terça-feira, 30 de setembro de 2008
Projeto cria universidade luso-afro-brasileira
domingo, 28 de setembro de 2008
Serra da Barriga: acesso permitido?
Texto e fotos: Helciane Angélica
Jornalista / Cojira-AL
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Cota para negros em universidade pública é bem aceita, indica pesquisa
Em vigor há cinco anos, as cotas para alunos negros nas universidades públicas não acirraram nenhum tipo de relação social no ambiente acadêmico. Nas universidades nas quais existem ações afirmativas, 62% dos alunos aprovam a medida e acham que a universidade esta até mais "cordial" que a própria sociedade.
A avaliação foi apresentada na última quarta-feira (24/09) no Monitoramento das Políticas de Ação Afirmativa, divulgado pela Pontifica Universidade Católica (PUC) Rio. Cerca de 2,5 mil alunos de diversas etnias foram ouvidos em dez universidades públicas do país que adotam algum tipo de ação afirmativa como as cotas.
Segundo o levantamento, a maior parte dos alunos entrevistados avaliou como boa a relação entre os colegas oriundos de ações afirmativas (57,5%), com os outros alunos, em geral, (60,4%), com professores (67%) e funcionários da escola (64,4%).
As opiniões ficaram divididas quando a pergunta era sobre o tratamento dado a negros e brancos na universidade. Cerca de 40% respondeu que às vezes existe tratamento diferenciado e outros 43,6% contaram que nunca ou quase nunca há desigualdade. A divergência, no entanto, apareceu quando os alunos foram perguntados sobre as formas como negros e brancos são tratados na sociedade. A maior parte (46,7%) disse que sempre ou quase sempre há diferenciação e outros 47,6 % informaram que isso ocorre às vezes.
Para uma das coordenadoras da pesquisa, a antropóloga Elielma Machado, o monitoramento esclarece que os alunos percebem mais racismo fora do que dentro das faculdades. "Eles tendem a ver mais (racismo) na sociedade que na faculdade. Em outras pesquisas também vimos que os casos mais comuns de racismo acontecem em comércio, shoppings ou mesmo na rua. Realmente, na universidade não aparecem tantas queixas de racismo" afirmou.
Fonte: www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seppir/noticias/ultimas_noticias/pesquisa_cotas_pucrj
Igreja Universal do Reino de Deus é condenada por intolerância religiosa
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) a indenizar em R$ 145 mil os filhos e o marido da ialorixá (mãe-de-santo) baiana Gildásia dos Santos e Santos, a mãe Gilda, por danos morais. A decisão, por unanimidade, foi da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A origem da ação judicial contra a Iurd foi a publicação, em 1999, de uma foto da religiosa em uma reportagem do jornal 'Folha Universal', da Iurd, intitulada 'Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes'.
Mãe Gilda e seus filhos entraram com uma ação na 17ª Vara Cível da Estado, que condenou a Igreja Universal ao pagamento de R$ 1,4 milhão como indenização. A decisão tomou como base a ofensa ao artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal (proteção à honra, vida privada e imagem). Além disso, a Folha Universal também foi condenada a publicar, em dois dos seus números, uma retratação à mãe-de-santo.
No recurso ao STJ, a Universal alegou que a decisão da Justiça baiana ofenderia os artigos 3º e 6º do Código de Processo Civil (CPC) por não haver interesse de agir dos herdeiros e que apenas a própria mãe-de-santo poderia ter movido a ação. A defesa argumentou que a “suposta” ofensa não teria efeitos neles. A Igreja Universal também não seria parte legítima, já que a Folha Universal é impressa pela Editora Gráfica Universal Ltda., que tem personalidade jurídica diferente daquela da igreja.
De acordo com o STJ, a decisão é inédita no país. Mãe Gilda morreu de infarto em 21 de janeiro de 2000, um dia após assinar a procuração para a abertura do processo. Ainda cabe recurso da igreja de Edir Macêdo.
Fonte: www.correiodabahia.com.br
Cabelo Afro
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
CONVITE - Neab/Ufal
Venho por meio deste convidar a todos para participar da reunião do grupo de estudos diversidade étnico racial/GEDER, do projeto "A educação e as relações étnicas" que realiza mais um encontro nesta quinta-feira (25.09), das 14 às 16 horas, na sala do NEAB, situada na antiga reitoria - Praça Sinimbu, 206, Espaço Cultural da UFAL.
Tema abordado: A Relação entre a Cultura Afro e Indígena no Brasil
Palestrante: Professor Mestre Gérson Alves da Silva Júnior
Contatos: (82) 3336-3885 / 8839-1301
Maceió tem debate político pela diversidade
(Jornalista; Presidente do Anajô e integrante da Cojira-AL)
Conheça alguns posicionamentos e propostas:
Judson Cabral: “Defendo as cotas, não como um processo para combater o preconceito racial, mas como processo para resgatar o direito às oportunidades”
· Implantação da Secretaria Municipal da Igualdade Racial;
· Instalação de escolas em regime integral em áreas de risco social;
· Sensibilização dos professores para a propagação da história e cultura afro.
Manoel de Assis: “Como a sociedade diz que não existe racismo se os piores índices atingem os negros. (...) Esses governos estão comprometidos com os mais ricos e os grandes empresários, e a população socialmente prejudicada continua na mesma”
· Implantação de postos de saúde;
· Criação de uma empresa pública de transporte;
· Redução da jornada de trabalho e o enfrentamento com o poder econômico.
Mário Agra: “A opressão é milenar. Na sociedade capitalista é possível excluir o racismo? Só com uma sociedade sem classe a exploração será extinta”
· Investimento para pontos de cultura;
· Ampliação do diagnóstico e tratamento da anemia falciforme;
· Implantação de conselhos municipais.
Solange Jurema: “As mulheres negras foram as primeiras a reivindicar seus direitos e dar força ao movimento (...) No entanto, se fosse fazer um levantamento do ‘pobre + pobre’, o perfil seria uma mulher negra, nordestina e trabalhadora rural”
· Oferecer tratamento diferenciado para as doenças que atingem a população negra: anemia falciforme, miomatose, hipertensão, etc.
· Investir na auto-estima da população negra, e nas escolas fortalecimento das manifestações culturais;
· Implantação de creches.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Ministro quer punição maior contra intolerância religiosa
“Talvez seja necessário um dispositivo legal, que criminalize de forma muito clara essas manifestações religiosas, punindo seus responsáveis”, disse. “Na maioria das situações, os lideres não aparecem, mas seus seguidores são instrumentalizados e orientados a ofender e agredir as religiões, em especial, as de matriz africana”, completou o ministro.
Atualmente, a maioria dos crimes de preconceito religioso no país são enquadrados no Artigo 208 do Código Penal, que estabelece detenção de um mês a um ano, ou multa - que pode ser aumentada em até um terço, no caso do emprego da violência -, para os casos de intolerância, como o dos jovens que destruíram um centro espírita no Rio, em junho passado.
No entanto, muitas lideranças de religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, pedem para que os casos de preconceito contra fiéis ou desrespeito a templos e imagens sejam julgados sob Lei Caó, que pune com reclusão de um a três anos, além de multa, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, etnia ou religião.
Fonte: Agencia Brasil / Foto: Januário Garcia
Mais de dez mil pessoas caminham pela liberdade religiosa em Copacabana - Nem chuva, nem frio, só Axé e Fé.
Jornalista / Membro da Cojira-Rio
Teatro do Oprimido: Arte e realidade em discussão
(Jornalista; Presidente do Anajô e integrante da Cojira-AL)
O grupo Quintal Cultural (Cambona) trouxe ao palco "O Linchamento", demonstrando um dos maiores problemas sociais que é a violência urbana, também promoveu a reflexão sobre os estereótipos impregnados nos conceitos de muitas pessoas: “negro + favela = bandido”.
Para finalizar, o público prestigiou e se comoveu com a produção "Toda criança tem direito de ser feliz" do Projeto Mundaú, coordenado pelo Grupo Revolucionarte, que demonstrou a dura realidade de muitas crianças que sofrem com a violência doméstica e a exploração.
A atividade foi encerrada com o lanche coletivo e a apresentação cultural da banda Guerreiros da Vila. O próximo encontro acontecerá na Mostra Alagoana, nos dias 11 e 12 de outubro, no Teatro Jofre Soares (Sesc-Centro).
Mais informações: (82) 8865-5520 (Helcias) / 9329-5922 (Andréia)
Jacintinho, palco da cultura
Estiveram presentes artistas locais dos mais diversos ritmos e estilos, como: a herança histórica dos grupos folclóricos (coco de roda, baianas, bumba-meu-boi), a riqueza afro-cultural (hip hop, reggae, afoxé, dança-afro, capoeira), e também, apresentação de banda de rock, forró pé-de-serra e mpb (voz e violão).
A diversidade das atrações demonstrou a qualidade da organização e o interesse dos próprios grupos que se inscreveram para apresentar o trabalho desenvolvido diariamente. “É um evento que de fato faz com que as pessoas levantem a auto-estima, e que queriam fazer cultura mesmo com todas as dificuldades”, afirmou Sirlene Gomes, integrante da comissão organizadora.
Alberto Jorge, Presidente da Comissão de Defesa das Minorias da OAB-AL, elogiou a iniciativa e destacou a importância das manifestações culturais em todos os bairros de Maceió. “Nós precisamos resgatar em todos os bairros os valores culturais. E o Jacintinho sempre vem demonstrando para a sociedade alagoana que é um bairro de jovens, contra a violência e que o movimento cultural é o melhor caminho para tirar a juventude das drogas e da violência”, afirmou.
O evento foi realizado pela Associação Comunitária Cultural e Esportiva Juventude, em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisa Afro-Alagoano Quilombo e apoio da Secretaria Estadual de Cultura, Fundação Municipal de Ação Cultural, Cefet-AL, Proex/Ufal e microempresários.
Observação: Confira as fotos e outras informações do evento no site www.accej.com.br
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Debate pela Diversidade em Alagoas
Outras informações: (82) 3315-1268 / 8815-5794 / 9924-6549.
Caminhada Pela Liberdade Religiosa - RJ
Diálogos teatrais no domingo
Na ocasião serão discutidos os avanços das ações no Estado, e o público poderá conferir a interagir na apresentação das peças. Estão confirmadas: “Guerreiros da Vida” do Ponto de Cultura São Bartolomeu; "Toda forma de amor vale amar" do SINDPREV; "Toda criança tem direito de ser feliz", do Projeto Mundaú - Grupo Revolucionarte; "Preconceito um, justiça zero" do Grupo Aldeia Jovem (AISCJ); e Grupo Teatral Sol Nascente com a cena "O Linchamento".
Teatro do Oprimido
O Teatro do Oprimido tem quase quatro décadas de existência, foi criado por teatrólogo e escritor Augusto Boal. É praticado em cerca de 70 países e em 19 estados brasileiros. Em Alagoas encontra-se no seu primeiro ano com 40 multiplicadores.
O método reúne exercícios, jogos e técnicas teatrais que objetivam a desmecanização física e intelectual de seus praticantes. A democratização do teatro estabelece condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios e amplie suas possibilidades de expressão, estabelecendo uma comunicação direta, ativa e propositiva entre espectadores e atores.
Dentre as técnicas, a mais praticada em todo o mundo é o teatro-fórum. O espetáculo baseado em fatos reais, no qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito de forma clara e objetiva na defesa de seus desejos e interesses.
Com uma metodologia lúdica, atraente, e de fácil aplicação, possui potenciais extraordinários de multiplicação, onde não exige custos altos de investimento e alcança resultados eficientes. Trata-se de um instrumento fundamental para o desenvolvimento de programas sócio-culturais em áreas com recursos escassos.
Contatos: (82) 8865-5520 (Helcias) / 9329-5922 (Andréia)quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Festival de Cultura do Jacintinho
O evento é uma promoção da Associação Comunitária Cultural e Esportiva Juventude, em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisa Afro-Alagoano Quilombo, Fundação Municipal de Ação Cultural, microempresários e moradores.
Essa é uma ótima oportunidade para exaltar o trabalho de artistas locais e levar entretenimento para as pessoas da periferia. Veja a programação:
Sexta-feira (19/09)
· LIGA DO BUMBA-MEU-BOI DE MACEIÓ
· GRUPO DE RAP REFLEXÃO NORDESTE
· GRUPO DE BAIANA FLOR DE LIZ
· BANDA DE ROCK DIA 5
· BANDA DE REGGAE REPÚBLICA NEGRA
· BANDA BANDA AFRO MANIA
· OJU OMIN OMOREWA – DANÇA AFRO
· COCO-DE-RODA DA VILA DE PESCADORES
· GRUPO DE HIP HOP QUESTÃO DE ALMA
Sábado (20/09)
· EDGAR DOS 8 BAIXOS, MINHOCÃO DO FÓRRO E CHAU DO PIFE
· FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA - FALC
· BANDA CIVILIZAÇÃO ROOTS
· AFOXÉ ODÔ IYÁ
· BANDA GUERREIROS DA VILA
· IGBONAN ROCHA- VOZ E VIOLÃO
· GRUPO FÊNIX NEGRA
· GRUPO DE DANÇA DA UFAL (DÉBORA E SÁVIO)
· GRUPO SHOW DA ESCOLA DE SAMBA ARCO-ÍRIS
Contatos:
Denivan Costa: (82) 8858-6771 / denisangola@gmail.com
Viviane Rodrigues: (82) 3033-2093 / vi_magnifica@hotmail.com
Nota Pública: "Imobiliária Palmares"
Diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro
Chama a atenção a intensidade dos ataques que vêm sendo articulados pela mídia contra as recentes conquistas quilombolas. Em caso recente, a Fundação Cultural Palmares foi classificada pelo jornalista Marcos Sá Corrêa, em matéria veiculada no site O ECO, no dia 21/08/2008, "como imobiliária".
Alguns pontos devem ser esclarecidos.
Em primeiro lugar, a Fundação Cultural Palmares não define a posse, ocupação ou a titulação das terras das comunidades de quilombos. Tal competência fica a cargo do INCRA, que atua a partir de um meticuloso levantamento, denominado relatório etno-histórico, socioambiental, cultural e econômico, com um cuidadoso estudo realizado por equipes diversas de especialistas, compostas por historiadores, antropólogos, sociólogos, agrônomos e outros, devidamente qualificados. Os relatórios são apresentados publicamente e podem ser contestados. Portanto, não é a Fundação Palmares que define qual e quanta terra é de domínio de cada comunidade.
Os territórios quilombolas são áreas que têm um caráter diferente das propriedades fundiárias comuns. Não se trata de fazendas, sítios ou chácaras de propriedade individual. As comunidades regularmente tituladas possuem "territórios" definidos em função do uso comunitário da terra e dos bens que ela produz, podendo ser esses bens ligados à cultura material, tais como: plantações, áreas de extrativismo, criação e moradia, ou ainda; áreas de bens ligados à cultura imaterial, tais como: sítios de invocação religiosa e de práticas ancestrais.
Muitas áreas são utilizadas sazonalmente, podendo servir em um período do ano para pesca, caça, coleta de cipós, bambus etc. Isso não implica um uso exclusivo e permanente da terra, diferentemente daquela utilizada regularmente por proprietários ligados à produção comercial ou à agricultura doméstica.
Em segundo lugar, temos um problema conceitual que não está bem esclarecido pela reportagem do senhor Marcos Sá. O que é afinal uma comunidade de remanescentes de quilombo?
Esse talvez seja o maior problema para que possamos entender a amplitude da questão, pois estamos acostumados ao conceito histórico e "engessado" de quilombos, definido pela primeira vez em meados do século XVIII pelo rei de Portugal, dom José II, ao afirmar que quilombos eram redutos de cinco ou mais negros, fugidos onde se encontrassem ou não, fogos e pilões. Daí para os tempos atuais, a palavra quilombo, de origem bantu e com significado diverso daquele que foi fixado na história do escravismo no Brasil. Os quilombos brasileiros têm o seu protótipo definido a partir do clássico modelo de Palmares, mas nunca foram amplamente estudados até período muito recente de nossa história.
Pouco soubemos acerca dos quilombos coloniais e imperiais, uma vez que esses só passavam a ser registrados pelos poderes públicos (leia-se brancos) quando começavam a causar problemas ou eram abatidos pelas autoridades como foi o caso do próprio Palmares.
Acontece que por se tratar de uma sociedade formada por pessoas excluídas socialmente do processo de organização do Estado, marginalizados ou escravizados; os quilombos procuravam distanciar-se ao máximo dos centros onde residiam os senhores escravistas e suas forças policialescas, capazes de causar pesados danos às populações quilombolas. Muitos quilombos ficaram tão isolados que só se teve notícia deles muitos anos após a Abolição, em momentos de avançada penetração da sociedade rumo ao interior do país. Outros têm sido descobertos recentemente.
Contudo, desde a Abolição, o Estado Nacional brasileiro passou a ignorar a questão dos quilombos, como se o problema das comunidades formadas por negros egressos ou foragidos da escravidão simplesmente houvessem se "evaporado" com a assinatura da Lei Áurea, que na prática pouco representou além da certificação de uma libertação tardia e evitada pelo Estado até o último instante.
Em 1988, com a promulgação da atual Constituição, a questão dos remanescentes de quilombos retomou vigor e passou a ser novamente parte de nossa pauta de debates e das medidas de reparação sociais do Estado para com uma imensa parcela de seus cidadãos.
A questão dos quilombos permaneceu omissa e ignorada dos estudos sociais e históricos por muito tempo. Isso levou a equívocos de interpretações, característicos de pessoas com pouco trato na área, como é caso do jornalista em questão, seguro de que o termo quilombolas ou remanescentes de quilombos não se aplica à comunidade assentada em área onde, posteriormente foi criado o Parque do Jaú. Essa visão leiga e amadora da situação é típica dos que se acomodaram à definição conceitual do ensino de História do Brasil, ministrado nas séries do ensino fundamental e médio. Para a maioria, quilombo seria apenas o núcleo de povoamento negro fundado na resistência armada ao escravismo. Essa definição não leva em conta uma série imensamente variada de outras situações, onde comunidades de negros se formaram em momentos diferentes e em condições diversas, mas mantiveram algumas características básicas, como a idéia da resistência, as especificidades culturais e a identidade social coletiva específica.
Quando da Abolição, por exemplo, muitas famílias e grupos de escravos ficaram sem destino, liberados dos trabalhos escravos, foram expulsos por seus antigos proprietários e vagaram por lugares distantes, terras devolutas e em locais ermos fundaram novas comunidades, diferenciadas em sua estrutura, produtividade, hierarquia social e tradições. Essas comunidades se estabeleceram em terras que ficaram conhecidas como "terras de pretos". Na maior parte dos casos, tratou-se de terras devolutas ou não exploradas, algumas vezes muito distantes de qualquer outro núcleo de povoamento, ou, e outros casos, nas imediações de antigos núcleos urbanos e, hoje, portanto, inseridas em pleno contexto de diversas cidades, o que explicaria a existência dos quilombos urbanos.
No caso específico da Comunidade de Remanescentes de Quilombo do Parque do Jaú, no Amazonas, alega-se que esta comunidade se formou em 1907 e que, portanto, não seria possível tratar-se de uma comunidade de remanescentes de quilombo. Ora, sabemos que comunidades de negros formaram-se ao longo de diversos períodos no intuito de resistir às pressões de senhores e proprietários, garantir seu acesso à terra e à sobrevivência de seus valores culturais, tradições e memória social coletiva. Isso ocorreu durante a escravidão e mesmo após a escravidão.
Assim, uma comunidade fundada em 1907, no Amazonas, composta por negros, dotada de identidade sociocultural diferenciada, que se reconhece a si mesma como remanescente de quilombolas atende ao que está estabelecido no decreto nº 4.887, de 2003, que reinterpreta, de forma atualizada e contemporânea, a definição de comunidades de remanescentes de quilombos.
Para se ter uma idéia, basta lembrar a antiguidade da residência dessa comunidade no local onde muito mais tarde foi criado um parque, provavelmente por técnicos que esquadrinharam um mapa, sem nunca tomarem conhecimento da pré-existência de comunidades tradicionais nessas áreas, calculando, no máximo, que, caso elas existissem, seria possível, fácil e viável o seu remanejamento. Tudo em nome do ecológico.
Vale ressaltar que, em muitos desses casos, as autoridades ambientais não se deram ao trabalho de sequer pensar em remanejamento dessas populações, como atesta o trágico caso da criação, em 1982, da REBIO Guaporé, em Rondônia, que extinguiu diversas comunidades de negros e de índios que viviam há séculos na área em que a reserva biológica foi implantada. Somente uma única comunidade de negros remanescentes de quilombos permaneceu e ainda luta por seu direito constitucional de permanecer na terra em que seus antepassados se instalaram ao fugirem dos horrores da escravidão a partir do século XVIII. No caso em pauta (Comunidade de Santo Antônio do Guaporé), não houve plano de remanejamento, de reinstalação ou de indenização. Todos os moradores seriam expulsos indo para onde bem entendessem, como aconteceu com as demais comunidades que viviam na área, como o povoado do Limoeiro, Bacabalzinho e outras. Todos foram expulsos, ninguém foi reassentado, ninguém foi indenizado.
Hoje não se questiona o reassentamento, isso é inviável, provoca profundos abalos na comunidade, fragmenta, divide, anula identidades, provoca dispersões. Basta que cada um se coloque na condição do reassentado ou do expulso de suas terras e de suas casas.
Ainda é importante salientar que essas mesmas comunidades que as autoridades ambientais insistem em remanejar ou, simplesmente, expulsar das áreas que foram redefinidas como de preservação ambiental, sempre foram as principais guardiãs das matas, rios, restingas, mangues e praias das regiões em que viveram. Não é à toa que se quer transformá-las em áreas de preservação, pois, via de regra, são áreas bem-conservadas, justamente porque foram mantidas e guardadas por populações que não tiveram como estratégia de sobrevivência a devastação dos ecossistemas das regiões em que vivem.
Assim, ao nos posicionarmos na Fundação Cultural Palmares, de forma inequívoca e inquestionável a favor dessas comunidades, claramente caracterizadas como remanescentes de quilombos, nos colocamos a favor do meio ambiente, pois tais populações sempre o preservou. Posicionamo-nos pela vida, tanto dos ecossistemas, quanto de toda a sociedade, mas, principalmente da vida das populações remanescentes de quilombos, historicamente excluídas, perseguidas e aviltadas, e que, atualmente, passam por outro tipo característico e novo de racismo, o racismo ambiental.
É pena que profissionais de gabinete, que conhecem a realidade do país por meio de imagens, mídia, reportagens ou outros meios, não se prontifiquem a conhecer essas mesmas realidades "in loco", passando pela singular experiência de conhecer o dia-a- dia e os modos de vida de tais populações, antes de propor seu remanejamento, sua expulsão ou remoção.
A Fundação Cultural Palmares deplora a superficialidade dos conhecimentos do jornalista Marcos Sá Corrêa acerca das comunidades de remanescentes de quilombos, especificamente no caso da Comunidade do Jaú, no Amazonas. Reafirma que não se caracteriza "como uma imobiliária", que tal "adjetivo", mais uma vez evidencia a superficialidade do conhecimento do repórter acerca dos trabalhos realizados por esta instituição.
Por fim, reafirmamos nosso compromisso com as populações de remanescentes de quilombos de todo o país e lembramos que, embora já se tenham passado 120 anos da Abolição formal da escravidão no Brasil, ainda falta uma longa caminhada para que a população afro-descendente seja inserida de forma plena nos conceitos de cidadania, e isso inclui o respeito às populações quilombolas e ao seu modo de vida e ao lugar onde sempre viveram. Lutamos pela terra que é de todos e por aquela que, historicamente deve ser certificada em nome das comunidades que a mantiveram, ocuparam, trabalharam e protegeram.
Dessa forma, não só o decreto nº 4.487/03, que garante o direito à autodefinição das comunidades quilombolas, assim como também, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, por meio do decreto n.º 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, e a Convenção n.º 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário por meio do decreto legislativo n.º 143, de 20 de junho de 2002, e promulgada pelo decreto n.º 5.051, de 19 de abril de 2004, que garante o direito à auto-identificação de comunidades quilombolas, assim como o direito à propriedade da terra, determinado pelo Art. 68 do ADCT da CF/88.
E por fim, a Advocacia-Geral da União também já se manifestou sobre o assunto em Parecer nº AGU/MC - 1/2006, aprovado pelo Excelentíssimo Senhor Advogado-Geral da União, na forma do art. 4º, inciso X e XI, da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, devendo, dessa forma, ser seguido o entendimento ali esposado pelos órgãos e entidades da Administração Federal, como transcrito a seguir:
"...Como se mostra evidente, a noção de quilombo não é das que se alcança por simples interpretação jurídica já que fortemente dependente de investigações, estudos e pesquisas na área da antropologia, sociologia e história sem as quais não se pode enunciar o exato sentido do preceito estudado. Mesmo sem tomar partido em qualquer das diversas correntes de interpretação antropológica ou sociológica, parece indisputável que quilombo é mais do que simples expressão de um certo território no qual em uma certa época alguns escravos ou ex-escravos, fugidos ou não, se reuniam para viver e resistir contra a recaptura ou contra a escravidão.
Ao contrário, a noção de quilombo que a Constituição parece ter adotado abrange, pelo seu próprio sentido e pelo princípio da máxima efetividade, certamente mais do que isto, pois, ao reconhecer aos remanescentes das comunidades de quilombos a propriedade das terras que ocupam, refere seguramente o universo representativo do fenômeno que originariamente aconteceu por obra da resistência, mas que também se desenvolveu ao longo do tempo formando comunidades com interesses e valores comuns, inclua aí a necessidade de resistir e lutar contra as discriminações decorrentes da escravidão..."
Anajô realiza encontro de formação
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Emancipação Política de Alagoas e avanços étnicos-raciais
Tem esse nome devido as muitas lagoas existentes no seu território. Porém, também é conhecida como "Terra dos Marechais", porque os dois primeiros presidentes do país foram alagoanos (Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto). Outro termo, mais valorizado, é "Terra da Liberdade", devido a importância do Quilombo dos Palmares e por ter abrigado a sede administrativa (Serra da Barriga) neste território.
A diversidade das belezas naturais, a riqueza cultural e o potencial histórico encontram-se distribuídos nos 102 municípios existentes. Além disso, alagoanos ilustres como Graciliano Ramos, Nise da Silveira, Aurélio Buarque de Holanda, Théo Brandão, Jorge de Lima, Ledo Ivo, Linda Mascarenhas, Arthur Ramos, Jofre Soares, Vera Arruda, Djavan, Cacá Diegues, Hermeto Paschoal, Marta Vieira da Silva e Zumbi dos Palmares contribuíram, e ainda contribuem, na divulgação do que existe de melhor do Estado.
Entretanto, muitas ações ainda precisam ser efetuadas para transformar a realidade da população afro-alagoana. Conheça alguns avanços que merecem destaque:
* Instalação do Parque Memorial Quilombo dos Palmares - primeiro complexo arquitetônico de inspiração africana das Américas - localizado no platô da Serra da Barriga em União dos Palmares.
*Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL), desenvolve a interlocução entre os segmentos afros e os meios de comunicação. Foi o primeiro núcleo do Nordeste a trabalhar as questões étnico-raciais no movimento sindical.
* Ponto de Cultura Quilombo Cultural dos Orixás, o primeiro ponto de cultura ligado a uma Casa de Axé no Brasil.
* Gerência Étnico Racial da Secretaria Estadual de Educação e Esporte, realiza mensalmente encontros afro-alagoanos para educadores, estudantes e demais interessados.
* Gerência Afro-Quilombola da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos - responsável em atender as demandas dos segmentos afros e garantir melhorias nas comunidades quilombolas.
* Alagoas possui 22 comunidades remanescentes de quilombo, com certidões de registro emitidos pela Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura.
* O Governador Teotonio Vilela Filho sancionou no dia 02 de julho, a Lei nº6.814/07, que estadualiza a Lei 10.639/03 para a inclusão da Históra e Cultura Afro-Brasileira e Africana no currículo escolar.
* Maceió já tem o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa de Matriz Africana, que será comemorado no dia 02 de fevereiro (Lei nº5.871/2008).
* Temos uma diversidade de grupos de capoeira no Estado, e duas instituições que se revezam na defesa dos direitos e propagação dessa importante manifestação afro-brasileira, são elas: Federação Alagoana de Capoeira (Falc) e Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas.
* Existe uma Comissão de Defesa das Minorias Étnicos Sociais na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) .
* Possui uma Pastoral da Negritude dentro de uma Igreja Batista, desenvolve a releitura da Bíblia a partir da ótica étnico-racial.
* A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) possui um convênio com o continente africano, fomenta o intercâmbio-cultural e o desenvolvimento dos países que falam o português. Tem vários acadêmicos oriundos de Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique, e São Tomé e Prícipe.
* O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Ufal desempenha um intenso trabalho de formação, pesquisa e fortalecimento da auto-estima dos alunos cotistas.
* Coluna Axé – Pela primeira vez no Estado de Alagoas, uma entidade (Cojira-AL) conquistou um espaço periódico para abordar a temática afro, foi implantada em maio de 2008, no Jornal Tribuna Independente. Publicada semanalmente (todas as terças-feiras) ocupa meia página colorida no formato stand, é preenchida com editorial, notas informativas e fotos.
* O Movimento Negro alagoano é diversificado. Possui grupos culturais em várias áreas, entidades de cunho político, religioso e de formação, que enfrentam as inúmeras dificuldades e lutam por mudanças sociais.
Os negros e negras que diariamente contribuem para o desenvolvimento sócio-cultural, econômico e anti-racista em Alagoas, são os que verdadeiramente merecem às homenagens.
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Hino de Alagoas
Letra: Luiz Mesquita / Música: Benedito Silva
Que refulge ao sorrir das manhãs,
Da República és filha donosa,
Magna estrela, entre estrela irmãs,
Alma pulcra dos nossos avós,
Como bênção de amor e paz
Hoje paira, a fulgir sobre nós,
E maiores e mais fortes nos faz,
Tu, liberdade formosa,
Gloriosa hosana entoas:
- Salve, ó terra vitoriosa,
- Glória à terra de Alagoas
Salve, ó terra que entrando no templo,
Calma e avante de indústria te vás,
Dando às tuas irmãs este exemplo,
De trabalho e progresso na paz!
Sus! Os hinos de glória já troam!...
A teus pés os rosais vêm florir!...
Os clarins e as fanfarras ressoam,
Te levando em triunfo ao porvir!
Tu, liberdade formosa,
Ao trabalho hosana entoas:
- Salve, ó terra futurosa,
- Glória à terra de Alagoas
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
I Encontro Estadual de Saúde da Juventude dos Terreiros - RJ
encontros com a juventude para discutir os 20 Anos de SUS
O primeiro encontro acontece no Rio de Janeiro e faz parte das atividades que serão implementadas em vários núcleos da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde possibilitando aos jovens dos terreiros conhecer a Política Nacional da Juventude e atuar no monitoramento da referida política em seus estados, assim como, conhecer o funcionamento do SUS e a garantia dos direitos a saúde para todos e todas.
09h – Cânticos de louvor à vida e a natureza
09:30h - Mesa de Abertura
10h - Apresentação da Cia da Saúde – ABIA (Esquete Racismo na Saúde)
10:30h – Painel I – Os terreiros e a Política de Juventude no Brasil.
11:30h – Terreiros, espaços de promoção da saúde: o olhar da juventude de axé.
12:30h – Brunch
14h – Nosso tempo é agora, e já! (oficinas temáticas)
Sala A – Sexualidades e prevenção de DST/Aids
Sala B – Direitos Humanos e Intolerância Religiosa
Sala C – Gênero e Raça
Sala D – Participação e Controle Social
Pátio - Meio Ambiente e Saúde
16h – Por uma agenda de saúde para a juventude dos terreiros
17h - Encerramento e lanche
Título de padroeira do Brasil em ameaça
O Projeto foi defendido pelo ex-deputado federal, professor e pastor evangélico Victorio Galli, segundo ele: "o País, por ser um Estado laico, não deve ter este ou aquele padroeiro", afirmou. Mesmo se fosse aprovado, o feriado religioso seria mantido.
É claro que o Brasil, um dos países mais católico do planeta não iria deixar passar a afronta. O fato, é que o mais importante ainda está longe de acontecer, o fim da intolerância religiosa. Muitas pessoas ainda sofrem com o desrespeito e a discriminação à liberdade de culto, e muito precisa ser feito.
Lista suja de Alagoas
Robson Calheiros, suplente de vereador e irmão do ex-presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, foi condenado pela Justiça a cumprir dois anos e quatro meses de reclusão pelo crime de racismo contra a vereadora Fátima Santiago e seu filho, Henrique Santiago. Na realidade, a sentença foi dada pela juíza Maria da Graça Gurgel, titular da 2ª Vara Criminal da Capital. O racismo ocorreu em outubro de 2005 quando o então vereador proferiu agressões verbais contra Fátima Santiago. Ela tomou conhecimento do crime pelo filho. Foi a partir disso que a vereadora resolveu entrar com uma ação na Justiça.
Neste caso, o crime de injúria foi qualificado pela utilização de elementos relativos a cor, denotando concepções racistas. O crime está previsto no Código Penal Brasileiro. Ainda cabe recurso da sentença. Por ter sido condenado a menos de quatro anos de reclusão, a pena deverá ser substituída por duas penas restritivas de direito: prestação de serviços e multa, que a juíza já estipulou no valor de 35 vezes 1/10 do salário mínimo vigente à época da ocorrência.
No processo consta que durante uma discussão sobre a eleição da Mesa Diretora, Robson Calheiros teria acusado a vereadora – assim como outros vereadores – de não ser uma pessoa confiável. Henrique Santiago afirmou que ao tomar a defesa da mãe, Calheiros o teria xingado de ‘negro safado’ e sua mãe de ‘negra safada e rapariga’. A briga teria ocorrido na residência do vereador Berg Holanda.
Fonte: Gazetaweb, com Diário Oficial de Alagoas (14.02.08)
sábado, 13 de setembro de 2008
Segmentos Afro-Alagoanos apresentam propostas para a Seppir
(Jornalista – 1102 MTE/AL)
Em seguida, o representante do movimento negro socializou as pautas de reivindicações construídas democraticamente por uma comissão. As propostas atendem as necessidades de vários segmentos, quanto ao processo de formação, fortalecimento das ações culturais, infra-estrutura e registro documental. A Secretária Wedna Miranda após ouvir o pronunciamento assumiu o apoio, primeiramente, às casas de axé. “A partir do próximo mês, criaremos uma agenda de atuações e um espaço para os bancos da cidadania, com todos os serviços da Secretaria”, reforçou ainda, “temos vontade política e não precisa de muitos recursos, é chegar e fazer. Estou assinando simbolicamente o compromisso do Estado”, declarou.
Mobilização - Veja as propostas apresentadas para o Desenvolvimento e Promoção de Políticas Públicas para a Igualdade Racial em Alagoas.
Cojira-AL participa de almoço com Ministro da Seppir
Na ocasião, Valdice Gomes – presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas e representante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial – teve a oportunidade de conversar com o Ministro e entregar o material informativo sobre os avanços das questões étnico-raciais no movimento sindical da categoria. A jornalista Helciane Angélica fez o registro fotográfico e coletou informações para a produção de matérias.
Também discutiu-se sobre a realização do Encontro Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial em 2009, que tem o Estado de Alagoas como forte candidato para sediar o evento. A reunião foi rápida, mas abriu portas para novas audiências e a expectativa de ter a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) como parceira nesta atividade.
Atualmente possuem seis coletivos afros no Brasil, que são interligados aos Sindicatos dos Jornalistas: o Núcleo de Comunicadores Afro-Brasileiros do Rio Grande do Sul e as Cojiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Alagoas e Bahia). Juntos, investem na sensibilização étnico-cultural (com a realização de seminários, produção de livros, sites sobre a temática, formação de profissionais e acadêmicos), dão visibilidade às atividades realizadas pelo movimento social negro e as políticas públicas favoráveis ao povo afro-descendente.
Cojira-AL
Interligada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), foi implantada no dia 24 de novembro de 2007, durante a celebração do Mês da Consciência Negra. Primeiro núcleo do Nordeste a trabalhar as questões étnico-raciais no movimento sindical, e que vem revolucionando a mídia afro no Estado.
Desenvolve a interlocução entre os segmentos afros e os meios de comunicação, ao utilizar as ferramentas de trabalho com o blog (www.cojira-al.blogspot.com), a Coluna Axé (todas às terças-feiras no jornal Tribuna Independente), lista de emails e, também, uma comunidade no site de relacionamentos orkut.
Ministro Edson Santos visita Alagoas e tem agenda repleta de atividades
Estiveram presentes no almoço, a Magnífica Reitora da Ufal, Ana Dayse Dórea; Márcia Valéria, Secretária Estadual de Educação e Esporte; José Carlos Lira, Presidente da Federação Alagoana das Indústrias; Arísia Barros, Gerente Étnico Racial da Secretaria de Educação; Elis Lopes, Gerente Afro-Quilombola da Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Valdice Gomes, Presidente do Sindjornal e representante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial; deputados estaduais, jornalistas, além de representantes do movimento negro como Djalma Rosendo (Agrucenup-União dos Palmares), Carlos Martins (Unegro-AL) e Helciane Angélica (Anajô e Cojira-AL).
A Seppir surgiu como uma resposta positiva para o Brasil após a Conferência de Durban. São cinco anos de atuação, dentre os avanços conquistados destacam-se: concessão de bolsas de estudos (Prouni), cotas raciais nas faculdades; aprovação da Lei 10.639/03; e a cooperação África-Brasil, para o intercâmbio político-cultural e tecnológico. O ministro ressaltou ainda, que as políticas afirmativas só terão êxito quando houver um esforço conjunto entre o setor público (promoção social) e o privado (com a abertura de oportunidades no mercado de trabalho), além de evidenciar a importância da educação no combate do preconceito racial e garantir a transformação social. “Sabemos que a educação é fundamental para inverter a pirâmide social, que é negra a sua base”, reforçou.
“Não basta tratarmos dessa questão (promoção da igualdade racial) apenas no âmbito das políticas universais, pois levaremos muito tempo para termos um país mais igual. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas leva-se em média 65 anos, mais de meio século, para que a pirâmide social do nosso país fique mais colorida no caminhar do desenvolvimento. E como já se colocou no Brasil, pelo Betinho, a fome tem pressa e o fim da desigualdade também tem. Nós tivemos a abolição da escravidão há 120 anos, e já passa da hora de haver o resgate dessa dívida histórica, que é da sociedade e do Estado Brasileiro para com a população negra”, declarou Edson Santos.