segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Nota em defesa da SEPPIR / SPM / SNJ - Nenhum direito a menos

O Brasil começou a dar seu salto para o futuro com a implementação de uma série de políticas públicas em prol da igualdade, todas elas no contexto mundial das lutas populares e democráticas. Em especial com a realização de diversas Conferências mundiais contra o racismo (Durban em 2001), pela emancipação das mulheres (Pequim,1995), pelos direitos da juventude e pela diversidade sexual, consubstanciados na Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969.

Ratificadas pelo Congresso Nacional, o nosso país se comprometeu a eliminar daí em diante a chaga da desigualdade. Essa opção política nos levou a incluir ações, projetos e políticas públicas que estão no caminho certo para colocar o Brasil num salto civilizatório sem precedentes, cuja novidade é que o Estado tem papel fundamental, e não somente os governos.

Desde a Constituição Cidadã de 1988, que liberdade e igualdade não são valores abstratos, mas parte de um projeto de sociedade, onde a democracia se constrói com diálogo e participação social, em um processo de contínua invenção e reinvenção de direitos.

O Poder Executivo, em especial nos últimos doze anos, tem buscado transformar-se para dar conta das demandas dos povos historicamente excluídos dos espaços de status, prestígio e poder. Deste modo, o atual desenho institucional do Governo Federal, revela o compromisso do Mandato Democrático e Popular com a agenda política dos Movimentos Sociais.

No entanto, conforme chegou ao conhecimento público, o Governo Federal, sob pressão da grande mídia e da onda conservadora que tem ocupado o debate político nacional, pretende fazer uma reforma administrativa, que projetada sem diálogo e participação com as forças progressistas vivas de nosso país, pode se constituir em uma ameaça as conquistas no campo das ações sociais, principalmente, as voltadas para grupos socialmente vulneráveis  - como mulheres, promoção da igualdade racial, LGBT e juventude.

No coração da luta democrática em nosso país, as mulheres já pulsavam, rompendo preconceitos e tabus na luta pela Anistia e na demanda por direitos iguais. Na década de 80 do século passado, criou-se as Delegacias de Mulheres e no ano de 1985 conquistamos o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, fincando raízes para impulsionar ações que resultariam em exemplos para todo o mundo, de instrumentos de defesa dos direitos humanos das mulheres.

Na recém-nascida construção de um governo comprometido com os setores mais sofridos de nossa população, momento histórico em que o país desperta com intensidade para a necessidade das políticas públicas específicas para as mulheres, manifestamos nossa decisão de defender a manutenção desta política. Mobilizamo-nos pela reforma política democrática, pela garantia da prosperidade econômica com a valorização do trabalho, por autonomia e mais poder para as mulheres, negros e jovens e pela conquista de uma mídia democrática e não discriminatória.

Senhora Presidenta Dilma, “nada pra vocês sem vocês”. Não existe bom governo feito de boas intenções, mas aqueles que se constituem promovendo o diálogo e participação social, e nos quais os interlocutores governamentais possui peso institucional, poder de decisão e capacidade para promover a transversalidade das políticas de promoção de igualdade.

A expansão das políticas de ação afirmativa, a retirada do país do mapa da fome, o enfrentamento eficaz da miséria, o reconhecimento das uniões homoafetivas, o crescimento da presença de mulheres e negros no ensino superior e a frente de micro e pequenas empresas, demonstram que o Brasil está no caminho certo de superação da chaga das desigualdades – étnico-raciais, geracionais, sexuais e de gênero.

Senhora Presidenta Dilma, todos nós saímos e sairemos às ruas em defesa da legitimidade do seu Governo, ungido pelo voto de 54 milhões de brasileiros, em defesa da democracia e da vida. Mas entendemos como inaceitável a desmontagem de estruturas administrativas, de controle social e de diálogo entre governo e sociedade, que vem pautando a luta contra toda forma de preconceito e desigualdade, e as duras penas tem conseguido alterar a realidade de milhares de brasileiros e brasileiras, com a redução da pobreza, das diferenças regionais e culturais. Portanto, agora é o momento de continuar, aprimorar a gestão pública para consolidação das iniciativas criadas e de pavimentação da trilha da cidadania.

Por isso, as entidades dos movimentos sociais, cidadãos e cidadãs, intelectuais, artistas e militantes assinam o Manifesto abaixo, contra a alteração do desenho institucional nas Secretarias de Políticas paras as Mulheres, da Promoção da Igualdade Racial, de Direitos Humanos e de Juventude e em defesa do fortalecimento institucional desses órgãos, pois queremos que o Brasil dê um salto para o futuro, eliminado de vez a chaga dos preconceitos, do racismo, do sexismo e das desigualdades sociais e regionais.

Assinam:

1.       Abaça Ogum de Ronda / SE
2.       AFROUNEB – Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros / UNEB – Santo Antonio
3.       Agentes de Pastoral Negros – APN´S
4.       Alteritas: diferença, arte e educação / MG
5.       Articulação de Mulheres de Asé IYagba / RN
6.       Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo – APSMNSP
7.       Associação Afro Cultural de Matriz Africana São Jerônimo /BA
8.       Associação Afro religiosa e Cultural Ilê Iyaba Omi – ACIYOMI /PA
9.       Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN
10.   Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombola do Maranhão – ACONERUQ
11.   Associação Cultural Afro-brasileira de Oxaguiã / PA
12.   Associação de Defesa Ambiental COROPOS / RJ
13.   Associação de Educadores da USP - AEUSP
14.   Associação de Mulheres Negras Aqualtune / RJ
15.   Associação de Mulheres Negras Chica da Silva / MG
16.   Associação de Mulheres ODUM-AMO / SP
17.   Associação Nacional das Baianas de Acarajé / BA
18.   Associação dos Pesquisadores Negros da Bahia
19.   Associação Pró Moradia e Educação dos Empregados e Aposentados dos Correios - AME
20.   Associação de Sambistas e Comunidades de Terreiro de Samba do Estado de São Paulo – ASTECSP
21.   Batuque Afro Brasileiro de Nelson da Silva / MG
22.   Bocada Forte Hip Hop / SP
23.   Centro de Cultura Negra do Maranhão – CCN
24.   Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT / SP
25.   Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afrobrasileira – CENARAB
26.   Centro dos Estudantes  de Santos e Região Metropolitana da Baixada Santista – CES
27.   Centro de Estudos e Referência da Cultura Afro-Brasileira - CERNEGRO / AC
28.   Cia de Teatro é Tudo Cena / RJ
29.   CIR – Comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ
30.   Clube de Mães de Ilha de Mare - BA
31.   Coletivo de Empreendedoras Negras Makena / SP
32.   Coletivo de Entidades Negras – CEN
33.   Coletivo de Estudante Negro do Mackenzie – AFROMACK / SP
34.   Coletivo Feminista Baré do Amazonas
35.   Coletivo Hip Hop Feminino Maria Amazonas
36.   Coletivo Mulheres Encrespa de MG
37.   Coletivo Nacional de Juventude Negra – ENEGRECER
38.   Coletivo Quilombação / SP
39.   Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial – COJIRA/SP
40.   Comissão Nacional dos Pontos de Cultura – GT Gênero
41.   Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem Viver
42.   Confederação Nacional das Associações de Moradores - CONAM
43.   Confederação Nacional Quilombola – CONFAQ
44.   Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE
45.   Conselho Estadual de Mulheres de Goiás - CONEM
46.   Cooperativa de Mulheres Flor do Mangue de Salvador / BA
47.   Coordenação Estadual de Quilombos Zacimba Gaba / ES
48.   Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ
49.   Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
50.   E’léékò: Gênero e Cidadania / RJ
51.   Federação Árabe Palestina do Brasil - FEPAL
52.   Federação das Associações Comunitárias e Entidades do Estado de São Paulo - FACESP
53.   Federação das Favelas do Estado do Rio de Janeiro - FAFERJ
54.   Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme – FENAFAL
55.   Diretoria Racial da Federação Nacional dos Trabalhadores de Metrôs e Metrô Ferroviário – FENAMETRO
56.   Fórum de Entidades Negras do Maranhão
57.   Fórum de Juventude Negra do Amazonas
58.   Fórum de Matriz Africana do Município de Cariacica / ES
59.   Fórum Mineiro de Entidades Negras - FOMENE
60.   Fórum Nacional de Juventude Negra - FONAJU
61.   Fórum Nacional de Mulheres Negras – FNMN
62.   Fórum Permanente Afrodescendente do Amazonas – FOPAAM
63.   Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana
64.   GERA – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação de Professores da UFPA
65.   Grêmio Recreativo Escola de Samba Ipixuna do Amazonas
66.   Grupo de Cultura Afro AFOXÁ / PI
67.   Grupo Cultural Adimó / PI
68.   Grupo de Estudos Afro-Amazônico (NEAB) UFPA
69.   Grupo de Estudos Afro-Brasileiros e Educação – GEABE/FATEC / RJ
70.   Grupo de Estudos e Pesquisas em políticas públicas, história e educação das relações raciais e de gênero da UNB
71.   Grupo Mais Mulheres no Poder / MG
72.   Ile Axé Elegbara Barakitundegy Bamine
73.   Ilê Axé Olorum Funmi / SC
74.   Ile Jena Delewa – BA
75.   Ile Ofá Odé – BA
76.   Ilu Oba De Min Educação, Cultura e Arte Negra /SP
77.   Instituto AMMA Psique e Negritude / SP
78.   Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD
79.   Instituto Cultural Afro Mutalembê – Amazonas
80.   Instituto Centro Educacional e Cultura Nina Souza – CENS / AP
81.   Instituto Ganga Zumba
82.   Instituto Luiz Gama / SP
83.   Instituto Mocambo /AP
84.   Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e Desenvolvimento Social de Belém
85.   Instituto Padre Batista / SP
86.   Instituto Palmares de Promoção da Igualdade / BA
87.   Instituto Pérola Negra do Rio de Janeiro
88.   Instituto Pretos Novos / RJ
89.   Irmandade Santa Bárbara / SE
90.   Kwè Cejá Gbé / RJ
91.   Liga Brasileira de Lésbicas
92.   Liga Nacional Panela de Expressão – ES
93.   Liga Oficial dos Blocos Afros e Escolas de Samba de Sergipe
94.   Marcha Mundial de Mulheres
95.   Movimento Internacional da Paz - MINPA
96.   Movimento de Luta por Terra – MLT
97.   Movimento Negro Unificado – MNU
98.   Movimento Sem Terra - MST
99.   Nação Hip Hop Brasil
100.                       N`Ativa / AC
101.                       Núcleo de Debates de Diversidades e Identidades de MG
102.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do CEFET – RJ
103.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do Colégio Pedro II
104.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da FURB
105.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da FURG
106.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da IFPA
107.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros NEAF - UFT
108.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UDESC
109.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL
110.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEMG
111.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros UFMA
112.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFOP
113.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPI
114.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFRPE
115.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSB
116.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFTO
117.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR
118.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UNB
119.                       Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UNICENTRO
120.                       Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas: NEABI - UFPB
121.                       Núcleo de Estudos Sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade  (NEGRA) da UNEMAT
122.                       Núcleo Vida e Cuidado (NUVIC): estudos sobre violência
123.                       Observatório da Mulher
124.                       Observatório da Políticas de Democratização de Acesso e Permanência na Educação Superior da UFRRJ
125.                       Organização Cultural Remanescentes de Tia Ciata / RJ
126.                       Organização de Economia Solidária - OPES
127.                       Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP
128.                       Quilombação – Coletivo de Ativistas Antirracistas / SP
129.                       Rede Nacional Afro LGBT
130.                       Rede Amazônia Negra – RAN
131.                       Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana - REATA
132.                       Rede Aruanda Mundi
133.                       Rede de Jovens do Nordeste - RJNE
134.                       Rede Mulher e Mídia
135.                       Rede Nacional Lai Lai Apejo – Saúde da População Negra e AIDS
136.                       Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde - RENAFRO
137.                       Rede Nacional das Religiões de Matriz Africana – Núcleo Sergipe
138.                   Rede Sapatá – Promoção de Saúde e Controle Social de Políticas Públicas para Lésbicas e Bissexuais Negras
139.                       Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT – SNCR/CUT
140.                       Secretaria Nacional de Igualdade Racial da CTB
141.                       Secretaria Nacional de Mulheres da CTB
142.                       Setorial de Combate ao Racismo da Central de Movimentos Populares – CMP
143.                       Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Grande São Paulo, Sorocaba e Região – SINTECT/SP
144.                       União Brasileira de Estudantes Secundaristas - UBES
145.                       União Brasileira de Mulheres – UBM
146.                       União das Comunidades Tradicionais Afro-amazônicas - UNIMAZ
147.                       União das Escolas de Asmba Paulistana – UESP
148.                       União de Mulheres de São Paulo
149.                       União Municipal  dos Estudantes Secundaristas de Santos – UMES Santos
150.                       União Nacional dos Estudantes - UNE
151.                       União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO
152.                       Visão Mundial
153.                       Yle Ase Obe Fara BARAHUMERJIONAN / SE



Personalidades

1.       Dexter (Marcos Fernandes de Omena) – Rapper
2.       GOG (Genival Oliveira Gonçalves) – Rapper e poeta
3.       Hélio Santos – Professor universitário ((Visconde de Cairu – Salvador)
4.       Leci Brandão – Deputada Estadual e cantora
5.       Valter Silvério – Professor universitário (UFSCAR)

Festival do Teatro Brasileiro começa com oficinas e troca de experiências

Apresentações em Maceió começam no dia 11; programação conta com atividades pedagógicas


Após 16 anos percorrendo o país, Festival do Teatro Brasileiro chega pela primeira vez ao Estado trazendo oito grupos da cena paraibana que se apresentam em diversos espaços da cidade a partir do dia 11 de setembro. Antes disso, o festival promove atividades pedagógicas e incentiva a troca de experiências entre grupos teatrais alagoanos e o Coletivo Alfenim, grupo paraibano que traz a Maceió o espetáculo Milagre Brasileiro (Confira a programação).

As atividades do FTB em Maceió começam oficialmente na segunda-feira (31), no Conjunto Vila dos Pescadores, no bairro do Sobral, onde 15 jovens e adolescentes da comunidade participam das oficinas de grafite ministradas pelo artista Alan Lima. No dia seguinte, tem início o encontro entre o Coletivo Alfenim e integrantes de grupos alagoanos. Na semana que vem, o FTB promove uma segunda oficina na Vila dos Pescadores. Desta vez, 20 jovens da comunidade vão conhecer o processo de criação musical do grupo de Hip Hop Favela Soul.

Todas as atividades do FTB, inclusive as apresentações dos grupos paraibanos e os shows do músico Chico César e do DJ Chico Correia, no dia 19 de setembro, são abertas ao público.
Com apoio da Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultura (FMAC), o FTB integra as comemorações do aniversário de 200 anos da capital alagoana.

Grafite

As Oficinas de Grafite acontecem nos dias 31 e 1º de setembro, das 17h30 às 21h30, e do dia 2 ao dia 4, das 13h às 17h. Escolhido para ministrar a oficina, Alan Lima é uma referência na arte do grafite em Alagoas e há dez anos espalha sua arte pelas galerias especializadas e pelos muros da capital alagoana. O grafiteiro também é disputado pelos atletas alagoanos para personalização de pranchas de surf e skates.

Em seus trabalhos, Alan Lima tem como referências o esporte, a natureza e as cenas urbanas, reproduzindo figuras reais ou simplesmente produzindo criaturas surreais surpreendentes. De acordo com o artista, os ensinamentos que serão passados na oficina visam romper preconceitos relacionados ao grafite, mostrando a arte como forma superação das barreiras sociais e expressão do sentimento dos jovens com relação à realidade que os cerca.

Hip Hop

Entre os dias 7 e 11 de setembro, 20 adolescentes da Vila dos Pescadores entram em contato com o grupo Favela Soul para a Oficina de Hip Hop promovida pelo Festival do Teatro Brasileiro. Criado em 201, no bairro do Jacintinho, pelo músico Nando Rozendo, o Favela Soul tem influências de músicos brasileiros consagrados como Sandra de Sá, Tim Maia, Chico Science, Black Alien e bandas nacionais e estrangeiras como O Rappa e Rage Against The Machine. Com cinco anos de estrada, o Favela Soul se prepara para o lançamento de seu primeiro EP, intitulado Solta Esse Black, com cinco faixas inéditas.

Com sua origem em um dos bairros mais sofridos da capital alagoana, o Favela Soul carrega em suas letras o cotidiano da periferia em todos os seus aspectos. Na oficina promovida pelo FTB, Nando Rozendo, Rudson França, Márcio Chaprado e Zezé pretendem mostrar o poder da música no enfrentamento das adversidades e sua força na mudança social e na construção de uma realidade mais digna. A oficina acontece no dia 7, das 13h às 17h, e nos dias 8, 9, 10 e 11, das 17h às 21h.

Residência Artística

Pelo primeiro ano desde sua criação, o Festival do Teatro Brasileiro realiza em Maceió núcleos de Residência Artística destinados a profissionais das artes cênicas e integrantes de grupos teatrais de Alagoas. Os núcleos servirão como espaços para a troca de experiências, discussão sobre vivências práticas e diálogos teóricos com o grupo paraibano Coletivo de Teatro Alfenim.

Cada encontro servirá também um mergulho nas linguagens metodológicas dos trabalhos cênicos adotados por cada grupo, pela busca do trabalho mais profissional dos artistas envolvidos e, paralelo a tudo isso que se concretize em crescimento, sobretudo, pessoal, social e cultural. A Residência Artística acontece no Espaço Cultural, na Praça Sinimbu, do dia 1º ao dia 3 de setembro, das 18h às 22h; nos dias 6 e 7, das 10h às 14h; no dia 13, das 10h às 16h; e do dia 14 ao dia 16, das 18h às 22h.

Espetáculos

O período de apresentações da etapa alagoana do Festival do Teatro Brasileiro começa no dia 11 de setembro, com o espetáculo Silêncio Total, do Piollin Grupo de Teatro. O monólogo é encenado há quase 30 anos pelo ator Luiz Carlos Vasconcelos, que atualmente dá vida ao personagem Bento na novela Além do Tempo, da Rede Globo. A apresentação acontece no Teatro Deodoro, às 20h.

No dia 12, a partir das 18h, o grupo Quem Tem Boca é pra Gritar apresenta o espetáculo de rua Cancão, Malazarte e Trupizupe. A encenação acontece no conjunto residencial Vila dos Pescadores, no bairro do Sobral. Ainda no dia 12, às 20h, no Teatro Jofre Soares, o ator veterano Fernando Teixeira, do Grupo de Teatro Bigorna, apresenta o monólogo Esparrela, um dos espetáculos mais premiados da cena paraibana, em cartaz há mais de 40 anos.

Após uma semana de atividades paralelas, o FTB retoma as apresentações para o público alagoano no dia 17, no Teatro Deodoro, onde a Agitada Gang – Grupo de Atores e Palhaços da Paraíba apresenta Como Nasce um Cabra da Peste. No dia seguinte, às 20h, o Milagre Brasileiro, do Coletivo de Teatro Alfenim, ocupa a Sala Preta do Espaço Cultural, na Praça Sinimbu. No dia 19, o período de apresentações do Festival de Teatro Brasileiro em Maceió será encerrado com o show do músico Chico César, DJ Chico Correia e o espetáculo de dança Nordestinidade, da Companhia de Projeções Folclóricas Raízes, na Praça Multieventos, na orla de Pajuçara, a partir das 18h.

O Festival é apresentado pelo Ministério da Cultura e Petrobras e sua etapa alagoana tem o apoio cultural do SESC, Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do Governo do Estado por meio da Diretoria de Teatros de Alagoas (Diteal), e da Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), com a co-realização pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).



Fonte: Petrônio Viana – jornalista responsável
Contato: (82) 9 9155-5755 / ftb_al@hotmail.com

domingo, 30 de agosto de 2015

Pesquisa aborda afrodescendência em Alagoas e genética dos quilombolas

Estudo financiado pela Fapeal contribui para montar o quebra-cabeças da história de uma população miscigenada


Por: Naísia Xavier

Dalmo Azevedo, no Laboratório de Genética Forense da Ufal (Foto Naísia Xavier)
O Laboratório de DNA Forense da Universidade Federal de Alagoas realizou, de 2012 a 2015, a pesquisa Demografia Histórica em Populações Quilombolas do Estado de Alagoas por meio da análise de SNPs do Cromossomo Y. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), o estudo foi coordenado pelo biólogo geneticista Dalmo Azevedo.
O pesquisador explica que o estudo foi buscar um pedaço da história da população alagoana por meio da identificação de características distintivas, conhecidas como marcadores genéticos de ancestralidade, ou seja, variações do DNA que estão relacionadas com a origem geográfica específica dos ancestrais de determinados indivíduos. “Algumas dessas variações estão relacionadas, por exemplo, com ser de origem africana, ou ser de origem europeia, ou asiática, ou indígena”, esclareceu.
A pergunta que motivou Dalmo Azevedo e seus colegas, Luiz Antonio Ferreira e Francisco Javier Tovar, também doutores em genética, foi a seguinte: Que diferencial essas comunidades que se auto reconhecem afrodescendentes teriam em relação à população não quilombola?
Das 67 comunidades oficializadas em Alagoas, foram recolhidos dados genéticos em cinco: Pau d’Arco, em Arapiraca; Bom Despacho, próximo à Barra de Camaragibe; Quilombo, em Santa Luzia do Norte; Comunidade Vila Santo Ântonio, próxima à Palestina, no Sertão, e Tabuleiro dos Negros, em Penedo.
“É marcante, de modo geral, que a presença de linhagens africanas está presente com uma frequência aumentada. Chega a ser cinco vezes maior em algumas dessas comunidades do que na população que não é quilombola”, comentou o cientista, que também encontrou por lá a esperada miscigenação com indígenas e europeus.
Dalmo Azevedo ressalta, ainda, que os resultados estão de acordo com os relatos históricos, mas acha importante observar que as questões de caracterização genética são estritamente técnicas, observadas em níveis moleculares e, embora possam dar respaldo para contextualizar a história da população alagoana e brasileira, não possuem nenhuma pretensão de influenciar as questões socioculturais e políticas que dizem respeito aos grupos quilombolas e à população afrodescendente de maneira geral. “A gente não faz uma avaliação do ponto de vista cultural, simplesmente genético, tentando relacionar isso com a história das populações”, sintetizou.
Além disso, ele também explica que a pesquisa se ateve a marcadores genéticos de ancestralidade paterna, ligados ao cromossomo Y, exclusivo do sexo masculino. “Nós temos parte da história, mas não são só homens que constroem a história das populações. Existe um outro lado que são as mulheres. Estamos aguardando aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa para analisar marcadores genéticos de ancestralidade materna nessas comunidades”, anunciou
Ponto de vista cultural
Nesse contexto, o historiador e mestre em educação Clébio Correia destaca que essa contribuição é algo inesperado de um campo do conhecimento que, por ser realizado em laboratório, não costuma ter um diálogo imediato com as questões que movem as ciências humanas. Suas considerações, no entanto, soaram consistentes com os objetivos delimitados pelos colegas da Biologia.
O professor Clébio Correia ressalta que a perda documental no episódio da queima, conhecida como “a queima de arquivos”, torna bem-vindos os estudos de ancestralidade que tenham ligação com os remanescentes das populações africanas trazidas para o Brasil e que investigam para além das aparências. “Foram trazidas da África pessoas de diversas regiões e grupos étnicos e esses registros se perderam”, observou.
Caminhos e Descaminhos
Geneticista e historiador parecem estar de acordo também em relação aos limites que a genética, enquanto ciência biológica, deve reconhecer para suas contribuições nas questões identitárias: “Seria uma armadilha engessar a afrodescendência apenas no patrimônio genético. O que torna alguém afrodescendente é identificação com a identidade e o posicionamento político de construir essa identidade”, apontou Clébio, que atualmente é vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas.
Ao comentar a confirmação de maior frequência de marcadores genéticos de ancestralidade africana nas comunidades quilombolas pesquisadas, ele aprofunda a intenção do grupo de pesquisa de Dalmo de observar a genética nos trilhos da História: “A conservação de um patrimônio genético faz sentido com o isolamento e a discriminação dessas comunidades por parte de uma sociedade preconceituosa que não queria se misturar, o que está presente até mesmo na localização delas, rurais e de difícil acesso”.
E foi enquanto ativista do movimento afro-brasileiro que o professor Clébio fez sua consideração final: “É um dado de segregação, mas que também aponta para resistência, união e coesão”, avaliou.
Queima de arquivos
Em 13 de maio de 1891, aniversário de dois anos da Lei Áurea e da abolição no Brasil, o então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, ordenou a queima de todos os documentos sobre a escravidão no país que se encontrassem em poder de seu Ministério.
O episódio ficou conhecido como “a queima de arquivos”, e até hoje permite abordagens controversas. Se, por um lado, à época, a motivação oficialmente declarada para o gesto foi a de impossibilitar que os ex-proprietários de escravos sugassem do governo uma indenização indevida, por outro, perdeu-se uma fonte histórica insubstituível sobre as origens geográficas e laços de parentesco das famílias negras envolvidas.
Dessa forma, presume-se que a história não fica registrada só em papéis, mas também nos corpos humanos. Outras ciências também podem investigar o passado por meio de fontes não escritas; um exemplo disso é a pesquisa genética voltada à ancestralidade.
Apoio
O Governo do Estado está trabalhando para integrar a comunidade afro-brasileira de Alagoas. Na última semana, houve duas ações neste sentido: Na terça (18), reunião entre a Fapeal e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, para delinear um projeto de economia criativa voltado às comunidades quilombolas; Também foi promovido o 1º Encontro de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiro, em parceria com a Fundação Cultural Palmares.

Fonte: Ascom - Fapeal