segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Movimento dos jornalistas por igualdade racial conquista vaga no CNPIR


A Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) é um órgão consultor da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), e é composta por seis estados e o Distrito Federal


Por: Valdice Gomes - Cojira/AL


O movimento dos jornalistas brasileiros em defesa da igualdade racial, encampado por sindicatos representativos da categoria em seis Estados e no Distrito Federal, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) completa 10 anos de fundação com uma importante conquista: está entre as dezenove entidades da sociedade civil que irá compor o Conselho Nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR), para o biênio 2010/2012.

A Fenaj estará representada no CNPIR pelas jornalistas Valdice Gomes (Cojira-AL), conselheira titular e Iris Cary (Cojira-DF) como suplente. O CNPIR é um órgão colegiado de caráter consultivo e integrante da estrutura básica da Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR), do governo federal. Tem como finalidade propor, em âmbito nacional, políticas de promoção da Igualdade Racial com ênfase na população negra e outros segmentos étnicorraciais da população brasileira.

Antes de concorrer ao CNPIR, as Cojiras e Núcleo conquistaram o reconhecimento de seu trabalho no âmbito da Fenaj, com a aprovação da Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) pelo Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em São Paulo, em 2008.

A mobilização dos jornalistas em defesa da igualdade racial teve início, efetivamente, no ano 2000, com a criação da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (Cojira-SP). Para os jornalistas, como uma questão estrutural da sociedade brasileira, as relações raciais necessitam de atuação especial da categoria, tendo em vista que a invisibilidade e padrões de baixa-estima que ganham reforço nas imagens estereotipadas e racistas têm sido o tratamento dado constantemente pela mídia à população negra brasileira.

Em 2001, motivado pela demanda do Comitê Afro do Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre, diante da invisibilidade imposta pela mídia, o Sindicato do Rio Grande do Sul funda o Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros, para contribuir com a divulgação das atividades étnicorraciais.

No ano de 2003 foi a vez do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro criar a Cojira-Rio, com a missão de lidar com as questões relacionadas à discriminação racial no mundo do trabalho e fazer o acompanhamento crítico do noticiário relacionado à questão racial. O movimento ganha corpo com aprovação de teses apresentadas pelas Cojiras e Núcleo no Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em 2004, em João Pessoa (PB).

Em julho de 2007 o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal fundou a Cojira-DF e em novembro do mesmo ano, embalado pelas comemorações em homenagem a Zumbi dos Palmares, o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas criou a Cojira-AL, sendo o quarto coletivo do Brasil e o primeiro do Nordeste. Em 2008 é fundada a Cojira-Bahia e em 2009 é a vez do Sindicato da Paraíba criar a Cojira-PB.

Atuação – Ao longo desses 10 anos as Cojiras e Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros têm contribuído para a auto-estima da população negra brasileira, fomentando o debate e reflexão sobre a realidade dos cidadãos afro-descendentes e os mecanismos utilizados pelos veículos de comunicação ao abordar a temática étnicorracial. Além disso, os jornalistas pela igualdade racial têm possibilitado uma maior visibilidade aos temas relacionados à diversidade étnicorracial e cultural do Brasil.

Em nível nacional, a articulação das Cojiras e Núcleo têm gerado resultados positivos participando da mobilização do movimento social negro para elaboração de propostas e participação efetiva na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conappir) e na I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Os coletivos também contribuíram com propostas para a Comissão de Especialistas do MEC sobre as Diretrizes Curriculares do Ensino de Jornalismo. Além de protagonizar a emissão de notas de repúdio a práticas de racismo, bem como de apoio a vítimas desse tipo de crime.


Fonte: Encarte Afro especial "Axé!" / Tribuna Independente (20.11.10)

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