A Semana de Cultura Africana acontece anualmente na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e busca proporcionar uma melhor compreensão sobre o continente por meio de exposições, debates e manifestações artísticas.
Por: Domingos Intchalá – Estudante de Jornalismo da FITS e natural de Guiné Bissau / Nícia Tavares – Estudante de Jornalismo da UFAL e natural de Cabo Verde
A África é um continente que possui 53 países, é o segundo mais populoso e mais extenso depois da Ásia. É considerado o berço da humanidade, com a existência de grandes reinos, onde a matemática nasceu e que está cercada de uma imensa riqueza cultural. O Brasil é um país multi-étnico, que possui fortes heranças africanas presentes na culinária, na ginga, nos ritmos musicais, danças; nas palavras que têm raiz africana e até no jeito alegre de ser. Porém, muitos brasileiros não têm orgulho ou não possuem conhecimento da história e cultura afro-brasileira.
Com o intuito de desmitificar o continente africano e quebrar preconceitos, surgiu a ideia de realizar a Semana da Cultura Africana em agosto de 2004. Foi precisamente, quando Sergio Moreira, secretário de Planejamento, e o guineense Carlos Lopes, então embaixador e representante do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, a convite de Rachel Rocha, professora de antropologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), se reuniram com os dirigentes, professores e estudantes do Programa Convênio de Graduação (PEC-G) para discutir as sugestões e propostas para a efetivação do evento. Assim, a semana foi incorporada dentro do congresso acadêmico da Universidade.
A presença do embaixador Carlos Lopes contribuiu para a aproximação dos acadêmicos africanos com a instituição universitária alagoana e também colaborou na auto-estima dos estudantes ao promover um espaço de manifestação com a finalidade de acabar com mitologia em relação ao continente Africano
Rachel Rocha assegura que Carlos Lopes foi convidado para conhecer a realidade dos seus congêneres; criar um espaço de manifestação, e por ser um africano que ocupou cargo de grande destaque. “Era uma obra de espelhamento entre os acadêmicos africanos com essa autoridade”, ressaltou.
Também ela não entende porque a Ufal possui cursos de letras, francês, espanhol, até latim e, não oferece nenhuma língua africana: “povo com o qual estamos visceralmente ligados”. E questiona “por que isso acontece dessa forma? A língua inglesa, francesa é mais próxima de nós, por acaso? E todo esse passado que nós temos de aproximação com a África, que ainda hoje se apresenta de forma clara em nosso processo de formação cultural. Então, acho que essas iniciativas podem alargar leques de discussões que podem culminar com a criação de um convênio mais forte que contemple idas e vindas dos brasileiros e africanos, num processo que de fato nunca se interrompeu, mas também não foi estimulado”, enfatiza.
A semana cultural africana ocorre exatamente para quebrar os paradigmas, esclarecer dúvidas e desfazer equívocos sobre o povo africano. Muitas pessoas se confundem com as informações veiculadas na mídia. “África é o País não é o continente; ela vive na miséria, não tem riqueza; os africanos são ignorantes, não são inteligentes”. Portanto, ela surge com o objetivo de proporcionar ao povo brasileiro, especialmente à população alagoana, e aos estudantes da Ufal um conhecimento sobre a história e a cultura africana, articulando-o à construção da história e cultura brasileira; promover a interação e aproximação entre os universitários brasileiros e os africanos, sobretudo os que estudam nas instituições brasileiras de ensino superior. O evento torna-se enriquecedor, à medida que traz informações esclarecedoras sobre o continente.
Um dos participantes na elaboração do projeto da semana cultural africana, Vagner Bijagó, mestrando em Sociologia, acredita que a concepção continuará. Ele tem a convicção de que os futuros estudantes e os que estão ainda aqui devem dar a continuidade ao evento. Salienta, também, a sua satisfação de ter participado e contribuído para realização da atividade desde o início.
Após a primeira edição da semana, realizada no período de 13 a 17 de dezembro de 2004, ocorreu um processo de transformação em alguns estudantes da Ufal. Carlos Henrique Martins de Jesus, graduado em Ciências Sociais, salienta que estudantes alagoanos passaram a compreender melhor a realidade política e social do povo africano. “Ela de fato tem contribuído para que esse paradigma seja quebrado”, sugere.
PEC-G
O Governo brasileiro ofereceu aos países em via de desenvolvimento, especialmente aos da África, o Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) que constitui um dos instrumentos de cooperação educacional. Neste âmbito, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) começou a receber estudantes PEC-G a partir de 1988, e oriundos de diferentes países da África: Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique, Angola e Congo Kinshasa.
No total de estudantes formados de 1988 a 2006, a maioria é da Guiné-Bissau, que representa um percentual de 26% de concluintes. É seguida de Cabo Verde, com 25% de formados e segue-se Angola, com 13%. Trata-se de uma importante compensação do governo brasileiro, e que tem contribuído para o desenvolvimento dos países africanos.
Sete edições
Nos dias 18 a 23 de outubro de 2010, durante a programação do Congresso Acadêmico da Ufal, ocorreu a VII Semana da Cultura Africana. Os alunos oriundos dos países africanos e a comunidade acadêmica realizaram um verdadeiro intercâmbio sócio-cultural e de conhecimento.
A programação foi bem variada, e os participantes conferiram a palestra “Sociedade e Estado em África”, na Tenda Cultura Estudantil, que contou com a presença do professor Ricardino Jacinto Dumas Teixeira, da Faculdade de Ipojuca (PE); e a bacharel em Música, Sônia André, natural de Moçambique e ex-aluna da Ufal, que falou sobre a Mulher Africana.
Também teve apresentação das danças de seis países (Angola, Cabo Verde, Congo, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), e o visitante teve a oportunidade de apreciar uma exposição com trajes típicos, fotografias, banners e vídeos dos países africanos, nos estandes próximos instalados no Campus de Maceió.
Com o intuito de desmitificar o continente africano e quebrar preconceitos, surgiu a ideia de realizar a Semana da Cultura Africana em agosto de 2004. Foi precisamente, quando Sergio Moreira, secretário de Planejamento, e o guineense Carlos Lopes, então embaixador e representante do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, a convite de Rachel Rocha, professora de antropologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), se reuniram com os dirigentes, professores e estudantes do Programa Convênio de Graduação (PEC-G) para discutir as sugestões e propostas para a efetivação do evento. Assim, a semana foi incorporada dentro do congresso acadêmico da Universidade.
A presença do embaixador Carlos Lopes contribuiu para a aproximação dos acadêmicos africanos com a instituição universitária alagoana e também colaborou na auto-estima dos estudantes ao promover um espaço de manifestação com a finalidade de acabar com mitologia em relação ao continente Africano
Rachel Rocha assegura que Carlos Lopes foi convidado para conhecer a realidade dos seus congêneres; criar um espaço de manifestação, e por ser um africano que ocupou cargo de grande destaque. “Era uma obra de espelhamento entre os acadêmicos africanos com essa autoridade”, ressaltou.
Também ela não entende porque a Ufal possui cursos de letras, francês, espanhol, até latim e, não oferece nenhuma língua africana: “povo com o qual estamos visceralmente ligados”. E questiona “por que isso acontece dessa forma? A língua inglesa, francesa é mais próxima de nós, por acaso? E todo esse passado que nós temos de aproximação com a África, que ainda hoje se apresenta de forma clara em nosso processo de formação cultural. Então, acho que essas iniciativas podem alargar leques de discussões que podem culminar com a criação de um convênio mais forte que contemple idas e vindas dos brasileiros e africanos, num processo que de fato nunca se interrompeu, mas também não foi estimulado”, enfatiza.
A semana cultural africana ocorre exatamente para quebrar os paradigmas, esclarecer dúvidas e desfazer equívocos sobre o povo africano. Muitas pessoas se confundem com as informações veiculadas na mídia. “África é o País não é o continente; ela vive na miséria, não tem riqueza; os africanos são ignorantes, não são inteligentes”. Portanto, ela surge com o objetivo de proporcionar ao povo brasileiro, especialmente à população alagoana, e aos estudantes da Ufal um conhecimento sobre a história e a cultura africana, articulando-o à construção da história e cultura brasileira; promover a interação e aproximação entre os universitários brasileiros e os africanos, sobretudo os que estudam nas instituições brasileiras de ensino superior. O evento torna-se enriquecedor, à medida que traz informações esclarecedoras sobre o continente.
Um dos participantes na elaboração do projeto da semana cultural africana, Vagner Bijagó, mestrando em Sociologia, acredita que a concepção continuará. Ele tem a convicção de que os futuros estudantes e os que estão ainda aqui devem dar a continuidade ao evento. Salienta, também, a sua satisfação de ter participado e contribuído para realização da atividade desde o início.
Após a primeira edição da semana, realizada no período de 13 a 17 de dezembro de 2004, ocorreu um processo de transformação em alguns estudantes da Ufal. Carlos Henrique Martins de Jesus, graduado em Ciências Sociais, salienta que estudantes alagoanos passaram a compreender melhor a realidade política e social do povo africano. “Ela de fato tem contribuído para que esse paradigma seja quebrado”, sugere.
PEC-G
O Governo brasileiro ofereceu aos países em via de desenvolvimento, especialmente aos da África, o Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) que constitui um dos instrumentos de cooperação educacional. Neste âmbito, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) começou a receber estudantes PEC-G a partir de 1988, e oriundos de diferentes países da África: Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique, Angola e Congo Kinshasa.
No total de estudantes formados de 1988 a 2006, a maioria é da Guiné-Bissau, que representa um percentual de 26% de concluintes. É seguida de Cabo Verde, com 25% de formados e segue-se Angola, com 13%. Trata-se de uma importante compensação do governo brasileiro, e que tem contribuído para o desenvolvimento dos países africanos.
Sete edições
Nos dias 18 a 23 de outubro de 2010, durante a programação do Congresso Acadêmico da Ufal, ocorreu a VII Semana da Cultura Africana. Os alunos oriundos dos países africanos e a comunidade acadêmica realizaram um verdadeiro intercâmbio sócio-cultural e de conhecimento.
A programação foi bem variada, e os participantes conferiram a palestra “Sociedade e Estado em África”, na Tenda Cultura Estudantil, que contou com a presença do professor Ricardino Jacinto Dumas Teixeira, da Faculdade de Ipojuca (PE); e a bacharel em Música, Sônia André, natural de Moçambique e ex-aluna da Ufal, que falou sobre a Mulher Africana.
Também teve apresentação das danças de seis países (Angola, Cabo Verde, Congo, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), e o visitante teve a oportunidade de apreciar uma exposição com trajes típicos, fotografias, banners e vídeos dos países africanos, nos estandes próximos instalados no Campus de Maceió.
Fonte: Encarte Afro Especial "Axé!" - Tribuna Independente (20.11.10)
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