terça-feira, 20 de maio de 2008

Ato político contra intolerância religiosa mostra a resistência afro alagoana

Texto: Helciane Angélica
Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da Cojira-AL

Fotos: Kelly Baeta (Jornalista)


A noite do dia 14 de maio ficou na História de Alagoas. Lideranças do movimento negro alagoano, representantes de várias comunidades de fé, estudantes e profissionais dos mais diversos setores participaram de um Ato Político contra a Intolerância Religiosa, atividade integrante da semana dos “120 anos de abolição e resistência”. As ruas do Conjunto Village Campestre no bairro do Tabuleiro do Martins (Maceió) pararam, e os moradores ficaram atentos para ouvir o batuque e as palavras de ordem.


Foi com um cortejo afro conduzido pelo grupo percussivo Baque Alagoano, onde pessoas das mais variadas idades demonstraram alegria e conscientização política, por meio da dança e da música durante todo o percurso. Representou um momento de intensa união em busca de um mesmo ideal: o respeito às diferenças, além de denunciar as desigualdades político-sociais sofridas diariamente pelos afro-descendentes, e ainda, para conscientizar a população de que o racismo e a intolerância religiosa são crimes.



Os participantes seguiram até a sede do Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB), vítima por duas vezes de intolerância religiosa, onde foram acolhidos com o banho de cheiro. Posteriormente, houve o pronunciamento de lideranças, apresentações de dança e da Orquestra de Tambores. E para prestigiar a ação político-cultural estavam presentes: a ialorixá e atriz da Rede Globo Chica Xavier e sua neta, também atriz Luana Xavier, além de integrantes de entidades de outros Estados.

Estamos fazendo esse ato para que as outras religiões respeitem a nossa, porque o nosso Deus é um só. A maneira de chegar até ele pode se modificar, pode ser diferente, mas somos todos irmãos e queremos o respeito da nossa religião”, afirmou a ialorixá Neide de Oxum. O ato contou com o apoio da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal); Voyager Turismo; Mainá Água Minieral; e da Associação dos Moradores do Graciliano Ramos (AMGR).

De acordo com Paula Silva, Presidente do Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal), o afro-descendente é ridicularizado de várias formas, até mesmo quando tem orgulho de mostrar sua herança étnico-cultural, porém é preciso protestar contra a indiferença para ecoar o grito de liberdade. “Nós já sofremos o preconceito e a intolerância religiosa desde o assumir da nossa identidade. Já somos vítimas de discriminação pelo nosso jeito de ser, e tudo isso já nos causa um certo incômodo, mas nós temos que dar o nosso grito de liberdade, o nosso grito de manifesto a esse sistema opressor que está aí”, declarou.

Estiveram presentes as entidades: Associação Capoeira Angola Palmares; Associação Cultural Capoeira Tradição; Baque Alagoano (grupo percussivo); Casa de Axé Abassá de Angola Oyabalé; Central Única dos Trabalhadores (CUT-AL); Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Coletivo de Mulheres Negras do Rio de Janeiro; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (COJIRA-AL) / Sindjornal; Conselho Estadual de Mestres de Capoeira; Federação Alagoana de Capoeira; Grupo Capoeira Muzenza; Grupo União Espírita Santa Bárbara; Intermídia – Ufal; Movimento Juventude Revolução; Orquestra de Tambores; Pastoral da Negritude Igreja Batista do Pinheiro; Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde; Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Sindicato dos Trabalhadores de Escolas de Alagoas (SINTEAL).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!