Jornalista / Integrante da Cojira-AL
Cerca de 200 religiosos de matriz africana oriundos de 80 casas de axé de várias matrizes (Nagô, Gêgê, Umbanda, Geto e Xambá), além de ativistas de vários segmentos afros participaram de um ato político-cultural e religioso no centro de Maceió. A manifestação era contra o descaso dos governos Estadual e Federal, que não disponibilizaram recursos para as atividades artístico-culturais na capital alagoana.
Outra pauta de reivindicação foi a ausência de apoio para o ritual religioso de suma importância que acontece tradicionalmente na madrugada do dia 20 de novembro na Serra da Barriga. O "Axexê", oferenda aos orixás e homenagens aos ancestrais, o qual reverencia os quilombolas mortos em nome da liberdade, abre os caminhos, traz boas energias e purifica a subida até o palco da resistência negra.
Durante muitos anos, o ritual sagrado era conduzido por babalorixás e ialorixás da Bahia, e com a organização das Casas de Axé em Alagoas, foi assumido religiosos alagoanos. A cerimônia que tradicionalmente faz parte da programação foi abortada, porque as promessas com a garantia do translado, a compra dos objetos e alimentos para as oferendas não foram cumpridas até a véspera do ritual.
Segundo Maurício Reis, Diretor de Patrimônio da Fundação Cultural Palmares, a instituição não pôde atender tudo que havia sido solicitado, mas foi ofertada uma contra-proposta. “Nós disponibilizamos transporte e alimentação. O quantitativo que eles queriam eram para 300 pessoas e dentro de nossas possibilidades, nós não tínhamos recursos para isso”. A FCP sugeriu uma quantidade menor: “Seriam para aproximadamente 99 pessoas, mas eles não se sentiram contemplados”, declarou em entrevista a uma emissora de TV.
ATO
A atividade teve início com um cortejo afro que percorreu as ruas do centro de Maceió até a Praça Zumbi dos Palmares. O afoxé Odô Iyá conduziu o batuque afro e destacou a dança-afro, também, tiveram faixas que ressaltavam a indignação: "O povo do axé exige o respeito da Fundação Cultural Palmares" e "Religião de matriz africana é força e resistência da luta de Zumbi".
Na praça esperavam as bandas percussivas Baque Alagoano e Orquestra de Tambores que abrilhantaram ainda mais o “Xirê” (culto aos orixás, realizado em círculo), em baixo de sol forte, que foi acompanhado pelos meios de comunicação do Estado.
A ocasião também foi propícia para a passagem de uma Moção de repúdio aos últimos acontecimentos, que foi assinada pelos presentes, onde solicitava mais respeito.
Dentre as organizações que prestigiaram a celebração, estavam: Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL); Comissão de Defesa das Minorias Étnico-Sociais da OAB-AL; Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Companhia Teatral Mundo Paralelo; Fundação Afonso Arinus.
Outra pauta de reivindicação foi a ausência de apoio para o ritual religioso de suma importância que acontece tradicionalmente na madrugada do dia 20 de novembro na Serra da Barriga. O "Axexê", oferenda aos orixás e homenagens aos ancestrais, o qual reverencia os quilombolas mortos em nome da liberdade, abre os caminhos, traz boas energias e purifica a subida até o palco da resistência negra.
Durante muitos anos, o ritual sagrado era conduzido por babalorixás e ialorixás da Bahia, e com a organização das Casas de Axé em Alagoas, foi assumido religiosos alagoanos. A cerimônia que tradicionalmente faz parte da programação foi abortada, porque as promessas com a garantia do translado, a compra dos objetos e alimentos para as oferendas não foram cumpridas até a véspera do ritual.
Segundo Maurício Reis, Diretor de Patrimônio da Fundação Cultural Palmares, a instituição não pôde atender tudo que havia sido solicitado, mas foi ofertada uma contra-proposta. “Nós disponibilizamos transporte e alimentação. O quantitativo que eles queriam eram para 300 pessoas e dentro de nossas possibilidades, nós não tínhamos recursos para isso”. A FCP sugeriu uma quantidade menor: “Seriam para aproximadamente 99 pessoas, mas eles não se sentiram contemplados”, declarou em entrevista a uma emissora de TV.
ATO
A atividade teve início com um cortejo afro que percorreu as ruas do centro de Maceió até a Praça Zumbi dos Palmares. O afoxé Odô Iyá conduziu o batuque afro e destacou a dança-afro, também, tiveram faixas que ressaltavam a indignação: "O povo do axé exige o respeito da Fundação Cultural Palmares" e "Religião de matriz africana é força e resistência da luta de Zumbi".
Na praça esperavam as bandas percussivas Baque Alagoano e Orquestra de Tambores que abrilhantaram ainda mais o “Xirê” (culto aos orixás, realizado em círculo), em baixo de sol forte, que foi acompanhado pelos meios de comunicação do Estado.
A ocasião também foi propícia para a passagem de uma Moção de repúdio aos últimos acontecimentos, que foi assinada pelos presentes, onde solicitava mais respeito.
Dentre as organizações que prestigiaram a celebração, estavam: Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL); Comissão de Defesa das Minorias Étnico-Sociais da OAB-AL; Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Companhia Teatral Mundo Paralelo; Fundação Afonso Arinus.
Confira os depoimentos:
“Precisamos ser fortes, marchar no mesmo caminho e confiar em Olorum (deus da guerra). Pedimos proteção, muita paz e axé. Estamos aqui um por todos e todos por um” – Pai Maciel (O mais antigo Babolorixá de Alagoas)
"Nós não estamos pedindo autorização para subir a Serra não, estamos dizendo que a Serra da Barriga é nossa!" – Amaurício de Jesus (Professor; Fenal; Coordenador do Ponto de Cultura Quilombo Cultural dos Orixás/Casa de Iemanjá)
"Eu fiquei muito triste com as coisas que estão acontecendo, as questões políticas e as decisões impostas. Desde 1993, as atividades também aconteciam aqui (Praça Zumbi dos Palmares - Maceió) e a gente conseguia colocar 400 pessoas nesse espaço. (...) Muitas pessoas do nosso grupo fizeram questão de não subir a Serra esse ano, não nos sentíamos contemplados. Nosso quilombo, também é aqui!" – Wilson Santos (Orquestra de Tambores)
“Todos os anos nós vamos a Serra da Barriga realizamos nossas atividades. Nós dançamos, fazemos nossas oferendas, mas também, precisamos aprender a fazer um ato político-cultural. Nós não somos qualquer um, merecemos respeito! Aonde tiver justiça, Xangô estará com a gente” – Alberto Jorge Ferreira (Presidente da Comissão de Defesa das Minorias Étnico-Sociais da OAB-AL).
“Qualquer manifestação aqui em Alagoas ou em qualquer outro lugar sobre a importância de Zumbi merece respeito e tem sua relevância. A gente sabe também que ele não é herói apenas de União, é nacional. Maceió não poderia ficar fora da programação e esse momento é de extrema importância, onde não deixamos de dar o nosso grito de axé”. – Benedito Jorge (Integrante da Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro).
“Esse é um momento histórico. Mostra de uma vez por todas que vocês não devem ser tutelados, devem assumir o controle das ações. É um momento único” – Edson Bezerra (Antropólogo e Sociólogo).
"Estou satisfeita pela união e a força de todos nós. Quero dizer uma coisa, Zumbi não está só na Serra não, está aqui entre nós!” – Mãe Mirian (Ialorixá)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos sua mensagem!
Axé!