quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dia Nacional de Luta das Pessoas com Doença Falciforme

No dia 27 de outubro, é comemorado o Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com Doença Falciforme, pela Lei Federal Nº 12.104 de 1º de Dezembro de 2009.

É uma doença hereditária originária da África e trazida para as Américas na imigração forçada dos negros escravizados, hoje, é encontrada na Europa, Oriente Médio e regiões da Índia. Provoca a deformação das hemácias (células que dá a cor vermelha ao sangue e tem a função de transportar o oxigênio dos pulmões aos tecidos) com o formato mutante, semelhante a uma meia lua ou foice tem dificuldade de se locomover nos vasos sanguíneos e possui vida útil limitada.

Os principais sintomas são: anemia, fadiga, fraqueza, palidez, dificuldade de concentração, dores nas articulações e vertigens. Nos casos mais graves, pode causar também hemorragia, descolamento retiniano, priapismo, acidente vascular cerebral, enfarte, calcificações em ossos com dores agudas, insuficiência renal e pulmonar.

Saiba mais no site da Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme: http://www.fenafal.wordpress.com/.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

V Bienal

A V Bienal Internacional do Livro de Alagoas segue até o dia 30 de outubro, no Centro de Convenções de Maceió, com a presença de grandes nomes da literatura alagoana e nacional. Ao todo, estão programadas 102 palestras, 57 oficinas, 315 lançamentos, 04 seminários, 01 simpósio, 22 mesas-redondas, 01 fórum, além de performances, espetáculos e contações de histórias.

No campo étnicorracial, a Coluna Axé faz aqui alguns destaques: amanhã (26.10) às 21h, na Sala Audálio Dantas, será lançado o livro “Quilombolas, guerreiros alagoanos: AIDS, prevenção e vulnerabilidades” que foi organizado por Jorge Luís de Souza Riscado e Maria Aparecida Batista de Oliveira.

Na quinta-feira (27.10) das 10h às 13h, na sala Lêdo Ivo, a oficina: “Entre a Lei e a Prática: subsídios para trabalhar a questão racial no espaço da escola” ministrada por Nanci Helena Rebouças Franco (30 vagas).

Na sexta-feira (28.10), o Projeto Raízes de África promove a partir das 9h no Auditório Térreo, o Ìgbà Ábídí – I Seminário Afro-Internacional - Ìkàwe! Ìmó com o tema: “A Leitura e o saber sobre o patrimônio cultural da África, das populações afrodescendentes no Brasil e da diáspora”. Além de educadores, pesquisadores e gestores, terá a presença de representantes dos países africanos de Cabo Verde, Moçambique, Angola e Guiné Bissau. As inscrições pelo email raizesdeafricas@gmail.com. Contato: 8827-3656.

E no sábado (29.10), na sala Manoel Correia de Andrade, tem: das 10h às 12h, a mesa-redonda: “Índios de Alagoas – Economia e Cotidiano” com Luiz Sávio de Almeida e Amaro Leite da Silva (70 vagas); e das 14h às 15h, a palestra: “Bullying, tô fora! Como identificar seus personagens” com Nara Virgínia Rocha Simões Anadão (90 vagas).

Confira a programação completa no site www.ufal.br, escolha as atividades preferidas e leve suas crianças para conhecer os espaços de aprendizado e transformação social. Com a leitura... ampliamos nossos horizontes, descobrimos o mundo e a nós mesmos. Aproveite!


Fonte: Coluna Axé - nº173 - Jornal Tribuna Independente (25.10.11)

domingo, 23 de outubro de 2011

Dia da Consciência Negra poderá ser feriado nacional

O Senado Federal aprovou no dia 20 de outubro, projeto que declara feriado nacional o 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra e o enviou à sanção da presidenta Dilma Roussef. Caso seja sancionado, este será o primeiro feriado do país originário da mobilização social, principalmente do movimento negro. A data já é reconhecida e celebrada como feriado em mais de 200 cidades, inclusive três capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá).

A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Herois da Pátria.

Nas últimas décadas, o 20 de novembro tem sido dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e sobre as consequências do racismo para a vida das pessoas e para o desenvolvimento do país. Apesar do ponto alto da celebração coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares - 20 de Novembro – a cada ano, as atividades alusivas a esta data são expandidas ao longo do mês, ampliando os espaços de discussão sobre as questões raciais.

Anualmente, um número cada vez mais significativo de entidades da sociedade civil, principalmente o movimento negro, tem se mobilizado em todo o país, em torno de atividades relativas à participação da pessoa negra na sociedade em diferentes áreas: trabalho, educação, segurança, saúde, entre outras.

* Projeto Original
O projeto original que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (PLS 520/03), de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), previa apenas a data, mas não o feriado. Na justificação da matéria, Serys argumenta que sua proposta visa criar uma oportunidade para a reflexão sobre o preconceito ainda existente na sociedade brasileira.
Aprovado pelo Senado, o texto foi enviado à Câmara dos Deputados e apensado a outra proposta (PLS 302/2004), que propunha o dia 20 de novembro como feriado nacional.

* Feriados
Uma vez sancionado, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será o nono feriado nacional, juntamente com as seguintes datas: 1º de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).

Há ainda quatro datas comemorativas móveis, as quais, embora popularmente conhecidas como feriados nacionais, não são reconhecidas como tal pela legislação brasileira - Terça-Feira de Carnaval, Sexta-Feira da Paixão, Domingo de Páscoa e o Corpus Christi.* Textos extraídos do Portal do Senado


Fonte: Coordenação de Comunicação SEPPIR

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Conheça os finalistas da 1ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento


Após mais de 150 inscrições vindas de todo o Brasil, o Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento anuncia os 21 trabalhos nesta etapa final. A novidade são os quatro finalistas que concorrem na categoria Internet em razão de empate na avaliação da Comissão Julgadora. Os vencedores serão conhecidos na festa de entrega dos troféus, para convidados, a ser realizada no dia 7 de novembro no Teatro Oi Casa Grande, Rio de Janeiro.

O Prêmio Jornalista Abdias Nascimento vai distribuir R$ 35 mil aos vencedores das sete categorias (Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Mídia Alternativa ou Comunitária, Internet, Fotografia e Categoria Especial de Gênero).

As reportagens e fotografias foram avaliadas segundo os critérios de originalidade da pauta, pertinência, criatividade, linguagem, fontes, caráter investigativo e repercussão obtida.

O Prêmio Jornalista Abdias Nascimento é uma iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e conta com a parceria da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e do Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (Unic-Rio) e do CULTNE Acervo Digital da Cultura Negra. Tem ainda o apoio da Superintendência de Igualdade Racial do Estado do Rio de Janeiro (SUPIR) e do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (CEDINE). O patrocínio é da Fundação Ford, Fundação W. K. Kellogg e da Oi.

Veja a seguir a relação completa das reportagens finalistas, por categoria, da 1ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento em 2011:

Mídia Impressa
Conceição Freitas, Série Negra Brasília. Correio Braziliense - DF
Cynara Menezes, Ecos da Escravidão. Revista Carta Capital - SP
Fabiana Moraes, Caderno Especial Quase Brancos, Quase Negros. Jornal do Commercio - PE

Televisão
Big Richard, Grupo Teatral Caixa Preta. TV Brasil – DF
Dulce Queiroz, Raça Humana. TV Câmara-DF
Vera Valério, Quilombola. TV Educativa-AL

Rádio
Eduardo Compan e Leandro Lacerda, O Preconceito Cronometrado. Rádio CBN-RJ
Rodrigo Resende, Especial Almirante Negro – 100 anos da Revolta da Chibata. Rádio Senado -DF
Mara Régia, Série Gênero e Igualdade Racial. Radioagencia Nacional-DF

Especial de Gênero
Célia Regina, Mulheres Negras. Revista Raça Brasil

Débora Junqueira, Profissão Doméstica. Revista Elas por Elas (Sindicato dos Professores -MG)
Janine Maia, Invenção Quilombola. Diário do Nordeste-CE

Internet
Marina Morena Costa, Mau Preparo de Professor Atrapalha Ensino de Literatura. Portal IG-SP
Carolina Pimentel, Daniella Jinkings, Gilberto Costa, Wladimir Platonow e Wellton Máximo, Série Especial Consciência Negra. Agência Brasil - DF
Klinger Portela, Muito Além do Black Power. Portal IG - SP
Gustavo da Silva Barbosa, Exército Comunitário. Site RepWeb.com- RJ

Mídia Alternativa ou Comunitária
Leandro Uchoas, Um Quilombo no Paraíso Carioca. Jornal Brasil de Fato-SP
Débora Junqueira, Profissão Doméstica. Revista Elas por Elas (Sindicato dos Professores -MG)
Eduardo Sales e Jorge Toledo, Supermercado ou Pelourinho. Jornal Brasil de Fato-SP

Fotografia
Pedro Kirilos, Spray de Pimenta Para os Sem Moradia, Jornal O Globo -RJ
Domingos Peixoto, Diploma de Alforria. Jornal O Globo -RJ
Gustavo Moreno, A Visita de Obama – Tão Perto, Mas Muito Distantes. Jornal Correio Braziliense -DF


Acompanhe o prêmio nas redes sociais:



Fonte: Cojira-RJ

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Qual a cor da comunicação no Brasil?


Entre os dias 17 e 22 de outubro entidades e ativistas da sociedade civil brasileira realizam atividades que integram a Semana da Democratização da Comunicação (Democom). Temos a difícil missão de reverter agenda dos veículos tradicionais que tentam nos dar a pecha de autoritários, e explicar que defendemos a liberdade de expressão na sua inteireza e beleza. Explicar que o maior obstáculo para essas reformas são aqueles que controlam a informação por interesses políticos, religiosos, comerciais e até transnacionais; não só nas rádios, TV´s, jornais impressos, mas também na nova vastidão da internet, redes sociais, e nas mesclas entre essas mídias devido a convergência tecnológica. Explicar o quão o não reconhecimento da comunicação enquanto direito inviabiliza a democracia no país.

A medida que a pauta é destrinchada vamos nos deparando com a dificuldade de explicar e mobilizar os que mais urgem participar efetivamente deste ambiente de sociabilidade, economia e conhecimento. Quem são os indivíduos renegados aos direitos civis, políticos e sócio-culturais e que, provavelmente, somente uma mudança civilizatória poderá os integrar neste momento histórico no qual as tecnologias da informação e comunicação são pilares do poder?

No Brasil, não teremos dúvidas em responder que a população negra predomina nestas estatísticas. O pior é que esta resposta é inspirada numa ilação. Não temos dados objetivos de como os negros e negras se comportam no mundo midiático. Quantos de nós têm autorização para explorar concessões de rádio e TV no país? Quantos de nós são profissionais nas redações, nos set´s de cinema e no desenvolvimentos de novas tecnologias? Como nos apropriamos das redes sociais, games e softwares? Quantos de nós têm computador e internet em alta velocidade? Como temos participado dos meios públicos, comunitários ou estatais? Nossa produção audiovisual é referendada com fomento e tem espaço para distribuição?

Esta falta de informação sobre nossa realidade “digital” é lacuna que evita termos nosso lugar de fala consolidado até nos espaços que concentraram as mobilizações da sociedade civil, a exemplo da Semana de Democom, I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), fortalecimento do Sistema Público de Radiodifusão, a luta pela instalação dos Conselhos de Comunicação, a campanha Banda Larga é um Direito Seu!, e a recente consulta pública do novo Marco Regulatório das Comunicações.

A dificuldade para reverter este panorama não é das menores. Passa por enfrentamento e conscientização também dentro de setores progressistas, nos quais fazemos parte muitas vezes, seja por integrar organizações, universidades, sindicatos, movimentos sociais ou mesmo pequenos empresários do setor. Eis que o Correio Nagô dedicará os próximos dias para essa missão, e com certeza, teremos resultados proveitosos em curto e longo prazo.

Pedro Caribé - jornalista, integra o Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social e o Centro de Comunicação, Democracia de Cidadania da Facom/UFBA.

Outros textos do autor sobre o tema:

13 de maio e o mito da liberdade de expressão: http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_conten...

Fonte: http://correionago.ning.com



A Cia. Urucungo e o Coletivo AfroCaeté convidam para a oficina de Capoeira Angola que será realizada entre os dias 20 e 22 de outubro, no Espaço Coletivo AfroCaeté (Jaraguá). A oficina será orientada pelo professor Gilson Vilela e faz parte do projeto Roda de Saberes que visa promover oficinas e rodas de discussão que contribuam para a difusão da arte da Capoeira Angola em Alagoas. Informações podem ser obtidas pelos telefones (82) 8858-6771/ 8845-4068.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Racismo dentro das escolas agrava evasão em Alagoas

Alunos faltam às aulas ou até deixam a escola após sequência de humilhações cometidas pelos colegas de sala


Por: Flávia Amaral / Tribuna Independente


Foguinho, Carvão, Chocolate, Negueba. Esses apelidos são rotina na vida escolar de muitos alunos que pagam caro por terem a pele de cor negra. E é para erradicar das salas de aula esse tipo de preconceito que foi sancionada a Lei Federal 10.639 de 2003 que entre outras determinações obriga as unidades de ensino a inserirem na grade curricular uma disciplina específica sobre as relações étnico-raciais.

Mas, em termos de adesão, o país ainda engatinha: a lei está em apenas 20% da rede de ensino. E em Alagoas apenas uma faculdade particular, a Faculdade Integrada Tiradentes (FITs), adotou a lei em suas práticas pedagógicas.

E enquanto essa e outras medidas não se tornam realidade, o preconceito racial segue fazendo cada vez mais vítimas e acirrando a problemática da já preocupante evasão escolar. Num efeito dominó, até mesmo recursos do Bolsa Família estão sendo comprometidos.

Acuados pelo preconceito, alunos como Jorge (nome fictício), da Escola Rosalvo Lôbo, na Jatiúca, sequer têm postura altiva em sala de aula. Sentado logo à frente da professora, em uma das primeiras carteiras, ele pouco fala e de cabeça baixa diz não se importar com as frequentes humilhações a que é submetido por colegas de turma, num exercício quase que rotineiro.

Foi a colega de turma quem detalhou o contexto de agressão vivenciado pelo estudante. Muitas vezes, ela mesma tem que intervir, já que ele não costuma esboçar qualquer reação. “Ficam chamando ele de Chocolate, Negueba. Eu não gosto disso e mando parar porque ele fica quieto, aguenta calado. Um absurdo!”, diz a colega com ar de revolta.

Ela conta que as agressões não são apenas verbais. Há quem chegue na sala de aula e mande Jorge desocupar a cadeira para que um outro aluno sente. “Eles dizem: sai Negueba, sai. E ele sai”, lembra. Cabisbaixo, Jorge ouve todo o desabafo da amiga e se restringe a dizer que simplesmente não liga.

Mãe perdeu Bolsa Família após 37 faltas do filho
Foi fora da sala de aula, na casa de Jorge (nome fictício), que a reportagem constatou que ele não só se abala com a atitude dos colegas, como está se afastando da escola. Aluno média 8, há algum tempo ele vem faltando às aulas, e as ausências – até então injustificadas para a família – impactaram também no estreito orçamento doméstico.

O estudante vive em uma pequeníssima casa de dois cômodos, na Grota do Cigano, no Jacintinho, com a mãe - a diarista Liliane Cardoso dos Santos, a avó - de mesma profissão, Maria de Fátima Cardoso, e ainda o irmão Antônio. Sem um pai presente, os custos da casa são bancados por faxinas esporádicas e com o recurso do Bolsa Família, no valor de R$ 134.

Não bastasse o dinheiro contado, a família agora está com o benefício suspenso devido às 37 faltas acumuladas por Jorge no últimos meses. “É quando eu não estou mais aguentando tanto xingamento, apelido, que prefiro não ir para a escola. Aí não vou. Eu não pedi pra ser assim... preto”, lamentou Jorge, que diz ver cada dia mais distante o sonho de ser advogado.
Para ele, em todas as escolas, os colegas dispensarão a ele o mesmo tipo de tratamento que ele tem hoje. “Já ouvi de outros amigos que são pretos que é do mesmo jeito. Então nem adianta mudar de escola”, conclui.

A apatia aparente quanto às humilhações que o estudante sofre é explicada pelos conselhos recebidos pela mãe. “Ele chega em casa reclamando que ficam colocando esses apelidos nele e eu digo sempre que ele entregue a Deus e não brigue com ninguém. Entre na escola, estude e venha embora. Além de pretos, minha filha, somos pobres”, resumiu Liliane enquanto o filho ouvia a tudo atento, mas ainda de cabeça baixa.

Albinos também são alvo de discriminação
O racismo não se restringe àqueles de cor negra. No outro extremo, ele também se faz presente. Jovens com albinismo – pele extremamente branca pela ausência de melanina - também são alvos de chacotas e discriminação. O professor de jiu-jitsu, Tales Rocha, vivenciou isso na prática.

Ele é negro e embora nunca tenha vivenciado situações de racismo direcionadas a ele, já assistiu a inúmeros casos e em alguns deles partiu em defesa da vítima. Um rapaz albino teria sido covardemente humilhado por dois colegas, na quadra de esportes da Escola Rosalvo Lôbo.

“Ele foi xingado várias vezes e eu tomei as dores dele. Fomos parar na direção e acabamos suspensos, os quatro”, contou o professor, que diz acreditar que uma vez adotada a Lei do Racismo, nas escolas, situações como essas tendem a se tornar menos frequentes.

Menina deixou escola após "pressão"
Basta visitar uma escola para que numa conversa rápida com alunos fique evidente a importância de a temática do racismo ser encarada como prioridade e entrar na pauta de discussão de gestores da Educação.

A sala do oitavo ano da Escola Theonilo Gama, no Jacintinho, não difere das demais, como afirmou Valéria Silva, que acompanhou o drama de uma colega negra e de cabelo crespo, que deixou a escola. “O cabelo dela é bem ruim, por isso ela sempre tem que ouvir o pessoal chamar de Foguinho. Todos da sala mexem com ela e ela já chegou a chorar muitas vezes”, lamentou a estudante.

Fomos até a escola para conversarmos com a vítima, mas era tarde. Segundo a diretora Gilvanete Matias da Silva, a jovem saiu do colégio por não suportar a pressão dos colegas pelo fato de ela ter o cabelo crespo. “Ela vinha à direção, a gente conversava com os colegas, mas depois acontecia de novo. Ela chegou até a colocar um aplique no cabelo, mas em vão”, contou.

O drama foi acompanhado por diversos alunos. João Cavalcante, 13, lembra o quanto era difícil para a estudante se manter em sala de aula. “Vi várias vezes a bichinha chorar. Ela brigava às vezes e ia na diretoria, mas paravam de mexer com ela naquele dia. Depois voltava tudo de novo”.

A Lei do Racismo nas escolas ainda é ilustre desconhecida de boa parte dos estudantes de escolas públicas ou particulares. Mas quando colocados em contato com a essência da lei, a matéria divide opiniões. Em uma conversa com quatro estudantes negros, permearam visões bem diferenciadas, mas entre elas um consenso: o racismo precisa ser combatido.

Para Luigi Nelson de Oliveira, 15, uma disciplina não resolveria um problema tão sério. “Somos todos iguais e não deveria ter matéria pra gente saber disso e respeitar o outro. Se não acontece isso hoje, não vai ser uma matéria que vai mudar”, analisou. Ailton José, também com 15 anos, é mais otimista. “Resolve, sim, estudar, estudar, até aprender o que é certo e o que é errado”. Mais ponderado, João Cavalcante - que assistiu às humilhações contra a colega de turma que acabou indo embora da escola - admite que a matéria pode não resolver, mas ajuda a melhorar.

Professores presenciam casos e defendem retorno de matérias
Quem teve na grade escolar matérias como Organização Social e Política do País (OSPB) e Moral e Cívica deve entender o porquê de os professores entrevistados pela reportagem defenderem a retomada das disciplinas. As docentes Eliana Ribeiro, Sandra Maria Ertel e Joana Cesárea foram unânimes ao afirmar que presenciam muitos casos de racismo onde trabalham e que o diagnóstico passa pela educação doméstica, aliás a falta dela.

Para elas, além da falta de base familiar para se firmar valores por parte do aluno há também a falta de disciplinas que seriam uma extensão desse trabalho. “Tiraram da grade matérias como OSPB, que ajudava no debate e no esclarecimento sobre a conduta correta de um ser humano e um cidadão”, analisou Eliana Ribeiro.

Sandra Ertel lembrou ainda do relevante papel da orientadora educacional, que segundo ela atuava na busca de solução para os problemas e dificuldades dos alunos na escola, dividindo até mesmo problemas de casa.

Sobre a lei que vai inserir nova disciplina, Sandra Ertel foi além. “Não deveria ser uma disciplina para abordar preconceito racial isoladamente. Há vários tipos de preconceito e pelo que estamos vendo sobre a nossa juventude o ideal seria uma disciplina que discutisse a diversidade”, sugeriu.

Na Escola Rosalvo Lôbo questões raciais já são parte da prática pedagógica, mas sem um professor ou disciplina específicos. De acordo com Joana Cesárea essa antecipação à lei tem a ver com a importância de se respeitar o outro dentro e fora da escola. Durante a conversa, as professoras lançaram o alerta de que não adianta fazer leis e elas ficarem apenas no papel e que a 10.639 é uma das que devem merecer atenção especial do poder público.

Rede pública deveria ter sido pioneira, diz secretária
A secretária da Mulher, Direitos Humanos e Cidadania, Kátia Born, destacou a importância da Lei do Racismo nas escolas e parabenizou a Faculdade Integrada Tiradentes (FITS) por ter sido a primeira, não só em Alagoas, mas no país a implantar a determinação. “Essa lei já era para estar vigorando em todas as escolas e a rede pública deveria ter sido pioneira, mas não aconteceu. De qualquer forma não podemos ficar parados”, criticou.

De acordo com a secretária, um apelo já foi feito aos secretários de Educação e eles se mostraram receptivos à implementação da lei. “Ainda este mês está na pauta de discussão para trabalharmos inicialmente os professores”. Segundo ela, mais de 40 professores da rede pública estão preparados para lidar com a temática em sala de aula.

A reportagem tentou contato com o secretário de Educação, Adriano Soares, durante mais de uma semana, mas as ligações e mensagens não tiveram retorno.

Uma das principais incentivadoras da Lei do Racismo, na Fits, a professora e mestre em Serviço Social, Silmara Mendes Costa, diz que o momento é de uma política de reparação. “Temos que rever tudo o que aprendemos e discutir questões que vão desde o reconhecimento afro-descendente à igualdade de direitos”, defende. Sobre a efetividade da lei nesse propósito, a assistente social diz que é um importante passo, mas que deve haver ações de extensão.

A qualificação dos professores seria um dos pontos mais importantes para o combate do preconceito racial dentro da sala de aula. “O professor tem que estar preparado para lidar com o problema quando se deparar com ele. O professor está na linha de frente”, analisou.

A tímida atuação de Alagoas na temática afro-descendente não é o que se pode chamar de uma constante. Há sete anos, o Estado foi apontado pelo Ministério da Educação como referência na questão. Através do ‘Identidade Negra na Escola’ era estabelecido um diálogo com as escolas a partir da qualificação mensal de professores, uma prática extinta pela burocracia na gestão pública.

De acordo com a coordenadora do movimento Raízes da África, Arísia Barros, “a educação antirracista aqui não existe pela ausência de interesse político. Isso é uma ação política e não restrita ao professor”, destacou.

Este é o ano internacional dos afro-descendentes e, ainda de acordo com Arísia, nada aconteceu. Para ela, num panorama nacional, o mapa que se desenha é frágil e pouco suscita algum avanço.

“Alagoas era para apresentar uma outra realidade. Somos a referência máxima da liberdade afrodescendente. Fazemos a terra de Zumbi dos Palmares”, lembrou.

Obama inaugura monumento em homenagem a Martin Luther King

Uma controversa história de 15 anos culminou neste domingo (16) com a inauguração pelo primeiro presidente negro dos Estados Unidos do monumento a Martin Luther King Jr no Washington Mall, palco de seu discurso de 1963 "I Have a Dream" (eu tenho um sonho).

Ícone da luta pelos direitos civis, assassinado em 1968 aos 39 anos, Luther King é o primeiro líder negro a ganhar uma homenagem no Mall --até então um panteão de presidentes americanos: George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Franklyn Roosevelt.

"Por mais difíceis que sejam os tempos, sei que vamos superá-los", declarou Barack Obama, ao inaugurar o movimento com um discurso repleto de aparentes alusões a seus próprios percalços políticos em meio à crise econômica e à polarização partidária nos EUA.

"Para cada vitória, há reveses. Mesmo após ganhar o Prêmio Nobel da Paz, Luther King foi criticado por muitos", afirmou, sob aplausos. "Foi atacado por seu próprio povo, pelos que achavam que ele avançava rápido demais e pelos que achavam que ele avançava devagar demais."
A estátua de 9 metros, circundada por um jardim, foi parcialmente esculpida em um bloco de granito branco chinês, por chineses, sob o comando do artista Lei Yixin --críticos defendiam uma pedra e um artista local, preferencialmente negros.

Proposto pelo presidente Bill Clinton em 1996, o monumento foi repetidamente atrasado sob controvérsias indo do pagamento de direitos à família de Luther King à administração do memorial.

A inauguração marcada para 28 de agosto, aniversário do icônico discurso, foi adiada ante o risco de o furacão Irene atingir Washington --o que não ocorreu.

Hoje, sob sol, cerca de 50 mil pessoas compareceram à cerimônia, que incluiu discurso de líderes civis negros e da irmã de Luther King, além de shows de artistas como Aretha Franklyn.

Fonte: JL/Folha (16.10.11)

domingo, 9 de outubro de 2011

Mauricio de Sousa anuncia família baiana para a Turma da Mônica


A Turma da Mônica, criação do cartunista Mauricio de Sousa, vai ganhar cinco novos personagens. Pai, mãe e três filhos da Bahia vão conviver com os tradicionais personagens Mônica, Cebolinha, Cascão e sua turma.O anúncio foi feito pelo criador na manhã desta sexta-feira (7), em Salvador, onde Mauricio de Souza foi homenageado com o título de cidadão soteropolitano na Câmara de Vereadores.
 
 
Segundo o cartunista, os personagens ainda não foram batizados e não há previsão de quando eles vão compor os quadrinhos. Na história, o pai será produtor de eventos e a mãe uma veterinária. Um dos irmãos gosta de música clássica, o outro de axé e ritmos baianos, e a menina, que será uma das melhores amigas de Mônica, vai tocar berimbau e lutar capoeira.


Fonte: G1

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Três mulheres dividem o Prêmio Nobel da Paz de 2011


A iemenita Tawakkul Karman e as liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee, laureadas com o Nobel da Paz de 2011 nesta sexta-feira (7) (Foto: Reuters)


Três mulheres- a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a militante Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman- foram laureadas com o Prêmio Nobel da Paz de 2011.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (7) em Oslo, capital da Noruega, pelo comitê que outorga o prêmio desde 1901.

As vencedoras vão dividir um prêmio equivalente a US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 2,7 milhão).

Thorbjoern Jagland, presidente do comitê do Nobel, argumentou que as laureadas foram "recompensadas por sua luta não violenta pela segurança das mulheres e pelos seus direitos a participar dos processos de paz".

"A esperança do comitê é de que o prêmio ajude a colocar um fim na opressão às mulheres que ainda ocorre em muitos países e a reconhecer o grande potencial para democracia e paz que as mulheres podem representar", disse o presidente do comitê.

"Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não obtêm as mesmas oportunidades que os homens para influir nos acontecimentos em todos os níveis da sociedade", disse Jagland.


Primeira presidente mulher
Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, foi a primeira mulher a ser livremente eleita presidente de um país africano, em 2005.

Economista e mãe de quatro filhos, a "Dama de Ferro" tenta a reeleição em pleito marcado para esta terça-feira (11).

"Desde sua posse em 2006, contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento econômico e social e reforçar o lugar das mulheres", disse Jaglan, ao justificar a premiação.

Ellen afirmou nesta sexta que ela e Leymah Gbowee aceitam o prêmio em nome do povo liberiano.

'Greve de sexo'
Sua compatriota Leymah Gbowee teve um papel importante como ativista durante a segunda guerra civil liberiana, em 2003.

Ela mobilizou as mulheres no país pelo fim da guerra, organizando inclusive uma "greve de sexo" em 2002.

Também organizou as mulheres acima de suas divisões étnicas e tribais no país, ajudando a garantir direitos políticos para elas.


Primavera Árabe
E Tawakkul Karman, ativista iemenita pró-direitos das mulheres, tem importante participação na chamada Primavera Árabe, movimento pró-abertura democrática que vem sacudindo politicamente vários países do mundo árabe desde o início do ano.

Em entrevista à TV Al Jazeera, ela disse que o prêmio é "uma vitória para todos os ativistas iemenitas", mas que a luta pelos direitos continua no país.

"Nas mais difíceis circunstânias, tanto antes como depois da Primavera Árabe, Tawakkul Karman teve um papel importante na luta pelos direitos das mulheres, pela democracia e pela paz no Iêmen", segundo o comitê.

O Nobel é escolhido por um comitê norueguês de cinco membros, apontados pelo Parlamento da Noruega.

Geralmente, a tendência é optar pela diversidade dos ganhadores. No ano passado, o ativista chinês pró-democracia Liu Xiaobo foi o ganhador.

Em 2009, foi o presidente dos EUA, Barack Obama, por conta de seus esforços em relação à questão nuclear.


Poucas mulheres
Até agora, em 111 anos, apenas 12 mulheres haviam recebido o Nobel da Paz.
A última mulher a ganhar também foi uma africana, a militante ecologista queniana Wangari Maathai, que morreu em 25 de setembro.

Considerando todas as categorias do prêmio, até agora apenas 44 mulheres haviam sido agraciadas.
Em 2011, o Nobel da Paz registrou uma cifra recorde de 241 candidaturas de indivíduos e organizações.

O prêmio será entregue em Oslo no próximo dia 10 de dezembro.


Desde 1901
Estabelecido em 1901, o Prêmio Nobel tem o objetivo de reconhecer pessoas que tiveram atuações marcantes nas área da física, da química, da medicina, da literatura, da paz -e, desde 1968, também da economia.

O prêmio foi estabelecido pelo cientista e inventor sueco Alfred Nobel, criador da dinamite, que morreu em 1895 e uma fundação para administrá-lo.

A premiação consiste de uma medalha, um diploma e um prêmio em dinheiro de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a US$ 1,5 milhão.

Todos os prêmios são concedidos em Estocolmo, capital da Suécia, a não ser o da paz, que é dado em Oslo, capital da Noruega.

Na época em que Nobel era vivo, a Noruega e a Suécia estavam unidas numa monarquia - que durou até 1905, quando a Noruega tornou-se um reino independente. Em seu testamento, Nobel determinou que o prêmio da Paz deveria ser decidido por um comitê norueguês.

Os laureados com o prêmio são escolhidos de uma lista de nomeados, que não é divulgada previamente. Portanto, apesar de haver sempre muitos palpites e "favoritos", é muito difícil saber quem vai vencer.

Muitas vezes, o escolhido passa longe das previsões divulgadas pela imprensa na semana da premiação.

Neste ano, o nome de Ellen Johnson Sirleaf era citado entre os favoritos. E também se falava muito na possibilidade de algum nome ligado à Primavera Árabe ser escolhido.


Fonte: G1, com agências internacionais

Coletivo AfroCaeté realiza oficina de Maracatu


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Utilize o formulário disponível para download e envie sua pré-inscrição para afrocaete@gmail.com

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Prêmio Abdias Nascimento será entregue dia 07 de novembro no Rio de Janeiro

A cerimônia de entrega do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento será no dia 7 de novembro no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon (RJ).  Os vencedores das sete categorias (Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Internet, Mídia Alternativa ou Comunitária, Fotografia e Especial de Gênero Jornalista Antonieta de Barros) serão conhecidos somente na noite de premiação. 

As inscrições contabilizaram mais de 150 trabalhos jornalísticos. Os destaques foram para as categorias Mídia Impressa e Televisão: ambas empataram 21% do total de inscritos. A segunda colocada foi a Internet (18%), seguida pela Categoria Especial de Gênero (16%). A Mídia Alternativa participou com 12% do total de inscrições, enquanto Rádio e Fotografia somaram 8% e 4% respectivamente.

Do ponto de vista regional, a região Sudeste foi a campeã no número de inscritos (51% do total). A segunda região foi o Nordeste (29%), seguida pelo Centro-Oeste (14%). As regiões Sul e Norte, aparecem, respectivamente com 5% e 1% do total.

Finalistas
Após análise da Comissão de Pré-Seleção, os trabalhos estão sendo avaliados pela Comissão Julgadora, responsável pela escolha dos três finalistas em cada categoria. Os contemplados que seguirão para a etapa final vão ser anunciados em breve. 

Lançado em maio pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), o prêmio faz uma homenagem ao ex-Senador Abdias Nascimento, um dos ícones da luta contra o racismo no Brasil, falecido em maio aos 97 anos.

O Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento é uma iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), vinculada ao SJPMRJ. E conta com a parceria da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), do Centro de Informações das Nações Unidas (ONU) e da Fundação Cultural Palmares. Tem ainda o apoio da Superintendência de Igualdade Racial do Estado do Rio de Janeiro (SUPIR) e do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (CEDINE). O patrocínio é da Fundação Ford, Fundação W. K. Kellogg e da Oi.

Acompanhe o prêmio em nossas redes sociais:

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cerimônia apresenta nova representante da Palmares em Alagoas

Foto: José Marcelo

por João Paulo Farias

Uma cerimônia ocorrida na noite desta sexta-feira, 30, no Plenário da Câmara de Vereadores de União dos Palmares, apresentou a nova chefa da Fundação Cultural Palmares em Alagoas, Genisete de Lucena Sarmento, que tomou posse no cargo há cerca de um mês.

O ato reuniu representantes de instituições governamentais, como o Incra, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o ex-deputado estadual Paulo Fernando dos Santos (Paulão), representantes das comunidades quilombolas e religiões de matrizes africanas, além de vereadores do município e sociedade palmarina.

A delegada do MDA, Sandra Lima, em sua fala, destacou a importância da nova representante da Palmares no Estado, frisando que é necessária a integração de um conjunto de políticas públicas para os quilombolas, tendo em vista a importância destes, que mesmo numa luta recente, devem ser reconhecidos.

Representando as religiões de matrizes africanas, a ialorixá Mãe Neide Oyá d´Oxum, do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), falou da parceria da Fundação Palmares com o Gesb e destacou a importância de uma mulher estar na Palmares, esperando a continuidade do apoio da Fundação, aos projetos sociais desenvolvidos pela Mãe Neide, que atende crianças carentes na capital e interior.

O pai-de-santo Sérgio Pontes falou da alegria em ter Genisete Lucena como representante da Palmares no Estado, destacando que as religiões de matrizes africanas em Alagoas esperam da Fundação uma maior atenção e apoio aos projetos desenvolvidos pelos religiosos.

Foto: José Marcelo

A nova diretora do Incra em Alagoas, Lenilda Lima, disse que "precisamos de um país de igualdade, com desenvolvimento e distribuição de renda", destacando que o Brasil tem uma dívida muito grande com as mulheres e os negros e que é preciso trabalhar de forma articulada, atendendo a todos os segmentos sociais.

O vereador e líder do governo, Fabian Holanda, falou da alegria e importância de ter uma pessoa da terra representando a Fundação Palmares no Estado. O vereador destacou o conhecimento da nova diretora, que quando vereadora por seu município conhecia profundamente o regimento interno da casa, fato esse que a destacava em plenário. Fabian ressaltou que o Poder Legislativo está de portas abertas para discutir projetos da Fundação e unir forças em prol de melhorias para o município.

O ex-deputado estadual Paulão (PT), disse que o orçamento da Fundação Palmares é pequeno, por isso é preciso fazer parcerias dentro do orçamento da União e ter a colaboração da sociedade. O ex-deputado disse que se sente honrado em ter um membro do PT assumindo a Palmares, observando que o desafio da nova representante não é fácil, mas que as parcerias irão fazer com que os avanços ocorram.

Encerrando o evento, a nova representante da Fundação Cultural Palmares em Alagoas, Genisete de Lucena Sarmento, disse dar alegria em ter assumido esse cargo e disse que neste um mês de Fundação, já teve avanços em relação aos quilombolas. Genisete esteve na Conab discutindo a questão da entrega de cestas básicas há algumas comunidades quilombolas que estavam sem receber, regularizando as mesmas.

Foto: José Marcelo

Já na questão da titulação de terras nas comunidades remanescentes de quilombo, Genisete disse que em reunião com o Incra, pode explanar essa situação e conseguir já para o próximo 6 de outubro, a visita de representantes do órgão para conversar com as comunidades.

Em relação à Serra da Barriga, a nova diretora disse que terá uma atenção especial ao Parque Memorial e frisou que sua preocupação é a mesma do Presidente da Palmares, Elói Ferreira, que em visita à Serra da Barriga no mês julho, disse que o Parque não será esquecido.

Encerrando seu pronunciamento, Genisete Sarmento disse que o cargo lhe compete muito trabalho e destacou que irá conversar com todos os movimentos, órgãos governamentais e entidades no Estado, para que possam ser parceiros nos projetos da Palmares. “Irei dar atenção especial a todas as comunidades quilombolas e religiões de matrizes africanos em Alagoas”, concluiu.

domingo, 2 de outubro de 2011

Dez anos da lei de Cotas Raciais no Brasil


Uma avaliação realizada por senadores, especialistas e militantes do movimento negro sobre os 10 anos do sistema de cotas afirma que a ação afirmativa mostrou ser bem sucedida ao promover significativa e relevante inclusão da população negra brasileira nas universidades públicas.
Segundo eles, as cotas são um instrumento legítimo para a busca da “igualdade material” preconizada pela Constituição de 1988. O grupo também argumentou a favor de programas como o Prouni e o Fies que, em sua opinião, proporcionam o acesso ao ensino superior a parcelas populacionais que historicamente ficaram de fora das universidades.
A primeira lei, a 3.708/01, foi implantada no Rio de Janeiro, e assegurou 40% das vagas aos estudantes afrodescendentes em escolas de ensino superior do Estado. Hoje, são cerca de 110 mil cotistas negros em 32 universidades estaduais e 38 universidades federais de todo o país. Para ser beneficiado com o sistema de cotas, o aluno deve se declarar como negro ou pardo e provar com fotos anexadas à matrícula.
Resultado ainda longe do ideal – Luís Fernando Olegar, coordenador do departamento de educação do Movimento da Consciência Negra do Vale do Itapocu (Moconevi) considera o preconceito contra afrodescendentes e o sistema de cotas resultado da falta de informação. “As pessoas não têm acesso à educação de forma igualitária”, explica o diretor, que já trabalhou em duas instituições em bairros de classes sociais bem diferentes.
“Enquanto as crianças de uma escola tinham em casa acesso à internet, TV a cabo, viajavam para outras cidades e conheciam lugares dos quais tinham aprendido na sala de aula, as outras só tinham como o passeio do ano uma ida ao shopping, quando a escola as levava”, conta.
Para o professor, as cotas raciais são um “reparo necessário, um caminho inverso ao mal feito aos negros ao longo da história do Brasil”. O educador entende o argumento de alguns grupos, inclusive da própria comunidade afrodescendente, sobre a importância de cotas para os menos favorecidos economicamente e não somente para os de cor escura. Porém, ele acha imprescindível o benefício para os negros devido ao racismo. “Os negros sofrem preconceito não pela classe social ou pelo currículo. Na hora de uma entrevista para emprego, o fenótipo é o que conta. As pessoas são escolhidas pelo que mostram, pela cor e pelos traços”, defende.
Segundo o educador, quanto maior o nível de formação acadêmica do negro, mais ele sofre racismo. “O peso é maior. Há mais cobrança para os que não tinham vez, principalmente os cotistas”, afirma. “As cotas permitem a ascensão social de um grupo étnico cuja maioria não tem oportunidade de crescer na vida”.
Falta de representatividade – Além do desenvolvimento social dos afrodescendentes, o coordenador considera a visibilidade um fator importante na luta contra o racismo. “Se a criança não vê professores, médicos, empresários, enfim, pessoas bem sucedidas da mesma cor, ela aprende que aquilo é normal e cresce inconscientemente com um sentimento de inferioridade” explica. “Você não se enxerga, não se sente representado”.
Apesar de toda a mobilização dos movimentos que lutam pelos direitos de igualdade dos afrodescendentes, a disseminação de sua cultura e a formação de lideranças, para Luís Fernando, a mudança social foi pequena após uma década de cotas raciais. O professor dá um exemplo da discriminação em exercícios feitos em sala de aula com os alunos: “há dez anos, pedia para as crianças procurarem em revistas pessoas negras. Encontravam poucas. Hoje, fico assustado aos constatar que isso não mudou”, conta. “Mesmo os pretos e pardos serem praticamente metade da população brasileira, a representatividade na mídia ainda é muito pequena”.
Luís Fernando espera que um dia as cotas raciais, e qualquer tipo de cota, não sejam mais necessárias. “O ideal é que deixem de existir e todos vivam em condição de igualdade”, conclui.
Fonte: Correio do Povo