Os participantes da II Assembléia Popular, realizada no município de Luziânia (GO), entre os dias 25 e 28 de maio de 2010, manifestam por meio desse documento o apoio ao Decreto 4.887/2003, que regulamenta os dispositivos de reconhecimento, demarcação e titulação dos territórios das comunidades tradicionais quilombolas, consagrando um direito previsto na Constituição Federal de 1988. O Decreto viabiliza a atuação do Estado através de um procedimento de titulação feito dentro de parâmetros internacionais de direitos humanos. No entanto, setores conservadores da sociedade brasileira tentam impedir a efetivação do direito constitucional à terra e, para tanto, dentre outras estratégias, querem paralisar os procedimentos de titulação das terras quilombolas. Em 2004, o Partido da Frente Liberal (PFL), hoje Democratas (DEM), entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede a revogação do Decreto 4887. Em muitas partes do país, o direito à terra de indígenas, ribeirinhos e quilombolas vem sendo violado por grupos de grande poder econômico como latifundiários, empreiteiras, mineradoras, empresas de celulose, do ramo hoteleiro e imobiliário além de setores do governo federal e governos estaduais. São grupos que querem se apropriar das terras e recursos naturais que são ocupados e protegidos há várias gerações por comunidades tradicionais. A extinção do Decreto, como quer o DEM, é parte dessa estratégia nefasta de aniquilamento dos direitos fundamentais. Reafirmamos ainda a necessidade de audiência pública sobre o Decreto antes que o STF agende o julgamento, que está previsto para a primeira quinzena de junho.
O CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS AFRO ALAGOANO QUILOMBO realizará nesta sexta-feira (28), às 19h30, no Mirante Kátia Assunção localizado no Jacintinho (por trás da rádio 96 FM), a 22ª edição do Mirante Cultural – “Um Quilombo Chamado Jacintinho”
O evento vem acontecendo desde fevereiro de 2008, reunindo grupos culturais dos bairros de Maceió e algumas cidades do Estado de Alagoas. Atualmente tem com parceiros o SINDICATO DOS URBANITÁRIOS e alguns comerciantes do bairro do Jacintinho.
O Mirante Cultural em comemoração ao 25 de maio, Dia da África, traz em sua programação a apresentação da cantora de Cabo Verde Sônia André. Teremos também em nossa programação a participação pela primeira dos grupos: Talismã e Rock Ingstyle. O retorno dos grupos: Xameguinho e Àguia Negra. . Apresentação do documentário sobre o filme da linha 174 para uma reflexão sobre a problemática da periferia. O ressurgimento da banda Afro Força do Ilê com a participação especial do dançarino e coreógrafo Jailton Oliveira.
O Mirante Cultural continuará defendendo a integração entre educação e arte, buscando sempre impulsionar os artistas locais, trabalhando a geração de renda e valorizando a cultura popular e afro-alagoana. Agradecendo sempre os apoios da comunidade, dos artistas, dos parceiros e da imprensa.
PROGRAMAÇÃO:
Grupo de Hip Hop Talismã
Grupo de Break Rock Ingstyle
Coco de Roda Xameguinho
Sônia André - Cantora de Cabo Verde
Documentário sobre o filme da linha 174
Grupo de Capoeira Águia Negra e convidados
Banda Afro Força do Ilê com a participação especial do dançarino Jailton Oliveira
GRUPOS PARCEIROS DO C.E.P.A.A. QUILOMBO:
Escola de Samba Arco-Íris
Núcleo de Capoeira
Grupo Lésbico Dandara
Bumba-meu-boi Excalibur
Grupo Teatral S.O.S Sorriso
União das Mulheres do Bairro do Jacintinho - U.M.B.J.
Associação Puma de Ferkundô
Associação de Moradores da Grota do Moreira
Banda Afro Estrela Negra
Companhia Princípios Básico
Mais informações: Viviane Rodrigues - Relações Públicas do C.E.P.A. Quilombo E-mail: vi_magnifica@hotmail.com / Telefone: (82) 8843-9311
Começou nessa terça-feira (25/05), em Salvador/BA, o II Encontro Afro-Latino, com o tema "A Força da Diáspora Africana". O evento vai até o dia 28 e é resultado de compromisso assumido em 2008, na primeira edição do encontro, ocorrido em Cartagena, na Colômbia. O evento vai reunir 20 ministros de cultura da América Latina, além de representantes da Organização dos Países Ibero-Americanos (OEI), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O objetivo é avançar na discussão e elaborar uma Agenda Afrodescendente nas Américas, que contemple políticas públicas de ações afirmativas para a igualdade racial, por meio de projetos e propostas de cooperação entre os 20 países envolvidos no empreendimento. A participação do Brasil já está confirmada.
A agenda dessa terça-feira está concentrada no Teatro Castro Alves e inclui uma coletiva de imprensa, às 17h, e a solenidade de abertura do II Encontro, às 21h, seguida, ainda, do II Concerto Afro-Latino. A abertura oficial coincide com a comemoração do Dia da África, 25 de maio. Durante os demais dias do evento haverá plenárias, conferências, atividades artísticas, shows e workshops. O II Encontro Afro-Latino é promovido pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares.
Os Agentes de Pastoral Negros está representado no encontro pela APN Neuza Maria de Goiânia.
Primeira edição: diretrizes O I Encontro Afro-Latino foi considerado um marco na proposta de cooperação multilateral entre os países ibero-americanos, que elegeram a diversidade cultural como eixo central para um projeto de integração. O evento registrou que é na riqueza das manifestações culturais que a população afrodescendente de todos os países encontra um sentido comum que, além de lhe dar unidade, estimula a solidariedade entre as nações, no que se refere à afirmação de seus valores e patrimônio.
Programação 25/05 - 3ª feira (Dia da África) 17h - Coletiva com a imprensa - Local: Teatro Castro Alves 21h - Solenidade de Abertura Oficial - Local: Sala Principal do Teatro Castro Alves 21h30 - I Concerto Afro-Latino - Elza Soares.
Participações: Mariene de Castro e Riachão -
Local: Sala Principal do Teatro Castro Alves
26/05 - 4ª feira 9h às 14h - Encontro de Ministros da Cultura - Local: Museu da Misericórdia 21h - II Concerto Afro-Latino - Papá Roncón (Equador), Bahia Trio (Colômbia) e Dúo Así Son (Cuba) - Local: Sala Principal do Teatro Castro Alves
27/05 - 5ª feira 9h - 12h - Abertura do Encontro de Pensadores - Local: Othon Palace Hotel. Workshop 1 - Música Percussiva: Papá Roncón (Equador) - Local: Teatro Castro Alves 14h - 18h - Workshop 2 - Música Percussiva: Bahia Trio (Colômbia) - Local: Teatro Castro Alves
28/05 - 6ª feira 9h - 12h - Encontro de Pensadores - Local: Othon Palace Hotel Workshop 1 - Música Percussiva: Papá Roncón (Equador) Local: Teatro Castro Alves 14h - 18h - Workshop 2 - Música Percussiva: Bahia Trio (Colômbia) Local: Teatro Castro Alves 20h às 22h30 - Concerto Popular Afrolatino - Carlinhos Brown e convidados. Local: Área verde do Othon Hotel
Violência Estudante africana é agredida a chutes dentro da Universidade Federal da Paraíba
Marcelle Ribeiro, O Globo, TV Cabo Branco
JOÃO PESSOA, SÃO PAULO - A estudante de Letras Kadija Lu, de 23 anos, foi xingada de "negra-cão" e agredida a chutes dentro do campus da Universidade Federal da Paraíba na noite desta segunda-feira. O agressor, um vendedor de cartões de crédito, foi ouvido pela polícia e liberado. A delegada Juvanira Holanda, da 4ª Delegacia Distrital de João Pessoa, informou que ele não responderá por racismo nem por lesão corporal. Segundo ela, o rapaz está sendo investigado apenas por injúria e vias de fato.
" Para caracterizar racismo tem que ter uma série de coisas. Não é só chegar e falar 'sua branca', 'seu negro' ou 'seu negro safado' "
Para a delegada, chamar uma pessoa de 'negro' não configura crime de racismo e chutar o abdômen não é lesão corporal. Segundo a delegada, uma testemunha afirmou que o acusado disse "pega essa negra-cão" durante a confusão que se formou no campus, quando a estudante foi tomar satisfação com o vendedor de cartões por um gesto obsceno que ele teria feito para ela.
- Não houve racismo. Para caracterizar racismo tem que ter uma série de coisas. Não é só chegar e falar "sua branca", "seu negro" ou "seu negro safado". Só caracteriza racismo quando, por exemplo, você impede o acesso de um negro a educação - afirmou a delegada.
De acordo com a delegada, o acusado negou ter chamado a estudante de negra, pois ele também diz ser negro, e afirma que a estudante o empurrou e correu atrás dele.
- O que houve foi uma discussão simples - disse a delegada.
Kadija Tu é africana e estuda na universidade graças a um convênio entre o Brasil e a Guiné Bissau, seu país se origem. Segundo testemunhas, ela andava por um dos corredores do Centro de Educação do campus quando foi abordada pelo vendedor. Ele teria dado uma "cantada" na estudante e, depois, feito gestos obscenos contra ela. A jovem exigiu respeito e se indignou, ele teria então partido para agressões verbais e xingamentos racistas que culminaram na agressão física.
Estudantes intervieram e acionaram o setor de segurança da UFPB. Kadija precisou ser levada para o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. A assessoria de imprensa do hospital diz que ela levou vários chutes no abdômen e permanece em observação.
Já o agressor foi detido pela Polícia Militar e levado para a 4ª Delegacia Distrital do Geisel.
A delegada disse que a estudante correu atrás do vendedor ao ir tirar satisfação, depois que descobriu que os gestos feitos antes eram obscenos. Juvanira afirmou ainda que a estudante foi internada no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena devido a seu estado emocional.
- Ela está bem. Está internada porque ficou preocupada, não tem família no Brasil, ficou com o estado emocional abalado. Mas vou mandar um perito fazer exames nela - afirmou a delegada.
Juvanira disse que o rapaz foi liberado porque os delitos de injúria e vias de fato são de menor potencial ofensivo, e têm pena máxima de até 2 anos.
Em frente ao Hospital, outros estudantes africanos fazem vigília a espera de notícias sobre a amiga. Sergi Katembera, que tem 24 anos e é do Congo, explicou que por não serem familiares da jovem os colegas não tiveram acesso ao interior do hospital, mas ele lembra que Katija não tem nenhum parente no Brasil.
Sergi disse também que já amanhã a comunidade africana na UFPB, em companhia de colegas brasileiros, vão decidir que tipo de protesto farão para denunciar o caso.
- Não podemos admitir que atos como este se repitam. É uma vergonha - lamentou.
Carta de Campinas no I Simpósio Nacional de Saúde da População Negra e HIV-Aids. São Paulo - 20 e 21 de maio de 2010
Nós, negras e negros, pesquisadores, ativistas e organizações presentes no I Simpósio Nacional de Saúde da População Negra e HIV-Aids, ratificamos a Carta das Redes no VII Congresso Brasileiro de Prevenção às DST e AIDS realizado em Florianópolis (28 de junho de 2008) e reafirmamos a importância do enfrentamento do racismo, do sexismo, da lesbofobia, da homofobia, da transfobia, da intolerância religiosa, da discriminação em função da condição de saúde, da vida com HIV, da deficiência ou de qualquer outra situação, para a garantia de efetivação do direito humano à saúde e, em especial, para a redução das vulnerabilidades às DST e ao HIV/Aids.
Embora o movimento negro seja um sujeito político que atua na defesa do direito à saúde e na luta contra a Aids desde a década de 80, ainda temos o desafio de mobilizar a sociedade para reconhecer o crescimento e o encrudescimento da epidemia de Aids na população negra.
Nós, negras e negros, pesquisadores e ativistas reivindicamos:
1. Que no âmbito das políticas, ações, projetos, planos ou programas da Secretaria de Vigilância em Saúde com destaque para o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais sejam definidas e incorporadas ações estratégicas e metas específicas para o enfrentamento do racismo e das iniqüidades raciais, considerando que estes são fatores incrementadores das vulnerabilidades à infecção pelo HIV e outras DST e ao adoecimento por Aids, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 2006 e publicada no Diário Oficial da União no dia 13 de maio de 2009;
2. Que o Ministério da Saúde dê continuidade no fomento à pesquisas na área de racismo e Aids, população negra e Aids, por meio de editais de pesquisa específicos garantindo uma ampla divulgação dos resultados e sua aplicação em forma de políticas públicas;
3. Que o Ministério da Saúde e Organismos do Sistema ONU, ao implementar programas e ações de promoção aos direitos sexuais e reprodutivos, prevenção às DST-HIV/Aids, prevenção as drogas e redução de danos, considerem o impacto das desigualdades sócio raciais e de gênero, da violência, do racismo e da discriminação institucional na determinação dos contextos de vulnerabilidade às DST, HIV/Aids;
4. Que o Ministério da Saúde, Organismos do Sistema ONU, estados e municípios ampliem e aprimorem suas ações de comunicação no campo da prevenção das DST/Aids com vistas a garantir igualdade de oportunidades no acesso a informações e maior adequação às realidades e expectativas dos vários segmentos populacionais, residentes nas áreas urbanas e rurais, nos campos e nas florestas;
5. Que o Ministério da Saúde, Organismos do Sistema ONU, estados e municípios, apóiem iniciativas do movimento negro para fortalecimento do controle social das políticas de saúde e consolidação dos trabalhos em rede em busca de saúde integral, de acesso universal à prevenção, tratamento e assistência no campo das DST/Aids e de defesa incondicional do Sistema Único de Saúde.
Assinam
Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra
Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde
Rede Lai Lai Apejo – População Negra e Aids
Rede Nacional Afro-Atitudes
Rede de Mulheres Negras do Paraná
Rede de Mulheres de Terreiros de Pernambuco
Rede Sapatá - Rede Nacional de Promoção e Controle Social de Saúde das Lésbicas Negras
Articulação de Mulheres Negras Brasileiras
Conselho Federal de Serviço Social
Coletivo de Combate ao Racismo da Subsede CUT Campinas
"Sou de lá, de África! Se eu não sou de lá, os meus pais são de lá. Sou de lá, de África! Se eu não sou de lá, os meus avós são de lá. Sou de lá, de África! Se eu não sou de lá, os meus ancestrais são de lá.” – cântico afro de domínio popular, utilizado nos encontros dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APN’s). Essa música representa muito bem, a forte influência do continente africano no País, seja na culinária, na ginga, ritmo musical, danças, nas palavras que tem raiz africana e até no jeito alegre de ser – tudo impregnado e que muita gente faz questão de esquecer.
O dia 25 de maio, Dia da África, se comemora a fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), hoje União Africana. O continente africano possui 53 países, é o segundo mais populoso e mais extenso depois da Ásia. Estabelecida em 1963, a data simboliza a luta e o combate dos povos do continente africano pela sua independência e emancipação, além claro, de criar as condições necessárias para a construção de um futuro melhor, socialmente e economicamente, para as novas gerações.
Diante da importância, os estudantes africanos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) promovem todos os anos uma programação político-cultural e recreativa no Campus Maceió. Até o dia 29 de maio, serão realizadas várias atividades com o intuito de divulgar as raízes africanas e buscando uma interação entre os povos africanos e brasileiros. O evento contará com a participação efetiva dos estudantes recém-chegados e das faculdades privadas do Estado, além de professores e técnicos e a comunidade alagoana.
O Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, também terá uma programação especial, com a presença de representantes de países africanos, com o objetivo de discutir assuntos relevantes do contexto social, econômico, religioso e cultural que compõem a diversidade do Continente. Também serão inauguradas três exposições fotográficas, com curadoria de Emanoel Araujo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil: “Isto foi o Ngola: Isto é a África”, de José Redinha, “Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão”, de Márcio Vasconcelos e “A África em Cartões Postais”.
Precisamos investir ainda mais na formação e conscientização étnica, a Lei 10.639/03 deve ser realmente cumprida, levar para as salas de aulas as informações sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, só assim iremos diminuir os estereótipos e investir no respeito à diversidade. O Brasil tem sangue e alma africana, mas o racismo existe e precisamos agir!
Fonte: edição nº100 da Coluna Axé - Tribuna Independente (25.05.10)
No dias 25 e 26 deste mês o monólogo “Negrinha” será exibido no Esmal Cultural, ás 20h em homenagem aos 122 anos da abolição da escravatura.
O espetáculo, escrito e interpretado pela atriz carioca Sara Antunes foi sucesso de crítica e de público no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O monólogo retrata a história de uma menina negra vivendo em um engenho de açúcar no fim do século XIX e é baseado no conto homônimo de Monteiro Lobato e relatos de Gilberto Freyre.
A polêmica do espetáculo está no fato da interpretação ser feita por uma atriz branca. "Neguinha" promete proporcionar ao espectador uma viagem por uma época de lutas e injustiças que transformaram o Brasil.
O que: Monólogo "Negrinha" Quando: Dias 28 e 29 de maio, ás 20h Onde: Auditório da Escola da Magistratura (Farol) Quanto: Entrada franca
Museu Afro Brasil promove no “Dia da África” debate com representantes de países africanos e abre três exposições fotográficas
Nesta terça-feira, 25 de maio, “Dia daÁfrica”, o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, promovem a partir das 10 horas, uma mesa comemorativa com representantes de países africanos, entre eles o Cônsul Geral da África do Sul, Yusuf Omar. O objetivo é discutir assuntos relevantes do contexto social, econômico, religioso e cultural que compõem a diversidade do Continente. Também serão inauguradas três exposições fotográficas, com curadoria de Emanoel Araujo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil: “Isto foi oNgola: Isto é a África”, de José Redinha”, “Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão”, de Márcio Vasconcelos e “A África em Cartões Postais”, da coleção particular do Curador. No dia 29 demaio, sábado, às 16 horas, o fotógrafo Márcio Vasconcelos e o antropólogo beniense, Hippolyte Brice Sogbossi são convidados para falar ao público, em um Encontro que acontece, no Auditório Ruth Souza, no Museu Afro Brasil.
Dia da África - Foi em 25 de maio de 1963, que chefes de estados africanos, reunidos em Assis Abeba, na Etiópia, proclamaram a Organização da Unidade Africana (OUA) com o objetivo de libertar o continente das garras do colonialismo e do Apartheid. Em 2002, a OUA deu lugar à atual União Africana. Nesta data, nos 53 países independentes são realizadas atividades desportivas, culturais, conferências, exposições de arte e desfiles para comemorar o Dia da África. Cinco países africanos têm o português como língua oficial são eles: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Exposição “Isto foi o Ngola: Isto é a África”
O antropólogo e fotógrafo português, José Redinha (1926-1983) passou quase 50 anos de sua vida registrando o cotidiano, as paisagens e os rituais religiosos de Angola, país da Costa Ocidental da África. Na exposição “Isto foi Ngola: Isto é África”, 35 fotos mostram vários grupos étnicos em ambiente tradicionais. As imagens da época apresentam valiosas referências sobre símbolos, costumes e um modo de viver peculiar, em lugares onde a interferência européia teve pouco acesso. As fotos também detalham o registro de esculturas colecionadas no Sul do Zaire, nordeste de Zâmbia e Angola revelando penteados, ornamentos e vestimentas, com grande valor étnico, social e histórico. Ngola é um nome, foi título de grandes chefes (Cuanza) e transformou-se em nome de etnia: os Ngolas ou Angolas. A partir daí historiadores acreditam que tenha expandido às dimensões de província, derivando o nome do país Angola. Até 11 de julho.
Exposição “Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão”
A exposição é resultado de uma pesquisa realizada pelo fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos, que em companhia do antropólogo africano Hippolyte Brice Sogbossi, viajou ao Benin para uma documentação fotográfica sobre o cenário do culto aos voduns, conhecido como culto aos ancestrais mortos. O resultado foi um trabalho que traça um paralelo entre os sacerdotes africanos e os chefes de terreiros do Tambor de Mina do Maranhão. As imagens apresentam uma viagem pelas cidades de Cotonou, Abomey, Allada, Ouidah, Cavali e Porto Novo, do antigo Daomé, hoje Benin e das Casas das Minas, terreiro vodum, fundado em São Luís do Maranhão, em meados do século XIX.
A região da Costa da África Ocidental onde se localiza o antigo Reino do Daomé era chamada de Costa dos Escravos e também de Costa da Mina. Nesta região foi estabelecido pelos portugueses do século XVII o Forte de São Jorge Da Mina, localizado na atual República do Gana. Existe também na região uma etnia denominada Mina. Os negros precedentes desta região foram conhecidos no Brasil como negros mina ou jejes e a religião dos voduns por eles praticada, é conhecida até hoje, sobretudo no Maranhão e na Amazônia, como Tambor de Mina. Até 13 de junho.
Dia 29 de maio – às 16 horas – Encontro com o Fotógrafo Márcio Vasconcelos e com o antropólogo Hippolyte Brice Sogboissi - Os pesquisadores falam do projeto de pesquisa e documentação fotográfica durante uma viagem de 25 dias ao Benin. Márcio Vasconcelos é fotógrafo profissional independente e há mais de uma década vem se dedicando a registrar as manifestações da cultura popular e religiosa dos afro-descententes no Estado do Maranhão. Hyppolyte Brice Sogbossi é beniense e radicado no Brasil há mais de 10 anos. Doutor em Antropologia Social e professor da Universidade Federal de Sergipe.
Exposição “A África em Cartões Postais”
Cerca de 300 cartões postais apresentam aspectos cotidianos de diferentes povos africanos do século XIX. Os retratos, em preto e branco, da coleção particular do artista plástico e Diretor-Curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, revelam paisagens e aspectos importantes do dia a dia de homens, mulheres e crianças do Congo, Senegal, Angola, Guiné e outros países, destacando os tipos físicos, vestimentas, penteados, festas populares e manifestações religiosas. Até 13 de junho.
Serviço:
Dia 25 de Maio
10 horas – Abertura das Exposições Fotográficas: “Isto foioNgola: Isto é a África” ;“Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão” e “A África em Cartões Postais”.
10h às 12h30 – Mesa Comemorativa ao Dia da África – representantes de países africanos discutem a importância do Dia da África no contexto contemporâneo.
Dia 29 de Maio
16 horas - Encontro com o Fotógrafo Márcio Vasconcelos e com o antropólogo Hippolyte Brice Sogbossi.
Auditório Ruth de Souza
Capacidade: 150 pessoas
Entrada: Grátis
Classificação: 12 anos
Museu Afro Brasil Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Portão 10 – Parque Ibirapuera
Funcionamento: terça a domingo, das 10 às 17 horas
Estacionamento: Portão 3 (Zona Azul)
Informações: (11) 5579-0593
Informações à Imprensa Claudia Alexandre – (11) 5579-0593 // 9172-4662 // 7881-2688 Central de Comunicação – (11) 3782-9304 Atendimento: Camila Alexandre
"Por um novo projeto de desenvolvimento nacional: O negro compartilhando o poder”. Este foi o nome do documento que a União de Negros pela Igualdade Racial (Unegro-AL) lançou na última sexta-feira (21.05) às 16h, no antigo restaurante universitário na praça Sinimbú em Maceió.
Cerca de 30 pessoas estiveram no ato, dentre elas, lideranças do movimento negro, diretores e integrantes das entidades filiadas. O documento traz um breve balanço da atuação da entidade no Movimento Nacional desde a sua fundação 1988, além de apresentar os avanços das políticas implementadas pelo estado brasileiro nos últimos 23 anos.
Também foi o espaço para orientar a militância no engajamento no processo eleitoral ao lado daqueles que colocam em suas agendas a luta pela causa anti racista e que valorizam a implantação das ações afirmativas em prol do povo negro e pobre do nosso país e do nosso Estado.
Com informações de Adriano José - Coordenador Estadual da Unegro-Alagoas.
Africano de Guiné-Bissau, está no Brasil há 2 anos e 5 meses. É estudante do 5º período de jornalismo na Faculdade Integrada Tiradentes (Fits) e também faz parte da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL)
“Uma África, um povo, uma cultura”. Por este tipo de narrativas proferidas na mídia brasileira parece que África é lugar homogêneo. Nas reportagens sobre a África associam África ao longo do processo das imagens, das árvores fantásticas, dos animais selvagens, povo selvagem e desumano, um lugar qualquer, que não presta.
África é um continente com mais de 50 países e está dividido em cinco grupos que são África Setentrional ou do Norte, a África Ocidental, a África Central, a África Oriental e a África Meridional. A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos: a África Branca ou setentrional formada pelos oito países da África do Norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente.
Então, se África é um continente porque que a mídia brasileira não sabe distinguir continente de País? Se algo acontece num desses países porque que os repórteres não sabem dizer o nome do país? E porque que a mídia associa África com plantas, animais, doenças, miséria etc. Será que não existem plantas, animais selvagens, fome e miséria no Brasil? Existe.
Lamentavelmente, sinto muito ao ouvir o povo brasileiro interrogar questões sem lógica aos estudantes africanos, como por exemplo: “vocês vieram de ônibus? Vocês vivem com os Leões? Na sua terra tem casas assim? Tem carros? Vocês pretendem voltar? Alguns afirmam o seguinte: “Eu sempre vejo a África na televisão; é um povo muito sofrido que passa fome”.
Sem sombra de dúvida isso me leva crer que discursos proferidos na mídia brasileira são uma forma desumanizadora, na medida em que negam afetividades culturais e direitos das identidades próprias dos outros; reduz num processo histórico novo ao tipo africano cujo comportamento deve ser daquela maneira.
Um dos principais problemas não é o desconhecimento, mas sim a desvalorização de um povo, resultado do processo histórico do qual África passou ao longo da sua história no começo do século XV. E essas imagens são remetidas de uma forma preconceituosa. Isso faz com que as pessoas, querendo ou não, acabem reproduzindo de maneira distintiva como se aquilo fizesse parte da ordem natural dos africanos.
Essas informações, totalmente erradas e preconceituosas, poderão comprometer um bom relacionamento entre dois povos cuja história desse continente está intimamente ligada à historia do “Civilizado” Brasil, porque os africanos trazidos para este país no século XVI e XIX, enriqueceram a cultura brasileira com seus costumes, rituais religiosos, culinária, danças, mulheres lindas. Aliás, tudo que vocês são hoje veio desse povo, segundo a mídia “tão miserável, sem cultura, que vive com animais selvagens; associados com doenças” e tudo de mal que existe no planeta.