quinta-feira, 29 de maio de 2008

Encontro Afro-Alagoano lota Palácio República dos Palmares

Texto:Mônica Lucia
Jornalista e integrante da Cojira/AL
Fotos: Helciane Angélica


O secretário interino da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira, convocou ontem, a sociedade para fazer uma mobilização e garantir a aprovação no Congresso Nacional, do Estatuto da Igualdade Racial. A convocação foi feita durante o 31º Encontro Afro Alagoano da Educação, que contou também com a participação do embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Isaac. O evento foi promovido pela Gerência de Educação Étnico-Racial, da secretaria de Estado da Educação.


Painel de abertura: Elói Ferreira (Ministro interino da SEPPIR), Maria Cícera Pinheiro (Secretaria Adjunta da SEEE), Arísia Barros (Gerente Étnico-Racial da SEEE) e Murade Isaac (Embaixador de Moçambique no Brasil)



O evento teve como foco os 120 Anos da Abolição da Escravatura e a Escravatura Contemporânea. O ministro Elói Ferreira, que fez uma palestra sobre o tema disse que, o governo Federal tem dado sua contribuição a população negra, a partir do momento que criou a secretaria, que tem como finalidade desenvolver políticas públicas para a comunidade afro-brasileira.

De acordo com o secretário o povo brasileiro enfrenta mais um desafio que é aprovar no Congresso Nacional, o Estatuto da Igualdade Racial. Elói afirma que, o mesmo representa um avanço e, irá garantir justiça social para todos. Ele também, defendeu o sistema de cotas para negros nas universidades brasileiras."Um segmento da elite está atacando o sistema de cotas para negros, porque nas universidades não houve intolerância , que era o que eles queriam.E, ainda, os alunos negros estão tendo um bom desempenho", destacou.

Ainda durante a palestra o secretário interino, afirmou que Alagoas dar exemplo ao Brasil, ao criar a Lei 6.814 de julho do ano passado, que inseriu no currículo escolar o estudo da História da África.

O embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Isaac, disse que os dois países têm laços históricos e sempre lutaram contra toda forma de domínio. Isaac elogiou o presidente Luís Inácio Lula da Silva, que tem viabilizado ações para os afro-descendentes.E, elogiou Alagoas pela implantação do estudo da África nas unidades de ensino. Seguindo o exemplo do Brasil, anunciou que em Moçambique, os professores serão treinados para ensinarem a histórias africana e afro-brasileira." Temos que formar um novo homem, capaz de enfrentar os desafios do futuro", diz.

A coordenadora da Gerência de Educação Étnico-Racial, Arísia Barros, explicou que os encontros estão servindo para consolidar cada vez mais, a lei estadual. Segundo ela, o racismo que ainda existe na sociedade começa a partir da ignorância e, a educação é um meio de passar a verdade dos fatos. Apesar dos 120 anos da Abolição da Escravatura, Arísia disse que, as desigualdades ainda existem, o que mostra a necessidade de criar políticas públicas.

Durante o evento as jornalistas Valdice Gomes e Helciane Angélica, fizeram a apresentação da Comissão de Jornalistas pela Promoção da Igualdade Racial, do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, que foi instalada em novembro do ano passado. Além do lançamento da revista Manacá, da Igreja Batista do Pinheiro e do concurso Beleza Negra, que contará com a participação de estudantes da rede pública estadual de todo o Brasil.


O Encontro aconteceu no Palácio do Governo República dos Palmares, nos dias 28 e 29 de maio, e contou com a participação de professores, estudantes, militantes do movimento negro e profissionais das mais diversas áreas interessados nas questões étnicos-raciais.



Público heterogêneo e expressivo

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Convite: Inauguração da Estátua de Zumbi dos Palmares em Salvador

Temos a honra de convidar Vossa Senhoria para a solenidade de inauguração da Estátua de Zumbi dos Palmares que será realizada no dia 30 de maio de 2008 as 10 h na Praça da Sé, Centro Histórico - Salvador.

O evento contará com a presença de diversas Autoriades Locais, Nacioanis e Internacionais, Comunidades Quilombola, Entidades negras, baianas, Terreiros de Candomblé, Mestres de Capoeira, Blocos Afros e de Afoxés.

O projeto de autoria de Lazaro Duarte é uma realização do Grêmio Cultural e Carnavalesco a Mulherada e organizado pela Comissão Gestora


Atenciosamente,

Comissão Gestora: Mônica Kalile, Raimundo Bujão, Lazaro Duarte, Valmir Castro, Jorge Conceição.

Contatos: (71) 3321.5523/3326.7166

SJDS lança livro: RS NEGRO

A governadora do RS, Yeda Rorato Crusius, e o secretário da Justiça e do Desenvolvimento Social, Fernando Luís Schüler lançaram ontem (27) o livro “RS NEGRO: cartografias sobre a produção do conhecimento”.
Em comemoração ao 1º Ano da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social (SJDS), a governadora Yeda Rorato Crusius e o secretário Fernando Luís Schüler lançam o livro RS NEGRO: cartografias sobre a produção do conhecimento, o Projeto de Lei que cria o Conselho Estadual dos Direitos Humanos, a Consolidação das Leis de Direitos Humanos, o Poster Book dos Direitos Humanos e a digitalização completa do acervo “Memória da Ditadura”.
A obra RS Negro: cartografias sobre a produção do conhecimento é fruto do esforço institucional da Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social do RS em divulgar o pensamento gaúcho, com ênfase nas diversidades. Organizado por Gilberto Ferreira da Silva, José Antônio dos Santos e Luiz Carlos Cunha Carneiro, RS Negro traz artigos de intelectuais gaúchos. No livro, os leitores poderão encontrar reflexões sobre as experiências dos afrodescendentes em solo sulriograndense, sob vários prismas. RS Negro é também uma homenagem aos 20 anos do Codene - Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, presidido por José Antônio dos Santos da Silva, e à criação da Coordenadoria das Políticas de Igualdade Racial - Copir, coordenada por Sátira Machado, ambos órgãos públicos vinculados ao Departamento de Direitos Humanos da Secretaria.
O evento foi realizado no Salão Negrinho do Pastoreio, do Palácio Piratini, em Porto Alegre/RS. O livro RS Negro: cartografias sobre a produção do conhecimento, é uma realização do Governo do Estado do RS, através da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento e do Arquivo Histórico do RS da Secretaria da Cultura, com patrocínio do Banrisul – 80 anos, parceria do Memorial do Rio Grande do Sul/Sedac, do Codene/SJDS, edição da EDIPUCRS e apoio cultural da PUCRS.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ministro Interino da SEPPIR participa de Encontro Afro-alagoano.

O Ministro-interino da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo, ministra palestra sobre o tema “Os 120 Anos da Abolição e a Escravatura Contemporânea”, no próximo dia 28 de maio, às 9 horas no auditório Aqualtune do Palácio República dos Palmares, do 31º Encontro Afro Alagoano de Educação “2008 - Ano Nacional dos 120 anos da Abolição Não-Conclusa e a Construção da Liberdade Étnica na Educação”.


Tendo como foco o debate sobre os 120 Anos da Abolição não Conclusa e a ampliação de parcerias para a consolidação das políticas de igualdade racial, dentre elas, a implementação da Lei estadual n° 6.814/07, sancionada pelo governo Teotônio Vilela em 02 de julho de 2008, o encontro reunirá estudiosos, pesquisadores e autoridades nacionais e internacionais.


A participação do Ministro Interino no encontro cria a dinâmica de estreitamento das relações étnico-racial da Presidência da República com o território alagoano, em particular na área da educação.


O Encontro Afro Alagoano será realizado nos dias 28 e 29 de maio de 2008, das 08 às 17 horas. As inscrições continuam abertas na sede da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte- Gerência de Educação Étnico-Racial. Mais informações: (82) 3315-1268


Veja a programação do Encontro Afro Alagoano de Educação:
“2008 - Ano Nacional dos 120 anos da Abolição Não Conclusa e a Construção da Liberdade Étnica na Educação”.


Programa de Educação Continuada Educação/Raça/Gênero
(Aplicabilidade nos currículos escolares da alteração trazida à Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal nº 10.639/03), com especificidade na Lei Estadual/AL nº 6.814/07)

28 de maio de 2008 (quarta-feira)
7h00 às 8h30 - Entrega de material
8h30- Abertura oficial
Composição da mesa
Execução do Hino Nacional ao som do atabaque:
Aluno Daniel da Silva Barros- Escola Estadual Manoel Simplício e
Wilson do Tambor Falante
Apresentação Afro Artística: Afoxé Odô Iyá
Entrega da Medalha Afro-Alagoana de Honra ao Mérito
Entrega ao Ministro da SEPPIR da “Carta de Maceió” - 1º Fórum
Nacional da Consciência Negra: Ikà Kô Dogbá”- Os Dedos Não São
Iguais- março 2008
9h20- Palestra :Os 120 Anos da Abolição e a Escravatura Contemporânea
Palestrantes:
Murade Isaac Miguigy Murargy- Embaixador de Moçambique no Brasil -
Eloi Ferreira de Araújo - Ministro Interino da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial-Presidência da República.
10h20- Debate
11h00- Lançamento da Revista Flor de Manacá ( Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro)
Lançamento da Coluna Axé - Jornal Tribuna Independente (Cojira/AL)
Lançamento do Concurso Beleza Negra- MSProduções
12h00- Ajeum
14h00- Palestra II: A Escravatura Contemporânea e os Direitos Constitucionais da População
Negra. Lei Federal nº 10.639/03 e a Lei Estadual nº 6.814/07.
Palestrante: Eliane dos Santos Cavalleiro
Pesquisadora, Doutora em educação- Universidade de Brasília
14h40- Debate
15h10- Palestra III: A Raiz Negra do Estado de Alagoas e as Conseqüências do Escravismo Pós-
Abolição.
Palestrantes:
Carlos Martins - Secretário de Relações Institucionais da UNEGRO/Membro do
Núcleo de Estudos sobre a violência em Alagoas.
Marcus Swell Brandão Menezes- Professor de História SEMED/Maceió.
Membro do NEDER/SEMED
16h00- Debate


29 de maio de 2008 (quinta-feira)
9h00 - Palestra I : Escravismo Pós- Abolição Quilombolas: Donos da Terra e sem Direito de Posse.
Palestrantes:
Sávio de Almeida- Historiador e Antropologo
Albertina Nunes da Silva- Quilombola e Presidenta da Associação Remanescente de Quilombos- Muquém- União dos Palmares
10h00- Debate
10h30- Palestra II: De Zumbi a Antônio Rebouças - Heróis Negros da Abolição.
Palestrante: Patrícia Irazabal Mourão
Cineasta é diretora executiva do Instituto Magna Mater, responsável pela criação e implantação do Parque Memorial Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga.
11h00- Debate
12h00- Ajeum
14h00- Relatos de Experiências
Relato I: Eu no Espelho
Suzane Pereira da Silva, Sócio-educanda da Unidade de Internação Feminina
Relato II: Eu e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares
José Carlos dos Santos, Morador da Serra da Barriga/Universitário Curso de Letras/UFAL
15h00- Debate
17h00- - Encerramento

Fundação Cultural Palmares publica informações do comitê gestor do PMQP

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO – Seção 1 Nº 98, segunda-feira, 26 de maio de 2008
FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES
PORTARIA Nº 40, DE 21 DE MAIO DE 2008
O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, no uso de suas atribuições, conferidas pelo art. 15, do Anexo I ao Decreto nº 4.814, de 19 de agosto de 2003, e considerando o disposto na cláusula terceira do Termo de Entrega, lavrado pela Delegacia no Estado de Alagoas, da Secretaria do Patrimônio da União/Ministério da Fazenda, conforme Certidão nº 046/98, de 03 de abril de 1988, resolve:
Art 1º Estabelecer as normas de utilização do Parque Memorial Quilombo dos Palmares - PMQP.
Parágrafo único. O PMQP se constitui em bem de uso comum do povo.
Art 2º O ingresso no Parque será franqueado ao público de terça-feira a domingo e feriados, no período das 08 (oito) às 18 (dezoito) horas, podendo sofrer alterações a critério do Comitê Gestor, em virtude da realização de comemorações, celebrações ou outros eventos que justifiquem tal medida.
Art 3º Fora do horário estabelecido no artigo anterior somente será permitido o ingresso no Parque:
a) de autoridades civis e militares desde que previamente autorizados pela Fundação Cultural Palmares;
b) de funcionários e/ ou membros das instituições que compõem o Comitê Gestor, desde que no desempenho de suas funções;
c) de expositores, pesquisadores, organizadores de eventos, seus contratados e/ou prepostos, que tenham que exercer atividades temporárias no Parque, mediante a apresentação de autorização emitida pela Fundação Cultural Palmares.
Art 4º A entrada de veículos será permitida no Parque, quando a serviço e desde que, devidamente credenciados nas portarias.
Art 5º É vedado o ingresso ou permanência no Parque:
a) de vendedores, ambulantes ou qualquer pessoa que pretenda praticar comércio, excetuando-se aqueles que estejam credenciados pelo Comitê Gestor;
b) de visitantes conduzindo animais, de qualquer espécie;
c) de visitante conduzindo qualquer tipo de arma, exceto aquele que em razão da profissão que exerce esteja autorizado a portá-la, de acordo com disposição legal específica.
Art 6º É expressamente proibido no interior do Parque:
a) colher flores, mudas ou plantas em geral;
b) subir, escrever ou amarrar redes em árvores;
c) danificar ou subtrair bens do parque ou em poder do parque;
d) lançar lixo ou detritos na área do Parque;
e) caçar ou pescar, em qualquer modalidade;
f) molestar os animais existentes no Parque;
g) montar barracas ou acampamentos sem autorização prévia do Comitê Gestor;
h) usar, sem autorização, autofalantes ou outros aparelhos para amplificação de som, excetuado aqueles rádios e gravadores portáteis, desde que sua utilização seja totalmente inaudível pelos demais usuários do Parque, a uma distância mínima de 10 (dez) metros;
i) realizar espetáculos musicais, shows e outros eventos culturais e esportivos sem autorização prévia do Comitê Gestor;
j) veicular material publicitário sem autorização expressa do Comitê Gestor;
k) filmar ou fotografar, para fins publicitários ou comerciais, exceto se devidamente autorizado pelo Comitê Gestor;
l) comercializar qualquer produto sem devida autorização do Comitê Gestor;
Art 7º A velocidade máxima para qualquer veículo automotor autorizado a circular no interior do Parque é de 40Km/h.
Art 8º estacionamento de veículos é permitido somente nas áreas reservadas, sendo vedado o uso dos gramados para tal fim.
Art 9º Enquanto permanecerem no interior do Parque os visitantes devem:
a) respeitar as determinações do monitores e guardas em serviço;
b) cumprir e zelar para que sejam obedecidas integralmente as normas deste regulamento;
c) comunicar imediatamente à Administração do Parque quaisquer irregularidades observadas;
d) manter a limpeza e a conservação do Parque bem como preservar a flora e a fauna.
Art 10 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação
EDVALDO MENDES ARAÚJO

PORTARIA Nº 41, DE 21 DE MAIO DE 2008
O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, no uso de suas atribuições, conferidas pelo art. 15, do Anexo I ao Decreto nº 4.814, de 19 de agosto de 2003, e considerando o disposto na cláusula terceira do Termo de Entrega, lavrado pela Delegacia no Estado de Alagoas, da Secretaria do Patrimônio da
União/Ministério da Fazenda, conforme Certidão nº 046/98, de 03 de abril de 1988, resolve:
Art. 1º Constituir o Comitê Gestor do Parque Memorial Quilombo dos Palmares (PMQP), coordenado pela Fundação Cultural Palmares, com as seguintes finalidades:
I - acompanhar, fiscalizar e propor atividades para o PMQP.
II - monitorar o processo de implantação e implementação de atividades no PMQP.
III - elaborar estratégias para articulação de programas e ações dos governos federal, estadual e municipal para o PMQP.
Art. 2º O Comitê Gestor será composto por representantes das seguintes instituições e entidades:
1 - Fundação Cultural Palmares;
2 - Universidade Federal de Alagoas;
3 - Estado de Alagoas ;
4 - Município de União dos Palmares - AL;
5 - Fundação Sônia Ivar;
6 - Associação de Quilombos do Muquém;
7 - Associação dos Grupos Culturais e Entidades Negras de União dos Palmares - AGRUCENUP; e o
8 - Fórum das Entidades Negras de Alagoas - FENAL
§ 1º: Cada instituição ou entidade indicará oficialmente dois representantes para participar do Comitê Gestor, sendo um titular e um suplente.
§ 2º : Os membros suplentes do Comitê Gestor serão convocados para participar de todas as reuniões ordinárias e extraordinárias, sendo-lhes assegurado o direito de manifestação.
§ 3º : Na primeira reunião de trabalho, as instituições e entidades que compõem o Comitê Gestor indicarão o membro que oPresidirá e o seu substituto.
Art. 3º A Fundação Cultural Palmares publicará portaria com a designação dos membros do Comitê Gestor, bem como do seu presidente e substituto.
Art. 4º O Comitê Gestor reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que necessário.
Parágrafo único. As reuniões serão convocadas pelo, seu presidente, e realizar-se-ão, preferencialmente, no município de União dos Palmares/AL.
Art. 5º Compete ao Presidente do Comitê Gestor:
I - assinar documentos emitidos pelo Comitê Gestor;
II - representar o Comitê em reuniões externas;
III - convocar os membros para as reuniões ordinárias e extraordinárias;.
IV - dirigir as reuniões do Comitê Gestor;
V - definir a pauta das reuniões do Comitê Gestor;
VI - criar comissões ou grupos de trabalho para o desenvolvimento de atividades específicas; e
VII - realizar outras atividades que sejam necessárias ao melhor funcionamento do PMQP.
Art. 6º O Comitê Gestor poderá ter sua composição ampliada, de modo a contemplar a participação de instituições públicas e privadas com capacidade de contribuir materialmente para o funcionamento do PMQP.
Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
EDVALDO MENDES ARAÚJO

Ciganos poderão ser atendidos na rede pública de saúde mesmo sem documentação

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil


A população cigana tem o direito de ser atendida em postos de saúde e hospitais da rede pública, mesmo sem apresentar identidade ou comprovante de endereço. A determinação consta da Campanha contra a Discriminação do Povo Cigano nos Serviços de Saúde, lançada no sábado (24) pelo Ministério da Saúde no Rio de Janeiro.

O atendimento sem a apresentação do registro civil era a principal reivindicação da população cigana, que reclamava do preconceito na rede pública de saúde aos órgão do governo federal, há três anos. Os ciganos argumentam que por serem nômades, vivendo em acampamentos, muitos não têm esses documentos.

"As medidas eram mais do que necessárias. Ainda somos uma população invisível em termos de saúde. Não temos um levantamento sobre as doenças mais comuns e um censo específico. Queremos que nos reconheçam como uma minoria", disse a presidente da Fundação Santa Sara Kali, Mírian Stanescom.
A campanha do Ministério prevê também atendimento de acordo com as tradições ciganas, o que implica ampliação de ginecologistas mulheres nas unidades de saúde, evitando constrangimentos nas comunidades, e também de grupos móveis de médicos para consultas nos acampamentos.
A diretora do Departamento de Gestão Participativa do ministério, Ana Costa, reconhece que a aplicação das medidas por estados e municípios será um desafio. "Claro que isso não se faz com um ato simples. Exigirá difusão da proposta, comprometimento dos profissionais e de pressão política por parte do ciganos."
Ela acrescenta que o Ministério editará uma portaria com essas determinações nos próximos dias. Além disso, distribuirá cartilhas informativas sobre as mudanças nas cidades de Trindade, Goiás, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Campinas, São Paulo, e Souza, Paraíba – locais com a maior concentração de ciganos no país.
Durante o lançamento das medidas na área de saúde, que marcou no Rio as comemorações do Dia de Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República divulgou também a cartilha Povo Cigano – o Direito em suas Mãos.
O documento propõe, entre outras coisas, a inviolabilidade dos acampamentos ciganos, para impedir a invasão por policiais, e o direito de as mulheres usarem trajes típicos em qualquer estabelecimento.

domingo, 25 de maio de 2008

Resposta da COJIRA-AL sobre nota de repúdio

Integrantes das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal e de São Paulo emitiram uma nota de repúdio ao artista Maurício de Souza e o Jornal Estado de São Paulo, após ter publicado uma tira de quadrinhos no caderno TV&Lazer no último domingo (18.05). O material é considerado de teor racista, e mesmo não subscrevendo em tempo hábil a COJIRA/AL apóia a atitude dos colegas.

Resposta da Cojira/AL aos companheiros "cojirísticos"

Desculpe não ter respondido o e-mail a tempo de subscrever a carta ao Estado de São Paulo. É que resolvi consultar os demais integrantes da Cojira-AL e quando tive as respostas a carta já tinha sido enviada, o que fizeram muito bem.

No entanto, acho que vale informar que apesar de não haver unanimidade quanto ao assunto, por maioria, a Cojira-AL apóia a posição das Cojiras DF e SP. Contem conosco caso o assunto ainda necessite de outros posicionamentos.

A tira do Maurício de Souza em questão, infringe o artigo 20 da lei 9.459. de 13/05/1997: praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime. Por mais engraçada que possa parecer uma piada, a consciência do ato discriminatório persiste naquele que conta e naquele que a escuta ou lê.
Parabéns pela rapidez na reação! Precisamos estar atentos, sempre. Vamos em frente! Um abraço a todos,


Valdice Gomes
Vice-Presidente do Sindicato de Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) e integrante da COJIRA/AL

sábado, 24 de maio de 2008

Edson Santos, recebe lideranças dos APNs em Audiência

O ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Edson Santos, recebe na manhã deste domingo (25/5), em São Paulo (SP), as lideranças dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil. A audiência acontecerá no Hotel Braston, na Rua Martins Fontes, 330 no centro de São Paulo, às 10hs.
Os APNs fazem parte do Conselho Nacional da Igualdade Racial (CNPIR) desde 2004. No encontro, os representantes pretendem entregar ao Ministro, o relatório da última gestão da coordenação nacional, o projeto político da gestão 2008-2010 e atualizar ao titular da SEPPIR, os pontos de parceria entre o Governo e a entidade que este ano celebra seu jubileu de prata.
São 25 anos de fé e militância no cenário nacional do movimento negro e desde os seus primórdios pautam nas suas ações a conscientização, organização e valorização da população afro-brasileira.
Mais informações
(11) 8451-2467 / 4475-2499

Show: Nova História


Mais informações com Janaina Costa:
(71) 9244-7916 / divulgacaojanainacosta@gmail.com

4ª edição do Mirante Cultural

"Um Quilombo Chamado Jacintinho"
O Mirante Cultural nasceu da iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisas Afro-alagoano Quilombo, com a intenção de trazer para a comunidade do Jacintinho uma discussão político-cultural. Por entender que o bairro do Jacintinho tem Grupos de Capoeira, Coco de Roda, Dança Afro, Escolas de Samba, Bandas Afro e Bumba-Meu-Boi e ainda possui vários Terreiros de Matriz Africana, o mesmo pode ser considerado um quilombo urbano segundo o Decreto nº. 4.887, de 20 de novembro de 2003, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, há o entendimento de que a resistência cultural concentrada em um determinado espaço, mesmo que a sua população tenha tido mobilidade ao longo do tempo, é uma característica quilombola.

Quilombo urbano é um conceito que reconhece não só a história de resistência cultural mais também de afirmação da identidade afro-brasileira em grandes centros urbanos. Pensando assim o grupo que é filiado ao FENAL - Fórum de Entidades Negras de Alagoas, vem realizando em parceria com a Fundação de Ação Cultural de Maceió, Associação Comunitária Cultural e Esportiva Juventude e o próprio Fenal, encontros com grupos culturais, toda a última sexta-feira do mês.
Dia 30 de maio estará acontecendo a 4ª edição do evento. Os resultados têm superado as expectativas. Artistas, produtores culturais e população de maneira geral têm transformado o MIRANTE CULTURAL em um importante espaço de reafirmação da cultura afro-alagoana.
Um dos objetivos do Grupo Quilombo idealizador do projeto é a requalificação do espaço, transformando-o de fato em espaço de lazer para a comunidade. Nesse sentido, na 3ª edição do evento (25/04/2008) um abaixo-assinado foi passado entre os presentes, o qual será entregue ao poder público solicitando a viabilização do referido espaço de lazer.
Confira as atrações da 4ª edição ( 30/05/2008)
LOCAL: por trás da Rádio 96 FM, no bairro do Jacintinho.
• Bumba-Meu-Boi;
• Federação Alagoana de Capoeira – FALC e convidados;
• Grupo de Teatro o Arrebol – Espetáculo: Por Onde Anda a Poesia? (Matriz do Camaragibe);
• Hip Hop Questão de Alma;
• Coco de Roda Ganga Zumba de Alagoas;
• Grupo de Dança Afro Oju Omi Omoreuwá (além da apresentação, irá também fazer uma oficina ao ar livre com os presentes).
Contatos:
Sirlene Gomes: 8823-2517 / sirlenemyo@hotmail.com
Denivan Costa: 8858-6771 / denisangola@gmail.com
Viviane Rodrigues: 3033-2093 /vivianee.mail@bol.com.br

I Festival da Herança Africana

Segue até domingo (25), na sede Ponto de Cultura do Maracatu Leão Coroado, na comunidade de Águas Compridas (Olinda - PE), o I Festival da Herança Africana - Encontro das Nações. Conta com o apoio do MinC - Ministério da Cultura, GESAC-Ministério das Comunicações, Projeto Casa Brasil-Casa Civil presidência da República, SERPRO.

O evento teve início na segunda-feira (19) com a realização de oficinas de transmissão de saber, que buscaram estabelecer uma troca de conhecimentos e proporcionar maior inclusão digital; reunião da Rede de Mocambos; e apresentações de maracatu, coco, ciranda, caboclinho, afoxé e outras manifestações da cultura afro.

Para encerrar as atividades informativas acontece hoje (24) a partir das 9h, a palestra "A África está em nós", na Escola Santo Inácio de Loyola (Águas Compridas). Foram convidados para ministrar a palestra: Lepê Correia (Sociólogo e Historiador), Prof. Roberto Bejamin (Comissão Pernambucana de Folclores) e a Profa. Fátima Solange Cavalcante (Universidade Federal da Paraíba), que irão promover a reflexão sobre a herança ancestral e a elaboração de políticas públicas.

Veja a programação do final de semana:

Sábado (24.05)
17h - Caboclinho Tapajós
18h - Ciranda Cobiçada
19h - Okelê Ododowa
20h - Liberdade Negra
21h - Raízes do Leão
22h - Brascuba
23h - Piaba de Ouro
00h - Coco do Bongar
01h - Maracatudo Camaleão

Domingo (25.05)
17h - Caboclinho Sete Flecha
18h - Lia de Itamaraca
19h - Mestre Salustiano
20h - Coco de Umbigada
21h - Alafin Oyo 22hs - Raízes do Quilombo
23h - Jongo da Serrinha
00h - Maracatu Leão Coroado

Mais informações:
Contatos: (81) 3451-3191; 9666-8558 ; 8769-8429; 8847-1050
festivaldasnacoes@gmail.com
http://www.leaocoroado.org.br/.

Jornalistas exigem retratação de Maurício de Souza e do Estado de São Paulo

(21/05/08 ALAI/Ana Alakija).
A publicação de uma tira em quadrinhos de Maurício de Souza no Estado de São Paulo no último dia 18 gerou o protesto de jornalistas que defendem a retratação da redação do jornal e do autor à sociedade. A tira é considerada de conteúdo racista, ao exibir o personagem Cascão sentado na cadeira de um cabeleireiro que usa um martelo para cortar o cabelo "crespo" dele; em outros quadros da tira, o mesmo cabeleireiro usa tesoura para cortar os cabelos "lisos" de Mônica e Cebolinha.
Os jornalistas consideram que "ao hierarquizar e tratar de maneira diferenciada a criança de cabelo crespo, a tira comete um ato claro de discriminação que afeta a auto-estima de crianças negras" que se identificam com o personagem Cascão - o cabelo é de grande importância cultural e estética e elemento de afirmação e valor para o negro. As comissões de jornalistas pela igualdade racial vinculadas aos Sindicatos de Jornalistas do Distrito Federal e do Estado de São Paulo enviaram uma nota de repúdio ao jornal Estado de São Paulo e cobraram uma retratação pública da redação e do artista.
Segue abaixo o teor da nota:

NOTA DE REPÚDIO AO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO
Prezado Editor do Caderno TV&Lazer do Jornal O Estado de São Paulo
O caderno TV&Lazer deste domingo (18) traz, na página 24, sessão Quadrinhos, uma seqüência lamentável do artista Mauricio de Sousa. Nele, Mônica, Cebolinha e Cascão estão sentados na cadeira de um salão de beleza.Com um rosto feliz e auxílio de tesoura e pente, o cabeleireiro corta o cabelo dos dois primeiros personagens, de cabelos lisos. Com expressão fechada e auxílio de marreta, o mesmo profissional atende o terceiro personagem: Cascão. Ao hierarquizar e tratar de maneira diferenciada a criança de cabelo crespo, o trabalho em questão comete um ato claro de discriminação, que afeta diretamente a auto-estima de crianças negras, identificadas com o personagem justamente pelas características do cabelo.
Essa perversa depreciação tem sido combatida arduamente por amplos setores da sociedade. Constatarmos o uso dessa abordagem num espaço de tanta influência na sociedade espanta, apesar do discurso em torno do próprio personagem em questão (conhecido por não gostar de tomar banho) ser há muito tempo objeto de questionamento do movimento social negro.
A discriminação é ampliada, no entanto, em quadrinhos como o publicado no último final de semana. Fica o nosso repúdio a essa prática e a esperança de que o jornal não prossiga respaldando tais posturas, inequivocamente perniciosas. É imprescindível uma retratação pública da redação e do artista. Sob pena de ampliação de uma violência cruel, que atinge parcela vulnerável da população e incita práticas de discriminação no ambienteinfanto-juvenil.


Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF)
Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira-SP)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

CONVITE

Clique na imagem para ampliar.

Capoeira-AL

A Federação Alagoana de Capoeira (Falc) convoca todos os grupos associados para participarem da Assembléia Geral Ordinária, que foi transferida para o próximo sábado (31.05), às 13h no Sesc-Poço, em Maceió. As principais pautas são: leitura e aprovação do estatuto e regimento interno; avaliação financeira da entidade e a construção do calendário anual para congregar as atividades.
Papoeira
O Projeto Sururu é Arte apresenta o 1° Papoeira, no dia 23 (hoje), a partir das 16h no Bar e Restaurante Katespero, situado na Rua Buarque de Macedo, próximo à estação ferroviária, Centro de Maceió. Será apresentada a exposição do artista plástico Dudu Bandeira, que retrata a importância da preservação ambiental e estimula a reflexão sobre a ação humana. Capoeiristas, artistas, ativistas e demais interessados também poderão conferir apresentações artísticas como o maculelê, samba de roda, música e muita capoeira.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A vingança do berimbau

Depois que o Coordenador do Curso de Medicina da Universidade Federal do Estado da Bahia disse o que queria sobre o grau de inteligência dos baianos... Agora é a vez do poeta:


A vingança do berimbau

Miguezim de Princesa


I

Superado pelo tempo,
Ensinando muito mal,
Fabricando mil diplomas
Para entupir hospital,
O doutor da faculdade
Botou, com toda maldade,
A culpa no berimbau.

II

Disse o doutor Natalino
Que o baiano é um mocó,
Sem coragem e inteligência,
Preguiçoso de dar dó,
Só liga pra carnaval
E só toca berimbau
Porque tem uma corda só.

III

O sujeito ignorante
Não conhece o berimbau,
Que atravessou o mundo
Com toda a força ancestral.
Na fronteira da emoção,
Traz da África a percussão
Da diáspora cultural.


IV

Nem Baden Powel resistiu
À percussão milenar,
Uma corda a encantar seis
Na tristeza camará
De Salvador da Bahia.
Quem toca e canta poesia
Na dança sabe lutar.


V

O doutor, se estudou,
Na certa não aprendeu nada:
Diz que o som do Olodum
Não passa de uma zoada
E a cultura baiana
É uma penca de bananas,
Primitiva e atrasada.

VI

Jimmy Cliffi, Michael Jackson,
Paul Simon e o escambau
Se renderam ao Olodum
Com seu toque genial,
Que nasceu no Pelourinho
E hoje abre caminho
No cenário mundial.

VII

O baiano é primitivo?
Veja só o resultado:
Ruy foi o Águia de Haia;
Castro Alves, verso-alado
De poeta condoreiro,
E gente do mundo inteiro
Se curvou a Jorge Amado.

VIII

Bethânea, Caetano e Gil,
Armandinho, Dodô e Osmar,
Gal Costa, Morais Moreira,
Batatinha a encantar
João Gilberto, Bossa Nova
Novos Baianos são prova
Da grandeza do lugar.

IX

Glauber, no Cinema Novo;
Gregório, velha poesia;
Gordurinha, no rojão;
Milton, na Geografia;
Anísio, na Educação;
Dias Gomes, na encenação;
João Ubaldo e Adonias.

X
Menestrel da cantoria
Temos o mestre Elomar,
Xangai, Wilson Aragão,
Bule-Bule a improvisar,
Roberto Mendes viola
A chula – semba de Angola,
Nosso samba de além-mar.

XI
Se eu fosse citar todos
Que merecem citação,
Faria um livro de nomes
Tão grande é a relação.
Desculpe, Afrânio Peixoto,
Esse doutor é um roto
Procurando promoção!

XII
Com vergonha do que fez:
Insultar toda a Nação,
O tal doutor Natalino
Pediu exoneração
E não encontra ninguém,
Nem um nazista do além,
Para tomar a lição.

XIII

O baiano é pirracento,
Mas paga com bem o mal:
Dá uma chance a Natalino
Lá no Mercado Central
De ganhar alguns trocados
Segurando o pau dobrado
Da corda do berimbau.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

INSS aposenta primeiro quilombola em Alagoas

Direito reconhecido após a ida do órgão à comunidade


O afro-descendente José Amaro da Silva, 64 anos, foi o primeiro quilombola a ter reconhecido o seu direito de segurado especial, em Alagoas. Ele se aposentou por idade, após uma ação direta da Gerência Executiva do INSS em Maceió, quando o gerente Ronaldo Medeiros liderou a equipe que se deslocou até o quilombo Tabacarias, no município de Palmeira dos Índios, a 140 quilômetros de Maceió, no dia 8 de maio. Essa comunidade abriga 95 famílias de remanescentes dos escravos.
Após a verificação preliminar da documentação, o gerente Ronaldo Medeiros providenciou o agendamento de José Amaro da Silva, para a APS Palmeira dos Índios. Após análise documental e entrevista, o técnico do seguro social Mário Holanda Oliveira, decidiu por reconhecer a legitimidade do direito à aposentadoria por idade do cidadão José Amaro.
Alagoas conta com 44 quilombos (comunidades remanescentes de quilombo). Essas comunidades se concentram, em sua maioria, no Agreste, Sertão e Zona da Mata do Estado. A maioria dos quilombolas trabalha como pequenos produtores rurais que atuam em regime de economia familiar, portanto, se enquadra na legislação previdenciária como segurados especiais.
Os homens quilombolas têm direito à aposentadoria por idade ao completarem 60 anos, e as mulheres aos 55, além de outros benefícios, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão.
Ação Conjunta
A gerência do INSS em Maceió programa mais uma ação conjunta com outros órgãos públicos, para emissão de documentos, aos moradores da comunidade Tabacarias, no próximo dia 6 de junho.
Fonte: Jornal Tribuna Independente (20.05.08)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Dia da África – 25 de maio

O dia 25 de maio é conhecido como o Dia da África, data que se comemora a fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), hoje União Africana. Estabelecida em 1963, simboliza a luta e o combate dos povos do continente africano pela sua independência e emancipação.

Com 42 países, a África é o segundo continente mais populoso e mais extenso, depois da Ásia. Considerado o berço da humanidade por ter sido encontrado os mais antigos fósseis de hominídeos com cerca de cinco milhões de anos, o continente foi saqueado por vários anos e ainda sofre com as conseqüências como: a desigualdade social, a fome, baixa escolaridade, insuficiência em relação ao acesso de água potável, ausência de saneamento básico em muitos locais, dentre outros.

O último informe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) assinala que, dos últimos 50 países com o Índice de Desenvolvimento mais baixo, 40 são africanos. Cerca de 936 milhões de pessoas vivem na África, delas, 315 milhões encontram-se na pobreza, apesar das enormes riquezas do continente.

A humanidade possui uma dívida histórica, precisa reconhecer a riqueza sócio-cultural e garantir o fortalecimento do continente africano. Os países africanos já começaram a fazer sua parte, buscam acabar com o estereótipo de inferioridade e a subordinação que o seu continente sofre há séculos. De forma organizada e solidária, visam à unificação dos povos num só objetivo: criar as condições necessárias para a construção de um futuro melhor, socialmente e economicamente, para as novas gerações.


Ufal: Convênio PEC-G

A Universidade Federal de Alagoas também festejará o Dia da África, já que possui um importante convênio de integração África-Brasil, o PEC-G: Programa Estudantil Convênio de Graduação. Ao todo, são 95 acadêmicos africanos oriundos dos países onde se fala o Português – Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e Moçambique – 70 na graduação e 25 na pós-graduação, nos mais variados cursos.

Os acadêmicos africanos comemoram os 45 anos da criação da Organização com a realização de palestras no auditório do ICHCA, iniciadas na segunda (19.05). Também será realizado um amistoso internacional de futebol de salão entre o Continente Africano x Brasil, respectivamente, representados pelos alunos africanos e do Curso de História.

Para encerrar a semana de integração acontece no dia 24 a conhecida Festa Africana, no Centro Esportivo Canarinho localizado no bairro do Farol em Maceió, a partir das 21h. Os ingressos custam R$15, mais informações: 9924-6386 (Ismael) e 8864-6095 (Wagner).


Paraíba também discute a África

A cidade de João Pessoa, capital paraibana, sedia nessa semana a 1ª Conferência Internacional sobre Pobreza e Desenvolvimento, que acontece paralelamente com a 1ª Semana Acadêmica e Cultural Africana, atividades alusivas ao Dia da África, comemorado em 25 de maio.

Pesquisadores da ONU estarão participando e discutindo programas para os países do continente africano e outros países que sofrem com a desigualdade social. Veja mais informações no site: www.africanospb.com.br.

Justiça baiana manda recolher livro de padre

Acusação é de ofensa contra "formas de espiritismo"


Manuela Martinez
Colaboração para a Agência Folha, em Salvador


A Justiça da Bahia determinou o recolhimento, em Salvador, de todos os exemplares de um livro escrito pelo padre Jonas Abib, fundador da comunidade católica Canção Nova, ligada à Renovação Carismática, ala conservadora da igreja.

Para o Ministério Público baiano, que pediu o recolhimento do livro "Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação", da editora Canção Nova, o padre cometeu o crime de "prática e incitação de discriminação ou preconceito religioso", previsto na lei 7.716, de 1989. Cabe recurso à Justiça.

De acordo com o promotor Almiro Sena, Abib faz no livro "afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto".

A ação cita trechos do livro que, na avaliação da Promotoria, trazem ofensas ao espiritismo e às religiões afro-americanas. "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde nos rituais e nas práticas do espiritismo, da umbanda, do candomblé", diz Abib na obra.

Em outro trecho, o padre diz que "o espiritismo é como uma epidemia e como tal deve ser combatido: é um foco de morte". Também há referência ao culto a imagens. "Acabe com tudo: tire as imagens de Iemanjá (que na verdade são um disfarce, uma imitação de Nossa Senhora). Acabe com tudo! Mesmo que seja uma estátua preciosa, mesmo que seja objeto de ouro, não conserve nada. Isso é maldição para você, sua casa e sua família".

Para o Ministério Público, o livro ofende o princípio de liberdade de crença previsto na Constituição Federal, e afronta as "integridade, respeitabilidade e permanência dos valores da religião afro-brasileira" previstos na Constituição baiana.

Como atua em Salvador, o promotor pediu o recolhimento da obra só na capital, onde o livro é vendido por R$ 15,90. Segundo a Promotoria, foram vendidos 400 mil exemplares no país em 2007. Para Sena, isso "demonstra a amplitude alcançada pelas idéias contidas no seu conteúdo e o grave risco de propiciar o acirramento de conflitos étnico-religiosos".

O juiz Ricardo Schmitt acatou a denúncia contra o padre e mandou intimá-lo a comparecer a audiência de interrogatório, em dia a ser definido. A pena prevista neste caso é de um a três anos de prisão, e multa.

Outro lado

Em nota, a Canção Nova informou não ter sido comunicada da decisão judicial. Negou, contudo, que o livro incorra em preconceito religioso. "A obra é meramente conceitual e não tem o propósito de incitar qualquer discriminação ou preconceito religioso".

A nota afirma ainda que Abib "sempre se pautou pelo profundo respeito a todas as pessoas e ideologias, difundindo a doutrina da Igreja Católica e o amor cristão através dos meios de comunicação". Diz que o propósito do livro é "orientar os católicos a viverem com coerência a vida cristã de acordo com a linha filosófica e teológica defendida pela igreja".

FALC realiza assembléia no dia 24

Por: Helciane Angélica
Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da Cojira-AL


A Federação Alagoana de Capoeira (FALC) convoca todos os 26 grupos filiados para participarem da Assembléia Geral Ordinária, que acontecerá no sábado (24.05) às 13h no Sesc-Poço em Maceió.


Dentre os objetivos da reunião estão: leitura e aprovação da revisão do estatuto e regimento interno; avaliação financeira da entidade; registro de delegados; e a construção do calendário anual, onde todos os grupos deverão levar sua agenda para congregar as atividades.


De acordo com o Presidente da FALC e contra-mestre de capoeira, Marco Antonio Santos (Marco Baiano), “a federação está revisando seu Estatuto e o Regimento Interno, assim como, ampliando o Conselho de Mestres para que possa agregar mais valor a esses mestres experientes. A gente já caminhou bastante, mas ainda falta muito para contribuirmos de forma efetiva com as ações relacionadas à inclusão e a igualdade de direitos”, disse. Em caso de impossibilidade de comparecer o coordenador geral do grupo filiado, é recomendando a presença de um representante para contribuir com o processo.

Nova gestão


A gestão atual “capoeira, responsabilidade de todos” (2008-2012) possui seis diretores executivos, dois representantes no Conselho de Mestres e sete representantes no interior do Estado, divididos em: Litoral Norte, Litoral Sul, Agreste e Bacia Leiteira, Vale do Paraíba, Alto e Médio Sertão, Região Zumbi-União dos Palmares e Região Metropolitana.

No dia 05 de abril, foi realizada a primeira reunião ordinária com intuito de entrosar os novos representantes e traçar o planejamento estratégico desse mandato. Dentre as principais propostas da nova diretoria estão: a realização do primeiro Censo Alagoano de Capoeira; rodas temáticas de capoeira na praia e nos bairros de Maceió; roda dia Internacional da Mulher; 3° festival alagoano de música de capoeira; 1° campeonato/festival alagoano de duplas de capoeira; 3º Prêmio Zumbi Capoeira; formação de delegacias regionais da FALC; 4º Fórum Alagoano ou 1° Congresso Alagoano de Capoeira; participação nas comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro); participação no comitê de gerenciamento do Parque Memorial Quilombo dos Palmares; indicação de um mestre de capoeira para receber a comenda mérito dos palmares; roda de capoeira homenagem ao mestre pastinha e mestre bimba; projeto 24 horas de capoeira – aberto a todos.

Contatos:
falc.capoeira@gmail.com
(82) 9302-3272 (Marco Baiano) / 9381-7765(Leto)

Ato político contra intolerância religiosa mostra a resistência afro alagoana

Texto: Helciane Angélica
Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da Cojira-AL

Fotos: Kelly Baeta (Jornalista)


A noite do dia 14 de maio ficou na História de Alagoas. Lideranças do movimento negro alagoano, representantes de várias comunidades de fé, estudantes e profissionais dos mais diversos setores participaram de um Ato Político contra a Intolerância Religiosa, atividade integrante da semana dos “120 anos de abolição e resistência”. As ruas do Conjunto Village Campestre no bairro do Tabuleiro do Martins (Maceió) pararam, e os moradores ficaram atentos para ouvir o batuque e as palavras de ordem.


Foi com um cortejo afro conduzido pelo grupo percussivo Baque Alagoano, onde pessoas das mais variadas idades demonstraram alegria e conscientização política, por meio da dança e da música durante todo o percurso. Representou um momento de intensa união em busca de um mesmo ideal: o respeito às diferenças, além de denunciar as desigualdades político-sociais sofridas diariamente pelos afro-descendentes, e ainda, para conscientizar a população de que o racismo e a intolerância religiosa são crimes.



Os participantes seguiram até a sede do Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB), vítima por duas vezes de intolerância religiosa, onde foram acolhidos com o banho de cheiro. Posteriormente, houve o pronunciamento de lideranças, apresentações de dança e da Orquestra de Tambores. E para prestigiar a ação político-cultural estavam presentes: a ialorixá e atriz da Rede Globo Chica Xavier e sua neta, também atriz Luana Xavier, além de integrantes de entidades de outros Estados.

Estamos fazendo esse ato para que as outras religiões respeitem a nossa, porque o nosso Deus é um só. A maneira de chegar até ele pode se modificar, pode ser diferente, mas somos todos irmãos e queremos o respeito da nossa religião”, afirmou a ialorixá Neide de Oxum. O ato contou com o apoio da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal); Voyager Turismo; Mainá Água Minieral; e da Associação dos Moradores do Graciliano Ramos (AMGR).

De acordo com Paula Silva, Presidente do Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal), o afro-descendente é ridicularizado de várias formas, até mesmo quando tem orgulho de mostrar sua herança étnico-cultural, porém é preciso protestar contra a indiferença para ecoar o grito de liberdade. “Nós já sofremos o preconceito e a intolerância religiosa desde o assumir da nossa identidade. Já somos vítimas de discriminação pelo nosso jeito de ser, e tudo isso já nos causa um certo incômodo, mas nós temos que dar o nosso grito de liberdade, o nosso grito de manifesto a esse sistema opressor que está aí”, declarou.

Estiveram presentes as entidades: Associação Capoeira Angola Palmares; Associação Cultural Capoeira Tradição; Baque Alagoano (grupo percussivo); Casa de Axé Abassá de Angola Oyabalé; Central Única dos Trabalhadores (CUT-AL); Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Coletivo de Mulheres Negras do Rio de Janeiro; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (COJIRA-AL) / Sindjornal; Conselho Estadual de Mestres de Capoeira; Federação Alagoana de Capoeira; Grupo Capoeira Muzenza; Grupo União Espírita Santa Bárbara; Intermídia – Ufal; Movimento Juventude Revolução; Orquestra de Tambores; Pastoral da Negritude Igreja Batista do Pinheiro; Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde; Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Sindicato dos Trabalhadores de Escolas de Alagoas (SINTEAL).

sábado, 17 de maio de 2008

Cojira-AL lança coluna AXÉ

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (COJIRA-AL) implantou na semana dos “120 anos de abolição e resistência” a Coluna AXÉ, precisamente no dia 13 de maio. A produção midiática será publicada semanalmente no jornal Tribuna Independente.
Interligada ao Sindicato de Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), a Cojira-AL foi instalada no dia 24 de novembro de 2007. Desde então, busca interagir com os diversos segmentos afros, além de desenvolver a interlocução com os meios de comunicação.

Atualmente, existem seis núcleos no Brasil que trabalham as questões étnicos-raciais no movimento sindical de jornalistas, são eles: Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do Rio Grande do Sul e as Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRAS) em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Alagoas e Bahia.

A coluna Axé será uma importante ferramenta de trabalho para divulgar as atividades políticas-culturais das mais variadas instituições que trabalham a História e a Cultura Afro-Brasileira; denunciar os casos de racismo e intolerância religiosa; estimular a identidade étnica promovendo a auto-estima do povo afro-brasileiro; além de refletir sobre o papel da mídia nesse contexto.

Todas as terças-feiras, primeiro dia útil dos impressos alagoanos, será possível conferir a mídia afro na ativa. A coluna Axé já possui um formato padrão, meia página colorida no formato stand, preenchida com: editorial, notas informativas, curtas e fotos. Pela primeira vez no Estado de Alagoas, uma entidade conquistou um espaço periódico para abordar a temática afro.

O sucesso da coluna Axé também depende de você, faça sua parte! Contribua com o envio de informações para o email cojira.al@gmail.com, seu material poderá igualmente ser utilizado neste blog.


Veja a primeira edição!

Seminário sobre Mídia e Religiosidade Afro tem nova data


A Comisssão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Alagoas), do Sindicato dos Jornalistas (Sindjornal), realizará em parceria com o Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), o seminário “120 anos de Resistência: mídia e religiosidade afro”. Devido às fortes chuvas na noite anterior do dia 10 de maio, o seminário foi transferido para 14 de junho.

O Seminário enfocará a reflexão sobre os 120 anos da Abolição da Escravatura e as desigualdades sociais que atingem a população negra no Brasil; além de desmitificar a religião afro, explicando sua contribuição sócio-cultural e avaliar o papel da mídia nesse contexto.

Será um dia inteiro de atividade com acolhimento afro, depoimento de vida, exibição de documentário sobre a religião afro, painéis, debates, almoço afro e apresentação cultural. Também será garantido um ônibus para transportar os interessados em participar do evento, que sairá às 8h da praça Sinimbu e segue até a sede do Guesb, situado na Rua São Pedro, nº 10, no conjunto Vilage Campestre II.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelos telefones: 3378-7317 (falar com Luciana), 3326-9168 (Sindjornal) e 9999-1301 (falar com Valdice). Podem participar jornalistas, estudantes de comunicação social, integrantes do movimento negro, religiosos de matriz africana e demais interessados.
Foto: Kelly Baeta

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Supremo recebe manifesto a favor das cotas

Grupo entrega ao presidente da Corte documento endossado por acadêmicos, artistas e ativistas de direitos humanos

Um grupo de defensores da política de cotas raciais nas universidades entregou ontem ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, um manifesto em defesa da causa.
O documento foi assinado por mais de mil pessoas, incluindo acadêmicos, estudantes, artistas e militantes dos direitos de minorias. Na lista, estão o cineasta Nelson Pereira dos Santos, a atriz Taís Araújo, o ator Lázaro Ramos, a cantora Margareth Menezes, o rapper MV Bill, o arquiteto Oscar Niemeyer e João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Segundo o texto, as cotas cumprem o papel de compensar a histórica exclusão dos negros das universidades. "Apenas nos últimos cinco anos houve um índice de ingresso de estudantes negros no ensino superior maior do que jamais foi alcançado em todo o século XX", diz o documento..
Há duas semanas, opositores da política de cotas também levaram um manifesto ao presidente do STF. Os dois grupos estão preocupados com o julgamento de duas ações sobre o tema. O plenário começou a analisar o assunto há um mês, mas interrompeu a sessão. O julgamento deverá ser retomado apenas no próximo semestre.
Manifesto diz que política de cotas é constitucional
Os defensores das cotas alegam que é preciso "trazer para o interior das universidades brasileiras aqueles grupos sociais historicamente excluídos".
Segundo o texto, hoje o país conta com mais de 20 mil cotistas negros cursando a graduação.
Somam 69 as instituições de ensino superior público que adotam ações afirmativas. Os militantes argumentam que a política de cotas é constitucional, pois promove oportunidades iguais a brasileiros historicamente tratados de forma diferentes.
Apenas oito representantes do grupo foram recebidos no gabinete de Mendes, que dedicou 20 minutos aos manifestantes. O documento será enviado aos outros dez ministros do STF.
— Quem foi torturado pela ditadura ganha indenizações milionárias do governo. E o povo negro, que foi escravizado, não merece reparação? — disse o frei David Santos, um dos líderes do grupo.
— As cotas são uma ação afirmativa importante para assegurar a inclusão do negro à universidade. Hoje há uma barreira imposta pelo racismo — disse Ivana Leal, integrante do Movimento Negro Unificado, de Goiás.
Abayomi Mandela, estudante de engenharia florestal, sempre estudou em escolas públicas e entrou na Universidade de Brasília (UnB) pelo sistema de cotas raciais. Ontem, ele foi um dos recebidos por Gilmar.
— É bem mais difícil concorrer com alunos de escolas particulares. Nas particulares, o foco é fazer o aluno passar no vestibular. Nas públicas, o foco é em nada, as escolas estão abandonadas — disse.
Grupo pró-cotas diz que opositores são elitistas
Em ataque à manifestação do grupo contrário às cotas, intitulada "113 cidadãos anti-racistas contra as leis raciais", os defensores da tese afirmaram que os críticos das cotas não contam com o apoio de estudantes ou de movimentos em defesa dos negros.
"A posição dos 113 é paralela à da elite conservadora que reage desesperadamente para manter o poder que acumulou no período da escravidão, do colonialismo e das repúblicas branqueadas ou excludentes construídas em um momento político ultrapassado e que agora são obrigadas a enfrentar as demandas de uma agenda política que exige justiça social, convivência multiétnica e multirracial, com divisão proporcional de poder e de riqueza", diz o manifesto entregue ontem ao STF.
O grupo pró-cotas também critica o argumento de que é complicado classificar os brasileiros por raças, devido à miscigenação no país.
— O aspecto cultural e histórico de uma raça pode ser usado para fins de discriminação, como tem sido feito. Queremos que os ministros do Supremo, a partir desse documento, possam refletir sobre as políticas de inclusão — disse o advogado Renato Ferreira, pesquisador do laboratório de políticas públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
O mesmo grupo também foi recebido em audiência pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Ao fim do encontro, o ministro defendeu a política de cotas.(O Globo, 14/5)
Projeto de cotas tramita há 4 anos na Câmara
O projeto de lei do governo federal que institui as cotas em universidades federais completa quatro anos na próxima semana sem nenhuma previsão de data para ser votado pelos deputados.
A proposta já passou por todas as comissões da Câmara, mas ainda não foi colocada na pauta. Segundo o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), isso só acontecerá se algum líder colocar o projeto como uma "prioridade".
Para o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), o projeto é "uma prioridade entre outras prioridades" do governo federal, mas terá que enfrentar uma fila de outras proposições. "O governo é favorável à entrada na pauta, mas, quando você reúne os líderes, há uma lista de 30, 40 projetos que querem pautar."
Entre os deputados do PSDB, o tema parece também não estar na agenda. "Não abordamos desde que estou na liderança", afirma o deputado José Aníbal (SP), líder do partido na Câmara desde o início deste ano. O tucano afirma que a discussão é "um belo desafio".
O projeto do governo estabelece que 50% das vagas em universidades federais deverão ser reservadas a alunos que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Essas vagas deverão ser ocupadas, no mínimo, pela proporção de pretos, pardos e indígenas do Estado onde está localizada a instituição de ensino. A proposta tramita em conjunto com outras seis proposições que tratam de reserva de vagas não só para negros e indígenas, mas também para alunos carentes e idosos.
Estatuto
Mais amplo do que o projeto de lei nº 3.627/2004, o Estatuto da Igualdade Racial já foi aprovado pelo Senado e está em análise por uma comissão especial da Câmara desde 2003.
O texto contempla, entre outras reivindicações do movimento negro, uma reserva de 20% das vagas para negros em universidades, concursos públicos e até em filmes e programas de televisão.
Mais amplo do que o PL sobre cotas, o estatuto é a prioridade da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, segundo o ministro Edson Santos. Ele diz ter expectativa de que a votação ocorra ainda neste ano.
Autor do projeto, o senador Paulo Paim (PT-RS) tem esperança de que seu projeto -que data do ano 2000- seja sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
A polêmica, porém, pode atrasar a tramitação. Para deputados ouvidos pela Folha, no entanto, dificilmente o texto será aprovado sem modificações pela Câmara. Se ele sofrer qualquer alteração, tem que retornar ao Senado. Na opinião de Paim, o preconceito que persiste no Brasil é um dos motivos da demora na tramitação.

A não-apreciação da política de cotas, porém, é vista por um lado positivo por alguns integrantes do movimento negro: enquanto o Congresso não decide se aprova ou rejeita o sistema, 42 universidades públicas já o adotaram por conta própria, segundo cálculo do movimento negro.

"No Congresso há muitos lobbies e convicções de que as cotas não são boas", afirma Alexandre do Nascimento, professor e integrante do movimento negro que esteve em Brasília para atos pró-cotas.

Fonte: Folha de SP

Convite: Sessão Especial

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Inauguração da Fábrica de Teatro Popular em Alagoas

Assessoria
A inauguração é iniciativa do Centro de Teatro do Oprimido, que tem sede no Rio de Janeiro e, pela primeira vez, atua no estado. O SESC-AL é parceiro do projeto que conta com patrocínio da Petrobras, através do Mecenato, Ministério da Cultura.

A primeira etapa de formação de Multiplicadores do Método de Augusto Boal, para representantes de Grupos Culturais, Pontos de Cultura e Movimentos Sociais, de 12 a 16 de Maio, no SESC Guaxuma, em Maceió, será o marco de abertura da Fábrica. Os resultados desta etapa de produção serão apresentados ao grande público em Evento Gratuito, no dia 16 de Maio, às 16h, no SESC Centro, com apresentação de espetáculo de Teatro-Fórum.

O projeto Fábrica de Teatro Popular – Nordeste acontece simultaneamente em Sergipe e Pernambuco e pretende oferecer um programa de formação de Multiplicadores de Teatro do Oprimido para instituições e grupos interessados em conhecer e utilizar este Método Teatral.

Com quase quatro décadas de existência, praticado em cerca de 70 países, por todo o mundo, e em 19 estados brasileiros, o Teatro do Oprimido tem ajudado grupos a refletirem sobre suas realidades locais e a buscarem alternativas de solução através do Diálogo Teatral com a sociedade.

A instalação da Fábrica de Teatro Popular – Nordeste, em Maceió, facilitará o acesso de dezenas de Organizações a este Método Teatral, lúdico e atraente, de fácil aplicação, com potenciais extraordinários de multiplicação, que não exige custos altos de investimento e alcança resultados eficientes. O Teatro do Oprimido é um instrumento fundamental para o desenvolvimento de programas sócio-culturais em áreas com recursos escassos.


Informações: SESC Centro (Rua Barão de Alagoas, 229, Centro – ao lado da Secretaria da Educação), na Coordenação Artístico-Cultural. (82) 3326-3133 e thiago.mails@gmail.com

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pesquisa mostra situação do negro no País


Divulga o retrato da situação de parte dos 90 milhões de afrodescendentes no Brasil



Cento e vinte anos depois da Lei Áurea, uma Pesquisa da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traça um retrato da situação de parte dos 90 milhões de afrodescendentes do país.


Para Valter Roberto Silvério, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), houve melhoras de condições, "mas tanto o acesso ao mercado de trabalho, quanto à escolarização, ainda são insuficientes para gerar um padrão de igual acesso, igual oportunidade da população negra quando comparada à população branca". Para ele, as políticas públicas de discriminação positiva, como a definição de cotas nas universidades, são a melhor forma de promover a igualdade racial.


Aos que contestam a instituição da política de cotas, ele declara que há um "cinismo, por parte da classe média brasileira", que nega a existência de racismo e que não admite que a educação tem o poder de combater o racismo, por medo de perder seus privilégios.

- Esses grupos, que sempre tiveram privilégios, não percebem que essas políticas geram a possibilidade de construção de cidadania para o país, o aprofundamento da construção da cidadania - critica.

Mais negros nas universidades nos últimos cinco anos
De acordo com o subsecretário de Planejamento da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Martvs das Chagas, o governo pretende manter a implementação da política de cotas para estudantes negros nas universidade do país. Segundo ele, a idéia é negociar com as diversas correntes políticas do Congresso Nacional para agilizar a aprovação do projeto que regulamenta as cotas.

Atualmente, afirmou o subsecretário, a política de cotas tem partido das próprias universidades, mas a intenção do governo é introduzir essa política em todas as instituições públicas de ensino do país a partir da aprovação do projeto de lei no Congresso. Como argumento, Chagas avalia que as cotas "deram certo". Segundo ele, nos últimos cinco anos, o número de negros que ingressaram nas universidades foi maior que o da última década.

O ex-secretário de Justiça de São Paulo e coordenador do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, uma ONG que defende a causa negra, Hédio Silva Junior, também defende a política de cotas. Para ele, o debate sobre as cotas fez emergir o racismo brasileiro. Na avaliação do ex-secretário, há um racismo "estruturante" no Brasil no qual de cada dez pobres, sete são negros. Silva Junior critica aqueles que afirmam que as cotas vão estimular o racismo. Para ele, esse é um argumento "falacioso".

Concentração de negros no Norte e no Nordeste
O objetivo do estudo Mapa da Distribuição Espacial da População Negra é orientar os gestores públicos na formulação de políticas voltadas para a igualdade racial. O mapa, montado com base no Censo de 2000, no qual a definição de cor é auto-declaratória, mostra que a população negra no Sudeste e Sul do país fica abaixo dos 40% - com destaque para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde ela fica abaixo dos 25%.

Já nas regiões Norte e Nordeste, em praticamente todos os trechos – com exceção das áreas de reservas indígenas – as auto-declarações apontam para mais de 75% de negros. Em grandes trechos do Amazonas, do Pará, do Amapá e em pontos diversos da Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins o mapa aponta que os negros são mais de 85% da população. Em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e sul de Minas Gerais, as auto-declarações indicam que a população negra fica entre 40% e 75% do total.


Fonte: Agência O Globo

terça-feira, 13 de maio de 2008

Faculdade leva umbanda para sala de aula

Ariel Couto Estácio, 17, aluno do 1º ano, faz saudações em frente ao altar do templo (Foto: Renato Stockler)

De segunda a sexta-feira, por volta das 19h30, eles atravessam o pátio arborizado em direção ao templo. Bolsas, livros e sapatos enfileirados esperam do lado de fora, enquanto reverenciam o altar com flores, velas e oferendas aos guias espirituais. O ritual diário, para equilibrar energias positivas e negativas, antecede as aulas na FTU (Faculdade de Teologia Umbandista), na zona sul de São Paulo.

Autorizada em 2003 pelo então ministro da Educação, Cristovam Buarque, a instituição é a primeira no país que leva a umbanda, religião afro-brasileira para os bancos universitários. E são destes bancos que, no final do ano passado, saíram os primeiros 35 teólogos umbandistas diplomados do Brasil.

Os canudos desta turma, que iniciou a graduação em 2004, serão entregues em novembro deste ano. A princípio, a colação de grau poderia ser já no primeiro semestre. A prorrogação da festa em longo prazo tem motivo: coincidir com a comemoração do centenário da umbanda em terras brasileiras, marcada para o dia 15 daquele mês. Novembro marca ainda outra efeméride importante, o Dia da Consciência Negra.

Além destes já bacharéis em teologia umbandista, outros 150 estudantes também querem se especializar na umbanda, doutrina que mescla crenças e rituais africanos, indígenas e europeus. Eles freqüentam as aulas -- ministradas somente no período noturno -- de filosofia, inglês, metodologia científica, ciências políticas, antropologia, entre outras.

"São disciplinas convencionais de um curso superior, com a diferença de terem um viés espiritual", explica a professora Maria Elise G. B. M. Rivas, que também atende pelo nome iniciático de sacerdotisa Aramaracyê.

No último ano da graduação -- são quatro anos, no total --, a grade curricular se afunila em matérias mais específicas, como hermenêutica (interpretação de livros sagrados), botânica umbandista, medicina espiritual e administração templária. Além disso, os alunos têm duas aulas práticas quinzenais que envolvem ritos e liturgia.


Preconceito no terreiro

Apesar dos ritos, que são abertos ao público e chegam a reunir 400 pessoas por sessão, a faculdade não ensina os estudantes a incorporar espíritos. "Isso não se aprende, é destino cármico. Nosso objetivo não é formar pais-de-santo, mas pessoas capazes de promover a religião da forma correta e acabar com o preconceito cultural que existe em torno da umbanda", diz Aramaracyê.

Segundo ela, a legitimidade da faculdade é um grande passo para colocar o credo afro-brasileiro no centro das atenções. "Falta conhecimento sobre o que é a umbanda, porque a religião passou por um processo de demonização. É tida como uma cultura de periferia e é até mesmo estigmatizada como idolatria pagã, confundida com coisas do mal. É essa imagem negativa que queremos quebrar".

A fé na educação e o empenho em divulgar a crença são evidentes: todos os 18 professores da instituição, que já têm uma graduação em algum curso convencional (há desde pedagogos a médicos e advogados), são voluntários e não recebem salário para estar em sala de aula.

Além disso, 60% dos alunos têm uma bolsa que ajuda a pagar a mensalidade de R$ 350. O sistema que seleciona bolsistas é interno, feito através de uma análise pessoal da renda familiar. "Ainda não podemos contar com programas do governo, como o ProUni (Programa Universidade Para Todos), porque a FTU ainda não formou efetivamente sua primeira turma", explica Aramaracyê.

Uma das ações incentivadas pela faculdade é a adoção de aluno. "Uma pessoa voluntária, de qualquer lugar ou credo, escolhe um aluno para pagar a mensalidade e proporcionar à ele a continuação dos estudos. Por enquanto, só temos um estudante nessa condição, mas queremos ampliar essa prática", diz a professora.

A meta dos dirigentes da FTU é tornar público o ensino da umbanda. "Estamos buscando isso, mas é um plano a longo prazo, que precisa ser processado junto ao MEC (Ministério da Educação). Ainda vai levar um tempo porque estamos só começando".


Fonte: Provedor UOL / Educação
Veja outras fotos no site: http://educacao.uol.com.br/album/01042008umbanda_album.jhtm?abrefoto=19

Cinegro exibe películas sobre povo brasileiro e cai no samba

O SESC-PB resolveu trazer ao público através do seu setor cultural a “MostraCinegro”, discutindo um pouco do muito que tem se repensado acerca do negro no cinema. Para isso, idealizou através do acervo do Cine-SESC e da Programadora Brasil a exibição de três longas e quatro curtas-metragens sobre a figura do negro, distribuídos ao longo de quatro dias, três deles com duas exibições.

A primeira exibição será na terça-feira, 13, às 12h e às 18h30, onde será exibido o documentário O Fio Da Memória, de Eduardo Coutinho, que mostra a experiência negra no Brasil através do artista Gabriel Joaquim dos Santos. Na quarta, 14, também às 12h e às 18h30, será exibido o documentário Tudo é Brasil, de Rogério Sganzerla, que mostra cenas inéditas e dos bastidores do filme It’s All True, de Orson Welles, rodado no Brasil na década de 40, que ao tentar falar sobre o carnaval carioca, acabou retratando muito da realidade do nosso país, mostrando cotidiano dos negros, além de muitas outras imagens.


No dia 15, quinta-feira, às 12h e às 18h30, será realizada a mostra Cine Samba, com a exibição de quatro curtas-metragens: Com que roupa?, de Ricardo Van Steen; Do Dia em que Macunaíma e Gilberto Freyre Visitaram o Terreiro de Mãe Ciata Mudando o Rumo da Nossa História, de Sérgio Zeigler e Vitor Ângelo; Operação Morengueira, de Chico Serra e Polêmica, de André Luiz Sampaio.


Encerrando a MostraCinegro, na sexta 16 ocorrerá a exibição do longa documentário Samba Riachão, de Jorge Alfredo, que retrata de forma muito especial características da Música Popular Brasileira, fazendo um apanhado desde os primeiros mestres à Bossa Nova, à Tropicália e ao Axé Music, e conta a incrível história do samba através do sambista baiano Clementino Rodrigues, o popular Riachão.


A MostraCinegro é mais um projeto do Cine-SESC, realizado pelo Serviço Social do Comércio, que traz ao público curtas e longas com alguma temática que possa de alguma forma adicionar algum conhecimento cultural, oferecendo entretenimento ao público. Os filmes serão exibidos no mini-auditório da no 2º andar da Unidade SESC Centro, localizado na Rua Desembargador Souto Maior, 281, e tem entrada gratuita.

Alagoas entra na luta contra a intolerância religiosa


Após 120 anos da Lei Áurea os afro-descendentes ainda sofrem as conseqüências, como por exemplo a intolerância religiosa, cujos casos permanecem em todo território nacional


Foto: Kelly Baeta

Texto: Helciane Angélica
Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da COJIRA/AL


Feitiçaria, bruxaria, religião do demônio...” são alguns dos termos pejorativos que religiosos de matrizes africanas (candomblé, umbanda, jurema, nagô, angola e gêge) continuam a escutar no seu cotidiano, além de sofrerem com o desrespeito aos rituais sagrados, repúdio às vestimentas e a hostilização em ambientes públicos. Apesar das discussões sócio-étnicos-culturais e avanços nas políticas públicas favoráveis ao povo afro-brasileiro, a intolerância religiosa e o etnocentrismo vem ganhando proporções assustadoras em todo País.

Lideranças do movimento negro alagoano, gestores, professores, estudantes, religiosos de matriz africana e outras comunidades de fé estarão reunidos num ato político contra a intolerância religiosa nesta quarta-feira (14.05) no Conjunto Village Campestre II em Maceió (AL). A atividade faz parte da semana reflexiva dos “120 anos de abolição e resistência”.

Os participantes buscam chamar a atenção das autoridades sobre as adversidades que o povo brasileiro passa nos mais variados setores, conseqüências agravantes como: o desemprego, analfabetismo, moradia inadequada e o preconceito, inclusive, na religião. Para prestigiar o ato político encontra-se a atriz Chica Xavier: “Essa alforria que estamos comemorando são dos 120 anos, mas ainda tem muitos negros sem os grilhões, sem os ferros e sem saída para suas vidas”, declarou.

O ato promoverá o diálogo inter-religioso e o respeito pela diversidade étnico-cultural. De acordo com Lúcia Marinho, advogada e Diretora de Articulação e Promoção dos Movimentos Sociais/Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, qualquer cidadão que foi vítima de intolerância religiosa pode denunciar o caso e fazer valer o seu direito. “A Constituição Federal diz que todo e qualquer cidadão é livre para escolher sua religião, e discriminar uma outra religião é crime previsto que poderá gerar um processo judicial. A partir do momento que você sofreu discriminação tem que ir imediatamente prestar queixa numa Delegacia. Esse é um direito que nós temos e as pessoas não podem mais aceitar esse tipo de discriminação, independente de religião, as pessoas tem que aprender a respeitar as outras”, afirmou.

Programação
Haverá um ônibus disponível às 17h na praça Sinimbu, no Centro, para transportar os interessados até o campo de futebol “Campo dos 30”, por trás da Associação dos Moradores do Conjunto Graciliano Ramos (AMGR), que servirá para a concentração. A programação terá início às 18h com um cortejo afro pelas ruas do bairro, ao som do grupo percussivo Baque Alagoano até a sede do Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB), onde terá o acolhimento afro.

Os participantes serão recebidos com o cântico “Toda cidade é D'Oxum” interpretado pela Ialorixá Neide de Oxum, que por duas vezes teve sua casa como vítima de intolerância religiosa. Em seguida será lido o texto-base e depois o espaço estará livre para depoimentos dos religiosos, autoridades e ativistas. Para finalizar a atividade terá a apresentação cultural da Orquestra de Tambores.

Na mobilização do ato político-cultural estão as entidades: Banda de Reggae Civilizações Roots; Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/AL); Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas; Federação Alagoana de Capoeira (FALC); Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL); Instituto Magna Mater; Núcleo de Identidade Negra em Ipioca; Núcleo de Saúde das Casas de Axé; Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro; Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás / Casa de Iemanjá; Intermídia - Núcleo de Pesquisas Midiáticas/Ufal; Cátedra FENAJ/UFAL; Núcleo de Desenvolvimento e Estudos da Capoeira (NADEC); União de Negros pela Igualdade (UNEGRO-AL).


Serviços:
O Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) localiza-se na Rua São Pedro, nº 10, Conjunto Vilage Campestre II. Maceió-AL
Contatos: 3378-7317 (GUESB) / 8865-5520 (Helcias) / 8807-1803 (Paula) / 9999-1301 (Valdice) / 8831-3231 (Helciane) / 9351-3363 (Mônica) / 9119-5730 (Jorge)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

13 DE MAIO: Festa ou protesto?

ARTIGO

13 DE MAIO: Festa ou protesto?


Helcias Pereira
· Militante do Movimento Negro alagoano há mais de 20 anos.
· Secretário de Cultura do Anajô
· Conselheiro do Instituto Magna Mater



Há vinte anos o Brasil presenciava uma série de protestos promovidos por vários segmentos representativos da sociedade afro-brasileira. De fato, se por um lado houve quem comemorasse os cem anos da abolição da escravatura como algo positivo, concomitantemente, diversos segmentos organizados do Movimento Negro realizaram grandes protestos nos vários Estados da Federação. Um exemplo que se destacou na mídia foi a MARCHA CONTRA O CENTENÁRIO DA ABOLIÇÃO no Rio de Janeiro, a qual causou uma série de confrontos, chegando inclusive a ser proibida pelo Governo que acionou as forças militares para o impedimento.

Centenas de novos grupos de consciência negra se articularam nesse período, levando alguns nacionalmente organizados a se fortalecerem ainda mais, a exemplo dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil que perpassaram as fronteiras do Sul e Sudeste, ampliando-se pelo Centro Oeste e Norte-Nordeste. Ações políticas se dimensionaram em favor da comunidade negra; surgiram novas lideranças e vislumbrava-se uma evidente nova fase de luta e de organização do Movimento Negro Nacional.

De fato, associar a Princesa Izabel ao mérito da questão seria pejorativar ainda mais a idéia de “subserviência” do povo negro e, sobretudo, maquilar a realidade, fortalecendo a ideologia do branqueamento que por si só alimenta de forma vergonhosa a prática do racismo e das várias outras discriminações. Seria como rasgar ou queimar as páginas da história, como o fez Rui Barbosa, ou ainda fazer ecoar discursos racistas e segregacionistas como assim fizeram alguns parlamentares a exemplo de Tavares Bastos. Enfim, atribuir diferenças étnico-raciais à superação de valores, é definitivamente negar ou literalmente ignorar todos os fatos históricos que condicionaram o povo negro a viver nos dias atuais as conseqüentes miseráveis condições de vida na sua maioria. Seria inclusive a tentativa de negação da luta de tantos abolicionistas, irmandades e sesmarias que ao longo da “escravidão” sempre lutaram para organizar o povo oprimido e conseqüentemente sua verdadeira libertação através da união e de uma organização eminentemente político-sócio-cultural e religiosa.

Estamos há cento e vinte anos da tal abolição da escravatura, equivocadamente ou não o 13 de maio tem sido para várias casas afro-religiosas, sobretudo umbanda, uma data em que se comemora o dia dos Pretos (as) velhos, onde se reúnem para refletirem a importância da sabedoria dos antigos, e assim unificarem ainda mais através de momentos coletivos de refeições como a Feijoada de Preto Velho, além dos mushakás e orikís em homenagem aos ancestrais.

Politicamente, o Movimento Negro conseguiu tornar o 13 de maio - Dia Nacional de Luta Contra a Discriminação Racial, e de fato, galgando no decorrer dos anos importantes vitórias relativas à questão. O racismo não só se tornou algo abominável, como teve de ser considerado CRIME na constituição brasileira, conseguindo inclusive enquadrar alguns agressores no crivo da justiça, com prisões e condenações, mesmo que essa prática ainda seja ínfima, considerando as inúmeras e cotidianas agressões, muitas vezes sequer denunciadas.

É necessário que haja uma grande reflexão em torno desta temática. São 120 anos cujos direitos à dignidade e a igualdade racial apontam para um comportamento maquilador da realidade, donde se fala em Democracia Racial e na prática, de forma camuflada, permeia-se um terrível sistema eurocêntrico, etnocêntrico e segregacionista, anulando desta forma as condições de igualdade e estigmatizando ainda mais o povo afro-brasileiro.

Comemorar o quê nesses 120 anos da abolição? Os milhares de afros-descendentes desempregados? A negação histórica de oportunidades que pudessem e podem consolidar uma vida digna e cidadã na sua maioria? A falta de Políticas públicas realmente “reparadoras” de todas as infames agressões ao povo negro por mais de quatro séculos?

É fato que não apenas a comunidade negra e seus segmentos sociais devem se preocupar em combater esses males. A sociedade brasileira precisa ser a cada dia sensibilizada e fomentada nessa incumbência, tendo em vista que setores institucionais já apontaram para essa necessidade, de gerir ações de promoção da igualdade racial, mas que ainda não abrange o todo, visto que o racismo se manifesta nos mais recônditos espaços e em todos os setores sociais.

Conhecer a história com visão crítica é mais que preciso, analisar com discernimento as conseqüentes situações de miserabilidade em que nosso povo ficou pós-assinatura da Lei Áurea é inevitável, e sobretudo, combater todas as atrocidades cometidas pelo sistema e pela sociedade racista em geral, é imprescindível.

Precisamos dimensionar a experiência de Aqualtune, Ganga-Zumba, Zumbi, Camuanga, Banga e tantos outros guerreiros; contar e recontar a história do quilombismo palmarino (1597-1704); conhecer experiências ímpares da imprensa negra brasileira a exemplo do “Clarim da Alvorada” - (1924-1932) e alguns antecessores de igual importância, como a “Sentinela” (1920); “O bandeirante e a liberdade” (1919); “O alfinete” (1918), e ainda, conhecer o processo de luta dos abolicionistas a exemplo de José do Patrocínio, André Rebouças, Cruz e Souza, Henrique Dias, Luiz Gama, entre outros.

No mais, desde os grandes e ilustres intelectuais aos mais recentes simpatizantes da causa negra e pela promoção da igualdade racial, o 13 de maio precisa ser dimensionado numa ótica critica e reflexiva, que fomente no seio da sociedade uma prática mais humana e cidadã, negando a prática da discriminação como um todo e promovendo a igualdade racial como um sinal de respeitabilidade à diversidade, combatendo a intolerância e todas as formas de discriminação.