens dos conjuntos Selma Bandeira, Cidade Sorriso I e II, Moacir Andrade, Frei Damião, Parque das Américas e Luiz Pedro III.

A secretária de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Katia Born, que coordenará as ações, informou que em cada oficina, haverá um professor facilitador. “Nós vamos abrir as inscrições dos cursos com as presenças dos Ministérios que estão alinhados com o Juventude Viva, secretarias estaduais e municipais. Vamos mobilizar em torno de 300 jovens e teremos uma média de 30 por oficina”, expôs.

As secretarias envolvidas no plano estão disponibilizando para cada comunidade um ônibus visando uma participação expressiva dos jovens de 15 a 29 anos no encontro. Ela destacou que a intenção é que, durante esse período de trabalho, os jovens de 15 a 29 anos fiquem focados no encontro, e o Plano Juventude Viva comece a fazer parte do dia a dia das comunidades.

“Quando o poder público chega a essas regiões e começa a trabalhar a mobilização social, incluindo jovens na sala de aula, na prática de esportes, preservação da cultura, geração de emprego e trabalho, participação de palestras sobre a cultura de paz, se começa a humanizar mais os bairros e trazer a população para perto do poder público”, assinalou a secretária.

As atividades serão promovidas por diversas Secretarias de Estado e do Município de Maceió, entre elas, a Defesa Social, Infraestrutura, Articulação, Paz, Assistência e Desenvolvimento Social, Educação, Esporte e Cultura.



Fonte: Divulgação

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Câmara debaterá combate à homofobia


A Câmara Municipal de Maceió realiza na próxima sexta-feira (24/05), a partir das 9h, uma Audiência Publica com o tema “Maceió na Luta Contra a Homofobia”. A  ação tem como finalidade ouvir a população, para que os mesmos possam sugerir ações que venham contribuir na redução da homofobia na capital.

Dentro da programação está prevista a realização da palestra “Maceió a capital mais homofóbica do Brasil - Como Mudar esta Realidade”. A palestra será ministrada pelo Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos e idealizador do projeto modelo RIO SEM HOMOFOBIA – Cláudio Nascimento, que na oportunidade estará sendo agraciado com a Comenda de Direitos Humanos Desembargador Mario Guimarães.

O Programa Rio sem Homofobia visa combater a discriminação e a violência contra LGBT e promover a cidadania desta população em todo território fluminense, respeitando as especificidades desses grupos populacionais.  Fazem parte do programa a disseminação de informações sobre direitos e sua defesa e a produção, implementação e monitoramento de políticas públicas transversais, isto é, em todas as áreas de governo, a fim de promover a cidadania LGBT.

A audiência pública foi proposta pela vereadora Tereza Nelma (PSDB), atendendo a uma solicitação do movimento LGBT de Maceió.


Fonte: Diretoria de Comunicação - Câmara Municipal de Maceió

terça-feira, 21 de maio de 2013

Ato show


No domingo (19.05) ocorreu o Ato-Show: “Pelo Fim das Intolerâncias ou Direitos Humanos Ausentes- Alagoas Presente!”, no Posto 7 localizado na praia de Jatiúca em Maceió. O evento foi uma realização do Instituto Raízes de África e do Conselho Municipal da Condição Feminina. 

Teve como principal objetivo, atuar de forma estratégica na convocação da sociedade alagoana para repudiar todas as formas de violência, a tirania das intolerâncias institucionais/ humanas, sejam elas o racismo, sexismo, homofobia, intolerância religiosa, além de garantir a liberdade de que cada pessoa  possa exercer suas individualidades e ser respeitado. 

O show foi aberto ao público e contou com a participação de diversos artistas e grupos locais, a exemplo de: Anderson Fidellis, Eduardo Proffa, Cris Braun, Fernanda Guimarães, Guilla Gomes, Gustavo Gomes, Heraldo França, Irina Costa, Júlio Uçá, Kel Monalisa, Micheline Encanta, Nara Cordeiro, Rady Lima, Tony Câmara, Katty Winne/ Lemonoise Folkpie, Banda Afro de Viçosa, Coral de Idosos do SESC, dentre outros. 

Parabéns pela iniciativa, cultura e reflexão social atuando juntos!



Destaque
Uma das ricas atrações no ato show foi a banda afro Gurungumba de Viçosa, composta por crianças e adolescentes que demonstram o amor à cultura negra através do batuque e dança afro. As músicas exaltam os guerreiros quilombolas, história e valorização da população negra. (Crédito da foto: Mário Ramires Villela Ramires)




Fonte: Coluna Axé - nº250 - jornal Tribuna Independente (21.05.13)
Edição: Helciane Angélica / Cojira-AL

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Salvador: VII Semana da África debate formas que o negro e a África são representados nos audiovisuais


000africa2Em sua sétima edição, valorizando o grande legado das africanidades no Brasil, a Semana da África, sob a coordenação geral da doutoranda Artemisa Odila, nascida em Guiné-Bissau, aprofunda temáticas que tratam das produções audiovisuais no Brasil, na América diaspórica, e na própria África, em sintonia com os caminhos da legalidade que sustentam o sentido histórico da Lei 11.645/2008.
(Foto: Fundação Palmares)

Redação Correio Nagô – Nesta segunda-feira (20), pesquisadores africanos e brasileiros estarão reunidos no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ufba) para debater as formas que a TV, o cinema e demais produções videográficas abordam os negros, o continente e as expressões culturais de matrizes africanas.

O encontro será realizado durante a VII Semana da África, evento que se estenderá até o dia 25 de maio, data em que se comemora o Dia da África.

Com o tema “Identidades africanas na produção audiovisual em África e sua diáspora”, a VII Semana da África é organizada por estudantes brasileiros e africanos (que estão estudando na Bahia) ligados à Ufba, à Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e à Universidade Federal do Recôncavo.

Os organizadores “buscam comemorar o aniversário do continente africano preservando a memória e o legado sociocultural das várias etnias que marcaram a história brasileira”. O jornalista André Santana, um dos fundadores do Instituto Mídia Étnica (IME), organização da sociedade civil responsável pelo Portal Correio Nagô, será um dos participantes do debate.

De acordo com a organização da VII Semana da África, o evento “dialoga e discute a importância da Lei Federal Nº 11.645/2008”, que assegura a obrigatoriedade do ensino da história e das culturas de origem africana, como também das culturas ameríndias brasileiras, principalmente no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

A Semana acontece desde maio de 2006 e já se tornou um evento de referência para a divulgação e fomentação de pesquisas sobre relações raciais no Brasil, em torno de questões ligadas a etnicidade, sobre o intercâmbio cultural entre Brasil e África, atualidades negro-diaspóricas, tradições afro-brasileiras, e a história real da África em sua grande diversidade étnico-cultural.
Pesquisadores como Carlos Cardoso (Guiné-Bissau), Cláudio Luiz Pereira, Mohamed Bamba, Claudio Furtado, José Luís Cabaço (Moçambique), Juvenal Carvalho, Jaime Sodré, Lívia Natália, Conceição Lima (São Tomé), Fatoumata Kandé (Senegal),Leão Lopes(Cabo-verde), Osvaldina Adão(Guiné-Bissau), Wilson Trajano, Lívio Sansone, Silvio Humberto, Wilson Matos, Amarino Queiroz, entre outros, participarão dos debates.

0000joel zito5Ainda na programação, serão realizadas oficinas em escolas da Rede Pública de Salvador, onde professores receberão qualificação sobre temáticas ligadas às africanidades, e ocorrerão nos dias 20 e 21.

As atividades culturais como: shows, exibição de filmes, espetáculos teatrais, festas de congraçamento ainda serão divulgadas no blog criado especialmente para a VII Semana da África na cidade do Salvador da Bahia
(http://www.semanadaafrica.blogspot.com.br/).

A parte acadêmica terá início no dia 22/05, às 10h, no Centro Cultural Câmara dos Vereadores, com a Conferência de Abertura: Cinemas africanos contemporâneos, com o prof. Mohamed Bamba, professor- adjunto da Ufba.

Os credenciamentos para os inscritos ocorrerão, a partir das 9h., na sede do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), no bairro Dois de Julho. As inscrições serão gratuitas, e todos que obtiverem 75% de frequência terão direito a certificados.


Fonte: Correio Nagô

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Prêmio Abdias Nascimento é divulgado nos Estados

No último dia 02 de maio, ocorreu em Maceió, o pré-lançamento do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. Também teve atividade no dia 07 de maio e 13 de maio, respectivamente, no Rio de Janeiro e Distrito Federal. 

E nessa quinta-feira (16.05), é a vez do Sindicato dos Jornalistas do Ceará fazer a sua articulação com visitas nas redações e entrega do material informativo, além de um amplo debate sobre a perspectiva de Gênero, Raça e Etnia no Jornalismo.

Estarão presentes: Joselina da Silva, professora do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará; Ivaldo Paixão, titular da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Estado; Aby Rodrigues, do Instituto Negra do Ceará (Inegra); e Valdice Gomes, presidenta da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) da Federação Nacional dos Jornalistas e representante do Prêmio Abdias Nascimento.

Saiba mais sobre o prêmio no site oficial: http://premioabdiasnascimento.org.br/w/


Fonte: Cojira-AL

terça-feira, 14 de maio de 2013

Coluna axé completa cinco anos de existência

No dia 13 de maio, a COLUNA AXÉ uma das importantes ferramentas de trabalho da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira-AL) - vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) - completou cinco anos de existência e publicações no jornal Tribuna Independente. 

O espaço é editado pela jornalista Helciane Angélica Santos Pereira. Trata-se de um trabalho voluntário, que busca valorizar as questões étnicorraciais e políticas afirmativas; além de divulgar a cultura negra, as ações do movimento negro e de todos aqueles que lutam pela igualdade racial. 

Nessa semana, chegamos à edição nº249, contribua também com o envio de informações sobre projetos e ações sócio-político-cultural que exaltem a população afro-descendente, para o email cojira.al@gmail.com.

Enfrentamento do racismo


Ontem (13.05), celebrou-se 125 anos da Abolição da Escravatura. O Brasil é o maior país do mundo em população afrodescendente, fora do continente africano. É o segundo país em população negra depois da Nigéria e o último país a abolir a escravidão negra, e, também foi o que mais importou africanos para serem escravizados. Trata-se de uma data emblemática que representa a “libertação” dos negros escravizados, porém, a população continuou marginalizada, em busca de trabalho digno, sem acesso a educação e lutando pelo reconhecimento da cidadania. 

Para o Movimento Social Negro, essa data representa o Dia Nacional de Luta e Denúncia contra o Racismo. Já tivemos muitas conquistas, mas, atualmente uma das principais preocupações é o combate do racismo institucional. E para garantir mecanismos de aprofundamento, construção de diagnósticos e monitoramento da implementação de políticas públicas nas áreas de Seguridade Social e Trabalho, foram lançadas duas publicações: “Guia de Enfrentamento do Racismo Institucional” e “Racismo Institucional – uma abordagem conceitual”. 

O projeto foi organizado pelo Geledés – Instituto da Mulher Negra, foi o resultado de um processo de construção coletiva que agregou organizações feministas e antirracistas brasileiras, o Governo Federal e contou com o apoio do Fundo para a Igualdade de Gênero da ONU Mulheres. O material pode ser adquirido no site www.geledes.org.br, através do download gratuito. 

O racismo tem se configurado como uma ideologia, presente nas mais diversas esferas da sociedade (cultura, política, esporte, educação, ética, etc) e atua em diferentes níveis (pessoal, interpessoal e institucional). A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997. 

Chega de opressão, queremos respeito e justiça! Axé!



Fonte: Coluna Axé - nº 249 - Jornal Tribuna Independente (14.05.13)
Edição: Helciane Angélica - Jornalista integrante da Cojira/AL

segunda-feira, 13 de maio de 2013

13 de maio: Uma mentira cívica

No dia 13 de maio de 1998, o então senador Abdias do Nascimento, chamava a atenção da nação para o 13 de maio – data em que por muito tempo o Brasil comemorou a abolição da escravidão -  como uma mentira cívica.  Na oportunidade, ele pronunciou o seguinte discurso no Senado, arquivado na Secretaria de Informação e Documentação:

 


O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, sob a proteção de Olorum, inicio este meu pronunciamento.Na data de hoje, 110 anos passados, a sociedade brasileira livrava-se de um problema que se tornava mais agudo com a proximidade do século XX, ao mesmo tempo em que criava condições para o estabelecimento das maiores questões com que continuamos a nos defrontar às vésperas do Terceiro Milênio. Assim, a 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, então regente do trono em função do afastamento de seu pai, D. Pedro II, assinava a lei que extinguia a escravidão no Brasil, pondo fim a quatro séculos de exploração oficial da mão-de-obra de africanos e afro-descendentes nesta Nação, mais que qualquer outra, por eles construída.Durante muito tempo, a propaganda oficial fez desse evento histórico um de seus maiores argumentos em defesa da suposta tolerância dos portugueses e dos brasileiros brancos em relação aos negros, apresentando a Abolição da Escravatura como fruto da bondade e do humanitarismo de uma princesa. Como se a história se fizesse por desígnios individuais, e não pelas ambições coletivas dos detentores do poder ou pela força inexorável das necessidades e aspirações de um povo.A tentativa de vender a abolição como produto da benevolência de uma princesa branca é parte de um quadro maior, que inclui outras fantasias, como a “colonização doce” – suave apelido do massacre perpetrado pelos portugueses na África e nas Américas – e o “lusotropicalismo”, expressão que encerra a contribuição lusitana à construção de uma “civilização” tropical supostamente aberta e tolerante. Talvez do tipo daquela por eles edificada em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, quando a humilhação e a tortura foram amplamente usadas como formas de manter a dominação física e psicológica de europeus sobre africanos.Na verdade, o processo que resultou na abolição da escravatura pouco tem a ver com as razões humanitárias – embora essas, é claro, também se fizessem presentes. O que de fato empurrou a Coroa imperial a libertar os escravos foram, em primeiro lugar, as forças econômicas subjacentes à Revolução Industrial, capitaneadas por uma Inglaterra ávida de mercados para os seus produtos manufaturados. Explicam-se desse modo as pressões exercidas pela Grã-Bretanha sobre o Governo brasileiro, especialmente no que tange à proibição do tráfico, que acabaria minando os próprios alicerces da instituição escravista. Outro fator fundamental foi o recrudescimento da resistência negra, traduzido no pipocar de revoltas sangrentas, com a queima de engenhos e a destruição de fazendas, que se multiplicaram nas últimas décadas do século XIX, aumentando o custo e impossibilitando a manutenção do sistema.
 
Foi assim que chegamos ao 13 de maio de 1888, quando negros de todo o País – pelo menos nas regiões atingidas pelo telégrafo – puderam comemorar com euforia a liberdade recém-adquirida, apenas para acordar no dia 14 com a enorme ressaca produzida por uma dúvida atroz: o que fazer com esse tipo de liberdade? Para muitos, a resposta seria permanecer nas mesmas fazendas, realizando o mesmo trabalho, agora sob piores condições: não sendo mais um investimento, e sem qualquer proteção na esfera das leis, o negro agora era livre para escolher a ponte sob a qual preferia morrer. Sem terras para cultivar e enfrentando no mercado de trabalho a competição dos imigrantes europeus, em geral subsidiados por seus países de origem e incentivados pelo Governo brasileiro, preocupado em branquear física e culturalmente a nossa população, os brasileiros descendentes de africanos entraram numa nova etapa de sua via crucis. De escravos passaram a favelados, meninos de rua, vítimas preferenciais da violência policial, discriminados nas esferas da justiça e do mercado de trabalho, invisibilizados nos meios de comunicação, negados nos seus valores, na sua religião e na sua cultura. Cidadãos de uma curiosa “democracia racial” em que ocupam, predominantemente, lugar de destaque em todas as estatísticas que mapeiam a miséria e a destituição.

O mito da “democracia racial”, que teve em Gilberto Freyre seu formulador mais sofisticado, constitui, com efeito, o principal sustentáculo teórico da supremacia eurocêntrica neste País. Interpretando fatos históricos de maneira conveniente aos seus propósitos, deturpando aqui, inventando acolá, sofismando sempre, os apóstolos da “democracia racial” conseguiram construir um sólido e atraente edifício ideológico que até hoje engana não somente parte dos dominados, mas também os dominadores. Estes, sob o martelar do slogan, por vezes acreditaram sinceramente na inexistência de racismo no Brasil. Podiam, assim, oprimir sem remorso ou sentimento de culpa. Esse mesmo mito, com denominações variadas, como “raza cósmica” ou “café con leche”, também contamina as relações de raça na maioria do países da chamada América Latina, resultando, invariavelmente, na hegemonia dos brancos – ou daqueles que assim se consideram e são considerados – sobre os negros e os índios. É assim no México, na Colômbia, na Venezuela, no Equador, no Peru e nos países da América Central e do Caribe. Disso não escapa sequer a Cuba socialista, que pude visitar mais uma vez poucas semanas atrás e onde, a despeito do grande esforço de nivelamento social realizado pela Revolução, hábitos, costumes e linguagem continuam impregnados do perverso eurocentrismo ibérico.

Um dos efeitos mais cruéis desse tipo de ideologia é confundir e atomizar o grupo oprimido, impedindo-o de se organizar para defender seus interesses. Assim, por exemplo, se denuncia a discriminação racial de que é vítima, o negro se vê enquadrado nas categorias de “complexado”, “ressentido” ou mesmo de “perturbado mental”. Algum tempo atrás, poderíamos acrescentar as de “subversivo” ou “agente do comunismo internacional”, estigmas que as instituições repressoras de nosso País tentaram imprimir em minha própria pele e que me obrigaram a viver no exterior por mais de uma década.  
Terríveis na sua capacidade de ocultar o óbvio ostensivo, todos esses instrumentos de coerção e imobilização não foram suficientes para impedir que parcelas da população afro-brasileira se tenham organizado, nesses 110 anos desde a abolição, a fim de lutar, por todos os meios possíveis, pela justiça e pela igualdade neste País edificado por seus antepassados. Já tive ocasião de celebrar, aqui mesmo nesta Casa, o aniversário de fundação da maior dentre todas as organizações afro-brasileiras deste século, a Frente Negra Brasileira, que assinalou, ainda na década de trinta, a existência de um pensamento e de uma ação: negros comprometidos em derrubar as barreiras construídas com base na origem africana. Transformada em partido político e fechada com o golpe do Estado Novo, a Frente Negra, em seus acertos e equívocos, balizou o caminho a ser percorrido pelas futuras organizações afro-brasileiras.

Em meados da década dos quarenta, criei no Rio de Janeiro, com ajuda de outros militantes, o Teatro Experimental do Negro, organização que fundia arte, cultura e política na conscientização dos afro-brasileiros, e dos brasileiros em geral, para as questões do racismo e da discriminação, assim como para a valorização da cultura de origem africana. Apesar dos obstáculos que lhe foram interpostos, incluindo a clássica acusação de “racismo às avessas”, o Teatro Experimental do Negro marcou sua trajetória, pelo volume e qualidade de sua atuação, no meio artístico e cultural daquela década e do decênio seguinte, como também no cenário político, sendo diretamente responsável pela primeira proposta de legislação antidiscriminatória no Brasil, mais tarde neutralizada pela malfadada Lei Afonso Arinos.

Minha militância acabaria me rendendo um exílio, do final dos anos sessenta ao início da década de oitenta. Pude então travar contato em primeira mão com toda uma liderança negra, na África, nos Estados Unidos e na Europa, em luta contra o imperialismo, o colonialismo e o racismo. As idéias e ações dessa liderança, que incluía Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto, Julius Nyerere, Jomo Kenyatta, Léopold Senghor, Wole Soyinka e Sam Nujomo, na África; Malcolm X, Martin Luther King, Amiri Baraka, Stokeley Carmichael e os Black Panthers, na América do Norte – para citar apenas alguns de seus mais destacados expoentes -, encontraram eco no Brasil, estimulando a antiga luta afro-brasileira, agora sob o rótulo de “Movimento Negro”.

Recuperando a tradição das antigas organizações, a exemplo da República dos Palmares, da Frente Negra e do Teatro Experimental do Negro, o Movimento Negro logo se espalhou pelo País, catalisando o idealismo de uma generosa juventude afro-descendente, com grande incidência dos escassos universitários que enfrentavam, na busca de se inserirem no mercado de trabalho, as cruéis contradições de nossa “democracia racial”.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB-PB) – V. Exª me permite um aparte?

O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ) – Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB-PB) – Senador Abdias Nascimento, no dia 13 de maio gostaria de me solidarizar com V. Exª e com toda a raça da qual V. Exª faz parte, dizendo que a esta raça nós, brasileiros, devemos muito. Todos nós devemos estar conscientes de que deve haver cada vez mais igualdade e mais espaço para ela. Juntos haveremos de construir essa raça brasileira, que é a miscegenação de todas elas. Muito obrigado.

O SR. ABDIAS NASCIMENTO (Bloco/PDT-RJ) – Muito obrigado a V. Exª. Continuo, Sr. Presidente: Apesar de todas as dificuldades e resistências, o Movimento encontrava também o apoio de alguns políticos importantes. Dentre eles se destaca Leonel Brizola, responsável, como Governador do Rio de Janeiro, pela mais séria e ousada experiência de enfrentamento do racismo até hoje empreendida no plano do Estado: a criação da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras, da qual tive a honra de ser o primeiro titular.

Uma das reivindicações do Movimento Negro no plano das políticas públicas tem sido a adoção da chamada “ação afirmativa” – que eu prefiro designar como “ação compensatória” -, objeto, nos últimos tempos, de algumas propostas no âmbito do Legislativo, incluindo o Projeto de Lei do Senado nº 75, de 1997, de minha autoria, atualmente tramitando nesta Casa. Trata-se este, na verdade, de um assunto sobre o qual muito se fala – quase sempre contra – mas do qual, geralmente, pouco se conhece.
“Ação afirmativa” ou “ação compensatória”, é, pois, um instrumento, ou conjunto de instrumentos, utilizado para promover a igualdade de oportunidades no emprego, na educação, no acesso à moradia e no mundo dos negócios. Por meio deles, o Estado, a universidade e as empresas podem não apenas remediar a discriminação passada e presente, mas também prevenir a discriminação futura, num esforço para se chegar a uma sociedade inclusiva, aberta à participação igualitária de todos os cidadãos. Ao contrário do que costumavam afirmar seus adversários, a ação compensatória recompensa o mérito e garante que todos sejam incluídos e considerados com justiça ao se candidatarem a empregos, matrículas ou contratos, independentemente de raça ou de gênero.

São seus propósitos específicos: 1) aumentar a participação de pessoas qualificadas, pertencentes a segmentos historicamente discriminados, em todos os níveis e áreas do mercado de trabalho, reforçando suas oportunidades de serem contratadas e promovidas; 2) ampliar as oportunidades educacionais dessas pessoas, particularmente no que se refere à educação superior, expandir seus horizontes e envolvê-las em áreas nas quais tradicionalmente não têm sido representadas; 3) garantir a empresas de propriedade de pessoas desses grupos oportunidades de estabelecer contratos com o governo, em âmbito federal, estadual ou municipal, dos quais de outro modo estariam excluídas.

A ação compensatória na área do emprego implica o recrutamento ativo de mulheres e membros de grupos historicamente discriminados, buscando-se candidatos além das redes convencionais de relacionamento, tradicionalmente dominadas por homens brancos. Ela estimula, por exemplo, o uso de anúncios públicos de emprego para identificar candidatos em lugares em que os empregadores geralmente não iriam procurá-los.

Na área educacional, as medidas de ação compensatória adotadas em outros países, e que se pretende sejam adotadas aqui, são muitas vezes acusadas de constituírem preferências por alunos não-qualificados. Na verdade, porém, também nessa área o objetivo é recompensar o mérito. Recentes estudos de escores obtidos em testes e de notas tiradas no curso secundário – os padrões tradicionais e presumivelmente “objetivos” para mensurar as qualificações de estudantes – têm posto em questão a precisão desses instrumentos em predizer o desempenho futuro de todos os alunos, particularmente de mulheres e de membros de grupos discriminados. Poucos especialistas sustentariam racionalmente que, por si sós, esses escores e médias sejam capazes de medir objetivamente a capacidade e o potencial de um indivíduo. Qual a experiência de vida do candidato? Que obstáculos ele teve de superar? Quais são suas ambições e esperanças? Menos tangíveis do que números, esses padrões são mais precisos em prever o futuro desempenho educacional do que a origem familiar, herança ou outros atributos do privilégio.

Além do falido argumento meritocrático, também se costuma brandir contra a ação compensatória – como aconteceu nesta própria Casa – a tese da inconstitucionalidade. Seria inconstitucional estabelecer qualquer espécie de “discriminação positiva” – outro sinônimo de ação afirmativa – porque isso feriria o princípio da igualdade de todos perante a lei. A primeira resposta a esse argumento vai contra o seu caráter eminentemente conservador. Como se não tivéssemos a possibilidade, o direito, o dever, eu diria, de lutar por mudanças nos dispositivos constitucionais que não nos interessam. Ou como se a igualdade fosse apenas um princípio abstrato, e não algo a ser implementado por meio de medidas concretas. A verdade, porém, é que existem diversos precedentes jurídicos que abrem as portas à implantação da ação compensatória em favor dos afro-descendentes no Brasil. A igualdade de homens e mulheres perante a lei não impede, por exemplo, que estas tenham direito de se aposentar com menor tempo de serviço, nem que disponham de uma reserva de vagas nas listas de candidatura dos partidos. Há também a proteção especial aos portadores de deficiência, a famosa Lei dos Dois Terços – que estipulava uma preferência para trabalhadores brasileiros no quadro funcional das empresas -, sem falar no imposto de renda progressivo e na inversão do ônus da prova nas ações movidas por empregados contra empregadores. Todos casos em que a igualdade formal dá lugar à promoção da igualdade.

Vale ressaltar, neste ponto, que pelo menos três convenções internacionais de que o Brasil é signatário – e que portanto têm força de lei – contemplam a adoção de medidas compensatórias. Uma delas é a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Organização das Nações Unidas, cujo art. 1º, item 4, diz o seguinte: “Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos (…) que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar(…) igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais (…).”

Teor semelhante tem o art. 2º da Convenção 111 da OIT – Organização Internacional do Trabalho, concernente à discriminação em matéria de emprego e profissão, pelo qual cada signatário “compromete-se a formular e aplicar uma política nacional que tenha por fim promover (…) a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão, com o objetivo de eliminar toda discriminação nessa matéria”. E também o art. IV da Convenção Relativa à Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, da UNESCO: “Os Estados Partes (…) comprometem-se (…) a formular, desenvolver e aplicar uma política nacional que vise a promover (…) a igualdade de oportunidade e tratamento me matéria de ensino.”

Outra postura contrária vem dos que, dando como exemplo a experiência de países socialistas, à ação compensatória costumam contrapor as políticas públicas de combate à pobreza e aos problemas a ela associados – as chamadas políticas redistributivas. Esse argumento, em geral oriundo da Esquerda, é duplamente falacioso. Primeiro porque ninguém, em sã consciência, poderia vislumbrar no horizonte próximo uma revolução socialista no Brasil – condição indispensável à adoção de reformas radicais como aquelas que possibilitaram a alguns daqueles países não acabar com o racismo, mas reduzir a um nível mínimo as desigualdades raciais (o que é diferente) nas áreas do trabalho, da educação, da saúde e da moradia. A outra falácia desse argumento é deixar implícito que se trata de opções mutuamente excludentes – ou ação compensatória, ou políticas redistributivas, quando, de fato, necessita-se de ambas. Com certeza, os afro-brasileiros seriam, por sua inserção social, os grandes beneficiários de quaisquer ações governamentais voltadas à melhoria das condições de vida das grandes massas destituídas. E continuariam precisando de proteção contra a discriminação, bem como de mecanismos capazes de lhes assegurar a igualdade de oportunidades.

Em entrevista publicada semana passada pela revista Veja, em que se discute a situação dos negros neste País, o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse não ser contrário ao sistema de quotas, forma mais incisiva de ação compensatória, que constitui a essência do meu projeto de lei. O Presidente foi além dessa declaração e afirmou literalmente: “Havendo duas pessoas em condições iguais para nomear para determinado cargo, sendo uma negra, eu nomearia a negra”. Como é curioso, para dizer o mínimo, observar correligionários do Presidente aqui no Senado manifestando idéias e atitudes absolutamente contrárias às de seu suposto líder e utilizando, para isso, todo um arsenal de argumentos ou intempestivos, ou equivocados, ou desinformados – pois não quero acreditar que sejam maliciosos.

Ao mesmo tempo, pesquisa realizada pelo prestigioso instituto de pesquisa Datafolha, e publicada à página 46 do livro Racismo Cordial, revela não apenas que praticamente metade dos brasileiros de todas as origens étnicas aprova a ação compensatória, mas que essa aprovação chega a 52% entre aqueles que admitiram ter preconceito em relação aos negros. Muito significativo em função da cortina de desconhecimento que cerca o tema, esse resultado indica que o País está mudando, e mais rapidamente do que se quer admitir. E esta Casa, cujos membros têm o dever de acompanhar e até mesmo antecipar as mudanças que o País quer e necessita, não pode ficar se ancorando em velhos chavões para manter um estado de coisas que a maioria da sociedade quer ver superado. Sabemos, eu e meus companheiros de luta, que é árdua a batalha que temos pela frente, no confronto com o reacionarismo, a ignorância e o atraso. Mas estamos dispostos a levar nossa luta a todos os foros, nacionais e internacionais, e a conduzi-la, como alguém já disse, “por todos os meios necessários”.

Assim, neste 13 de Maio, fazemo-nos presentes nesta tribuna, não para comemorar, mas para denunciar uma vez mais a mentira cívica que essa data representa, parte central de uma estratégia mais ampla, elaborada com a finalidade de manter os negros no lugar que eles dizem ser o nosso. A comunidade afro-brasileira, porém, já mostrou claramente que não mais aceita a condição que nos querem impingir. Mais uma prova disso foi dada na madrugada de hoje, quando o Instituto do Negro Padre Batista, juntamente com dezenas de outras organizações, realizou em São Paulo a segunda Marcha pela Democracia Racial, desfraldando a bandeira da igualdade de oportunidades para os afro-descendentes. Assim, ao mesmo tempo em que denuncia as injustiças de que é vítima, nossa comunidade apresenta reivindicações consistentes e viáveis para a solução dos seculares problemas que enfrenta. Reivindicações, como a ação compensatória, capazes de contribuir para que venhamos a concretizar, com o apoio de nossos aliados sinceros, a segunda e verdadeira abolição.


Sr. Presidente, pulei vários trechos para abreviar meu pronunciamento, solicito que a publicação seja feita na íntegra. Muito obrigado, Sr. Presidente. Axé!


Fonte: www.alaionline.org.br

domingo, 12 de maio de 2013

Djavan faz grande show em Maceió

Foto: Helciane Angélica - Cojira/AL


O Ginásio do Sesi em Maceió ficou pequeno na última sexta-feira (10.05), diante de tanta gente de várias idades e condições sociais que foram curtir o show do alagoano Djavan. Essa foi a segunda vez que o cantor e compositor veio com a turnê "Rua dos Amores", e, mostrou muita energia e desenvoltura no palco. 

Ele estava esplêndido e o mais lindo foi ver o povo cantando, dançando, batendo palmas e na mesma sintonia. O show mesclou músicas autorais do último CD e grandes sucessos como "Oceano",  "Se",  "Flor de Lis", "Samurai" e "Sina".

E na quinta-feira (09.05), ocorreu uma homenagem na Academia Alagoana de Letras localizada no Centro de Maceió, onde o artista foi o agraciado com a Comenda Ib Gatto Falcão que busca homenagear personalidades de vários setores representativos da sociedade do nosso Estado. 

Parabéns a esse grande poeta que orgulha Alagoas, com sua bela voz e canções inesquecíveis.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Prefeito Beto Baia e a Secretária de Turismo Jacineide Maia receberam o chef Guga Rocha


foto


Região dos Quilombos será retratada em livro de gastronomia do chef Guga Rocha




Neste final de semana, Guga e um dos fotógrafos mais renomados na área de gastronomia, Henrique Peron,visitaram a região conhecida como ‘Caminhos da Liberdade’. O objetivo é uma pesquisa fotográfica para a construção da obra.

Grupos de folclore, tambores, capoeira, ecoturismo, aventura, além de muita comida saborosa serão alguns dos personagens de mais uma empreitada do chef Guga Rocha.

Desta vez, o alagoano, apaixonado pela cultura quilombola, lançará um livro sobre a região dos Quilombos.

A paixão pela cultura quilombola é explícita nas palestras e aulas que ministra pelo mundo afora. Costuma dizer, que a cultura do povo quilombola é a cultura do país como um todo, o Brasil é um grande quilombo.

“Esse novo projeto será bom para todos, inclusive para a comunidade local”, assegurou falando sobre a repercussão que o livro pode atingir e a divulgação que a região ganhará.

“Queremos retratar os quilombolas, residências típicas, casas de farinha e tudo mais o que tiver para ser mostrado ao mundo”, garantiu o chef, empolgado com o novo projeto.

Segundo Ronaldo Moraes, diretor técnico do departamento de Turismo do Sebrae, é muito importante ressaltar a culinária ligada à história dos negros naquela região. Afirma, também, que o desenvolvimento do turismo nos quilombos é trabalhado pelo Sebrae em parceria com a Setur-AL.
“Fortalecer esse atrativo é importante para o turista que chega em busca de cultura e história”, disse.

Para Mell Bezerra, diretora e interlocutora da região dos Quilombos pela Setur-AL, ações como esta, que ressaltam os nossos atrativos turísticos, só agrega e nos posiciona de forma diferenciada no cenário turístico. A ação tem o apoio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur-AL) e do Sebrae.
 

Fonte: Pollyana dos Anjos - Assessoria de Comunicação/ SETUR-AL

Música clássica e canto coral em homenagem às mães

Para comemorar o Dia das Mães, a Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), realizará shows com a orquestra Ero Dictos e o Coral do Instituto Federal de Alagoas (Coretfal). As apresentações acontecem nesse sábado (11.05), a partir das 17 horas, na Praça Multieventos, na Pajuçara. A orquestra Ero Dictus apresenta o concerto In Classic e sobe ao palco com 18 coralistas e 10 instrumentistas de cordas, liderados pela pianista Oriêta Feijó. O Coretfal entra em cena com o espetáculo litero-musical Baião de Dois – um tributo ao centenário de Luiz Gonzaga, que envolve 32 cantores e alia ao canto coral, elementos da dança, teatro, poesia e muita música.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Premiação para grupos de matriz africana é lançada pela Uneal


 Cinco trabalhos receberão R$ 10 mil; iniciativa faz parte do projeto Xangô Rezado Alto 2013


A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) publicou no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (07.05) o Edital do 2º Prêmio de Incentivo Cultural para Comunidades de Terreiros, com a finalidade de premiar iniciativas culturais de grupos de matriz africana no Estado. A iniciativa faz parte do projeto Xangê Rezado Alto 2013, de iniciativa da instituição de ensino.

De acordo com o Edital, cinco projetos culturais de grupos artísticos serão selecionados. Todos terão que comprovar expressão cultural de matriz africana no Estado de Alagoas, com o objetivo de fomentar e incentivar a produção cultural nas comunidades terreiro e estimular a economia cultural. Poderão participar pessoas jurídicas, de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, que estejam em conformidade com as condições previstas no documento.

As inscrições começarão no dia 15 de maio e seguirão até 23h59min de 15 de junho. As inscrições serão recebidas mediante o envio pelos Correios (entrega rápida - Sedex) do material descrito no item 3.3 do Edital, em envelope identificado.

Os projetos inscritos e os respectivos proponentes serão avaliados em duas etapas. A primeira delas compreende uma triagem, coordenada pela Direção do Projeto Xangô Rezado Alto 2013, com o objetivo de verificar se o proponente cumpre as exigências contidas no presente edital. A segunda compreende uma avaliação, segundo os critérios previstos no Edital, pela Comissão de Seleção, instituída, através de portaria expedida pelo Reitor da Uneal, Prof. Jairo Campos, e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de Alagoas na quarta-feira (7).

A indicação dos grupos e/ou entidades premiadas será divulgada na página da Uneal na Internet (www.uneal.edu.br) no dia 12 de julho. Os cinco projetos vencedores da seletiva receberão, cada um, a premiação de R$ 10 mil. Os recursos deverão ser aplicados, em sua totalidade, nas atividades culturais previstas no projeto inscrito. Os grupos premiados deverão encaminhar, no prazo de até 45 dias após o recebimento do prêmio, relatório circunstanciado sobre a aplicação dos recursos advindos da premiação concedida pela Universidade.

Os grupos premiados deverão realizar apresentações culturais em solenidade do 1º Encontro da Juventude de Comunidades de Terreiro, ação do Projeto Xangô Rezado Alto 2013, cuja data será definida pela Uneal.

 
 
 
Fonte: Ascom - Uneal

Prefeitura assina decreto para implantar ações do Juventude Viva em Maceió

O prefeito Rui Palmeira assinou o decreto que dará início às ações efetivas do Programa Juventude Viva em Maceió. O programa, de iniciativa do Governo Federal, prevê a ampliação dos direitos e a prevenção da violência que atinge a juventude brasileira. Com ações de diversos ministérios, o Juventude Viva é a primeira etapa de uma ação mais ampla do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude e tem como público-alvo jovens negros entre 15 e 29 anos. O programa, no entanto, deve beneficiar jovens de outras etnias.
 
Em Maceió, o programa será executado pela Secretaria Executiva do Gabinete do Prefeito, em parceria com as Secretarias de Esporte e Lazer, Assistência Social, Cultura e Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária, entre outras. De acordo com a secretária Adriana Toledo, trata-se de um programa de grande transversalidade, com a participação ativa de vários ministérios.
 
Segundo dados do Ministério da Saúde, 53% dos homicídios registrados no país vitimam pessoas jovens. Destas, mais de 75% são negras. Além disso, enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065, em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período.
 
Além da capital alagoana, foram escolhidas as cidades de Marechal Deodoro, União dos Palmares e Arapiraca. O Juventude Viva tem como principal objetivo atuar sobre os territórios mais violentos dos municípios, focando na ampliação dos espaços de convivência, da oferta de equipamentos, serviços públicos e atividades de cultura, esporte e lazer.
 
Com a assinatura do decreto, que deverá ser publicado na edição da próxima segunda-feira, dia 6, Maceió poderá concorrer oficialmente aos editais abertos pela Secretaria-Geral da Presidência da República, quanto aos recursos liberados para o Juventude Viva. Na prática, quando o edital for lançado, a secretaria executiva do Gabinete do Prefeito acionará as pastas municipais para que seja elaborado um projeto que atenda às exigências para a implementação das ações em Maceió e assegurar a obtenção dos recursos federais.
 
Segundo o decreto, caberá à Prefeitura de Maceió elaborar planos municipais de prevenção à violência contra a juventude negra, formar e articular núcleos de articulação territorial, definir territórios sobre os quais se dará a atuação do programa, divulgar programas para jovens com perfil compatível, apresentar planos para os editais previstos no plano; articular e implementar as ações de responsabilidade municipal no território; fortalecer ações de prevenção à violência no estado e garantia de direitos da juventude e estimular a participação da sociedade civil na formulação, implementação e monitoramento das ações do Plano, por meio da criação de espaços para esse fim.

Comitê

Em fevereiro desse ano, o prefeito Rui palmeira participou do lançamento do comitê gestor estado do Plano Juventude Viva. Rui Palmeira destacou a importância da participação de todas as esferas do governo no combate à violência. “Segurança pública não deve ser feita apenas com repressão e sim com políticas públicas. É necessário dar atenção aos jovens e desenvolver ações nas áreas de educação, cultura, lazer, saúde e assistência social. Os problemas são de todos e precisamos nos unir para buscar a solução”, disse o prefeito.
 
Com base nos dados do IBGE e Datasus, os municípios selecionarão os bairros com maior vulnerabilidade social e incidência de homicídios. Os bairros selecionados serão priorizados na implantação de equipamentos e serviços voltados para os jovens. Em Maceió, os bairros prioritários são Jacintinho, Benedito Bentes e Vergel.



Fonte: Secom/Maceió

terça-feira, 7 de maio de 2013

Celebração dos APNs

De 1º a 5 de maio, ocorreu uma ampla programação em celebração aos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil, que contou com a presença de ativistas oriundos dos estados de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Piauí, Tocantins.
 
Dentre as personalidades que estiveram presentes, foram: Ministra da igualdade racial, Luiza Bairros; Ângela Nascimento, Secretária de Políticas de ações Afirmativas da Seppir; Edson Santos, Deputado Federal (RJ); Vicentinho, Deputado Federal (SP); Inês Pandeló, Deputada Estadual (SP); Edmilton Cerqueira, Coordenador-Geral de Políticas para povos e comunidades tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário; além de convidados internacionais como Guilhermo Ponce, Presidente da Afrohispado e Secretário Executivo da Conferência AfroMadrid 2014; e os padres Oscar Aníbal Morales (El Salvador) e Joaquim Yamukelela (Moçambique).
 
Teve como principais objetivos, dar visibilidade às expressões sócio-culturais e étnicorraciais no Estado, discussão sobre políticas de ações afirmativas em diversos setores, fortalecimento do empreendedorismo afro, além de enaltecer internacionalmente a historicidade do Quilombo dos Palmares e a luta do povo afro-brasileiro. Apoiaram o evento: Seppir; Fundação Cultural Palmares; Governo de Alagoas; prefeituras de Maceió, União dos Palmares e Viçosa; Deputado Federal Paulão; vereadoras Fátima Santiago e Tereza Nelma; União Geral dos Trabalhadores (UGT); IZP, Cojira/Sindjornal; Ufal, Uneal e Cesmac; Sebrae, Braskem, Casal e Sinteal.
 
Foram realizados um simpósio internacional, apresentações de artistas locais, exposições e a noite Oke Odum (a graça do ano) com homenagens para lideranças negras e autoridades políticas nacionais que contribuíram para o fortalecimento de políticas afirmativas e para o desenvolvimento dos APNs. Também ocorreu um dos momentos mais inesquecíveis e emocionantes, com pessoas das mais diversas origens e crenças religiosas, ocorreu a vigília afro “Osenga Palmares” na madrugada do dia 05 de maio, na Serra da Barriga em União dos Palmares. Mais de 300 pessoas celebraram e renovaram seus compromissos por uma militância mais aguerrida no enfrentamento do racismo e na luta por políticas afirmativas que possam transformar a realidade da população negra.

Seppir
No dia 02 de maio, a ministra Luiza Bairros da Secretaria de Políticas Promoção da Igualdade Racial (Seppir) esteve presente na celebração dos 30 anos dos APNs. Ela realizou a conferência magna do Simpósio Internacional e abordou sobre “Os avanços das políticas públicas para a igualdade racial no Brasil”. Ela destacou que a população negra é a mais beneficiada por uma série de mudanças provocadas por políticas como as de valorização do salário mínimo e de redistribuição de renda. “Especialistas afirmam que cerca de 60% dos 40 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente no Brasil nos últimos anos são negros, e as mulheres negras, especialmente as jovens, foram as mais diretamente envolvidas nesse processo”, disse. Também mencionou a importância da criação da SEPPIR em 2003 que se deu num contexto de reivindicações do movimento social negro. “Tanto assim, que este é um ano de muitas comemorações redondas para as entidades do movimento negro, são 35 anos de Movimento Negro Unificado, o MNU, 30 anos de APNs, 25 anos de Geledés – Instituto da Mulher Negra, e apenas 10 de SEPPIR”, disse.


Fonte: Coluna Axé - nº248 - Jornal Tribuna Independente (07.05.13)
Edição: Helciane Angélica / Cojira-AL