Mais da metade da população brasileira se autodeclarou negra (preta ou parda) no último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. E de acordo com a Análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que, apesar de ter aumentado de 27% para 51% a frequência de estudantes entre 18 e 24 anos no ensino superior, essa expansão educacional apresenta disparidades, principalmente diante do critério racial. O percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% em 2001 para 35,8% em 2011.
O último levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2012, aponta que 35% dos matriculados em cursos de graduação no País são pretos ou pardos, enquanto 62% são brancos – mesmo índice de 2011. O Norte e o Nordeste são as regiões com maior percentual de universitários negros: 63% entre os nortistas e 57% entre os nordestinos. Na região Sul, apenas 10% é preto ou pardo, contra 89% de brancos. Já no Sudeste, 27% dos que frequentam o ensino superior são negros, e no Centro-Oeste, 40%.
Já a Rede Angola apresentou um infográfico Retrato dos Negros no Brasil, onde afirma que o acesso da população negra ao ensino superior aumentou 232% na comparação entre 2000 e 2010. Outro aspecto apontado pelo site angolano é que para cada R$100 reais ganhos por um branco, um homem negro, com a mesma formação e na mesma função, recebe R$57,40. No caso de uma mulher negra, o salário cai para R$38,5.
Todos esses dados, que ressaltam a adesão de negros e negras no mundo acadêmico refletem diretamente nas políticas afirmativas implementadas pelo governo federal, através das reivindicações históricas do movimento negro no país.
Uma das importantes conquistas, foi a Lei de Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012) instituída pelo governo federal, que refere-se ao ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Apesar de polêmica, determina que 50% (cinquenta por cento) das vagas sejam reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita; estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas; principalmente pessoas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas.
Que venham mais conquistas, novas pesquisas acadêmicas e profissionais comprometidos(as) com o desenvolvimento sociocultural e econômico do nosso povo!
Fonte: Coluna Axé – 336ª edição – Jornal Tribuna Independente (31/03 a 06/04/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com