sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Agradecimento de Arísia Barros


4 de dezembro de 2008, no dia de Iansã, santa e guerreira, rainha dos ventos, dos raios, trovões e das tempestades germino brisas fraternas , pedras de cristais para dizer obrigada.

Obrigada a todos os parceiros e parceiras institucionais, ou não, que ousando ver além do horizonte apostaram na caminhada de construir uma prosa mesmo que pedregosa, cujo ritmo intercalava o diálogo com a historicidade negra alagoana. Avançamos...

Hoje Alagoas identitária negra - me permitam a modéstia- pode se orgulhar de estar em um visível mapa de referências positivas.

As africanidades brasileiras e alagoanas hoje são interpretadas na fala de tantos e muitos professores e professoras das escolas alagoanas que ousaram fazer diferentes.

Meus caros e caras professoras, obrigada por ter ramificado as heras dos trinta e três encontros afros alagoanos de educação, ainda mais em um tempo em que tantos optam pelo imobilismo.
As africanidades alagoanas construíram parcerias na iniciativa privada...

Meus queridos parceiros empresariais obrigada pelas trilhas de percepção que foram abertas na dinâmica da responsabilidade social versus combate ao racismo.

Um agradecimento especialíssimo a José Carlos Lyra, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas.

As africanidades alagoanas quebraram o silêncio midiático...
Meus queridos companheiros e companheiras da imprensa alagoana vocês foram cúmplices maravilhosos em quebrar a lógica de umas palavras, transformá-las e torná-las participativas.

As africanidades alagoanas fizeram de Alagoas referência nacional...
Temos a Lei Estadual nº 6.814/07, pioneira na arte de não só educar uma criança e sim toda aldeia, como se faz em Moçambique/África.

A todos os secretários de educação que nos ajudaram a mudar o jeito: sair do objetivo conceitual para o operacional; respeitar a escola, aprender na escola. Que Olorum sempre esteja com vocês!

Ao Ministério de Educação, em especial a SECAD/SEPPIR que semearam a caminhada do início, em 2004.
Obrigada!

As embaixadas dos países africanos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau que estiveram.
Obrigada!

As africanidades alagoanas fincaram pontes com a Assembléia Legislativa...
A todos os deputados e deputadas que acreditaram na essência e no valor dessa luta.
Obrigada!
Á Câmara dos Vereadores.
Obrigada!
Ao Governo do estado de Alagoas que possibilitou a muitos e tantos descobrir que a educação é uma segunda abolição.
Obrigada!

Recebo hoje telefonemas de diletos amigos e amigas construídos ao longo dessa caminhada, quatro anos que valem cem.

Cem anos de experiências, de um rico aprendizado em conhecer geograficamente e politicamente pessoas. A geografia das gentes alagoanas.

Foram quatro anos de luta, mas extremamente gratificante. A questão da identidade negra me chegou como missão e como missão a abraçamos e hoje na soma de todo esse período de construção e trajetórias polêmicas conseguimos apreender algo: a verdadeira força das gentes de Alagoas e a qualidade da riqueza humana que isso traz.

Despeço-me hoje da Gerência de Educação Étnico-Racial da Secretaria de Estado da Educação, sem dramas ou outras tramas, apenas despeço-me, agradecendo em especial, as gentes com a essência de Alagoas, dizendo-lhes que não se aperreiem nem se avexem , pois Olurum, Xangô e Yansã hão de semear outros caminhos.

Agora é caminhar e caminhar...
Não dá mais pra pensar diferente e me permitam contar um segredo: o que quero ser mesmo ser na vida; além de ser mulher guerreira assumidamente negra é ser um mineiro chamado Tião Rocha.
Tião é assim pra lá tem soma, pra cá subtrai. É isso...


Arísia Barros



Material enviado por email.

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