quarta-feira, 30 de julho de 2008

Gilberto Gil deixa o Ministério da Cultura

O cantor e compositor baiano Gilberto Gil anunciou nesta quarta-feira (30) que obteve o consentimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua saída do Ministério da Cultura, na terceira tentativa, de acordo com ele.

"Pela primeira vez, nestas três vezes em que coloquei a ele (Lula) a necessidade de me afastar, desta vez encontrei-o mais tranquilizado em relação ao ministério em si e ao legado dele", afirmou Gil, em entrevista coletiva neste início de noite.

"Já era desde o final do primeiro mandato a minha intenção (deixar o ministério). Me sentia com o ciclo concluído. Já vinha enfrentando uma pressão um pouco maior das minhas atividades particulares. Ainda assim, atendi a pedido do presidente e permaneci mais algum tempo. Agora sinto que já temos condições de nos afastar sem dificuldades maiores para ele (Lula), tanto do ponto de vista político quanto do desempenho técnico do ministério, que fica com uma equipe azeitada, treinada, inteiramente adaptada ao trabalho do ministério com confiança".

De acordo com Gil, Juca Ferreira assume o cargo interinamente até a volta do presidente, que está na China. "Juca Ferreira deverá ser efetivado no cargo. Essa é a intenção que ele me manifestou", disse Gil, sobre a conversa com o presidente.

O ex-ministro citou um "sentimento de perda" por seu desligamento. "Foram cinco anos e meio de um convívio muito importante, de um governo historicamente importante, marcante para o Brasil", falou. "Minha sensação geral em relação do Ministério é a melhor possível. Deixo o Ministério por demandas pessoais, mas com um certo ar de saudade".

Sobre as críticas de que teria negligenciado a atuação no governo por conta da carreira artística, Gil afirmou que "as críticas existem desde a convocação inicial e foram sendo atenuadas à medida que o desempenho do Ministério foi se impondo". Segundo ele, o trabalho na pasta foi "muito positivo" e fez com que o Ministério da Cultura "ganhasse status no governo".

Fonte: UOL Notícias

Anajô realiza cine-fórum neste sábado

O Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, entidade do movimento negro, é uma das agentes multiplicadoras do Teatro do Oprimido em Alagoas. Neste sábado (2), às 9h, na Escola Estadual Pedro Teixeira (Feitosa), acontece mais uma oficina de teatro com alunos de escolas públicas e um cine-fórum sobre racismo na escola. Será um importante momento de integração entre os participantes do projeto, membros da entidade, professores e convidados.

Mais informações:
(82) 8865-5520 e 8831-3231

Alagoas sedia Encontro Internacional de Capoeira

De 31 de julho a 03 de agosto, acontece nos municípios de Maceió e União dos Palmares o I Muzenzumbi – “Capoeira na Terra de Zumbi”


Texto: Helciane Angélica (Jornalista - 1102 MTE/AL)
Fotos: Divulgação




Já faz uma semana do reconhecimento da capoeira como Patrimônio Nacional, mas a festa ainda continua. Alagoas sediará o I Muzenzumbi Capoeira Internacional – “Capoeira na Terra de Zumbi”, nos dias 31 de julho a 03 de agosto, nas cidades de Maceió e União dos Palmares. A atividade é organizada pelo Grupo Muzenza.

Participam Mestres, professores e alunos de capoeira de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Israel. A estimativa é reunir 500 participantes, as inscrições são gratuitas e também estão disponíveis para simpatizantes.

A programação inicia com uma palestra sobre “Religião de Matriz Africana” ministrada pelo historiador e babalorixá Célio Rodrigues, às 20h, no Centro de Treinamento (sede) – localizado na Rua da Saudade, nº 60, Clima Bom 1. E na sexta-feira, acontecem rodas de capoeira às 17h no calçadão do comércio de Maceió, e às 20h, na sede do Muzenza.

Durante o final de semana, as atividades continuam em União dos Palmares. No sábado (02) às 18h, será inaugurado no bairro Jatobá, o Centro de Treinamento do município. Os participantes terão a oportunidade de visitar à Serra da Barriga, local sagrado e palco da resistência negra, no domingo pela manhã. O encontro encerra às 15h, na Praça Basiliano Sarmento, com aulão de capoeira, batizado e trocas de cordas.

De acordo com Marcelo Cardoso (Mestre Girafa), coordenador do Grupo Muzenza em Alagoas, o encontro estimulará o intercâmbio sócio-desportivo e cultural. “Iremos mostrar um pouquinho da capoeira alagoana para o mundo”. Afirmou ainda a importância do evento para o crescimento da capoeira local. “Esse evento tem grande importância porque fortalece a capoeira de Alagoas, ao trazer mestres e contra-mestres de vários Estados que possuem experiência nacional e internacional. A maioria dos mestres que estão vindo, ministram cursos em diversos países do mundo. O Mestre Burguês (coordenador nacional do grupo) chega no sábado, vem direto da Europa”, declarou.

O evento conta com o apoio da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura; Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió; e a Prefeitura de União dos Palmares.

Muzenza


A Associação Muzenza de Capoeira é um dos grupos mais conhecidos e tradicionais da modalidade. Fundado em 05 de maio de 1972, busca desenvolver o nível técnico, teórico e didático-pedagógico dos capoeiristas, além de valorizar os Mestres experientes.


Encontra-se em todo território nacional e 45 países (04 continentes), introduziu a capoeira em clubes, quartéis, escolas, academias, comunidades carentes e negras. Já realizou 03 campeonatos mundiais, 06 Opens de capoeira e diversos eventos no Brasil e no mundo.

No estado de Alagoas, o grupo encontra-se em Maceió (Clima Bom, Complexo do Benedito Bentes, Jacintinho, Chã da Jaqueira, Feitosa, Pestalozzi) e nos municípios de União dos Palmares, Delmiro Gouveia e Arapiraca. Há 13 anos utiliza a capoeira como ferramenta de inclusão social e educacional, realizando um amplo trabalho na periferia, em escolas das redes particulares e públicas; inclusive, com portadores de necessidades especiais.

Capoeira

A capoeira é uma das principais riquezas da cultura afro-brasileira une dança, música e luta. Praticada em mais de 150 países, por capoeiristas das mais variadas classes sociais e faixas etárias, sem discriminação quanto à religião, raça e gênero. Divide-se em dois estilos angola e regional, além de ter outras manifestações como: Maculelê, Puxada de Rede, Samba Duro e de Roda.

No dia 15 de julho, a capoeira foi eleita Patrimônio Cultural, pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Entrou na lista dos 14 patrimônios culturais do País, e o processo de registro inclui a roda de capoeira no Livro das Formas de Expressão e a criação de um plano de previdência especial para os "velhos mestres".


SERVIÇOS:

Associação Muzenza de Capoeira - AL
Rua da Saudade, Nº 60, Clima Bom I. Tabuleiro Dos Martins. Cep: 57071-870 / Maceió-AL
Contatos: (82) 3033-3833 / 8814-4366 / 8816-6143 / 8808-9366

Goiânia sedia o V Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros

De 29 de julho a 1º de agosto, Goiânia sediará o V Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros – V CBPN. Uma iniciativa da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN em parceria com a Universidade Federal, Universidade Católica e Universidade Estadual de Goiás.
O tema dessa quinta edição do Congresso é o Pensamento negro e anti-racismo: diferenciações e percursos, e visa criar uma oportunidade para se conhecer a produção de intelectuais negros/as, muitas vezes "invisível" na ciência brasileira. O pensamento feminista negro, a juventude, os grupos afro-LGBTT, a intelectualidade não-acadêmica e a tradição religiosa são alguns sujeitos e temáticas dessa pluralidade do pensamento negro.
Segundo Alex Ratts, vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN e Presidente do V Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (CBPN), a expectativa é repetir o público do último congresso, realizado em Salvador, que reuniu 1500 pessoas. Ele ressalta que apesar de Goiânia não ter o mesmo potencial turístico de Salvador, há um grande interesse pelo evento por parte de núcleos de pesquisadores/as negros/as do Brasil inteiro, pois a produção goiana nesse campo tem se destacado nos últimos anos.
Grupos de trabalho, mini-cursos, lançamentos de livros, oficinas, mostra de filmes, exposição de pôsteres, mesas-redondas, conferências e apresentações culturais fazem parte da programação do V Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros/as, que pretende mostrar o rosto negro de Goiás e do Brasil Central em suas mais diversas expressões, como a produção científica, a arte, a cultura, a religiosidade e os saberes tradicionais.

SEEE participa de reunião do Consed no RS

A secretária de Estado da Educação e do Esporte, Marcia Valéria Lira Santana, juntamente com a gerente de Educação Étnico-Racial, professora Arísia Barros, participarão da 3ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que será realizada no período de 31 deste mês a 1º de agosto, em Porto Alegre, no Hotel Holliday In. Participarão também do evento os 26 gestores da educação nos estados, além de convidados, ampliando o debate acerca da educação no Brasil, bem como a formação dos docentes, as experiências de cada Estado e análise dos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos nas escolas da rede pública.

De acordo com a secretária Marcia Valéria, cada reunião do Consed serve para que sejam discutidos os rumos da política nacional de educação. Nestes momentos, são verificadas as realidades dos outros estados, discutidas as pautas de sucesso e analisados quais são os principais entraves da educação no País. Estas reuniões acontecem a cada três meses. Entretanto, assembléias extraordinárias podem acontecer quantas forem necessárias”, informa a secretária.

Marcia Valéria, que também é membro da Comissão de Financiamento e Transporte do Consed, destaca na programação desta reunião o painel sobre Financiamento da Educação Básica. “Estamos sintonizados com a política nacional cuja prioridade é garantir a qualidade do ensino aos alunos da rede pública. Vamos discutir e deliberar sobre políticas, problemas e desafios dos sistemas estaduais de ensino”, adianta Márcia Valéria.

Currículo - Segundo a secretária, outro tema relevante refere-se ao currículo e o impacto na formação dos professores, com palestras sobre formações continuadas, antigas e novas estratégias aliadas às experiências estaduais que podem colaborar para o fortalecimento da Educação Básica. “Trata-se de uma oportunidade ímpar para o intercâmbio de experiências bem-sucedidas e a socialização dos trabalhos das secretarias estaduais de Educação, além de promover o debate e a avaliação das políticas nacionais para o setor. Nosso objetivo é colaborar no debate com propostas que viabilizem as políticas públicas necessárias à construção efetiva de uma educação de qualidade em regiões pobres como a do Nordeste e discutir o processo de desenvolvimento de identidades sociais e culturais dos sujeitos da educação no contexto da Educação Básica’’, acrescenta.

Alagoas - O debate da Diversidade nas Comissões Especiais será encaminhado por secretários de Educação do Acre, do Mato Grosso do Sul e da Paraíba. Serão levantadas as experiências dos estados brasileiros com relação à Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação de Jovens e Adultos.

A participação de Alagoas na discussão da diversidade é destacada na palestra que será ministrada pelas representantes da Educação no dia 01 de agosto, com a temática: “Identidade Negra em Alagoas construindo uma educação plural”, e a partir de debates e discussões, pretende-se mostrar o avanço que o estado tem feito em instituir políticas educacionais em prol da igualdade de raças, tal como a implementação da Lei Federal nº 10.639/03, especificada na Lei Estadual nº 6.814/07.

Sancionada em 02 de julho de 2007, a Lei Estadual agrega ao currículo escolar a temática africana, sendo o estado pioneiro na estadualização da Lei Federal, além de ser considerado como referência no que concerne à diversidade étnico-racial. Alagoas também se destaca por proporcionar mensalmente encontros afro-alagoanos aos agentes de educação.

A gerente de Educação Étnico-Racial da SEE, Arísia Barros, destaca a importância do encontro para que questões sobre a educação sejam debatidas e que, numa troca de experiências, o passo a passo da implementação da consciência da igualdade racial nas escolas seja efetivada. “Sem dúvida, é um reconhecimento forte para Alagoas irmos ao Consed apresentar o trabalho desenvolvido em nossas escolas. Esperamos que os demais estados também se inspirem e criem políticas que contemplem a questão da diversidade, fortalecendo a educação como um todo”, salienta a gerente.
Fonte: Assessoria - SEEE

Projeto Inaê na Feira das Nações

Quem visitou a II Feira dos Estados e Nações, no Centro Cultural e de Convenções de Maceió durante os dias 18 a 27 de julho, pôde conferir um verdadeiro labirinto de arte e artigos para os mais diversos gostos.
A cultura afro-brasileira esteve bem representada com o estande do projeto Inaê, Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb). Foram comercializados belos acessórios e vestimentas, produzidos pela instituição, que estimula a identidade étnico-cultural de crianças e adolescentes, geração de renda e o respeito à religião de matriz africana.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

TCE/RS dá provimento a recurso da PGM

No dia 25 de junho, foi julgado pelo TCE - Tribunal de Contas do Estado do RS o recurso de embargos interposto pelo Município de Porto Alegre. O objetivo do recurso era reformar a decisão da 2.ª Câmara do TCE, que negou registro a 10 atos de admissão de professores afrodescendentes, com base na Lei Complementar Municipal n.º 494/2003 (lei das cotas raciais). A decisão recorrida fundou-se no suposto ferimento ao princípio constitucional da igualdade.
Atuaram no recurso interposto pelo Município de Porto Alegre os Procuradores Alexandre Molenda e Edmilson Todeschini, que defenderam a constitucionalidade das admissões de afrodescendentes fundadas na referida lei municipal, que visa equilibrar as relações sociais, em verdadeira ação afirmativa aos segmentos historicamente desfavorecidos e privados da terra, da riqueza, do ensino etc.
O recurso foi provido pelo Tribunal Pleno do TCE, ao efeito de serem registradas as 10 admissões de afrodescendentes. Assim, resta evidenciada a qualidade do trabalho técnico dos Procuradores de carreira de Porto Alegre em prol dos objetivos maiores da cidadania.

Maceió já tem Dia Municipal contra Intolerância Religiosa

O Ponto de Cultura - Núcleo de Cultura Afro Brasileira Iyá Ogun-té através do Vereador Galba Novaes, sanciona a Lei nº 5.871/2008 e torna o dia 02 de fevereiro como DIA MUNICIPAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA DE MATRIZ AFRICANA.

"O dia foi escolhido pela carga histórica, quando em 1912 as casas foram perseguidas e destruídas, hoje acreditamos que será um dia de luta e reflexão para todos os religiosos de matriz africana", comentou Professor e Babalorixá Célio Rodrigues.

A lei é apenas uma das ações para conquistas de políticas públicas. O Núcleo foi apenas o interlocutor entre religiosos, federações e o poder público.

"Temos uma demanda de ações para serem conquistadas e realizadas", afirmou Amaurício de Jesus, produtor cultural do Núcleo.

Axé para todos


ANO XVI

Maceió - Terça-feira, 22 de Julho de 2008

Nº 3097

Atos e Despachos do Prefeito

JOSÉ CíCERO SOARES DE ALMEIDA
Prefeito

LEI N° 5.711, DE 21 DE JULHO DE 2008.

Projeto de Lei n° 5.87 1/2008
Autor: Ver. Galba Novaes

Dispõe sobre a instituição do Dia de Combate a Intolerância Religiosa de Matriz Africana

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE MACEIÓ
Faço saber que a Câmara Municipal de Maceió decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1°- Fica instituído O DIA MUNICIPAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA DE MATRIZ AFRICANA, a ser comemorado anualmente no Município de Maceió no dia 02 de fevereiro.

Art. 2° - A data fica incluída no Calendário Civil do Município para efeitos de comemoração oficial.

Parágrafo Único - As atividades a serem realizadas por ocasião deste dia ficarão sob responsabilidade do Núcleo de Cultura Afro Brasileira Iyá Ogun-té, das Federações e Governo Municipal.

Art. 3º – Esta Lei entrará em vigor, na data de sua publicação revogadas as disposições em contrário.

sábado, 26 de julho de 2008

Katuka

Loja especializada em estética afro é inaugurada em Salvador
Inaugurada no início do mês de julho, a loja Katuka, situada na Praça da Sé, no Centro Histórico , Salvador -Bahia, nasce como uma proposta comercial de alicerce político a fim de fazer circular entre grupos negros e de religiões de matriz africana produtos de afirmação identitária.
Propondo um comércio que inverta a lógica tradicional do plano hegemônico, este que trata-se de um comércio voltado para negros e negras, controlado por brancos, tanto na produção quanto na distribuição. A Katuka se difere no que diz respeito na construção de uma produção negra, contruída e distribuída pela comunidade negra.
A Katuka, nessa perspectiva procura prioritariamente, fornecedores e produtores negros e negras como fonte inicial para construção do negócio. No formato que procure atender ao público de identidade negra em suas mais variadas vertentes de produção, que se relacionam em: livros, roupas, decoração, artigos religiosos, maquiagem, instrumentos musicais, etc.
A Loja Katuka fica no Edifício Themis, Praça da Sé, n. 5, Centro Histórico, Salvador – Bahia. Renato Carneiro e Carlos Danon são os donos da loja.

Mutação torna africanos mais suscetíveis ao HIV

Variação no DNA facilita infecção, mas faz sintomas surgirem mais lentamente. Alteração genética está em 90% da população da África subsaariana e surgiu com a evolução para proteger pessoas contra a malária.
Uma mutação genética que surgiu há milhares de anos na África para proteger as pessoas da malária pode, por outro lado, tornar seus portadores mais vulneráveis à infecção por HIV. Uma vez expostas ao vírus, essas pessoas o contraem com mais facilidade, mas também resistem a ele por mais tempo antes de seus organismos sucumbirem à Aids.
A descoberta, descrita ontem (16/7) por cientistas dos EUA e do Reino Unido no periódico científico "Cell Host & Microbe", pode explicar porque a Aids tem castigado a África mais do que todas as outras partes do mundo. Segundo os pesquisadores, 90% das pessoas na África subsaariana têm essa variante do gene, e cerca de 60% dos norte-americanos afrodescendentes também o possuem.
O estudo, liderado pelo infectologista Sunil Ahuja, da Universidade do Texas, afirma que o comportamento sexual e a falta de médicos não podem explicar sozinhos a concentração da epidemia. Hoje, mais de dois terços dos 33 milhões de soropositivos do mundo vivem na África subsaariana.
Pessoas com a variação genética recém-identificada têm risco 40% maior de serem infectadas pelo HIV. Apesar de ela proteger contra a malária, se ela não existisse a epidemia de Aids na África seria 11% menor, estimam os pesquisadores.
Dos 2,1 milhões de pessoas que morreram de Aids no mundo ano passado, 1,6 milhão eram da África subsaariana. A mutação descoberta por Ahuja e seus colaboradores cancela a produção de uma proteína que recobre a superfície dos glóbulos vermelhos do sangue.
Apesar de ela facilitar a circulação do HIV de pessoa para pessoa, ela ajuda o organismo a combater o vírus e retardar o aparecimento dos sintomas da Aids. Os soropositivos portadores da mutação vivem em média dois anos a mais que os outros. Para a epidemiologia, diz Ahuja, essa variação do DNA é uma "faca de dois gumes".
Alarme desligado
A proteína ligada ao gene foi batizada como Darc. Ela é uma espécie de "fechadura" molecular que abre uma "porta" de entrada nas células. Sem a fechadura, de nada adianta um dos parasitas da malária, o Plasmodium vivax, ter a "chave" para abri-la, e por isso a mutação protege contra essa doença.
Como a malária é endêmica na África, a mutação surgiu e se espalhou com o tempo porque a população local evoluiu para adquirir resistência. "Isso provavelmente foi há milhares de anos", diz Robin Weiss, co-autora do estudo de Ahuja.
Em relação ao HIV, porém, o efeito é inverso. A Darc ajuda a emitir as chamadas citocinas -moléculas que dão sinais ao sistema imunológico para ampliar as defesas contra o vírus. Quando a proteína está ausente, o HIV se beneficia e trafega no sangue sem ser delatado.
Os pesquisadores fizeram a descoberta em negros americanos e não na população da África. Eles observaram 1.266 soropositivos na Força Aérea dos EUA, registrados desde a década de 1980, bem como 2.000 pessoas não infectadas.
Eles descobriram que a variante é muito mais comum entre os negros americanos portadores do HIV do que entre aqueles que não o contraíram. Apenas uma pequena proporção das pessoas de ascendência não-africana carregava essa mutação genética.
Fonte: Folha de SP (17/7)

25 de julho - Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha

O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana. Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem estas mulheres, explícitas em muitas situações cotidianas.
O objetivo da comemoração de 25 de julho é ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras do estado, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

REUNIÃO

Acontece amanhã (25), o próximo encontro entre os segmentos afro-alagoanos e a OAB-AL, está marcado para às 14h, no mini-auditório. Serão discutidas as idéias de encaminhamento para a produção de uma cartilha e a realização da I Conferência Estadual dos Segmentos Afro-Alagoanos.

Um centenário poeticamente negro


Se estivesse vivo, o pai da poesia assumidamente negra completaria hoje 100 anos de idade


Colaboração: Juliana Costa
Jornalista (1090 MTE /AL)
Fotos: Web



Imagine um homem negro, considerado por intelectuais e crítica especializada como um dos nomes mais relevantes do cenário cultural brasileiro. Imagine-o como uma pessoa consciente da importância de seu papel, mas ligado às suas origens e preocupado com questões sociais. Depois de sua morte seria natural que ele, considerado um gênio, fosse imortalizado através da propagação de seu nome e de sua obra, certo?

Sim, isso seria mais do que justo. Mas não foi o que aconteceu com Solano Trindade.

Nascido no Recife de 1908 e falecido em 1974, no Rio de Janeiro, Trindade foi poeta, ator, pintor e cineasta, além de trabalhar com dança e teatro. Nascido pobre e negro, conseguiu, através de sua arte e seu trabalho, ser reconhecido nacional e internacionalmente, mas hoje está quase completamente esquecido.

Mesmo reverenciado por nomes como Carlos Drummond de Andrade, Darcy Ribeiro, José Louzeiro e Sérgio Milliet, Solano não consta nos manuais de literatura, não é um autor mencionado nas escolas e nem é encontrado com regularidade nas livrarias e bibliotecas.

Prova disso é que mundos tão diferentes quanto os de Carla Maria, 24, auxiliar de serviços gerais e Josbeth Macário, 24, jornalista, concordam num ponto: desde os tempos de escola (ela, em instituição pública; ele, em instituição privada) até hoje, nunca ouviram falar do nome, da obra e da importância de Solano.

É mesmo uma pena ter de reconhecer que um autor com tantos predicados tenha sido assim negligenciado. Mesmo com todos os meios de popularização dos quais dispomos hoje, ele foi deixado de lado – apesar de toda a produção e de todo o esforço dele pra contribuir pra melhoria da sociedade”, afirma o jornalista. Já Carla faz a seguinte colocação: “Vai ver, isso aconteceu também porque ele era preto. Você sabe, tem gente que discrimina, com ele não ia ser diferente”.

Injustiçado

Apesar das dificuldades editoriais do período, Solano deu contribuições valiosas à produção nacional. Seu maior legado, afirmam especialistas, é ter sido o pai daquela que foi e é chamada a poesia assumidamente negra – a que, como ele mesmo definiu, cantava no “estilo do nosso populário, buscando no negro o ritmo, no povo em geral as reivindicações sociais e políticas e nas mulheres, em particular, o amor”.

Além do quase total esquecimento em que suas contribuições caíram, sua obra até hoje não ganhou numerosas reedições, tal como aconteceu com autores contemporâneos dele. Houve uma tentativa da editora Cantos e Prantos, ocorrida em 2000, com o objetivo de reunir a obra do poeta no volume intitulado Solano Trindade – O Poeta do Povo. A publicação nunca saiu devido a problemas estruturais da pequena editora. Em 25 de junho deste ano, foram lançados os livros Tem Gente com Fome e Poemas Antológicos, em comemoração ao centenário do autor.

Ainda assim, o acesso à obra de Solano é difícil. Para todos os efeitos, quem quiser ler qualquer verso deste autor terá de recorrer a bons sebos ou a uma pesquisa on line.

A presença de uma personalidade artística tão fértil e engajada como a deste autor causava, a um só tempo, admiração e rejeição em diferentes camadas da sociedade brasileira. Exemplo disso é que, mesmo elogiado por tantos artistas e intelectuais, seu trabalho com o Teatro Experimental do Negro recebeu violentos ataques de conservadores. A estréia do TEN, em 1945, foi “brindado” com editorial, no jornal O Globo, que afirmava se tratar de "um grupo palmarista tentando criar um problema artificial no País".



Núcleo de Teatro Experimental do Negro-SP (1951) / Diretor Solano Trindade

Militância

Não foram apenas as artes que ganharam com as contribuições de Solano Trindade. Ainda dentro da esfera da responsabilidade social, o artista contribuiu com a realização de diversos eventos que visavam o combate à desigualdade social e à valorização do negro. Nesse intuito, organizou na década de 1930 o I e o II Congressos Afro-Brasileiros e fundou com Barros Mulato e Vicente Lima a Frente Negra Pernambucana e o Centro Cultural Afro-Brasileiro; na década seguinte, criou o Grupo de Arte Popular e o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, além de lançar o Teatro Experimental do Negro, o Teatro Folclórico Brasileiro (com Haroldo Costa) e a Orquestra Afro-Brasileira (com Paulo Ramalho); já na década de 1950 fundou, com Edson Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro e criou o grupo de dança Brasiliana, que bateu recorde de apresentações no exterior.

Apesar da relevância que seu nome ganhava, ele fazia questão de dar aulas e oficinas para operários, estudantes e desempregados. Seus esforços foram muito importantes e reconhecidos por contemporâneos, o que provocou a reação do conservadorismo reinante na primeira metade do século XX (vide a recepção de algumas instituições da época diante do trabalho do artista) e ainda atuante na segunda metade do período.

Trabalhos

Solano Trindade foi um artista multifacetado. Trabalhou com pintura, cinema, dança, teatro e poesia – esta última, considerada de suma importância por especialistas.

Escreveu os livros Poemas Negros, Poemas de Uma Vida Simples, Seis Tempos de Poesia e Cantares de Meu Povo, todos entre as décadas de 1930 e 1960. Atuou nos filmes Agulha no Palheiro, Mistérios da Ilha de Vênus e Santo Milagroso, além de ter produzido Magia Verde, premiado no Festival de Cannes de 1953. Foi o primeiro a montar a peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, e teve seu trabalho com o Teatro Popular Brasileiro elogiado por grupos como a Ópera de Pequim,a Cia Italiana de Comédia e a Comédia Francesa, além dos elogios recebidos de personalidades como Edith Piaf.

Em 1988, o Centro Cultural Solano Trindade (fundado em 1975) publicou o livro Tem Gente com Fome e Outros Poemas.

Homenagens e sessão solene

As homenagens em reconhecimento à importância do artista acontecem pelo país. Em Embu das Artes (SP), foi realizado o Festival Solano Trindade entre os dias 21 e 22 de julho; no Recife (PE), a edição de 1º de julho da Terça Negra foi especialmente feita para homenagear o centenário do poeta; no calendário de eventos do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (RJ) consta a comemoração do centenário de Solano Trindade prevista para hoje, 24 de julho.

A Câmara dos Deputados terá Sessão Solene em homenagem a Solano no dia 08 de agosto, às 15h. O deputado federal Vicentinho (PT/SP) fez o Requerimento 2680/08, aprovado por seus colegas de Casa, a fim de que a sessão fosse realizada. De acordo com o parlamentar, é apenas uma “homenagem justa” para aquele que foi chamado de “o vento forte da África”.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Brasília sedia Encontro Nacional de Rastafaris

Programação do II Encontro Nacional das Comunidades Rastafari do Brasil


23 e 24 de Julho - Sede do Instituto Cultural Congo Nya- ICCN
25 de Julho - Centro Comunitário da Universidade de Brasília


DIA 23

Manhã - 9h - 1ª Mesa: "Políticas Públicas de Cultura e Igualdade Racial"
Sr. Edson Santos - Ministro da SEPPIR (à confirmar);
Zulu Araújo- Presidente da Fundação Cultural Palmares;
Rodrigo Rollemberg - Deputado Federal;
Gustavo Almeida Filho -D. Célia Marques;
Paulo Sergio Sena - Gerente de Desenvolvimento Social de São Sebastião;
Jose Carlos COMDEMA (comissão de defesa do meio ambiente).

Tarde - 14h30 - 2ª Mesa: "Como Caminhar Juntos: Intercâmbio de Tecnologias Sociais"
Kamapew Tawá - Presidente do Aspiral do Reggae;
Luisa Andrade de Sousa - Congo Nya/RS;
Fábio Simões /RJ;
André Luis Picchi Martins -Casa de Menelik /SP;
Jonas - Nyah Livre/SP;
Sidney Rocha Nova Flor BA.
Noite -Roda Fogo da Verdade: "Socialização, Debates e Reafirmação da Cultura Rastafari".

DIA 24

Manhã - 9h - 3ª Mesa: "Mulheres Rastafari e a questão de gênero"
Jussara Santana - Produtora Cultural do Aspiral do Reggae/BA;
Luisa Andrade se Sousa - Comunidade Congo Nya/RS;
Amanda - Nyah Livre/SP;
Lia Maria - EnegreSer/DF;
Dina Lopes Nova Flor BA;
Maria das Graças Sousa Santos - Comunidade de São Sebastião - DF.

Tarde - 14h30 - 4ª Mesa: "Formando a Indústria Rastafari do Reggae"
Estevão Campos - Banda Discípulos/DF;
Kamphew Tawá - Aspiral do Reggae/BA;
Fabio Simões / RJ;
João Batista- Nyah Live/SP;
Fellipe Sobral - Banda Brasucas/ DF;
Marcelo Bigão - Banda Comercial da Lua/DF.

Noite - 20h - Roda Fogo da Verdade: "Socialização, Debates e Reafirmação da Cultura Rastafari"
Encerramento: Cerimônia Nyabinghi.


DIA 25

Manhã - Reunião na SEPPIR para entrega da Carta de Intenções do Movimento Rastafari do Brasil com proposições de políticas públicas para a autodeterminação das comunidades.

Noite - Lion's Day Music Festival - Festival de Reggae Roots
Centro Comunitário da UnBEntrada: R$ 7,00 reais + 2kg de alimentos
Shows com as Bandas: Congo Nya Junior (DF); Unificação Geral (DF); Nova Saga (BA); Kamaphew TawáNyah Live (SP) e Levitas (DF).


Mais informações sobre o Encontro Nacional:
INSTITUTO CULTUAL CONGO NYA (ICCN)
Quadra 104, Conjunto 09, Lote 07, São Sebastião-DF. CEP: 71692-345
Contatos: (61) 3335. 7151 / 9252.6816
E-mail:congonya.iccn@gmail.com / congonya_iccn@yahoo.com.br

Rastafari

O termo rastafari tem sua origem em Ras (título de nobreza que pode ser traduzido como "príncipe" ou "cabeça") Tafari Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação – Imperador da Etiópia em 1930, o Messias Negro que irá liderar os povos de origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina.

Trata-se de um movimento religioso que surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros, espalhou-se pelo mundo, principalmente por causa da imigração e do interesse gerado pelo ritmo do reggae. Acreditam que Jah (Deus) se mostra sob forma humana de tempos a tempos; pregam a irmandade, são contra todo tipo de opressão e desigualdade.

Outro importante identificador do seu afrocentrismo é a identificação com as cores da bandeira da Etiópia, freqüentemente vistas em roupas e decorações; o vermelho representaria o sangue dos mártires, o verde exalta a natureza, o dourado o sol e o preto é para representar a cor do povo africano.

Muitos rastafáris são vegetarianos, ou comem apenas alguns tipos de carne, e as bebidas são preferentemente herbais, como os chás; também tem o costume de não cortar ou pentear o cabelo, usam os dreadlocks. A marijuana ou cannabis é uma erva medicinal milenar usada pelos Rastas, não para diversão ou prazer, mas sim para limpeza e purificação em rituais controlados – alguns Rastas escolhem não usar.

Em Alagoas o movimento ainda é pequeno, destaca-se a Comunidade Quilombolas de Sião (banda de reggae, que se chamava Thiago Correia e Comunidades Quilombolas), que vem desenvolvendo essa cultura e realizam acampamentos de reflexão em União dos Palmares.


Comentário publicado na COLUNA AXÉ (22.07.08) - Tribuna Independente

Mirante Cultural chega a 6ª edição

O Centro de Estudos e Pesquisas Afro-Alagoano Quilombo realizam nesta sexta-feira (25) a 6ª edição do Mirante Cultural – “Um Quilombo Chamado Jacintinho”. A atividade acontece em parceria com Fundação de Ação Cultural (FMAC), Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL) e Associação Comunitária Cultural e Esportiva Juventude.
O projeto envolve educação e arte, acontece toda a última sexta-feira do mês, e busca impulsionar os artistas locais, trabalhar a geração de renda e valorizar a cultura afro-alagoana. Além disso, o grupo vem lutando pela requalificação do Mirante Kátia Assunção com o objetivo de transformá-lo em um espaço de fomentação de cultura e lazer - também luta pela mudança do nome do mirante para Dandâra, homenageando assim, uma das mulheres guerreiras do Quilombo dos Palmares.
Veja as atrações desta edição:
· BUMBA-MEU-BOI;
· FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA – FALC E CONVIDADOS;
· AFOXÉ ODOYÁ (Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás);
· COCO DE RODA EXPLOSÃO;
· BANDA AFRO GUERREIROS DA VILA (Ponto de Cultura da Vila Emater);
· REPENTISTAS;
· GRUPO RAGGA MANIA
· GRUPO DE TEATRO PÉ-DE-MOLEQUE (Performance)
Com informações da Assessoria.

Estatuto garante representação do negro na mídia

Segundo pesquisadora, além de garantir uma cota mínima de participação dos negros na programação midiática, é preciso garantir que a representação do negro não seja baseada em estereótipos.
Por: Ana Claudia Mielki, Jornalista e militantes dos Direitos Humanos/ES
PARA O JORNAL ÌROHÌN
Na luta pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, movimentos negros, pesquisadores e militantes esperam que sejam implantadas ações afirmativas para garantir uma maior e melhor representação do negro na mídia, seja em propaganda, em produtos de ficção ou em produtos jornalísticos. Para isso o Estatuto possui o Capítulo IX, dedicado ao tema, no qual se prevê a adoção de 20% de negros na programação televisiva.
Para falar da representação do negro na mídia, a professora Dra. Solange Couceiro, da Escola de Comunicação e Artes da USP, fala da importância de se criar condições de acesso, mas também ressalta que a questão não é a quantidade, mas a qualidade dessa representação. Solange é autora do livro “Os negros na televisão de São Paulo - estudo das relações raciais”, fruto de sua pesquisa de mestrado.
ENTREVISTA
Ìrohìn: Há pelos menos dez anos vem se tentando estabelecer uma proposta de cotas para negros nos meios de comunicação, proposta presente hoje no Estatuto da Igualdade Racial (PL N° 6.264/2005). Em termos de percentual, acredita que houve alguma mudança significativa da participação do negro na mídia nessa última década?
Solange Couceiro: Houve um avanço, em termos de televisão principalmente, e talvez dentro da televisão, na ficção, que é o produto de maior audiência. Do ponto de vista das pesquisas que tenho feito e orientado nos últimos anos, mais especificamente em relação à ficção, à telenovela, a gente encontra percentualmente um maior número de atores negros trabalhando. Mas isso também depende do autor. Não é uma coisa programada, sistemática, não está dentro de um planejamento, de uma intencionalidade. Tem muito da iniciativa individual de determinados autores. Além disso, os anos 1990 trouxeram ainda – dentro desse diálogo com a sociedade – uma preocupação com essa questão. Isso foi levado ao âmbito da esfera federal no governo de Fernando Henrique Cardoso [1994-2002]. No estado de São Paulo, a questão da participação do negro se deu um pouco antes, no governo de Franco Montoro [1983-1987] quando foram constituídos os conselhos, entre os quais o Conselho do Negro. Mais recentemente, no governo Lula, tivemos mais avanços, pois em termos institucionais a preocupação hoje é bem maior. A mídia percebe que a sociedade está se movimento mais, que os movimentos estão acontecendo mais, então ela acaba incorporando isso.
Ìrohìn: O que acha do estabelecimento de 20% de cotas para negros na programação dos meios de comunicação?
Solange Couceiro: Acredito que tudo é bom. Todas as frentes que se puder atacar para melhorar essa situação, inclusive essa iniciativa de tentar aprovar uma Lei de percentual de cotas, são muito importantes. Mas sempre fico com uma preocupação: a quantidade não significa que a imagem, a representação do negro vá ser contemplada de uma forma real, de uma maneira mais séria, de uma maneira não estereotipada. Porque você pode, de repente, colocar 25% de mulatas rebolando com bumbum de fora e aí não adianta nada. Por isso faço sempre essa ressalva: é preciso que a televisão – no âmbito de seus diretores, produtores e autores – esteja preparada para fazer uma coisa séria. Não adianta colocar 25% de estereótipos.
Ìrohìn: Você acredita que com a regulamentação a representação do negro na mídia deva aumentar?
Solange Couceiro: A gente já sabe que as coisas regulamentadas nem sempre são cumpridas. Acredito que nunca é demais regulamentar. Mas não sei se é apenas esse o caminho. A gente tem que tentar outros caminhos, mais ligados à educação, mais ligados à socialização das pessoas, ao convívio com a diversidade. O nosso modelo de relações não é um modelo separado como nos Estados Unidos, onde os grupos ocupam lugares distintos. A gente não tem esse modelo. Mas isso não quer dizer que a gente aceite com mais facilidade o outro. A regulamentação é importante. A Lei tem que existir e tem que ser pra valer. Mas só isso não é suficiente. Teríamos que ter um trabalho que venha desde a educação infantil, que é aprender a conviver com a diversidade. Uma contribuição muito importante seria o efetivo cumprimento da obrigatoriedade dos conteúdos, no primeiro e no segundo grau, relacionados à história da África e à história e à cultura dos negros no Brasil.
Ìrohìn: Desde o início da sua pesquisa, no final da década de 1960, até os dias atuais, o que mudou nesse debate sobre a representação negra nos meios de comunicação?
Solange Couceiro: Há uma linha de preocupação temática que é bastante antiga. Fazendo um histórico, no final dos anos 1960 fiz minha pesquisa de mestrado, que defendi em 1971. A pesquisa foi publicada com o título “Negro na Televisão de São Paulo”. Foi um estudo das relações sociais que, por sua vez, foi inspirado num outro trabalho sobre o negro no rádio em São Paulo, do professor que me orientou [João Batista Borges Pereira]. A preocupação era a de ver que posições os negros ocupavam nas emissoras de televisão na época, qual a programação dessas emissoras e qual a representação que essa programação trazia do negro. Mas não acho que naquela época houvesse uma grande preocupação com isso. As preocupações eram muito esporádicas. Relendo, olhando este trabalho hoje, vejo que ainda tem muita atualidade.
Ìrohìn: Hoje o interesse em debater e pesquisar a questão da representação do negro na mídia é maior, tanto do ponto de vista da militância, quando do ponto de vista da academia?
Solange Couceiro: As questões raciais começam a aparecer mais no final dos anos 1970 com o movimento da sociedade civil e a reorganização do Movimento Negro. E nas universidades, a pesquisa acadêmica acaba refletindo e refratando também os movimentos da sociedade. Então foi a partir daí, dessa grande rearticulação do Movimento Negro no final da década de 1970, que começou um interesse maior sobre a questão racial, e, especificamente, sobre a questão da representação do negro nos meios de comunicação. Mas eu diria que esse “maior” é muito relativo. Hoje a gente tem um pouco mais de interesse, mas esse tema não é o foco das pesquisas acadêmicas. Claro que as coisas foram caminhando e o tema ganhou uma expressividade na sociedade, na medida em que os estudantes negros afloraram em algumas universidades e tiveram a oportunidade também de trabalhar essa questão, de fazer pesquisas e estudar essa questão num movimento que é acadêmico e militante.
Ìrohìn: Atualmente está no ar, na TV Globo, a novela “Duas Caras”, de Agnaldo Silva, que parece ser a novela não histórica com maior número de negros. No entanto, estamos vendo casos de negação da negritude e também de representação de um preconceito às avessas. Como você enxerga essa trama e seus personagens negros?
Solange Couceiro: Realmente há muitos atores negros, há mulheres negras belíssimas, que são negras fazendo papéis muito interessantes, uma diversidade de papéis. Você tem desde a prostituta que se tornou condessa, até a menina que se rejeitava e agora não se rejeita mais, que é o caso da Sheron Menezes [Solange]. O problema do preconceito do negro contra o branco – se ele existe –, acredito que ele até exista, mas é preciso entender porque ele existe. Esse preconceito existe como uma forma de responder ao preconceito do branco. É ruim se as pessoas interpretarem como “Olha, está vendo como eles são racistas também”, pois não é bem assim. Existe uma resposta a uma agressão anterior, que não está clara na novela. A novela é ambígua, mas de qualquer maneira acho que ela está fazendo uma coisa boa: está dando a oportunidade de mostrar grandes atores negros, mulheres principalmente. Por isso digo que não basta colocar 25% de negros, é preciso saber como colocá-los.
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CAPÍTULO IX - DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Art. 73. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação dos afro-brasileiros na história do País.
Art. 74. Os filmes e programas veiculados pelas emissoras de televisão deverão apresentar imagens de pessoas afro-brasileiras em proporção não inferior a 20% (vinte por cento) do número total de atores e figurantes.
§ 1º Para a determinação da proporção de que trata este artigo será considerada a totalidade dos programas veiculados entre a abertura e o encerramento da programação diária.
§ 2º Da proporção de atores e figurantes de que trata o caput, metade será composta de mulheres afro-brasileiras.
Art. 75. As peças publicitárias destinadas à veiculação nas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, quando contiverem imagens de pessoas, deverão garantir a participação de afro-brasileiros em proporção não inferior a 20% (vinte por cento) do número total de atores e figurantes.
Art. 76. Os órgãos e entidades da administração pública direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as sociedades de economia mista ficam autorizados a incluir cláusulas de participação de artistas afro-brasileiros, em proporção não inferior a 20% (vinte por cento) do número total de artistas e figurantes, nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
§ 1º Os órgãos e entidades de que trata este artigo ficam autorizados a incluir, nas especificações para contratação de serviços de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço contratado.
§ 2º Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade de garantir a diversidade de raça, sexo e idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.
§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria e expedição de certificado por órgão do Poder Público.
Art. 77. A desobediência às disposições desta lei constitui infração sujeita à pena de multa e prestação de serviço à comunidade, através de atividades de promoção da igualdade racial.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Cojira-AL garante presença na posse festiva do Sindjornal

Texto: Helciane Angélica
Fotos: Helciane Angélica e Emanuelle Varderlei
(Jornalistas)


A posse festiva do Sindjornal aconteceu em Arapiraca, no dia 19 de julho, durante o XVIII Congresso Estadual dos Jornalistas. A jornalista Valdice Gomes encontra-se no comando da gestão “Quem luta conquista” (2008-2011). Trata-se de uma mulher íntegra e guerreira, que possui vasta experiência no meio sindical e profissional. Comprometida com as questões étnicos-racias, ajudou na instalação e integra a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL).

Na ocasião, as integrantes da Cojira-AL se reuniram com José Carlos Oliveira Torves, Diretor da Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas. Discutiu-se sobre a importância das questões étnico-raciais no movimento sindical, as necessidades de ampliação e os avanços dos núcleos no país, quanto a abordagem midiática. Também foram mencionadas as ações executadas em Alagoas, como: a divulgação de notícias no blog (www.cojira-al.blogspot.com) e na Coluna Axé.

Roda Comemorativa em Alagoas: Capoeira Patrimônio Cultural

Texto: Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)

Fotos: Ascom Ufal


Capoeiristas alagoanos se reuniram numa Roda Comemorativa, realizada no dia 16 de julho à noite no Espaço Cultural da Ufal, para festejar o reconhecimento dessa arte que une música, dança e luta. A capoeira já foi muito discriminada, inclusive, considerada crime em outros tempos. Hoje, é uma das mais importantes heranças afro-culturais e foi eleita como Patrimônio Cultural pelo Iphan.


A atividade foi iniciada com a louvação aos orixás, conduzida pela Ialorixá Neide de Oxum e para respeitar todas as crenças o Mestre Vepeta, evangélico, que também realizou sua mensagem de agradecimento. Em seguida, os representantes das entidades discursaram sobre a importância desse novo avanço para o povo afro-descendente.


Estiveram presentes: o Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Federação Alagoana de Capoeira (Falc); Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial; Mestres de Capoeira e alunos. O evento foi realizado pelo Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas, e contou com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) e da Secretaria Estadual de Cultura.


De acordo com o historiador Zezito Araújo, Vice-Diretor do Neab-Ufal, o reconhecimento da capoeira não foi tardio, e sim, reflete o contexto histórico e político do país. “Dentro do contexto da sociedade brasileira, eu não vejo esse avanço de forma tão tardia assim”, complementou ainda, “Para a capoeira se tornar patrimônio nacional, nós tivemos que ter no Ministério da Cultura e na Fundação Cultural Palmares dois negros que são capoeiristas (Gilberto Gil e Zulu Araújo). Então, quero dizer que a política pública voltada para os segmentos negros ou cultura de matriz africana, tem que ter gestores comprometidos e que entenda os negros”, afirmou.


A capoeira encontra-se entre os 14 patrimônios culturais do País, junto com o samba carioca, o ofício das baianas de acarajé, a Serra da Barriga e tantos outros, mas muitos outros aspectos ainda não têm o devido reconhecimento. “Eu também acho, que deveria dar um tratamento diferenciado às religiões de matriz africana, porque infelizmente, ainda são estigmatizadas como coisa do mal, assim como a capoeira já foi. É necessário que as religiões afros também sejam tituladas como patrimônio, para que todo Estado comece a reconhcer”, declarou Zezito Araújo.


Capoeira

Praticada em mais de 150 países, trata-se de um segmento afro que congrega indivíduos das mais diversas faixas etárias, condições financeiras, ideologias religiosas e políticas. Dividida em capoeira angola e regional, também possui outras manifestações culturais como: o Maculelê, Samba Duro e de Roda, além da Puxada de Rede.

A Federação Alagoana de Capoeira e o Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas são as entidades representativas no Estado, juntas, pregam o respeito e divulgam a contribuição sócio-político-cultural da capoeiragem.


Contatos
FALC: (82) 9302-3272 (Marco Baiano) / 9381-7765 (Leto)
Conselho Estadual de Mestres: (82) 8859-8572 (Tunico) / 8842-6725 (Sandra)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Projeto Gira Tradição realiza oficinas

O Projeto Gira Tradição busca a implantação de ações socioculturais voltadas para o universo das comunidades afro-alagoanas. Esteve entre 100 concorrentes e foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Serão realizadas duas oficinas de capacitação para 60 participantes, hoje e amanhã (18), durante o dia todo. Oficina de "Gestão Participativa", destinada para os mentores e mentoras espirituais; e a oficina de "Técnicas de Entrevista e Pesquisa", para a juventude das Casas de Axé. Acontecem respectivamente, no auditório da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) e no Museu da República, ambos no bairro histórico do Jaraguá em Maceió.

Os facilitadores dos trabalhos serão: o professor e arte-educador, Valdenício (Vando) Santos, coordenador geral do Centro de Educação Popular e Cidadania Zumbi dos Palmares (CEPEC) - oficina de Gestão Participativa. E para a outra oficina, o Historiador Zezito Araújo, Vice-Diretor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab-Ufal); e Ricardo Araújo, formado em Artes Cênicas e Mestre em Educação.

A atividade é realizada pelos pontos de cultura Quilombo dos Orixás e Chão de Folguedos, em parceria com o Pontão Guerreiros de Alagoas. Conta com o apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) e a Secretaria Estadual de Cultura.

Mais informações: (82) 8819-6762 / 3231-0064
Com informações da Assessoria.

Coluna Axé chega a 10ª edição

A Coluna Axé, produto midiático da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL), chegou na 10ª semana. Publicada toda terça-feira no jornal Tribuna Independente, já se tornou um veículo de referência na mídia afro-alagoana e vem proporcionando a interlocução entre segmentos afros, meios de comunicação e sociedade.

Pela primeira vez no Estado de Alagoas, uma entidade conquistou um espaço periódico para abordar a temática afro. Editada pela jornalista Helciane Angélica, a coluna ocupa meia página colorida no formato stand, é preenchida com: editorial, notas informativas, curtas e fotos.

Busca a sensibilização étnico-cultural e dar visibilidade às atividades realizadas por segmentos afros e políticas públicas favoráveis ao povo afro-descendente, além de estimular a reflexão sobre o papel da imprensa nesse contexto. As sugestões de pautas podem ser enviadas para o email cojira.al@gmail.com, e são aprofundadas nesse blog.
Mídia e igualdade racial
A Cojira-AL é interligada ao Sindicato de Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), instalada no dia 24 de novembro de 2007, foi a primeira do Nordeste. Atualmente, existem seis núcleos no Brasil que trabalham as questões étnicos-raciais no movimento sindical de jornalistas, são eles: Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do Rio Grande do Sul e as Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRAS) em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Alagoas e Bahia.

SENAI monta escola técnica em Cabo Verde

Instituição brasileira ajuda a montar cursos profissionalizantes no país africano; previsão é atender 1.200 alunos a partir de agosto
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina
O SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) vai começar a operar sua primeira unidade em Cabo Verde, país africano de língua portuguesa que é o 102º no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A expectativa é que o centro de formação profissionalizante, instalado na capital Praia, comece a funcionar em agosto e forme 1.200 alunos por ano nas áreas de informática, alimentos, construção civil, serralheria, eletricidade e hidráulica.

A iniciativa é resultado de uma parceria entre o governo brasileiro e o caboverdiano e foi implantada pelo SENAI Ceará, com recursos do PNUD. A instituição de ensino brasileira ficou responsável por reformar o prédio da escola, montar os laboratórios, capacitar professores e treinar técnicos para administrar a instituição e para elaborar o currículo pedagógico dos cursos. A unidade foi inaugurada em 27 de junho.

As áreas dos cursos foram escolhidas depois de uma análise do mercado local. “Existe muita demanda por esse tipo de profissional, principalmente em construção civil e alimentos”, afirma o diretor regional do SENAI Ceará, Francisco Magalhães.

“Criou-se um modelo autônomo para que os gestores do país africano assumam a escola sem precisar da assessoria do SENAI”, diz Magalhães. “Porém, como o Ceará fica a cerca de três horas e meia de Cabo Verde, a intenção é continuar a cooperação entre as instituições, com atividades como intercâmbio de alunos”.

NEAB em expansão

Na última semana o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab-Ufal), participou de uma reunião com outros NEABs dos estados do Maranhão, Sergipe, Pernambuco e Bahia, para desenvolver o projeto no Nordeste. A convite da Fundação Joaquim Nabuco, os núcleos se reuniram e acertaram que até dezembro será realizada uma ação piloto entre os NEABs. Segundo a coordenadora do NEAB-AL, professora Clara Suassuna, a Fundação Joaquim Nabuco vai criar um acordo com a Universidade Federal de Alagoas para viabilizar o processo.

Fonte: www.ufal.br

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Alagoanos festejam indicação da capoeira como Patrimônio Cultural

Por: Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)


A capoeira, uma das mais importantes heranças afro-culturais, foi finalmente eleita Patrimônio Cultural. Capoeiristas alagoanos se reúnem hoje (16) às 19h, no Espaço Cultural da Ufal, numa Roda Comemorativa para festejar o reconhecimento dessa arte que une música, dança e luta. O evento é realizado pelo Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas, e conta com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab-Ufal) e Secretaria Estadual de Cultura.

O registro foi votado ontem (15), na reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA). Passa a ser um dos 14 patrimônios culturais do País, junto com o frevo, o samba carioca e o ofício das baianas de acarajé, entre outros. O ato também garantirá o respeito e a valorização de mestres e professores, inclusive, com a criação de um plano de previdência especial para os "velhos mestres".

Em meados do século XIX era tida como um dos principais problemas urbanos do Rio de Janeiro, capital do Império – considerada uma contravenção penal que precisava ser exterminada. Hoje, a “prática de malandros”, se configura como filosofia de vida, ação terapêutica e também método de inclusão social.

Praticada em mais de 150 países, trata-se de um segmento afro que possui linguagem universal. Congrega indivíduos das mais diversas faixas etárias, condições financeiras, ideologias religiosas e políticas. Dividida em capoeira angola e regional, também possui outras manifestações culturais como: o Maculelê, Samba Duro e de Roda, além da Puxada de Rede.

A Federação Alagoana de Capoeira e o Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas são as entidades representativas no Estado. E juntas pregam o respeito e divulgam a importância político-cultural da capoeiragem local. Todos os capoeiristas, mestres e admiradores estão convidados para integrar a grande Roda Comemorativa.

Serviço
Roda Comemorativa – Capoeira Patrimônio Cultural
Dia: 16.07.08 (quarta-feira)
Horário: 19h
Local: Espaço Cultural da Ufal, localizado na Praça Visconde de Sinimbu, Centro. Maceió/AL.
Entrada franca.
Contatos: 8859-8572 / 8842-6725 / 8874-5211 / 9917-0517

Avanço

Desde o dia 03, a jornalista Georgina Maynart, apresenta o programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia. Reconhecida pela competência e dedicação, é um exemplo de sucesso para os profissionais afrodescendentes de comunicação.

Trata-se de um avanço, pois os negros dificilmente encontram-se em cargos de confiança e visibilidade nos meios de comunicação; e o descrédito se intensifica na televisão devido ao padrão estético europeu enraizado – é mais uma característica do racismo institucional em nosso país.

Georgina tem 32 anos, nasceu em Paripiranga, interior da Bahia e formou-se em jornalismo na Faculdade de Comunicação da UFBA em 1998. Já trabalhou com produção, edição e telereportagem na TVE e há cerca de cinco anos atua como repórter.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Segmentos afro-alagoanos têm reunião com Fundação Cultural Palmares

Reportagem e fotos: Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)



Lideranças do movimento negro de Alagoas tiveram uma reunião extraordinária no último sábado (12), com o presidente Zulu Araújo, da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura. O encontro aconteceu na sede do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), após ser adiado algumas vezes devido às alterações na agenda.


Dentre os pontos de pauta destacaram-se: a inclusão da cadeira representativa da capoeira no comitê gestor do Parque Memorial Quilombo dos Palmares; Igualdade de tratamento em relação aos projetos que envolvam os segmentos afro-alagoanos; Políticas Públicas da Fundação para Alagoas; e a situação dos moradores da Serra da Barriga.





Mestres e professores de capoeira reivindicam o reconhecimento da categoria no comitê, já que, no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) cerca de 80% do público que vai até a Serra é capoeirista. “A capoeira é um movimento político-social e cultural no mundo inteiro, que possui uma linguagem universal. E a gente fica sem entender porque não tem uma representação da capoeira no comitê gestor do Parque. Os religiosos também estavam de fora e tiveram que se reunir e sensibilizar, e nós (capoeiristas) estamos indo no mesmo caminho e temos esse direito”, declarou Mestre Conde.




As discussões sobre o respeito da capoeira ocorrem justamente num período importante, onde essa riqueza afro-cultural é candidata a patrimônio cultural. Estiveram presentes o Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Federação Alagoana de Capoeira (Falc); Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas; Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup); Centro de Pesquisa e Estudos Afro-Alagoanos Quilombo; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL); e o historiador Zezito Araújo, Vice-Diretor do Neab-Ufal e Secretário Executivo do Comitê Gestor.

O presidente da FCP ouviu atentamente aos questionamentos e críticas como: diferenciação de cachê para os grupos de capoeira em relação aos demais segmentos; dificuldades no acesso de informações; e as ações eventuais da Fundação em Alagoas, que focam as mesmas instituições e principalmente grupos de outros estados.

Zulu também fez duras críticas ao movimento negro local. “O movimento negro é um conjunto de ações de várias entidades e em vários Estados. E não é o fato de hoje eu estar como gestor, que me retira do movimento”. Rebateu ainda perguntando: “Se todos os outros segmentos exigirem sua representação, então, qual é o papel do Fenal? Eu não tenho problema nenhum em atender os segmentos, mas sendo assim o Fenal será mais uma entidade e não um Fórum” declarou.

No encerramento da reunião, as entidades deliberativas da capoeira alagoana entregaram um documento com seus posicionamentos e indicação de representantes. Mesmo sendo filiados ao Fenal, afirmam que é preciso ter no comitê gestor uma pessoa da própria capoeira, por vivenciar na prática. O mesmo acontece com os quilombolas, somente eles podem defender e discursar com propriedade sobre suas reais necessidades - justificaram a estratégia de ocupação de espaço.

Próxima visita

Zulu Araújo retorna a Alagoas no dia 30, foi convocado para uma audiência no Ministério Público Federal, que definirá a situação das famílias residentes na área tombada da Serra da Barriga. E também conversará com os moradores in loco, pois tem que atender às exigências legais (cadastramento e re-locação), além dos aspectos sociais como geração de emprego e renda.

Também se comprometeu em ter reuniões específicas com a Falc e o Conselho Estadual de Mestres, para discutir políticas favoráveis à capoeira no Estado de Alagoas e deliberar sobre a inclusão ou não da capoeira no comitê gestor. O próximo encontro ficou agendado para o dia 1º de agosto, às 9h no Neab-Ufal.

Teatro do Oprimido Alagoano encena realidade

Texto e fotos: Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)


Na última sexta-feira (11) no Teatro Jofre Soares, localizado no Sesc-Centro em Maceió, ocorreu a apresentação especial “Guerreira da Vida”, que abordou a violência contra a mulher. A atividade já é fruto do ponto de cultura Guerreiros da Vila, uma das entidades multiplicadoras do Teatro do Oprimido Alagoano.

A entidade desenvolve ações sócio-culturais há 11 anos na comunidade Vila Emater II, localizada ao lado do Lixão de Maceió. Espaço de educação complementar que escolheu a cultura como ferramenta de inclusão social, com: oficinas de artes, música, circo-escola, poesia, dança, capoeira, contadores de história e recentemente o teatro do oprimido.

O desrespeito e a violência doméstica independem de cor e classe social. E por meio do teatro-fórum o público é convidado a interagir com os jovens artistas, além de propor mudanças para ações opressoras que foram apresentadas. Na ocasião, também ocorreu a exposição da Estética do Oprimido, resultados da segunda etapa do projeto Fábrica de Teatro Popular Nordeste realizada em Alagoas. Foram apresentadas telas produzidas pelos participantes, onde expressam a forma como visualizam a bandeira do Brasil.

Nós não trabalhamos com atores profissionais, e sim, com gente. O Teatro do Oprimido busca a transformação social, apresenta espetáculos sobre a vida das pessoas e convida a platéia para interagir”, afirmou Helen Sarapeck, uma das coordenadoras do projeto Fábrica de Teatro Popular Nordeste.


Ao todo, são 40 Multiplicadores em processo de formação em Alagoas, que representam Grupos Culturais, Pontos de Cultura, Sindicatos e Movimentos Sociais. Atuam intensamente em Palmeira dos Índios, Arapiraca, Delmiro Gouveia, Matriz de Camaragibe, Fleixeiras, União dos Palmares, Murici e Maceió. Cerca de 700 pessoas são beneficiadas, dentre: crianças, jovens, adultos em aldeias, acampamentos, comunidades quilombolas, assentamentos rurais, comunidades empobrecidas, escolas e universidades; tanto no campo e quanto na cidade.

O projeto é executado pelo Centro de Teatro do Oprimido - CTO, com patrocínio da Petrobras, e em parceria com a Fundação Municipal de Ação Cultural e o SESC-AL. Também se encontra nos estados de Pernambuco e Sergipe.

Teatro do Oprimido

Com quase quatro décadas de existência, o teatro do oprimido é praticado em aproximadamente 70 países, por todo o mundo, e em 19 estados brasileiros. O Método de Augusto Boal tem ampliado as possibilidades de expressão de diversos grupos, auxiliando na busca de alternativas de solução para problemas reais.

Trata-se de um instrumento fundamental para o desenvolvimento de programas sócio-culturais. Por ter uma metodologia lúdica e atraente, de fácil aplicação e que não exige custos altos de investimento vem alcançando resultados eficientes em Alagoas.

Mais informações: Claudete Felix (21) 9357 0034; Helen Sarapeck (21) 8181 8183 ou Thiago Sampaio (82) 3326-3133/9905-0575.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Em movimento

Muitas pessoas quando pensam em Movimento Negro, na maioria das vezes, associam ao Dia Nacional da Consciência Negra e as manifestações artísticas-culturais. Porém, mal sabem elas que as ações acontecem durante o ano todo, nas salas de aula, Universidades, casas de axé, praças e escritórios.
O Movimento Negro do Brasil tem 25 anos de lutas e contribuições, como: a implantação de políticas afirmativas; investimento na saúde da população negra; registro de comunidades remanescentes de quilombo, e outros.
Heterogêneo e forte, ramifica-se em vários setores como: capoeira, dança-afro, banda percussiva, teatro popular, religiosos de matriz africana, escolas de samba, grupos políticos e instituições comprometidas com as questões étnicos-raciais. Porém, não é preciso ser filiado a uma entidade, muito menos ter melanina (pigmento que colore a pele) acentuada, para defender os afro-descendentes.
Desde o Quilombo dos Palmares luta-se não só por liberdade, e sim, por justiça, oportunidades e respeito à diversidade. O movimento social negro é composto por pessoas das mais diferentes comunidades de fé, etnias e opções sexuais, que vêm abrindo os “olhos” da população brasileira para as desigualdades geradas pela discriminação e o racismo.
Os grupos enfrentam inúmeras dificuldades financeiras e almejam mais visibilidade na mídia para divulgar a História e a riqueza afro-cultural. É chegada a hora de esquecer as desavenças pessoais e políticas, pois novos desafios surgem a todo instante.
E a palavra de ordem continua sendo: União!
Comentário publicado na COLUNA AXÉ (Tribuna Independente) - 08.07.08

Seminário na Paraíba


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Disputa


Vanda Menezes volta ao cenário político alagoano. Marchando ao lado de Judson Cabral, na condição de vice, disputará a Prefeitura de Maceió pela coligação PT e PDT. Ativista negra conhecida nacionalmente, feminista, psicóloga, já foi Secretária da Mulher no Governo Lessa, e atua no movimento negro a mais de 20 anos.

Capoeira deve se tornar patrimônio cultural brasileiro

A capoeira é a próxima manifestação brasileira candidata a patrimônio cultural. O registro será votado na próxima reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em 15 de julho, no Palácio Rio Branco, em Salvador, Bahia. No mesmo dia, também será apreciado o tombamento do Forte Assunção, do século XVII, que deu Nome à cidade de Fortaleza, capital do Ceará, além da proposta de preservação de vários edifícios de valor histórico do Bairro do Comércio, na Cidade Baixa Salvador, Bahia.

O registro de patrimônio imaterial também deverá valorizar o ofício dos mestres nesse saber que mistura luta, música e dança. Responsáveis pela divulgação desta atividade em mais de 150 países, Os mestres terão sua habilidade de ensino reconhecida.

Os capoeiristas vão celebrar o registro de sua arte com um grande evento no Teatro Castro Alves, oferecido pelo Ministério da Cultura, o Iphan e o Governo do Estado. Já estão confirmados apresentação dos baianos do Recôncavo, Maria Bethânia e Roberto Mendes, dos percussionistas Naná Vasconcelos, Wilson Café e Ramiro Musotto, além do mestre capoeirista Lorimbau. A entrada será gratuita e haverá distribuição de ingressos na véspera.
Ainda no Teatro Castro Alves, será aberta a exposição “Na roda da capoeira”, produzida a partir do inventário realizado entre 2006 e 2007 para o registro deste bem imaterial. São pinturas, esculturas em barro, instrumentos musicais, xilogravuras e folhetos de cordel que retratam o universo da capoeiragem. Na ocasião, também haverá o lançamento do livro, produzido pelo Iphan, Ofício das baianas do acarajé. O material é resultado do processo de registro, em Janeiro de 2005, deste outro saber característico da cultura brasileira.

Governo apóia cotas para escola pública em universidade

Haddad comemora projeto aprovado no Senado que reserva 50% das vagas nas instituições federais
Por: Ana Paula Scinocca (jornal O Estado de SP)
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem (3/7) que o governo vai encampar o projeto aprovado pelo Senado que destina 50% das vagas das instituições profissionais e tecnológicas e universidades federais para estudantes das escolas públicas. Para ele, trata-se de "justiça social". O projeto, que ainda precisa ser votado na Câmara, é rechaçado por setores da oposição por embutir cotas raciais.
"A questão é social e, dentro das vagas reservadas, a distribuição para negros e índios é proporcional à população dos Estados. Ninguém pode se queixar", afirmou.
Dentro destes 50% das vagas para alunos oriundos de escolas públicas, o projeto prevê cotas específicas para estudantes que se declarem negros e índios em proporção semelhante à população do Estado onde fica a unidade de ensino federal. "Não estamos querendo tirar de um para dar para o outro. Não é dividir o mesmo; é dividir mais e com mais gente", disse, ressaltando que a aprovação da proposta no Senado, na terça-feira, ocorreu no melhor momento.
Isso porque, segundo ele, no mesmo dia em que foi aprovado o projeto, da líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), também foi aprovada a expansão das universidades e escolas técnicas. "São 150 novas escolas técnicas federais. Vamos duplicar as vagas para o ensino superior chegando a 229 mil novas vagas e 1,08 milhão de matrículas em quatro anos. Não há motivo para temor", disse.
Especialistas em educação, como o deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ministro da Educação no governo de Fernando Henrique Cardoso, defendem outro modelo. Ele é favorável à reserva de cotas sociais, mas não concorda com a reserva de parte dos 50% para negros e índios. "A cota racial dá um privilégio extra para aqueles que, dentro do segmento racial, têm maior renda."
O tucano pretende apresentar emenda que destine em cada instituição federal de ensino superior e técnico parte das vagas para alunos de famílias com renda familiar igual ou inferior a três salários mínimos.


Fonte: O Estado de SP (04/07)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Artigo: A Educação é uma Segunda Abolição


Por: Arísia Barros
Professora; Publicitária; Gerente Étnico Racial da Secretaria Estadual de Educação e Esporte de Alagoas
Autora do livro: "A Pequena África Chamada Alagoas” (2007)



O último *Relatório de Desenvolvimento Humano elaborado pelas Nações Unidas aponta Alagoas como um dos estados da federação em que às desigualdades raciais entre brancos e negros é alarmante e segundo a pesquisa não só os fatores econômicos e geográficos interferem na ascensão pessoal e social, a cor da pele é estigma social provocador de uma nova história geográfica. Um apartheid sócio-étnico.


As desigualdades entre brancos e negros nos remota a urgente necessidade política de rever a abolição de 1888. Revoluções sociais na promoção de políticas para a igualdade racial, onde os menos favorecidos tenham maior concentração de políticas públicas para se tornarem iguais. Equidade!


O racismo é um fenômeno sistêmico que desvitua conceitos e adultera histórias. Permite a eliminação censitária dos negros, a partir do conceito da miscigenação dos povos, e territorializa um grande percentual de brancos. Uma distorção alarmante apontada pelo *censo escolar diz respeito à raça das professoras e professores brasileiros. Do total de docentes da Educação Básica, 51 não declararam raça. Entre o restante 32% são brancos,14% pardos e apenas 2% negros. A partir dessa auto-invisibilização identitária a concepção do que é identidade étnica torna-se uma figuração do abstrato. Como ensinar o que eu não me permito saber ou perceber? A diversidade étnica alagoana ainda é uma jóia desconhecida.


A Lei Estadual nº 6.814/07 é um política pública em curso. São 365 dias de quebra do silêncio pedagógico estrutural, uma segunda abolição na mobilização dos diversos grupos sociais no rever, segundo Mir Luís “a história oficial da estadolatria colonial.”, como também rever as metáforas sociais e os abismos estruturais que aniquilam identidades étnicas.


Tia, porque dói tanto ser negro?! Pergunta-me o menino da escola.


*Fonte: Revista Escola Pública-Ano I-Número 4.Maio/Junho 2008- Editora Segmento
* citação Luís Mir- Guerra Civil- Estado e Trauma- Editora Geração Editorial

Só agora, Bush tira Mandela da lista

Só ao completar 90 anos, o que acontecerá no próximo dia 18 deste mês, e depois de se tornar o primeiro presidente negro da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, liderando a luta que pôs fim ao regime do apartheid, Nelson Mandela terá o seu nome retirado de uma lista do Governo americano em que ele e sua organização - o Congresso Nacional Africano - são considerados terroristas.
O presidente George W. Bush sancionou na semana passada a lei aprovada pelo Congresso americano, em tempo das comemorações do aniversário de 90 anos de Mandela.
O texto da Lei retira o Congresso Nacional Africano de uma lista do Departamento de Estado, de organizações consideradas terroristas.
Avô da Nação
Mandela deixou a prisão em 11 de fevereiro de 1.990, aos 71 anos, depois de permanecer 27 anos encarcerado. A libertação havia sido anunciada na véspera pelo último presidente branco da África do Sul, Frederik de Klerk, com quem Mandela viria a compartilhar o Prêmio Nobel da Paz em 1993.
Mandiba seu nome xhosa e como é carinhosamente chamado, segundo sua atual mulher, Graça Machel, ex-mulher do líder revolucionário moçambicano, Samora Machel, "é capaz de se abrir, de dizer coisas que outros não poderiam dizer e, ao mesmo tempo, guardar sua dignidade”.
Ao completar 80 anos, numa visita a Líbia como chefe de Estado, Mandela chegou a causar certo constrangimento quando confidenciou ao seu amigo Mwamar Kadafi estar apaixonado por Graça Machel, ao encerrar uma entrevista em que acabara de falar sobre a crise do Congo, criminalidade e Direitos Humanos. "Estar apaixonado é uma experiência que todo homem deve experimentar. É tão maravilhoso para mim... seu amor fez com que eu me abrisse como uma flor", afirmou Mandela. Ao se afastar dos negócios do Estado, Mandela foi proclamado “avô da nação” e “ícone da reconciliação”, cvonforme definição do arcebispo Desmond Tutu.
Fonte: Afropress