Arísia Barros (*)
O Brasil é hoje um país habitado por 90 milhões de negros e pardos. Esse enorme quantitativo populacional está totalmente ausente das estruturas dos poderes político, acadêmico e corporativo. Noventa milhões, de negros e pardos que somam duas Áfricas do Sul. Chegamos a maioridade populacional mas ainda enfrentamos a invisibilidade dos direitos constitucionais.Ainda não somos nação!
O Brasil é hoje um país habitado por 90 milhões de negros e pardos. Esse enorme quantitativo populacional está totalmente ausente das estruturas dos poderes político, acadêmico e corporativo. Noventa milhões, de negros e pardos que somam duas Áfricas do Sul. Chegamos a maioridade populacional mas ainda enfrentamos a invisibilidade dos direitos constitucionais.Ainda não somos nação!
Segundo Jacques D'Adesky (2001), "negro é qualquer pessoa de origem ou ascendência africana suscetível de ser discriminada por não corresponder, parcial ou totalmente, aos padrões estéticos ocidentais e cuja projeção social de uma imagem inferior ou depreciada representa a negação do reconhecimento igualitário, fonte de uma exclusão e de uma opressão fundamentadas na dupla negação dos valores da identidade grupal e das heranças cultural e histórica".
O racismo não tem limites, tem passe livre nos espaços sociais e aí se reinventa. É feito camaleão, transforma-se em algo palatável: negro é excluído porque é pobre! A opressão racista,feito camaleão, é executada diretamente por meios psicológicos, econômicos , tecnocráticos e tantos e muitos modos de exclusão.
O racismo reinventado no Brasil alimenta nos negros a identidade da renúncia, o sentimento da autonegação político-identitária.
Não é fácil ver-se negro no Brasil!
Imagem social é algo que se constrói lenta e gradativamente e é nos círculos sociais que os introspectos territórios da auto-imagem vão sendo montados. Territórios de construção: eu, você e o grande espelho social, criado uma dinâmica de apossamento identitário.
Tia por que dói tanto ser negro?!? Indaga o menino da escola perdido em definições shakespearianas: Ser ou não ser, eis a questão!
As cicatrizes abertas pelo racismo povoam memórias de registro e registros de memória de tantos e muitos que hoje se evadem pela crioulização, pardismo,mulatismo e morenismo brasileiro, como um análogo "esquecimento" do pertencimento social. Nos tempos obamiano, ainda é muito difícil "aceitar" a predominante ascendência africana em terras brasileiras!
O que você vai ser quando crescer? Perguntam ao menino e ele: branco! (estupor da platéia!)
O menino negro quer manter-se longe de si mesmo, do que representa ser negro na intolerante hipocrisia social que minimiza o racismo, empurrando a adoção de políticas públicas comprometidas com o desmanche das desigualdades sociais que ferem sobremaneira a população negra para baixo do tapete dos contemporâneos navios negreiros.
O grande desafio do negro brasileiro é descobrir e assumir a sua identidade, tornar-se coletivo e apreender o conceito da luta por direitos iguais. Lutar por direitos é afirmação consensual da auto-estima identitária.
Ora, como seria importante se aprendêssemos a ser iguais e respeitássemos as muitas nossas e outras diferenças!
(*) Co-autora da Lei Estadual nº 6.814/07. Consultora para aplicabilidade das políticas educacionais para uma pedagogia anti-racista: Lei Estadual nº 6.814/07 e Lei Federal nº 10.639/03. Coordenadora do Projeto Raízes de África (ONG Maria Mariá), Professora, Redatora Publicitária e autora do livro: A Pequena África chamada Alagoas.
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