terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Secretaria da Mulher apoia grupos afro do Estado no perdão do Quebra

Órgão fornecerá transporte para integrantes dos terreiros religiosos de matriz africana de Alagoas que participarão do evento nesta quarta-feira


Vinte ônibus serão disponibilizados pela Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos (SEMCDH) para transportar membros de todos os terreiros religiosos de matriz africana de Alagoas que participarão, nesta quarta-feira (1º de fevereiro), do dia do perdão pelo “Quebra de 1912”, quando os terreiros de Candomblé foram alvos de ação violenta da polícia.

De acordo com o gerente Afroquilombola da Superintendência de Direitos Humanos da SEMCDH, Claudio Figueiredo, o órgão apoiou a Universidade Estadual de Alagoas (Unueal) na articulação dos grupos em Maceió e cidades do interior. Ele lembrou que a universidade realiza neste ano o projeto Xangô Rezado Alto, uma referência antagônica do que ficou conhecida a prática de se celebrar seus ritos com os atabaques sendo tocados timidamente, ou simplesmente baixo, o que ficou conhecido por “xangô rezado baixo”.

Segundo Claudio, está prevista a participação de aproximadamente mil pessoas no dia quando acontecerá um grande cortejo às 15h da Praça D. Pedro II, percorrendo a Rua do Sol, fazendo duas homenagens seguindo até à Praça Mal Floriano Peixoto (Praça dos Martírios), onde deverá ocorrer uma grande congregação cultural, na qual o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, assinará um ato - em nome do Governo de Alagoas - pedindo perdão às comunidades, terreiros e ao povo alagoano pela violência cometida em 1912.


Fonte: Secretaria Estadual da Mulher

Xangô Rezado Alto celebra a Memória do conhecido “Quebra de 1912”



Na próxima quarta, 01 de fevereiro, uma importante página poderá está sendo escrita na história de Alagoas, enquanto outra será virada. Há 100 anos um dos episódios mais tristes do estado estava em curso, com a destruição de todas as casas de matriz africana de Maceió, o que causou feridas que até hoje estão abertas e com as quais convivemos e sofremos.

Da destruição e perseguição dos seguidores e admiradores da cultura afro-brasileira, muitos se sentiram obrigados a abandonar sua cidade e mudar-se para outros estados, ajudando a desenvolver sua cultura em novos ares em estados como Pernambuco e Bahia.

Para marcar esse centenário e trazer a discussão sobre a intolerância religiosa e cultural, a Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) realiza neste ano o projeto Xangô Rezado Alto, uma referência antagônica do que ficou conhecida a prática de se celebrar seus ritos com os atabaques sendo tocados timidamente, ou simplesmente baixo, o que ficou conhecido por “xangô rezado baixo”.

A ideia surgiu de uma série de fatos e ações desenvolvidas por seguidores, populares, estudiosos e admiradores da cultura afro em Alagoas, como os professores universitários Edson Bezerra, Rachel Rocha, Clébio Araújo e do saudoso Marcial Lima, quando estava a frente da Fundação Municipal de Ação Cultural em meados dos anos 2000. Outros dois movimentos lembrando o episódio ocorreram em 2006 e 2007, sempre com a participação popular, mas ainda com pouca força.

O projeto “Xangô Rezado Alto – o centenário do Quebra” surgiu de uma inquietação da nova gestão da UNEAL, hoje representada pelo reitor Jairo Campos e do vice-reitor Clébio Araújo, que procurou à época (2010) o consultor para projetos culturais, Vinícius Palmeira, para formatação e tramitação do projeto no Ministério da Cultura, culminando, no fim de 2011, na aprovação e liberação de recursos federais oriundos do Fundo Nacional de Cultura.

Logo em seguida as Federações e Comunidades Terreiros de Alagoas foram convidadas a participar do projeto, e assim uma forte aliança entre a academia e o popular foi formada, em prol de uma das maiores manifestações culturais que o estado já viu, não para protestar ou festejar, mas para celebrar a memória, com paz, de um fato determinante para a formação histórico-cultural do alagoano neste último século. Além de uma grande rede de parceiros que aderiram ao projeto como UFAL, Federações e Comunidades Terreiros de Alagoas, CESMAC, Secretaria de Estado da Cultura, Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, ITERAL, IHGAL, IPHAN, Secretaria de Estado da Educação, BRASKEN, Articulação da Cultura Popular e Afroalagoana e IZP.

“Esse é um projeto fundamentado em diversas ações realizadas por nós e tantas outras pessoas, há pelo menos 07 anos junto ao movimento negro e manifestações culturais de matriz africana em Alagoas e isso só se concretizou graças à união de todos”, explicou o vice-reito da UNEAL, Clébio Araújo.

Segundo o Reitor Jairo de Campos, “A UNEAL vive um momento de maior aproximação com a comunidade e os movimentos sociais, e esse episódio é bastante emblemático, por isso pretendemos dar mais visibilidade às manifestações de cultura negra em Alagoas e buscamos no Ministério da Cultura o apoio financeiro para isso, com uma contrapartida nossa e juntamente com outros parceiros. Desta forma, assim, podermos demonstrar o poder de reação e resistência, elevando a auto-estima do povo alagoano, num trabalho que iniciou-se em outubro de 2010 e que agora colocamos em prática”.

O projeto inicia-se nesta próxima quarta (01), mas se estenderá até o mês de maio com ações como seminário, congressos, prêmio cultural etc... pondo em discussão tudo que cerca, não só o fato do “quebra” em si, mas também os anseios e necessidades de todo um movimento sócio-religioso e cultural.

O Cortejo

No dia 01 de fevereiro acontecerá um grande cortejo reunindo babalorixás, yalorixás, ogãs, artistas, grupos, admiradores e populares que juntos sairão, vestidos de branco, às 15h da Praça D. Pedro II (Praça da Assembleia), percorrendo a Rua do Sol, fazendo duas homenagens: uma à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que nasceu capela, e foi edificada por iniciativa dos negros em 1820; e outra homenagem ao prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) onde hoje está guardada a Coleção Perseverança, composta de peças que escaparam ao fogo à época e foram recolhidas pelos pesquisadores Abelardo Duarte e Théo Brandão junto à Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados do Comércio de Maceió, onde ficaram guardadas durante décadas,compondo hoje o acervo do IHGAL.

Após essas homenagens o cortejo seguirá para a Praça Mal Floriano Peixoto (Praça dos Martírios) onde uma grande congregação cultural acontecerá, após a realização de um fato inédito na história do Brasil, quando o Governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, assinará um ato onde, oficialmente, o Governo de Alagoas pedirá perdão às comunidades terreiros e ao povo alagoano pela barbárie cometida em 1912. Não se tem registro de nada parecido. Um chefe do executivo estadual pedindo perdão por um ato de extrema crueldade e intolerância religiosa. “Não há dúvidas que este será um fato que ficará para a história, pois pela primeira vez o governo estará reconhecendo a violência praticada no passado, dando-lhe um caráter oficial, e ao mesmo tempo, pedindo perdão por isso”, constata o Antropólogo e Sociólogo Edson Bezerra, estudioso do assunto e um dos incentivadores e colaboradores de todo esse movimento.


Após esse ato oficial segue uma programação cultural que se estende também ao dia seguinte, conforme a programação abaixo:



Dia 01 de fevereiro

18h - Hip hop - Guerreiros Quilombolas

19h – Afoxé Oju Omim Omorewá

20h – Wilma Araújo “70 anos de Clara Nunes”

21h- Igbonan Rocha em “Coisa de Nêgo”, com participação especial da Escola de Samba Girassol

22h- Orquestra de Tambores

23h- Vibrações



Dia 02 de fevereiro

Praça Mal. Floriano Peixoto (Praça dos Martírios)

17h- Banda afro Gifá Lomin

17:30h– Malungos do Ilê

18h- Maracatu Raiz da Tradição

18:30h- Projeto INAÊ

19h - Guerreiro Vencedor Alagoano (Mestre Juvenal)

19:30h-Afoxé Odô Iyá

20:30h- Jurandir Bozo com o show “Pros pés”, com participação dos grupos de coco de roda “Xique-xique”, do Jacintinho e “Pau-de-arara”, da Pitanguinha

21:30h- Mariene de Castro (BA)

Segundo a organização, a ideia é que essa celebração aconteça anualmente, como lembra o Diretor Geral do projeto, Vinícius Palmeira: “O que queremos é que essa data se firme no calendário de eventos de Alagoas para que possamos dar mais visibilidade ao movimento, mas também contribuir para o aumento da auto-estima do alagoano... pois o que queremos é criar a Noite do Xangô Rezado Alto”, concluiu.

Quem quiser mais informações, é só acessar o blog do projeto, que já se tornou em pouco tempo, uma ferramenta essencial de pesquisa sobre o tema: www.xangorezadoalto.blogpost.com



Para entender o Quebra

Por: Rachel Rocha (Jornalista, Antropóloga, professora e Vice-reitora da UFAL)


O episódio conhecido como Quebra de Xangô foi um ato de violência praticado em 1º de fevereiro de 1912 contra as casas de culto afrobrasileiras de Maceió e que se estendeu pelo interior de Alagoas. Naquele dia, babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos por uma milícia armada denominada Liga dos Republicanos Combatentes, seguida por uma multidão enfurecida, e assistiram à retirada à força dos templos de seus paramentos e objetos de culto sagrados, que foram expostos e queimados em praça pública, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa para com as nossas manifestações culturais de matriz africana.

Esse evento, que intimidou o povo de santo e suas práticas nas décadas subsequentes proporcionou o surgimento de uma manifestação religiosa intimidada, denominada Xangô Rezado Baixo, uma modalidade de culto praticada em segredo, alimentada pelo medo, sem o uso de atabaques, e animada apenas por palmas. Essa violenta ação contra o povo de santo tem repercussões contemporâneas e pode ser apontada como uma das fortes causas da invisibilidade de uma prática religiosa que é extremamente expressiva na capital e no interior de Alagoas, pois as pesquisas de estudiosos do tema apontam para a existência de cerca de 2 mil terreiros em todo o Estado.

O evento que hoje celebramos em memória ao episódio do Quebra dos terreiros, denominado Centenário do Quebra – Xangô Rezado Alto, recupera esse passado e reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causa das populações afro-descendentes que não podem, não devem e não irão mais se intimidar frente às injustiças históricas praticadas no passado e que relegaram nossa população afrodescendente a situações de exclusão e de extrema dificuldade.

Por isso Xangô Rezado Alto, para que nunca mais em Alagoas, as comunidades afroreligiosas se sintam intimidadas ou envergonhadas de professar sua religião que é um grande e reconhecido contributo para a formação da cultura alagoana e que muito nos orgulha.


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Keyler Simões (MTB 715/AL)
Produção Cultural e Assessoria de Comunicação

Contatos:
(82) 3032-0489 / 9971-4281
www.balaiodefatos.com / @Keyler (Twitter)


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Habemus Rainha: Ilê Aiyê escolhe Deusa do Ébano 2012 em noite de beleza e talentos

Beleza de sobra. Assim pode ser definida a noite de ontem, 28, no bairro da Liberdade quando o bloco afro Ilê Aiyê realizou a 33º Noite da Beleza Negra, na Senzala do Barro Preto, Curuzu. A maior concentração de gente bonita por metro quadrado foi palco de um dos mais disputados concursos: a escolha da Deusa do Ébano, rainha do bloco, que conduzirá os foliões durante o Carnaval 2012 e representará para o mundo a força da cultura negra na Bahia.

A Noite foi de consagração para Edjane dos Santos Nascimento, administradora de 27 anos, escolhida a “Mais Bela entre as Belas”. Na disputa, beleza é um dos critérios, mas também é preciso ter carisma, conhecimento da história do bloco e consciência negra. Edjane mostrou tudo isso, bailou e encantou a todos. A torcida foi fervorosa, o que tornou a festa uma noite de apreensão e curiosidade. Passava das 3h da manhã de domingo quando a nova corte negra foi coroada. Quem também irá reinar no Carnaval do Ilê Aiyê serão Sueli dos Santos (2º lugar) e Juliana Silva Conceição (3º), mas todas revelavam pertencer as mesmas beleza e dignidade exigidas para o posto. Além de prêmios em dinheiro, presença garantida nas turnês da banda e o orgulho de reinar entre tantas beldades. Destaque para a majestosa apresentação de transição da Deusa do Ébano 2011, Lucimar Cerqueira.

Música e política – O movimento era intenso na Ladeira do Curuzu, desde cedo. A festa já começou com a exaltação da beleza que há na música negra espalhada no mundo. Com um show cheio de referências da black music universal, Dão abriu a pista de dança. O cantor deu espaço aos tambores e ala de canto da banda Aiyê, trilha sonora para o desfile das doze candidatas. Houve ainda o samba de Arlindo Cruz e a participação do rapper paulista Criolo, destaque da música brasileira. Ele cantou “Que bloco é esse?”, acompanhado da percussão, em uma mostra do clipe realizado para o projeto da Petrobras de valorização dos blocos afro baianos em sintonia com as revelações da nossa música, como Criolo e Emicida.

Beleza e talento também esbanjaram da platéia. Entre lindas mulheres e homens estilosos, desfilaram estrelas das artes e da música, como Aloísio Menezes, Márcia Castro, Juliana Ribeiro, Lazinho (de volta à banda Olodum), Adailton Poesia (compositor das músicas campeãs do Carnaval 2012 do Ilê Aiyê e Olodum), os atores Jorge Washington e Luiz Miranda e o sempre ‘novo baiano”, Moraes Moreira.

A Noite do Ilê também foi concorrida por políticos. Além de autoridades como o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, o secretário Municipal da Reparação, Ailton Ferreira e os secretários estaduais Elias Sampaio (Sepromi) e Albino Rubim (Cultura), parlamentares marcaram presença. Entre eles, os vereadores Gilmar Santiago e Moisés Rocha e os deputados federais, Valmir Assunção e Nelson Pelegrino, este último integrando o júri da disputa.

Uma parceria entre a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) , a TVE Bahia e o Correio Nagô garantiu a transmissão ao vivo de toda a festa, pela televisão, internet e pelas redes sociais. Durante todo o evento, fãs do Ilê Aiyê puderam enviar mensagens, comentários e sua torcida.

Fonte: André Santana (Redação Correio Nagô) / Foto: André Frutuôso (Ascom / Sepromi)

Cojira-AL realiza reunião de planejamento para 2012

Texto: Helciane Angélica (Cojira-AL) / Fotos: Allexsander Porfírio (cortesia)


No dia 21 de janeiro, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), integrantes da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas se reuniram para avaliar as ações executadas no ano passado e fazer o planejamento para 2012.

Na discussão, foram destaques a importante atuação no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), vinculado a Seppir, onde a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira/Fenaj) que tem como representante titular Valdice Gomes (Cojira-AL) e na suplência Sionei Leão (Cojira-DF); a participação no Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), que ocorreu em novembro na cidade de Salvador (BA); a articulação do curso gratuito de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, onde Maceió foi uma das sedes; além da divulgação do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento e participação no lançamento da Campanha de Autodeclaração Racial e Étnica – “Jornalista de verdade assume a sua identidade!”.

Dentre os principais encaminhamentos para esse ano, estiveram: celebrar os quatro anos da Coluna Axé; promover a integração com jornalistas e acadêmicos através do Sarau da Cojira; realizar um seminário sobre “Mídia e intolerância religiosa” como parte integrante das ações do centenário do “Quebra de Xangô”; produzir uma cartilha sobre as questões étnicorraciais, além de garantir a publicação da 3ª edição do encarte afro “Axé Especial”, no jornal Tribuna Independente.

Estiveram presentes na reunião as jornalistas Emanuelle Vanderlei, Helciane Angélica e Valdice Gomes, e o acadêmico de jornalismo, Domingos Intchalá. A próxima reunião foi agendada para o dia 03 de março, a partir das 9h, na sede do Sindjornal.

Visita

Na ocasião, também, teve a visita do Coordenador Nacional dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), Nuno Coelho (de blusa branca), que elogiou a atuação da Cojira-AL na divulgação das ações do movimento negro e o desafio de sensibilizar os profissionais da área.

A Cojira não tem o papel apenas de pautar os veículos de comunicação, para mim, tem o papel maior de capacitar os jornalistas, de contribuir para a comunicação inter-pessoal para a consciência social, ideológica, política no processo de vivência, independente de ser militante”, destacou.

Nuno sugeriu a realização do intercâmbio com Universidades e a produção de artigos sobre as questões étnicorraciais, além disso, aproveitou para mencionar o seu interesse de ter a parceria na celebração dos 30 anos da entidade nacional, cujas atividades ocorrerão de 13 a 17 de março de 2013, nas cidades de Maceió e União dos Palmares. “A Cojira de Alagoas, terá um papel fundamental na discussão da pauta, não só de prestigiar o evento [30 anos dos APNs], e sim, capacitar profissionais de comunicação para essa consciência e motivação”.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Miss Universo é convidada e pede R$ 50 mil para dar o ar da graça na Sapucai


Parece que a atual Miss Universo, a angolana Leila Lopes, viu no carnaval carioca uma possibilidade de encher o cofrinho. É que a beldade foi convidada por Martinho da Vila para desfilar em sua escola, a Vila Isabel - que vai falar sobre Angola em seu enredo em 2012.

Mas a organização do concurso Miss Universo, que gerencia a carreira de Leila, mandou avisar que ela só vem mediante pagamento de 50 mil dólares. Ou melhor, pagamento, mais hospedagem em hotel cinco estrelas, mais passagem aérea para ela, dois seguranças, um assessor e seu empresário.

A direção da Vila mandou agradecer, e disse que desse jeito não tem interesse em Leila, e que já está procurando uma beldade para substituí-la em seu desfile.

"Aqui na Vila Isabel só se desfila por amor. Não pagamos, nem recebemos de ninguém. Com 50 mil dólares, fazemos uma ala inteira para a comunidade. Não nos interessa", disse o presidente da escola, Wilson da Silva Alves, frisando ainda que a escola doa 100% de suas fantasias.

Vale lembrar que Leila já desfilou no carnaval carioca, na Unidos da Tijuca, quando era apenas uma modelo. E detalhe: de graça!

Fonte: Ego Notícias

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Associação Pestalozzi de Maceió - 35 anos construindo vidas

Músicos alagoanos homenageiam Zumbi com canção inédita

Por Daiane Souza

“Quando for fazer cantiga, lá na Serra da Barriga, me diga que eu quero ir”. Com esta frase o compositor Petrúcio Baêtto e o músico Gustavo Gomes iniciam a música Ponto do Colibri, resultado de parceria para homenagear o líder Zumbi, no Estado de Alagoas. Inédita, a canção teve como inspiração momentos de reflexão de Baêtto em suas visitas a Serra onde existiu o maior quilombo da América Latina, o Quilombo dos Palmares.

Compositor de músicas relacionadas com a poesia e influencias regionais, Baêtto conta que quando chegava ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares, no alto da Serra, sentia a necessidade de fazer música. Mas não servia qualquer uma, faltava algo de história, de sentimento. Em frases simples o artista apresenta sua relação com a natureza e com o “território negro”. “Ponto do Colibri tem um apelo muito forte. É uma das melhores parcerias que já fiz”, afirma.

A melodia de Gomes completou a obra. Nela, os sons de viola, violão e violino se harmonizam à percussão e a vocais que levam o ouvinte a refletir sobre sua ancestralidade. “A canção é um lamento, quase um apelo. Com um vocal e um toque mais oriental mostra certa semelhança com cantos africanos”, explica Gomes que afirma ter sido esta sua primeira experiência em musicar uma canção com temática negra.

Repercussão – Depois de finalizada, Ponto do Colibri foi apresentada e transmitida uma única vez no dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – por meio da Rádio Educativa do Instituto Zumbi dos Palmares de Maceió. Embora pouco conhecida, a canção que já conquistou corações negros alagoanos pode vir a se tornar o Hino da Serra da Barriga e do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

De acordo com Genisete de Lucena Sarmento, representante da Fundação Cultural Palmares em Alagoas, a proposta será feita aos músicos o mais breve possível. “É uma música única, diferente de todas que já vi. Representa bem a ‘terra de Zumbi’”, ressalta. “Para que a obra tome essa dimensão só dependerá do retorno deles”, afirma.

O início - Petrúcio Baêtto e Gustavo Gomes se conheceram há cerca de um ano em um festival de música. Após algumas conversas realizaram seu primeiro trabalho juntos, a música Santa Cruz de Beira de Estrada. A canção trata de uma cultura muito comum nos estados do nordeste do país, o de deixar cruzes de madeira nas rodovias, em pontos onde morrem crianças vítimas de acidentes de trânsito.

De acordo com Baêtto, a parceria deve continuar. “Temos planos para outros trabalhos juntos. Gustavo tem uma inspiração muito grande que dá as músicas um resultado fenomenal”, conta, elogiando o companheiro. Já para Gomes, em especial a canção dedicada a Zumbi, lhe trouxe outra dimensão da cultura negra. “Quero me instruir cada vez mais nesse contexto-identidade”, conclui.

Clique aqui para ouvir a música.

Confira a Letra:

Ponto do Colibri

Letra: Petrúcio Baêtto
Música: Gustavo Gomes

Quando for
Fazer cantiga
Lá na Serra da Barriga

Me diga que eu quero ir

No vôo do colibri
A estrela de antares
Iluminará Palmares

Não deixará de existir
Não deixará de existir

E assim a gente abriga
A voz numa cantiga

Lá na terra de Zumbi
Lá na terra de Zumbi

Participaram da gravação: Vocais: Gustavo Gomes e Rosa Prédes; Coral: Miquéias Guilherme; Violão: Gustavo Gomes; Violino e viola: Lee; Percussão: China


Fonte: Ascom - Fundação Cultural Palmares

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Maceió sediará evento dos Agentes de Pastoral Negros no ano que vem


Maceió vai sediar, em março do ano que vem, um grande encontro para celebrar os 30 anos de fundação da Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros (APNs), entidade de caráter inter-religioso. Nesta quarta-feira (25.01.12), o coordenador nacional dos APNs, Nuno Coelho, foi recebido pelo prefeito Cícero Almeida, que garantiu apoio do município para a realização do evento. Está prevista a realização de sessão solene conjunta da Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, simpósio e noite de gala, com homenagem a 30 personalidades afrodescendentes. Centenas de autoridades e integrantes de vários mocambos espalhados pelo Brasil participarão do evento.

A reunião desta quarta-feira contou com a presença da secretária municipal de Promoção do Turismo, Claudia Pessôa, e da vereadora Fátima Santiago, que, no próximo dia 16 de março, vão representar Maceió na abertura das comemorações do aniversário das APNs, em evento a ser realizado em São Paulo. O secretário de Governo, Pedro Alves, e o coordenador do centro cultural Anajô, Alex Sandro Porfírio, também acompanharam o encontro.

“Em 2013 já não estaremos no governo, mas até lá o município estará apoiando esse evento tão importante”, afirmou o prefeito. Ele ressaltou a necessidade de a sociedade lutar contra todo tipo de discriminação racial e afirmou que em sua gestão não admite esse tipo de prática. “Somos todos filhos do mesmo Deus, que nos fez diferentes e não discrimina ninguém”.

Nuno Coelho destacou a boa relação da Prefeitura de Maceió com o movimento negro e presenteou Almeida com cópia do livro que conta a história das APNs. Fundada em São Paulo em 1983, a entidade reúne pessoas de diferentes denominações religiosas, que realizam um trabalho de base com a comunidade negra para desenvolver ações e lutar pela transformação social e a conquista da cidadania do povo negro.

Fonte: Secom Maceió / Foto: Ricardo Penha

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E os haitianos . . .

A situação do Haiti – país mais pobre das Américas – continua deplorável! 

No último dia 12 de janeiro, completou-se dois anos que ocorreu o devastador terremoto que matou cerca de 300.000 pessoas, deixou milhares de feridos e um rastro de destruição. Cansados de conviver com o sofrimento, a miséria, doenças, a falta de emprego e os problemas quanto à infraestrutura, centenas de haitianos estão saindo do país em busca de uma vida melhor. Porém, muitos deles terminam utilizando rotas ilegais, intermediadas por coiotes (atravessadores) e estão se concentrando nas cidades amazônicas fronteiriças que, também, não possuem condições de abrigá-los.

Os governos estaduais têm reclamado do caos social provocado pela imigração, a exemplo do município de Brasileia (AC) – na fronteira com a Bolívia – que tinha aproximadamente 21 mil habitantes, e hoje, ainda possui 1000 haitianos. O Ministério da Justiça também está preocupado com a situação migratória de haitianos no Brasil, cujo número estimado pelo governo encontra-se em 4 mil pessoas. Foi apresentada uma proposta para o Conselho Nacional de Imigração (Cnig), que seria de garantir a regularização desses haitianos, além de receber a autorização de residência e o direito para morar e trabalhar aqui. Também irá restringir para 100, o número mensal de vistos a serem concedidos pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. E quem chegar sem documentos após a resolução corre o risco de ser deportado.

O ministro da MJ, José Eduardo Cardozo, prometeu ajuda a essas cidades e “reforçar a fiscalização de fronteira em parceria com Peru, Equador e Bolívia, para atacar a rota ilícita de imigração”. Enquanto isso... no Haiti, as ações para reerguer o país continuam árduas: “Nós tivemos um ano de transição da fase humanitária para a fase de recuperação e reconstrução”, disse Rebeca Grynspan, Administradora Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O PNUD ajudou a criar 300 mil vagas temporárias de trabalho desde o terremoto, organizando as pessoas para realizar atividades como remoção de entulhos, coleta de lixo e reforçando a prevenção e a redução do risco de catástrofes. Cerca de 40% dos trabalhos temporários foram ocupados por mulheres.

Também encontra-se em andamento o projeto de cooperação firmado entre Brasil, Haiti e Cuba, através do PNUD Brasil, que prevê a construção de hospitais e centros de atendimento, além da capacitação de profissionais de saúde. As dificuldades são enormes, mas não podemos fechar os olhos para a dor desse povo, que já foi a colônia mais rica da França e um grande exportador de cana de açúcar. Também foi o primeiro país da América a ter a sua independência em 1804, uma luta conduzida por negros ex-escravos e camponeses. Força, bravos guerreiros e guerreiras!


Fonte: Coluna Axé - nº 186 - jornal Tribuna Independente (24.01.12)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

I Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social

A Prefeitura Municipal de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Controle Interno, convida a sociedade civil organizada, o poder público e membros dos conselhos a participarem da 1ª Consocial (Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social), que será realizada no próximo dia 26 de janeiro, quinta-feira, no auditório da FITS, Bairro de Cruz das Almas, em Maceió, a partir das 7h. As vagas serão limitadas aos 200 primeiros inscritos, que terão direito a voz e voto, além de almoço e coffee break.

O secretário Municipal de Controle Interno, Edvan dos Santos, disse que o evento será uma excelente oportunidade de discussão acerca das questões de transparência no âmbito municipal, estadual e federal. “Uma conferência com este tema deve atender às expectativas da sociedade em geral. E nós, como gestores, devemos dar o máximo de organização ao evento, além de discutir ações que possam implementar a publicidade dos atos de todos os gestores, em todas as esferas governamentais de nosso país”, diz o secretário, ressaltando que “transparência” já é uma palavra muito trabalhada na gestão do prefeito Cícero Almeida.

Edvan afirmou, ainda, que o evento será iniciado no horário previsto e, quem não se credenciar a tempo, ficará sem os direitos assegurados, conforme o regimento publicado no Diário Oficial do Município. “Os participantes deverão chegar cedo ao local indicado e fazer sua inscrição, pois somente a partir desse ato eles terão direito a voz e voto na conferência”, completou o secretário.

Todas as informações estão no site: www.consocial.al.gov.br.


Fonte: Secom Maceió

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cotas : Missão cumprida - Daniel Echaniz é expulso do BBB 12

BBB: Daniel é eliminado por comportamento inadequado

A Rede Globo anunciou ontem a eliminação do modelo Daniel Echaniz, 31 anos, do 12º "Big Brother Brasil". A decisão ocorreu após a Polícia Civil do Rio ter iniciado uma investigação sobre um suposto estupro que o participante teria cometido no programa, contra a estudante Monique Amin, 23 anos.

Em comunicado oficial, a emissora disse que Daniel foi punido por "um grave comportamento inadequado".

O apresentador Pedro Bial abriu a edição do "BBB" de ontem dizendo que desde domingo a produção "está avaliando o comportamento" de Daniel. No domingo à noite, após imagens editadas de Monique e Daniel, Bial havia comentado: "O amor é lindo".

A polícia deve ouvir amanhã os dois participantes para esclarecer se houve crime. O incidente que levou os policiais ao Projac (central de estúdios da Globo) na tarde de ontem e que culminou na decisão do canal aconteceu na madrugada de domingo após uma das tradicionais festas regadas a álcool que o "BBB" costuma promover.

Após beberem no evento, Daniel e Monique passaram parte da madrugada deitados sob um edredom. Cenas mostradas no pay-per-view e replicadas na web mostram o modelo se mexendo enquanto a estudante fica inerte.

O vídeo não permite ver com clareza o que se passou, mas muitos telespectadores e internautas acusaram Daniel de se aproveitar da embriaguez de Monique para abusar dela sexualmente.

A expulsão do modelo foi pedida com a hashtag #danielexpulso, que chegou a liderar os "trending topics" brasileiros do Twitter.

No domingo, procurado pela reportagem, o diretor do "BBB 12", J.B. Oliveira, o Boninho, disse que havia rolado apenas uma "esfregação".

"Estupro implica violência, e não houve isso. Tudo o que eles fizeram foi consensual. Não tem câmera debaixo do edredom nem raio-x para saber o que aconteceu."

O diretor disse ainda que os protestos tinham cunho racista. "Acho que o Daniel está sendo vítima de racismo dos internautas. Reclamaram que o primeiro grupo [do 'BBB'] só tinha branco e agora, justamente com o único negro da casa, falam que ele estuprou uma mulher. Será que o Daniel não pode ficar com uma mulher bonita?"

Boninho disse ainda que Monique "não estava dormindo nem bêbada". "Chamei ela no confessionário e, se tivesse acontecido algo grave, ela poderia ter pedido socorro. Ela disse que foi até onde se sentiu à vontade e que depois pediu para ele sair da cama."

Depois da conversa com Boninho, a estudante disse a outros companheiros de programa que não se lembrava do que tinha acontecido.

A grande repercussão desde o domingo motivou a polícia a apurar o caso - o incidente foi registrado inicialmente como "fato atípico", em que não se sabe se houve ou não um crime.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal solicitou ao Ministério Público do Rio que tomasse "providências cabíveis".

Fonte: Portal Geledés

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Diretor de diversidade, o mais novo executivo de grandes empresas

Algumas companhias estão adicionando um novo executivo à sua cúpula: o diretor de diversidade.

Com a missão de criar um ambiente de trabalho onde mulheres e minorias possam florescer, o diretor de diversidade geralmente tem funções híbridas, que incluem recrutamento, recursos humanos e marketing, assim como garantir a aderência à ética e às leis.

Possuir uma força de trabalho diversa é, sem dúvida, bom para a imagem da companhia, e alguns dizem que pode também ter um impacto mais profundo ao reduzir a rotatividade de empregados, incentivar inovação e atrair novos negócios.

A Schnader Harrison Segal & Lewis LLP, uma firma de advocacia da Filadélfia com 400 empregados, informou que criou a posição de diretor de diversidade depois de reconhecer que tinha dificuldades para reter talentos oriundos das minorias, antes que eles atingissem posições de alto nível.

Alguns foram atraídos por escritórios maiores tentando aumentar diversidade das suas próprias forças de trabalho, mas outros simplesmente não viam nenhuma oportunidade de avançar na organização, disse David Smith, o diretor-presidente da firma.

Ainda que não houvesse nenhuma estrutura rígida, os advogados da firma — na sua maioria homens brancos — estavam inconscientemente escolhendo trabalhar com outros homens brancos como eles, disse Smith.

A firma selecionou para o cargo um dos seus próprios sócios, um advogado afro-americano especializado em legilação financeira, cujas responsabilidades agora incluem recrutar novos talentos, desenvolver programas de mentores e monitorar o fluxo de trabalho na empresa para garantir que as tarefas estão sendo distribuídas de forma justa. Smith espera que o recrutamento se traduza em aumento da diversidade até o final do primeiro trimestre.

Outras empresas veem a diversidade como um motor para inovação. A fabricante de aquecedores e equipamentos de ventilação Rand PLC criou a função do diretor de diversidade, no começo do ano passado, para ajudar a cultivar mais líderes entre as minorias, na esperança de que eles impulsionem o seu crescimento em mercados estrangeiros.

A diretora de diversidade Neddy Perez está se preparando para lançar redes de empregados para mulheres, afro-americanos e veteranos de guerra na América do Norte. Na Europa, ela está começando um programa de treinamento de liderança de um ano com 12 empregadas escolhidas a dedo.

Cerce de 60% das empresas do ranking das maiores companhias de capital aberto do mundo da revista "Fortune 500" têm, atualmente, um diretor de diversidade ou um executivo com as mesmas funções, de acordo com um estudo recente conduzido pela Heidrick & Struggles, uma firma de recrutamento de executivos. Entre eles, 65% são mulheres e 37% afro-americanos. Eles possuem uma fomação variada, desde recursos humanos até marketing, passando por finanças e operações.

Muitos diretores de diversidade ganham salários compatíveis com outras posições de alto nível na empresa, como diretor de marketing ou diretor jurídico. Dependendo do tamanho da companhia, eles podem também gerenciar sua própria equipe e orçamento, o qual pode variar de US$1,5 milhão a US$5 milhões nas empresas maiores, diz o sócio da Heidrick & Struggles Billy Dexter, que já foi diretor de diversidade da MTV Networks, uma empresa do conglomerado de mídia Viacom Inc.

"O título de diretor dá mais estatura à posição, sem dúvida, mas a verdadeira mensagem é que se trata de uma iniciativa vital para a empresa", diz Dexter.

Mas nem todos os diretores de diversidade são criados iguais. Apenas um quarto deles reporta diretamente para o diretor-presidente, com o restante subordinado a algum departamento, como o de recursos humanos, de acordo com um estudo recente feito pelo Instituto para a Produtividade Corporativa, uma organização de pesquisas. Ter uma linha direta para a cúpula pode dar ao diretor de diversidade mais poder e visibilidade, diz Kevin Oakes, o diretor do instituto.

Quando a Pricewaterhouse Coopers LLC nomeou seu primeiro diretor de diversidade nove anos atrás, o executivo trabalhava sob o guarda-chuva do departamento de Recursos Humanos. Agora, o cargo se reporta diretamente ao presidente do conselho e sócio sênior Bob Moritz. A PwC faz rodízio entre seus sócios no cargo a cada dois anos. A estrutura dá à posição credibilidade e responsabilidade, diz Maria Moats, uma sócia de auditoria que recentemente se tornou a quinta executiva a assumir o cargo na firma. "Todo mundo na firma sabe quem é o diretor de diversidade", diz ela.

Matéria do Wall Street Journal.
Fonte: Narciso Machado / Portal Geledés

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MP de Alagoas poderá ter promotoria de repressão à intolerância religiosa

Por: Valdice Gomes – Cojira-AL/Sindjornal


O procurador substituto do Ministério Público Estadual, Sérgio Jucá, anunciou na última terça-feira (10.01), que é intenção do órgão criar a Promotoria de Repressão ao Preconceito Racial e à Intolerância Religiosa, dentro do projeto de modernização do MP. Segundo ele, Alagoas passará a ser o segundo Estado com esse serviço, já que atualmente apenas a Bahia mantém uma promotoria com esse objetivo.

O anúncio aconteceu no auditório do Ministério Público, durante audiência do procurador Sérgio Jucá com lideranças dos religiosos de matriz africana,que junto com o coordenador da Comissão das Minorias e Direitos Humanos da OAB-AL, advogado Alberto Jorge Ferreira, e representantes de entidades da sociedade civil que apóiam o movimento contra a intolerância religiosa entregaram a Sérgio Jucá uma representação criminal contra a Prefeitura de Maceió, por ter estabelecido espaço e tempo para os adeptos da religião afro fazerem as oferendas à Iemanjá no último dia 8 de dezembro, na orla de Maceió.

Sérgio Jucá disse que o MP vai estudar a representação criminal e analisar que procedimentos são cabíveis no caso. Ele ressaltou que é dever do Ministério público zelar pela aplicação reta da Lei. “E a Lei não autoriza qualquer ato de cerceamento da liberdade religiosa”, enfatizou, acrescentando que pretende ouvir os religiosos no momento de instituição da promotoria de repressão ao preconceito racial e à intolerância religiosa.

Os religiosos comemoram a notícia de criação da promotoria. “Esse momento é muito importante e estaremos aguardando com grande expectativa a criação da promotoria”, declarou Dote Elias. Já a sacerdotisa e matriarca da religião afro em Alagoas, Mãe Mirian, pediu justiça e agradeceu o apoio do Ministério Público à religião afro. Entre as lideranças religiosas que participaram da audiência estavam o Pai Célio, Pai Jedilson, Mãe Jeane, Mãe Dadá, Mãe Lindalva e Paulo Silva.

A ação no MP inicia uma série de atividades de protesto contra a intolerância religiosa em Maceió. Também está sendo organizado um grande cortejo e atividades culturais, nos dias 1º e 02 de fevereiro, para lembrar o “Quebra de 1912” e denunciar as perseguições que ainda hoje sofrem as religiões de matriz africana em Alagoas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Controle migratório de haitianos no Brasil gera debate

No mesmo dia em que se completam dois anos desde o terremoto que devastou o Haiti, o Conselho Nacional de Imigração (Cnig) brasileiro avalia resolução que restringe a cem o número mensal de vistos a serem concedidos a haitianos que queiram emigrar ao Brasil.

A medida é parte de uma proposta do Ministério da Justiça para regularizar a situação migratória de haitianos no Brasil, que ganhou a atenção da opinião pública por eles virem, muitas vezes, por rotas ilegais, intermediadas por coiotes (atravessadores), e se concentrarem em cidades amazônicas com poucas condições para abrigá-los.

Segundo a proposta do MJ, os haitianos que já se encontram no Brasil - número estimado pelo governo em 4 mil pessoas - terão sua situação regularizada, recebendo autorização de residência que lhes dará direito a morar e trabalhar aqui.

Caso a resolução seja aprovada pelo Cnig, os haitianos que quiserem vir ao Brasil em busca de um trabalho teriam uma cota de cem vistos por mês, a serem concedidos pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. Quem chegar sem documentos após a resolução corre o risco de ser deportado.

'O Brasil criou um canal adicional aos haitianos, além do canal tradicional de vistos (para quem já tem um vínculo empregatício no Brasil)', diz o secretário-executivo e ex-ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, em entrevista à BBC Brasil.

'Nossa preocupação não é tanto com o número de imigrantes, mas com a forma como vêm (por intermediários ilegais, pela floresta). Soubemos de casos de estupro, de roubos, de violência (contra os haitianos). O Brasil não tem essa tradição.'

Deportação

Suzanne Legrady, do grupo católico Missão Paz, do qual faz parte a Casa do Migrante, em São Paulo, diz que a atual discussão em torno da imigração haitiana tem provocado insegurança na comunidade.

Muitos dos que já estão aqui estão com medo de falar com a imprensa; outros, consultados pela BBC Brasil, tinham planos de trazer parentes para cá - planos que talvez tenham de ser revistos.

'Não acho bom limitar (a concessão de vistos). Temos que pensar além dos números (de imigrantes), porque são seres humanos. E migrar não é delito.'

Helion Póvoa Neto, professor da UFRJ e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM), opina que a cota de vistos e a consequente possibilidade de deportação de haitianos não regularizados pode criar uma saia justa para o Brasil.

'É uma questão politicamente difícil. Vamos deportar pessoas para um país onde fazemos uma intervenção humanitária?', questiona, em referência à liderança brasileira da missão da ONU no Haiti.

Em comunicado, a ONG de direitos humanos Conectas diz temer que 'a ameaça de deportação feita pelo Ministério da Justiça brasileiro e a restrição no número de vistos concedidos aos haitianos represente ainda mais sofrimento para as milhares de famílias que tentam reconstruir suas vidas no Brasil, fugindo de décadas de conflitos internos, criminalidade, pobreza, instabilidade política e desastres naturais em seu país de origem'.

O secretário Luiz Paulo Barreto, afirma, em contrapartida, que 'vamos criar um canal formal e privilegiado de imigração. Isso (deportação) acontece em todos os países. Tratamos os haitianos com essa proximidade e seguiremos nossa política de ajudar o país, mas não queremos incentivar a diáspora de sua mão de obra mais qualificada (para o Brasil).'

Atividade laboral

Os cem vistos mensais devem ter validade inicial de cinco anos e permitirão que os haitianos trabalhem no Brasil. Nesse prazo, deverão comprovar o exercício de atividade laboral.

Segundo Barreto, esse número pode ser revisto. 'Achamos que 1.200 vistos por ano sejam suficientes para contemplar a demanda. Se isso for insuficiente, podemos reavaliar.'

Cidades amazônicas fronteiriças se tornaram porta de entrada para haitianos; e governos estaduais têm reclamado do caos social provocado pela imigração nas cidades. Um exemplo é o município de Brasileia (AC), de cerca de 21 mil habitantes, na fronteira com a Bolívia, que concentra cerca de mil haitianos.

O Ministério da Justiça prometeu ajuda a essas cidades e 'reforçar a fiscalização de fronteira em parceria com Peru, Equador e Bolívia, para atacar a rota ilícita de imigração', nas palavras do ministro José Eduardo Cardozo.

Para Rosita Milesi, diretora do Instituto Migração e Direitos Humanos, é justamente o combate a coiotes e redes de tráfico que deve ser priorizado pelo governo. 'Este é um ponto fundamental, para não deixar pessoas vulneráveis expostas à ação destes grupos inescrupulosos.'

Ela também defende 'um plano para que haitianos possam vir regularmente ao Brasil, habilitando-se para capacitação profissional e depois retornado ao seu país em condições de contribuir com seu próprio desenvolvimento', desde que eles recebam aqui a oportunidade de 'acolhimento, aprendizagem do idioma, integração laboral e social'.


Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Religiosos entregam ação contra Prefeitura ao Ministério Público

Grupos reclamam de normas restritivas para realização de oferendas a Iemanjá


Religiosos de matriz africana, acompanhados de integrantes de grupos afro culturais entregaram ao procurador substituto Sérgio Jucá uma ação de interpelação contra a prefeitura de Maceió, na manhã desta terça-feira (10). A insatisfação dos grupos foi gerada pela medida tomada pelo órgão no último dia oito, restringindo normas para a realização das oferendas à orixá Iemanjá.

A Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU) estabeleceu normas restritivas às reverências a Imanjá, como o horário permitido para o uso de instrumentos musicais durante o ritual, que deveria ocorrer das 8 às 17 horas.

“A medida é de uma intolerância tamanha e vai contra a liberdade de intolerância religiosa”, afirmou o presidente da Federação Zeladora da Religião Tradicional Afro Brasileira, Paulo Silva. Segundo ele, o superintendente de fiscalização da SMCCU, Glavaci de Assis teria atendido a uma solicitação dos moradores da orla de Maceió, que reclamaram que um grupo chegava às 4h30 da manhã e começava a fazer barulho com seus instrumentos musicais, perturbando o sono da população. “Isso é um absurdo. Como é que apenas o som de um atabaque poderia perturbar tanto? Não era um trio elétrico!”, afirmou Dote Elias, membro da nação GGJEJE Mahi.

Além da restrição de horário, os grupos religiosos tiveram restrição de local para as oferendas. Apenas o espaço compreendido entre a balança do peixe, na Ponta Verde, ao final da praia da Pajuçara foi liberado para o ritual. Segundo o grupo, se a determinação não fosse atendida, os instrumentos utilizados nas cerimônias seriam apreendidos.

Jucá falou que recebeu o grupo e vai analisar. “O MP irá tomar todas medidas cabíveis. Não podemos assistir a essas restrições de braços cruzados. O Ministério Público irá instalar esse ano em Alagoas várias promotorias, entre elas a de repressão do preconceito racial e intolerância religiosa”, contou.

O advogado representante do grupo, Alberto Jorge Ferreira, disse acreditar na Justiça e espera que com essa ação não se repita o que aconteceu no ano passado.


Fonte: Gazetaweb

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Lei Federal N° 10.639/2003: 9 anos de luta pela implementação

A Lei Federal N° 10.639/2003 que garante a obrigatoriedade da História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial da Rede de Ensino completa, nesta segunda-feira (9), nove anos de promulgação. No entanto, a Lei ainda se mostra frágil no que diz respeito à própria implementação. As discussões em torno do assunto são comuns, porém a prática precisa ser mais incentivada.

Professora da Gerência Regional de Ensino-CRE do Guará, em Brasília, Neide Rafael é referência no acompanhamento do ensino de história da realidade negra em escolas de ensino médio da Região Administrativa. Em sua avaliação, após nove anos o Governo Federal continua tímido em relação a implementação da Lei n° 10.639. “Sentimos falta do exercício do Poder junto ao Ministério da Educação, frente às Secretarias de Estado de Educação”, afirma.

Direito a uma história - A importância da Lei está em garantir o acesso de 51% da população brasileira à própria história. A escola foi escolhida como ferramenta para mudar a imagem do negro por se tratar do espaço, onde são tratados os conflitos sociais, as ideologias e os princípios coletivos.

Para Neide, a sociedade brasileira é marcada pela negação do ser negro, do diferente, por conta do eurocentrismo latente nos currículos dos diferentes níveis de educação. “Nossa escola não foi criada para a população negra. Desde a sua formação, o povo negro ficou excluído do processo”, explica a professora que acredita que o grande desafio ainda está em adaptar escolas e educadores para o cumprimento da inclusão do negro na sociedade.

Segundo ela, a principal decisão a ser tomada através de ações político-pedagógicas está no ideal cumprimento da Lei e para isso, um passo a ser dado, é a exclusão do preconceito em relação às políticas públicas para a população negra. “Para os afrodescendentes a educação é garantia de direitos para a erradicação das desigualdades educacionais, sociais, políticas e econômicas”, alerta Neide. “É necessário ensinar os significados e a história das culturas africanas, sem discriminações e ignorâncias”, completa.

Promoção de valores – A Fundação Cultural Palmares está entre os órgãos governamentais que estimulam o ensino da História e Cultura Afro-brasileira. Com a finalidade de promover e preservar a cultura negra, a instituição se preocupa com a igualdade racial e com a valorização das manifestações de matriz africana. Para isso, se utiliza de projetos como, por exemplo, o Ciclo de Palestras Cultura Afro-brasileira: nosso patrimônio.

O ciclo de palestras leva por meio de especialistas o conhecimento de temas ligados às comunidades quilombolas, ao valor histórico das religiões de matriz africana e aos costumes e tradições de origem negra aos mais diversos públicos, especialmente o escolar. “O trabalho da Fundação Cultural Palmares é pertinente. Agora precisamos de apoio e parcerias com o Governo Federal além de parceiros sociais para passar do papel para as ações”, conclui Neide Rafael.


Fonte: Fundação Cultural Palmares

Xangô Rezado Alto

Por: Valdice Gomes


Um projeto da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) intitulado Xangô Rezado Alto, vai marcar o centenário do “Quebra de 1912”, ato de violência contra as religiões de matriz africana, ocorrido na noite de 1º para 02 de fevereiro, quando todos os terreiros e casas de culto afro foram destruídos em Maceió.

Na última quinta-feira (05.01), lideranças das religiões afro e representantes de instituições parceiras estiveram no auditório do Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para conhecer o projeto e discutir sobre objetivos e atividades. Conforme declarou o reitor da Uneal, Jairo Campos, o projeto Xangô Rezado Alto ressalta o novo momento da Universidade Estadual, que busca uma maior aproximação com a comunidade e os movimentos sociais. Segundo Vinícius Palmeira, um dos responsáveis pelo projeto, o objetivo é dar continuidade e fortalecer o atual movimento de resgate da identidade negra alagoana, desencadeado por instituições e lideranças das comunidades de terreiro no Estado.

As atividades terão início nos dias 01 e 02 de fevereiro próximo, em celebração à memória do “Quebra de 1912”, na Praça dos Martírios, com a festa popular “Noite do Xangô Rezado Alto”. O título é uma resposta aos tempos de opressão, quando após a destruição dos terreiros e casas, os pais e mães de santo de Maceió que resistiram, realizavam seus ritos da forma que ficou conhecida como “Xangô rezado baixo”, para que os instrumentos e cânticos entoados não chamassem atenção. A intenção é resgatar a autoestima dos religiosos de matriz africana.

Até o mês de maio está prevista uma extensa programação, com a realização do Congresso Alagoano de Cultura Afrobrasileira, exposição Presença Negra em Alagoas, quatro oficinas de tradições afrobrasileiras, produção do vídeo Gira das Tradições, publicação de duas cartilhas pedagógicas e dois prêmios para produção cultural das comunidades de terreiros. A ação recebe o incentivo do Fundo Nacional de Cultura e contrapartida da Uneal, também conta com a parceria de órgãos públicos como Ufal, Iphan, Iteral, Secretarias de Estado da Educação, Cultura, Cidadania, Mulher e Direitos Humanos; Cesmac, Braskem e da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL/Sindjornal).


Fonte: Coluna Axé - nº184 - jornal Tribuna Independente (10.01.12)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Segunda edição do Projeto Passeio no Parque realiza o Banquete dos Ancestrais na Serra da Barriga

Foto: João Paulo Farias / Divulgação



A segunda edição do Projeto Passeio no Parque realizou neste domingo (08.01), na Serra da Barriga, o primeiro Banquete dos Ancestrais. O evento reuniu centenas de pessoas que prestigiaram atividades culturais durante todo o dia no Parque Memorial Quilombo dos Palmares e degustaram o cardápio afro-indígena, que foi servido no restaurante Kùuku-Wàana (Banquete Familiar).

A parceria entre a Fundação Cultural Palmares, a Associação dos Grupos Culturais de União (Agrucenup), o Grupo Espírita Santa Barbara (Guesb) e empresários locais foi fundamental para a realização desta segunda edição do Projeto, que contou com a presença de caravanas das cidades de Colônia Leopoldina, Ibateguara e Maceió.

Segundo Genisete Sarmento, representante da Fundação Cultural Palmares em Alagoas, o Passeio no Parque tende a crescer a cada mês, com a aproximação da população à história de um lugar que foi imortalizado como símbolo da luta por liberdade. “Esse espaço tem que ser ocupado ao longo do ano, não só em novembro, quando se celebra o dia 20, a energia aqui é fantástica”, afirmou Genisete, agradecendo as parcerias fundamentais na execução dos eventos.

O ex-deputado estadual Paulo Fernando dos Santos elogiou a iniciativa da Palmares em Alagoas pela realização do projeto e destaca o simbolismo do Quilombo dos Palmares e sua importância na luta pela liberdade. “A valorização desse local é fundamental para continuação da história do que fora no passado um dos maiores símbolos de resistência à escravidão”, disse.

Várias atrações culturais animaram os visitantes: o Grupo Inaê, o Grupo de Dança Brilho da Paz e a Banda Afro Zumba se apresentaram em um palco montado na área externa do Restaurante Kùuku-Wàana. No espaço Batucajé, o show ficou por conta do Grupo de Capoeira Palmares – Maculelê.


Fonte: O Relâmpago

Carta aberta dos religiosos de Matriz Africana à sociedade alagoana

No dia 08 de Dezembro de 2011, segundo as nossas tradições, uma data reservada ao culto de Iemanjá, orixá das águas, nós que fazemos parte dos cultos religiosos de matriz africana na cidade de Maceió e das casas religiosas situadas no interior do Estado, fomos surpreendidos com uma situação de profunda humilhação, quando ao chegarmos para a celebração das nossas oferendas sagradas nas praias de Jatiúca e Ponta Verde, nos deparamos tanto com um espaço de segregação física – restrito da balança do peixe até o final da praia da Pajuçara -, bem como, com a determinação de um horário restrito de celebração de nossas cerimônias, estipulado das sete horas da manhã até as 8 horas da noite. Ambas as medidas foram determinadas pela Prefeitura de Maceió, através da Fundação Cultural Cidade de Maceió, na pessoa da Sra. Paula Sarmento, e pela Secretaria Municipal de Convívio e Controle Urbano, na pessoa do Sr. Galvaci de Assis, sendo que, para a concretização de tais “medidas disciplinadoras” os citados órgãos solicitaram o apoio disciplinador e repressivo do aparato tanto da Guarda Civil Municipal, como da Polícia Militar de Alagoas.
          
Alagoanos, a situação a que todos nós religiosos de matriz africana fomos submetidos naquele dia foi algo vergonhoso e humilhante e, mais ainda, quando estamos na véspera de completar exatamente cem anos da Quebra de todos os terreiros de candomblé de Alagoas, ocorrido em 1912, fato que não voltou a acontecer no último dia 08 de Dezembro, em virtude da intervenção, nos bastidores, de membros do Governo do Estado junto ao comando da Polícia Militar, alertando-lhes para a flagrante violação da Constituição Federal e as possíveis conseqüências da violação.
 
Diante do acontecido, nós religiosos de matriz africana, descendentes de africanos escravizados, que também fazemos parte da herança da República dos Palmares e que atualmente contamos com algo em torno de 3000 casas de culto espalhados por Alagoas, não podemos ficar silenciados e humilhados diante da imensa vergonha com que nossos irmãos foram tratados no dia 08 de Dezembro, quando, ao chegarmos aos locais de realização das nossas cerimônias, fomos vigiados e monitorados por pessoas completamente alheias ao nosso universo religioso, as quais, segundo declarações à imprensa, tinham como principal objetivo “disciplinar as nossas atividades”. 
Vale ressaltar, ainda, que a “medida disciplinadora” levada a cabo pela Prefeitura de Maceió, em razão de seu alheamento a respeito das nossas tradições, não levou em conta o fato de que, tanto as praias quanto as águas marinhas, para nós religiosos de matriz africana, são lugares de uma memória sagrada e, portanto, invioláveis por direito constitucional.
Então perguntamos: disciplinar o que? Disciplinar a partir de que? E com que direito estes órgãos – que deveriam cumprir o seu papel de proteger a nossa liberdade religiosa - podem se arvorar em disciplinar as nossas crenças, os nossos cantos e a nossa liberdade de expressão religiosa? Afinal, o que eles sabem de nosso Deus e o que eles entendem dos nossos Orixás e das nossas tradições?

Alagoanos de um modo geral e da cidade de Maceió em particular, o que ocorreu no dia 08 de Dezembro de 2011 não foi apenas uma violência contra as nossas tradições sagradas, mas, antes de tudo, foi uma violação da Constituição Federal e do Estatuto da Igualdade Racial, no que se refere à liberdade religiosa garantida pela Carta Magna do Brasil. E, neste sentido, ao tempo em que denunciamos este ato de intolerância religiosa, solicitamos de toda a população, através de suas instituições, um generoso esforço no sentido de divulgação da presente Carta Aberta, bem como um olhar mais atento para a importância das nossas tradições afro-alagoanas, haja vista que, o dia 02 de Fevereiro deste ano, marcará o centenário da trágica destruição dos nossos espaços sagrados, data que entrou para a história como o dia do “Quebra dos Terreiros de 1912”.
        
Assinam esse documento:

FEDERAÇÃO DOS CULTOS AFRO UMBANDISTAS DO ESTADO DE ALAGOAS,
CENTRO AFRO OXUM OMIN TALADÉ,
CENTRO AFRICANO SÃO JORGE,             
PALÁCIO DE AIRÁ,
ILÊ AXÉ LEGIONIRÊ,
NUCAB– IYA OGUNTÉ,
CENTRO ESPÍRITA SÃO JORGE,
CENTRO AFRO BRASILEIRO OGUM DE NAGE,
FRETAB - FEDERAÇÃO ZELADORA DAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRO-BRASILEIRA EM ALAGOAS,
FEDERAÇÃO DOS CULTOS AFROS DE ALAGOAS,
ASSOCIAÇÃO CULTURAL E SOCIAL AFROBRASILEIRA OFA OMIM,
ABASÁ DE ANGOLA OYA BALE,
FEDERAÇÃO ALAGOANA ESPÍRITA CAVALEIRO DO ESPAÇO.

Com o apoio das entidades abaixo discriminadas:
UFAL,UNEAL, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL), COLETIVO AFRO CAETÉ, GUESB, ANAJÔ, NÚCLEO CULTURAL ZONA SUL MACEIÓ, CEPA QUILOMBO, FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA, ARTICULAÇÃO DE CULTURA POPULAR AFRO-CAETÉ, COJIRA-AL, DCE/UFAL.

Religiosos de matriz africana acionam MP contra Prefeitura de Maceió

Por: Valdice Gomes – Cojira-AL/Sindjornal
Contato: 9951-9584


Religiosos de matriz africana, acompanhados de integrantes de grupos afro-culturais, do movimento estudantil, entidades do movimento negro, da sociedade civil estarão na sede do Ministério Público Estadual, nesta terça-feira (10.01), às 8h30, para entregar formalmente denúncia contra determinação da Prefeitura de Maceió, que no dia 8 de dezembro de 2011 estabeleceu normas restritivas de tempo e espaço para as oferendas à Iemanjá.

Segundo informou o advogado Alberto Jorge Ferreira dos Santos, coordenador da Comissão das Minorias e Direitos Humanos da OAB/AL, a interpelação judicial cobra uma justificativa para a determinação da Prefeitura que, inclusive, de acordo com relato dos religiosos até ameaçou uso da força caso a decisão fosse desobedecida. “Se o Ministério Público entender que o Município feriu a liberdade religiosa garantida pela Constituição Federal poderá acionar a Justiça contra a Prefeitura”, explicou o advogado.

A entrega da interpelação Judicial e a divulgação de Carta Aberta à sociedade marcam o início de uma série de ações de protesto contra as medidas adotadas pela Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU), e pela Fundação Cultural Cidade de Maceió, que os organizadores do movimento consideram um ato de intolerância religiosa. Outras atividades como audiência na Câmara de Vereadores, além de um grande ato público em fevereiro, para lembrar o “Quebra de 1912” e denunciar as perseguições que ainda hoje sofrem as religiões afrobrasileiras também estão previstas

Apoiadores do movimento contra a intolerância religiosa entendem que os órgãos municipais feriram também o Estatuto da igualdade Racial, que menciona o direito à liberdade de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana, inclusive a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões. Segundo o historiador Clébio Araújo, vice-reitor da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas), a atividade do dia 8 de dezembro para os terreiros não significa apenas uma homenagem, mas uma celebração religiosa que segue preceitos e não pode ser mudada de qualquer forma.