sexta-feira, 2 de maio de 2008

Missa Afro de Ação de Graças pela liberdade

Na década de 70 os movimentos sociais estavam em evidência. A luta pela superação do regime militar marcava um momento forte dentro do país. Neste contexto, o movimento negro começava a se reorganizar na sociedade civil. Jovens padres negros, recém ordenados, começaram a entender que este movimento deveria também ter seu braço na igreja, pois a discriminação que os negros sofriam na sociedade civil, também era vivida dentro das igrejas. O entendimento era que se a igreja não acompanhasse as conquistas dos negros na sociedade civil, ela, que deveria estar à frente, ficaria para trás. Era evidente que para superar esse problema deveria se iniciar um trabalho de conscientização. De 1979 para 1980, começaram a surgir os agentes de pastoral negros (APN’s).

A Missa Afro de Ação de Graças pela Liberdade-AXÉ, uma iniciativa da Gerência de Educação Étnico-Racial em parceria com a Arquidiocese de Maceió é um momento de reflexão sobre o mês de maio, os 120 anos da abolição da escravatura e as desigualdades sociais que vivem os negros no Brasil, mas especificamente no estado de Alagoas e “Os negros do estado de Alagoas, mesma região, onde Zumbi dos Palmares se refugiou da perseguição branca, constam na 122ª posição, indicando ser um dos estados onde a população negra é mais discriminada, tanto economicamente como nas áreas da educação e da saúde.” Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil 2005/ONU e ainda “A história de Alagoas é em cima de dois genocídios. O genocídio dos índios e o genocídio dos negros. É só a partir daí que você vai ter essa idéia do que seja “territórios de Alagoas’”. (Almeida, Sávio, Gazeta de Alagoas, Caderno B, 20 de abril de 2008). O racismo promove a segregação social, política, econômica, a intolerância religiosa e a desigualdade étnica e segundo a UNICEF, entre as 800 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola no país 500 são negras. Em Alagoas esse número é um rolo compressor em desigualdade social: 47% das crianças analfabetas são negras e 27 são pardas, portanto o analfabetismo no estado alagoano é problema sócio-étnico.

“Não se pode pensar a história e o futuro do País sem a presença dos caríssimos irmãos e irmãs afro-descendentes. E há motivos de sobra para vibrar e viver a esperança num futuro de paz: movimentos negros, agentes de pastoral negros, cursos, encontros, articulação de padres, bispos e diáconos negros, aumento de vocações negras. Na Igreja a Pastoral Afro-brasileira é acolhida em suas estruturas de serviço, tendo recebido um novo alento através do subsídio intitulado “A Pastoral Afro-Brasileira”, e publicado na Coleção “Estudos da CNBB”, sob o nº 85. Esse espaço conquistado pelos Afro-brasileiros enriquece o catolicismo com sua forma de expressar a sua fé nas manifestações da religiosidade popular e nas celebrações litúrgicas. Assim, o povo negro ressuscita sua memória histórica, sua auto-estima, sua cultura, enfim, sua identidade”Dom Dimas Lara Barbosa-Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro/Secretário Geral da CNBB .

A missa afro será celebrada pelo arcebispo de Maceió D. Antônio Muniz a iniciativa busca congregar pessoas de todas as crenças, de todos os credos de todas as cores, etnias. Pessoas diferentes na busca da unidade do respeito ao ser humano, pois só a “liberdade” como produção de vida funda a paz. Não existe liberdade quando há a desigualdade social. Os negros brasileiros ainda vivem no estado da exceção pós abolição.

É a busca de incentivar o diálogo de conscientização do combate ao racismo entre os muitos movimentos sociais, religiosos,governamentais visando a construção de uma sociedade verdadeiramente pluralista, com base no reconhecimento e no respeito às diferenças.

Assim como a abolição foi o resultado da luta dos escravos, da mesma forma, a atual presença do negro nos postos de frente das igrejas católicas e protestantes, é também resultado de nossas lutas. Graças a isso, podemos comemorar o fato da CNBB reconhecer oficialmente a Pastoral do Negro no Brasil. Padre Antonio Aparecido da Silva- Diretor Provincial da Congregação Padre Orionitas-São Paulo.

Serviço: Axé- Missa Afro de Ação de Graças pela Liberdade
Local: Igreja de São Gonçalo -Farol
Celebrante: Arcebispo Dom Antonio Muniz
Dia: 08 de maio de 2008
Hora: 19 horas
Informação: Gerência de Educação Étnico-Racial - 3315-1268/8815-5794/Casa Paroquial- 3223-8107
Fonte: Assessoria

Um comentário:

  1. ...sinal soa tempos esta missa de Ação de Graças e, tão revelador é aq posição do atual arcebispo da cidade de Maceió, o qual, está assumindo uma atitude de vanguarda e inclusive em relação a esuqerda alagoana, até então, em seu somatório - com raras exceções - tem se colocado atenta para com as questões do povo negro das Alagoas.

    Estamos todos de paragens...

    Edson Bezerra

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