sábado, 20 de dezembro de 2008

Organização da Sociedade Civil reúne adolescentes em situação de risco no Projeto Ibá

Ibá na língua ioruba quer dizer abençoar. Visando criar um momento de auto-estima para crianças em situação de risco da Favela Sururu de Capote e despertar a sociedade alagoana para um engajamento na luta contra a exclusão social, dentre ela o racismo, a Organização Não Governamental Maria Mariá , através do Projeto Raízes de África realiza nessa segunda-feira, dia 22 de dezembro 2008, das 12 às 14 horas, um almoço de confraternização com adolescentes da favela, pessoas físicas e entidades jurídicas, parceiros que ao longo de 2008 contribuíram para a promoção e divulgação da temática negra.

A ação acontece da parceria firmada entre a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas e a ONG Maria Mariá que tem como diretora executiva e administrativa, a assistente social Andréia Pacheco de Mesquita.

Na programação do projeto consta a leitura de um poema escrito por Vânia Teixeira, a líder comunitária da Favela Sururu de Capote: “O clamor da Comunidade” que expressa sobre a urgente necessidade de políticas públicas para os moradores das favelas, excluídos de qualquer direito real que lhes permitam atendimento de saúde, de escola, de uma vida digna, de um futuro melhor.Onde pobreza rima com a etnicidade negra.

Haverá ainda distribuição de brindes, por um Papai Noel Negro e a entrega de uma Carta Aberta das adolescentes da favela aos parlamentares presentes.


A FAVELA SURURU DE CAPOTE

Lagoa de Mundaú, Maceió. Do alto, nosso olhar não consegue se desviar do anel de pobreza que circula o espelho d'água. E, de perto, quando nos deparamos com a vida difícil da favela, descobrimos que o cenário é ainda mais desolador. Uma rotina sofrida. Uma busca desesperada pela sobrevivência. A busca pelo sururu de capote, um marisco que vive no fundo da lagoa que deu nome à favela e que sustenta as famílias que moram na região.

Lidar com sururu dá muito trabalho. Esse trabalho está tirando essas crianças da escola, do desenvolvimento psíquico, da possibilidade de terem um crescimento mental saudável. Porque elas não brincam. Elas têm a infância roubada, cortada pela necessidade do trabalho", comenta o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Alagoas, o advogado Narciso Fernandes. Fernandes coordenou um estudo encomendado pela Food And Agriculture Organization (FAO), órgão das Nações Unidas especializado em alimentação. Os resultados são assustadores. São péssimas as condições sanitárias da favela. Não há banheiro nem água tratada em nenhum dos 450 barracos. Se para os adultos isso já representa perigo, imagine para quem precisa crescer e se desenvolver. Mas não só a saúde vive ameaçada. Nem a existência como seres humanos é reconhecida. Muitas das crianças, oficialmente, não são cidadãs brasileiras.

Madeira, papelão, plástico: material de fácil combustão. No centro do barraco, fogo. A família de Afrânio e Joelma mora no mesmo local onde cozinha o sururu. Afrânio tem 39 anos. Joelma, só 16. Mas ela não é filha dele. É mulher e mãe de três filhos. O casal está junto há cinco anos. "Quando a conheci, ela já estava grávida. Desde então tomo conta dela e do seu filho", diz Afrânio. Joelma teve o primeiro filho aos 11 anos; o segundo, aos 13; e o terceiro, antes de completar 15. Afrânio é o pai dos dois últimos. "Aqui isso é muito comum. É difícil uma adolescente que não tenha tido um casamento ou uma relação sexual", conta Fernandes.

Difícil também, na favela, é encontrar uma criança que esteja na escola.

Bruno, 14 anos, conta que nunca foi à escola. "Minha mãe não conseguiu vaga", lamenta o adolescente. Rafael, 10 anos, também não estuda. "Minha mãe ainda não me colocou na escola", explica.

Como líder comunitária e moradora da favela, Vânia Teixeira se esforça para conseguir educar os filhos. Por enquanto, eles também precisam trabalhar e garantir a comida.

"A esperança de Vânia é enxergar um futuro menos sombrio para as crianças. "Se o mundo está estragado para os adultos, ainda temos as crianças para construí-lo. E eu não quero que outras crianças, como essas daqui, cresçam com esse problema da marginalidade", diz Vânia.

A noite chega na favela como o dia sempre começa: sururu e muito trabalho. Tem sido assim há 20 anos. Uma rotina que até hoje não melhorou em nada a vida dos moradores. Mas amanhã, quem sabe? (Programa Globo Repórter)


Serviço: Projeto Ibá
Hora: 12 às 14 horas
Local: Restaurante da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
Realização: Organização Não Governamental Maria Mariá (Projeto Raízes de África)
Apoio: Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
Contato: 8815-5794

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