segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Exposição em São Paulo conta história de Zumbi dos Palmares

De passagem por São Paulo, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, e o presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Vinicius Palmeira, conheceram a exposição ‘Zumbi – A Guerra do Povo Negro’, em cartaz no Sesc Vila Mariana. A visita foi guiada pessoalmente pelo curador da mostra, o jornalista e escritor alagoano Audálio Dantas.

Prefeito Rui Palmeira, presidente da FMAC, Vinicius Palmeira são guiados pelo curador da exposição, Audálio Dantas. Foto: Divulgação
Prefeito Rui Palmeira, presidente da FMAC, Vinicius Palmeira são guiados pelo curador da exposição, Audálio Dantas. Foto: Ascom Sesc
A exposição traça a trajetória do último líder do Quilombo dos Palmares e um dos símbolos de resistência do povo negro na história brasileira. ‘Zumbi – A Guerra do Povo Negro’, nasce a partir da pesquisa do curador Audálio Dantas e reúne ilustrações de Fernando Vilela e fotografias de Tiago Santana. As imagens contam a história de Zumbi dos Palmares em seis momentos distintos: ‘A Revolta’, ‘A Resistência – criação do quilombo’, ‘O Nascimento de Zumbi e Infância’, ‘O Rei Gangazumba’, ‘Zumbi – O Herói’ e ‘A Destruição do Palmares’.

Fernando Vilela recriou as cenas das narrativas da história e da vida de Zumbi na cenografia da exposição. Ele criou as ilustrações de toda a vida de Zumbi, não apenas das batalhas. Enquanto isso, o fotógrafo Tiago Santana traz 16 fotografias panorâmicas da Serra da Barriga em sua configuração atual revelando o cotidiano da população que ali vive hoje.

Ilustração de Fernando Vilela mostra guerra pela liberdade. Foto: Ascom Sesc
Ilustração de Fernando Vilela mostra guerra pela liberdade. Foto: Ascom Sesc

História preservada
O presidente da FMAC, Vinicius Palmeira, destaca a importância do trabalho para a preservação da memória de Zumbi e da resistência em Palmares. “É nossa pretensão trazer a exposição para Maceió e viabilizar que o povo alagoano tenha acesso a história de luta vivida na Serra da Barriga. Para isso, iniciamos no mesmo dia as tratativas com o Sesc”, conta.

Palmeira destaca também a grandeza e a importância do jornalista e escritor Audálio Dantas, curador da exposição. “Ele sem dúvidas um dos maiores nomes do jornalismo no País. Um homem que viveu histórias e denunciou fatos de extrema importância para o Brasil”, lembra.

Sobre o curador
Audálio Dantas é jornalista atuante há mais de 60 anos com trabalhos na Folha de S. Paulo, e nas revistas Realidade, O Cruzeiro, Manchete e Nova. Dantas tem extensa trajetória na defesa dos direitos humanos no país. Foi o responsável pela denúncia da morte do também jornalista Vladimir Herzog nos cárceres da ditadura, em 25 de outubro de 1975 e recebeu premiação da Organização das Nações Unidas pela defesa dos direitos humanos.

Em sua trajetória, o mérito pela descoberta dos excertos de Carolina Maria de Jesus, no que viria a ser a obra “Quarto de Despejo”. Em sua carreira de escritor, Audálio Dantas contabiliza 12 livros publicados, tendo recebido o prêmio Jabuti de 2013 (Livro do Ano de Não-Ficção) pela obra “As Duas Guerras de Vlado Werzog”, além de ter sido agraciado com o Prêmio Juca Pato (Intelectual do Ano), pela União Brasileira de Escritores, no mesmo ano.

Fotografia mostra Serra da Barriga nos dias de hoje. Foto: Tiago Santana
Fotografia mostra Serra da Barriga nos dias de hoje. Foto: Tiago Santana

O Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares, localizado na região sul da antiga Capitania de Pernambuco e atual Estado de Alagoas, surgiu no século XVI no período do Brasil Colônia, na região conhecida como “Serra da Barriga”, nas proximidades da vila de Porto Calvo.

Em um dos engenhos ao Sul de Pernambuco, no ano de 1597, um grupo de cerca de quarenta homens escravizados planejaram a fuga coletiva em direção à Serra, no alto do que hoje é denominado como Planalto Meridional de Borborema. Ali fundaram o maior quilombo do período colonial, tendo resistido à escravidão e ameaçando o poder hegemônico da Coroa portuguesa por quase 100 anos.

A história do Quilombo de Palmares atravessa o tempo e se torna a primeira experiência coletiva de contestação no país. Seu último líder, Zumbi, é a figura principal da narrativa contada na exposição “Zumbi – A Guerra do Povo Negro”. A montagem também marca a efeméride de 360 anos de nascimento de Zumbi e os 320 anos desde sua morte.

A exposição segue aberta ao público até o dia 31 de janeiro de 2016, com visitação gratuita.


Ascom FMAC com Ascom Sesc Vila Mariana

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Saúde e direitos

Em uma sessão histórica do ponto de vista da luta por políticas de promoção da igualdade racial em Alagoas, o Conselho Estadual de Saúde (CES) aprovou, na última quinta-feira (17.12), a criação do Comitê Técnico Alagoano de Saúde da População Negra no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

O comitê será paritário, com participação da sociedade civil, e terá como atribuições, propor, elaborar, acompanhar, fiscalizar e apoiar a implantação da política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População Negra, articulando ações e trabalho das áreas voltadas a este segmento populacional em consonância com o Plano Estadual de Saúde e legislação específica vigente. Também será papel do comitê, sistematizar propostas de políticas e planos que visem à promoção da equidade étnicorracial na atenção à saúde.

O comitê nacional já existe no âmbito do Ministério da Saúde, e este recomenda que Estados e Municípios também instituam seus comitês. No entanto, a proposta de criação do comitê em Alagoas partiu de profissionais ligados a pesquisa sobre saúde da população negra da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com apoio do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir).

Durante a reunião do CES, tanto o professor Jorge Riscado, da Faculdade de Medicina da Ufal e membro do Comitê Nacional, quanto a presidenta do Conepir, Valdice Gomes, usaram como argumentos para mostrar a necessidade de criação do comitê, o fato de que aproximadamente 67% da população alagoana é constituída de pretos e pardos, portanto, considerada negra pelo IBGE. Bem como, dados que comprovam que os negros tem agravos mais prevalentes de Hipertensão Arterial, Doença Falciforme, Glaucoma, Diabetes Mellitus entre outros.

Além disso, a maioria da população negra sofre de racismo e racismo institucional e estes são determinantes sociais de saúde, porque estão nas periferias, favelas, lixões e, portanto, sem saneamento básico, destinação adequada de lixo, água encanada, etc. Em relação às mulheres brancas, as mulheres negras em Alagoas, morrem 10 vezes mais por gestação, parto e puerpério e, entre elas por eclâmpsia, hipertensão arterial durante a gestação, causa evitável. As mulheres quilombolas, tem entre 04 a 05 consultas pré-natais, muito aquém, quando o limite é de 08 consultas e, o ideal, seria de 14 consultas pré-natais.

Também foi levada em consideração, a necessidade de integração das ações e políticas da Sesau e articulação destas com o controle social, movimentos sociais negros, movimento social de remanescentes de quilombo, de comunidades tradicionais de matriz africana e as demais instâncias do SUS, no que tange ao acesso e qualidade da atenção à saúde da população negra e combate ao racismo institucional. Cabe agora à Sesau publicar portaria e garantir no orçamento os recursos para funcionamento do comitê.

Fonte: Coluna Axé – 372ª edição – Jornal Tribuna Independente (22 a 28/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

Jornalista do ‘Profissão Repórter’ é alvo de comentários racistas na internet

O jornalista Guilherme Belarmino sofreu ataques racistas pelo Twitter após a exibição de sua reportagem sobre feminismo no programa ‘Profissão Repórter’, naa terça-feira, 15. Na matéria, o repórter confronta Marcelo Mello, agressor denunciado pela professora e blogueira Lola Aronovich, que desde 2011 recebe ameaças de morte por sua atuação feminista na internet.

belarminoIntegrante do 'Profissão Repórter' desde 2014, Berlamino levará o caso à Justiça (Imagem: Reprodução)Preso em 2012 e condenado por racismo em 2013, Mello mantinha uma página na internet com textos contra mulheres, homessexuais, negros, nordestinos e judeus. Agora, ele publica conteúdo do mesmo tipo em um fórum publico e anônimo. O programa veiculou imagens em que ele tenta agredir a equipe de reportagem e, desde então, o homem ameaça Berlarmino usando o microblog.

"Lá na cadeira fiquei com uns ex-pms que lidavam direto com estes tipos como o @guibelar. É só desovar que não dá nada", escreveu no microblog, citando o perfil do jornalista. "Eu jamais daria uma banana para @guibelar, eu não sou racista, eu daria é muito porrada mesmo", diz outro tuite da conta matida por Mello, que agora está bloqueada.

Após as ameaças, Berlarmino usou a mesma rede social para dizer que levará o caso á Justiça. "Racistas se alimentam de impunidade", publicou, ao lembrar casos como recentes de racismo sofridos por personalidades como Maria Júli.


Fonte: Portal Comunique-se

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Guia da Cultura Alagoana

Na próxima segunda (21) o Ensaio – Guia da Cultura Alagoana voltará a circular em Alagoas divulgando os contatos de quem vive e trabalha com cultura, direta e indiretamente, como atores, músicos, pesquisadores, prestadores de serviços, técnicos etc... São 13 categorias que abrangem diversos segmentos artísticos e técnicos.

Essa ideia surgiu de uma necessidade pessoal e profissional do Jornalista e Produtor Cultural Keyler Simões, criador e editor do Guia Ensaio, de ter a mão os contatos de artistas, prestadores de serviços, instituições, casas de shows e demais profissionais, de forma fácil e eficiente, onde todos pudessem ter seus contatos divulgados, sem pagar nada por isso, assim como a própria distribuição. E assim foi por 08 anos ininterruptos, de 2000 a 2008, já que a partir daí só a versão on-line estava disponível, mas não era suficiente, pois a versão impressa sempre fez falta, e ultimamente, as dezenas de telefonemas que lhes são feitos pedindo os contatos de artistas e de quem aluga isso ou aquilo o motivaram a retomar essa impressão e para isso foram quase dois anos tentando relançar o Guia Ensaio.

Com isso, existe uma geração que não o conhece. Uma geração que viu o novo momento da cultura em Maceió surgir, principalmente, graças à gestão atual, de Vinicius Palmeira, a frente da Fundação Municipal de Ação Cultural. Uma geração que viu surgir também um Conselho Nacional de Políticas Culturais e muito mais mudanças, como a própria consolidação de uma política cultural no Brasil e agora, em Maceió.

O Guia Ensaio continua cadastrando, gratuitamente, 13 categorias, reunindo cerca de mil contatos, bastando para isso que os cadastrados atualizem e enviem seus dados, bem como sua própria distribuição, direcionada para quem trabalha com o segmento cultural e afins, como turismo e empreendedorismo. O site é www.balaiodefatos.com e o e-mail: guiaensaio@hotmail.com.

As categorias cadastradas nesta edição são:
1.Arquivos, Patrimônio Material, Imaterial e Museus
2.Artesanato, Moda e Design
3.Artes Cênicas
4.Artes Visuais, arte digital e fotografia
5.Audiovisual
6.Cultura Afro-Brasileira
7.Culturas Populares
8. Instituições
9.Literatura, Livro e Leitura
10.Música
11.Mídia
12.Prestadores de Serviços e comércio
13.Produtores culturais

Esta edição poderá ser encontrada gratuitamente em:  órgãos de cultura, turismo, teatros, prestadores de serviços etc...
A próxima edição será lançada em abril de 2016.

Mais Informações:
(82) 99971-4281 / 98702-2784
 
 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Um prêmio, um reconhecimento

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) foi criada em maio de 1996, em Bom Jesus da Lapa (BA). A instituição foi uma das agraciadas com o Prêmio Direitos Humanos 2015, na categoria Garantia dos Direitos da População Indígena, Quilombolas e dos Povos e Comunidades Tradicionais.

A cerimônia da 21ª edição ocorreu na sexta-feira passada (11.12), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), trata-se da mais alta condecoração às pessoas e instituições que se destacam na defesa, na promoção e no enfrentamento às violações dos Direitos Humanos em nosso país.

A CONAQ possui representantes de comunidades remanescentes de quilombo de 25 estados da federação, tem como objetivos: lutar pela garantia do direito à terra; combater toda e qualquer discriminação racial e intolerância religiosa; lutar pela implantação de projetos de desenvolvimento sustentável das comunidades; pela preservação dos costumes, da cultura e da tradição entre as gerações das populações quilombolas; proposição; zelar pela garantia dos direitos da saúde, educação infantil, básica e superior, moradias dignas dos quilombolas; dentre outras demandas.

Com atuação marcante no Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR) tem contribuído para o protagonismo político quilombola e no diálogo com demais movimentos sociais; além de defender a efetivação de políticas públicas levando em consideração a organização pré-existente das comunidades de quilombo, tais como o uso comum (coletivo) da terra e dos recursos naturais, sua história e cultura em harmonia com o meio ambiente. 

Também teve participação efetiva na construção do Decreto 4887/2003, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

Ao todo, foram 18 categorias no Prêmio de Direitos Humanos, e também, destacamos as homenagens para: Rad Assis Brasil Ugarte/SP (Promoção e Respeito à Diversidade Religiosa); a Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkuhl – Projeto Expressão de Gênero da infância à juventude e Faces da Homofobia/SC (Garantia dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT); Silvana do Amaral Verissimo/SP (Igualdade Racial) e Rede Thydêwá/BA (Autonomia das Mulheres).

Que o trabalho continue e seja fortalecido! Axé! 


Fonte: Coluna Axé – 371ª edição – Jornal Tribuna Independente (15 a 21/12/15) / Cojira-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Religiosos de matriz africana em Alagoas ainda sofrem com preconceito

Comissão de Minorias da OAB e Ministério Público acompanham casos de intolerância 


Por: Géssika Costa  (Jornalista - Colaboração para o site Cada Minuto)


Mais de cem anos após o episódio que ficou conhecido como Quebra de Xangô, em 1912, o terror vivido por Tia Marcelina e outros praticantes das religiões de matriz africana, em Alagoas, parece não ter fim.

Mesmo com todo respaldo garantido pela Constituição Federal, na terra da resistência, inúmeros são os casos de preconceito contra os religiosos do candomblé e  da umbanda – dois dos principais cultos afro-brasileiros.

A ialorixá alagoana Mãe Vera, de 58 anos, e que há mais de 20 fundou o terreiro Abaçá de Angola Oya Bale – segundo ela - na linguagem africana iourubá significa casa aberta para todos, conta que no último sábado (05) passou por um episódio de preconceito dentro do ônibus que estava.

Entrei no coletivo e as pessoas já me olharam diferente. Era como se eu fosse um carnaval, algo estranho ou demoníaco, o transporte estava ficando lotado e o banco onde eu estava tinha vaga para mais uma pessoa, mas demorou para alguém sentar do meu lado”, lamenta.

A religiosa, que faz de sua vida uma luta contra a intolerância religiosa e em favor da divulgação da contribuição dos terreiros para a cultura brasileira, desenvolve um trabalho social através do ensino do maracatu com jovens e crianças onde mora, no bairro da Cidade Universitária, parte alta de Maceió. Ela diz que já se acostumou com os olhares das pessoas nas ruas e em todos os lugares por onde passa, principalmente quando está vestida com o axó – roupa que as sacerdotisas e os religiosos de matriz africana costumam usar.

Ao longo da minha vida eu já passei por muita coisa. A gente sofre. Sofre muito e é na pele. Tudo que é da nossa religião ou da cultura negra parece não prestar para a maioria, mas a gente luta e não pretende abandonar por nada. Todo dia temos um Quebra”, afirma.

Para o presidente da Federação de Zeladores de Culto Afro, Paulo Silva, houve um grande avanço nos últimos anos, mas a realidade da intolerância ainda é rotina para muitos.

“Eu já sofri muito preconceito, mas ele é bem distante, as pessoas tentam disfarçar porque agora sabem que tal prática é crime, dá cadeia e tem muita repercussão na sociedade”, acredita.
Ainda de acordo com Silva, a Federação trabalha apoiando o pai de santo e  a mãe de santo do interior, mapeando e acompanhando os casos de preconceito.

Hoje as pessoas mostram respeito a mim, mas há muitos relatos no interior, principalmente, nesse sentido. Lá, devido ao grau de instrução menor de muitos ialorixás, o preconceito é maior”, diz.

Em agosto deste ano, mãe de santo Neide Oyá D´Oxum, dirigente do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), localizado na capital alagoana, foi vítima de intolerância religiosa. Ela foi xingada pela ex-esposa do ator Heri Casteli, a jornalista Juliana Despírito, após ele postar em seu Instagram uma foto da filha vestida em trajes da religião africana, no colo da mãe Neide. 

Comissão de Minorias
Apesar de não possuir dados atualizados sobre casos de intolerância religiosa no estado, nesses últimos anos, a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB-  Seccional Alagoas, por meio da Comissão de Minorias, tem trabalhado com políticas de enfrentamento contra o preconceito de cunho religioso.

De acordo com Alberto Jorge, presidente da Comissão, iniciativas como a OAB Escola, o próprio apoio jurídico e o acompanhamento dos casos de intolerância religiosa junto com a 61ª Promotoria da Capital têm contribuído para a diminuição do preconceito.

Nós realizamos várias iniciativas. Estamos sempre tentando aproximar a sociedade para levar discussões importantes, mas a discriminação infelizmente ainda existe”, diz.

Para o historiador Zezito Araújo, existe uma reprodução do preconceito que começa ainda na escola. “Não há o cumprimento da legislação na grade curricular tanto nos colégios particulares quanto nos públicos no que diz respeito ao ensino sobre a África. O que só reforça a marginalização da nossa cultura, incluindo a religião”, ressalta.

Intolerância 
Dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República revelam que uma denúncia de intolerância religiosa é registrada a cada três dias. A maioria destas denúncias é feita por pessoas da religião de matriz africana (35%), seguida da evangélica (27%), espírita (13%), católica (10%), por ateus (4%), pessoas da religião judaica (3%) e da islâmica (2%).

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

TJ realiza primeiro casamento coletivo gay do estado

Projeto Justiça Itinerante, em parceria com o Grupo Gay de Alagoas, proporcionou a garantia de direitos matrimoniais para 20 casais


Foto: Caio Loureiro


O Tribunal de Justiça de Alagoas oficializou, na tarde desta segunda-feira (7), por meio da Justiça Itinerante, a união homoafetiva de 20 casais. Considerada histórica, a cerimônia foi realizada no Complexo Cultural Teatro Deodoro, em Maceió.
  
Todos, independente da orientação sexual, tem o direito de constituir um núcleo familiar. O casamento significa cidadania, geração de direitos, legalização de um relacionamento composto de amor, de amizade, de afetividade”, destacou o magistrado André Gêda, ao conduzir o primeiro casamento coletivo homoafetivo em Alagoas.
  
O casal Tiago Tavares, 25, e Sormane Nazário, de 45, estão juntos há tres anos. Eles aproveitaram a oportunidade, viabilizada em parceria com o Grupo Gay de Alagoas, para oficializar a união. Eles não escondiam tamanha felicidade.
  
Esse momento é muito importante não só para nós, mas creio que para todos que estão aqui hoje quebrando uma barra de preconceito que não deveria existir. Estamos realizando nossos sonhos e realizando nossos objetivos. Estamos muito felizes e bastante apaixonados”, afirmou Tiago.

Desde 2011, os Tribunais superiores garantem a legalização da união homoafetiva. Com esta conquista, os casais homossexuais têm os mesmos direitos dos casais heterossexuais. Segundo o celebrante do casamento, juiz André Gêda, também coordenador da Justiça Itinerante, a ação significa gestação de direitos.

É um marco para o estado. É orientação da presidência chegar cada vez mais perto da jurisdicionado, da população. Com esse evento, a gente legaliza essas uniões homoafetivas. Todos, independente da orientação sexual, têm o direito de constituir um núcleo familiar. Na prática, a ação significa cidadania, geração de direitos, legalização de um relacionamento composto de amor, de amizade, de afetividade”, afirmou o magistrado. 

César Vitor Carnaúba, de 12 anos, prestigiou a união da mãe, Marcela Carnaúba, com a companheira dela, Luciany Christianny. Para ele, o importante é a mãe estar muito feliz. “Eu me sinto muito feliz em saber que ela está com a pessoa que ela ama, que está se sentindo bem. O casamento com a sua companheira era o grande sonho dela. Acho muito bom ter duas mães que me respeitam e gostam muito de mim”, afirmou. 

O presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia, destacou o apoio do Poder Judiciário de Alagoas e também reforçou os benefícios da união entre pessoas do mesmo sexo,
  
Não é só a simbologia do casamento, mas os direitos que este papel lhe traz. Abre uma brecha na jurisprudência para adoção, pensão no caso de separação, partilha de bens, ter direito no caso de falecimento. Anteriormente, famílias ficavam com bens construídos pelos dois, mas a outra parte ficava sem direito. É a junção de renda para a compra de imóveis. São direitos que, até 2011, só casais heterossexuais tinham”.

O projeto já viabilizou mais de 3 mil casamentos no Estado, somente este ano. As comunidades interessadas podem solicitar e agendar a presença da Justiça Itinerante para a realização de casamentos coletivos por meio de associações, igrejas ou instituições públicas. Os custos cartorários são de responsabilidade das instituições solicitantes. Mais informações pelo telefone: (82) 4009-3162.

De acordo com o magistrado, a realização de casamentos homoafetivos é muito importante para a disseminação da igualdade na sociedade. “Devemos preservar a igualdade entre todos. Qualquer ser humano tem o direito de formar sua família, independente da sua orientação sexual”, afirmou.
     
     
Fonte: Robertta Farias – Dicom/TJ

Fé, tradição e cultura



Nessa terça-feira, 08 de dezembro, é o Dia de Nossa Senhora da Imaculada da Conceição em todo o Brasil e no sincretismo religioso Dia de Iemanjá em Alagoas. 

Com a aprovação da Lei Estadual nº 7.384, de 12 de julho de 2012, foi instituído no calendário oficial o Dia de Resistência da Religiosidade Afro Brasileira – Dia de Iemanjá. Porém, apesar do pedido de perdão governamental ao Quebra de Xangô de 1912 – episódio nefasto de violência e intolerância, com vários terreiros invadidos e depredados, onde muitos religiosos(as) tiveram que fugir e esconder sua fé; o preconceito e o desejo de abafar os tambores continuam eminentes.

Na semana passada, foi preciso a intervenção do Ministério Público Estadual e projeção na mídia alagoana, para dar visibilidade ao impasse quanto a utilização de uma praça que envolvia dois eventos: a Festa das Águas (religiosos de matrizes africanas) e o Show Maceió de Joelhos (grupo evangélico). Foi preciso, a realização de um ato público no Fórum Estadual para mostrar à sociedade que não era apenas uma briga por espaço, e sim, a reivindicação pelo direto constitucional à liberdade de culto e o respeito às manifestações afroculturais que ocorrem há décadas.

A ação contou com o apoio do Padre Manoel Henrique, e ainda, da Aliança de Batistas do Brasil representada pela Igreja Batista do Pinheiro e sua Pastoral da Negritude, que emitiu nota pública sobre episódio no MPE: “(...) Não concordamos é que a oração se transforme em desculpa para a prática da intolerância, querendo por este pretexto ocupar o espaço tradicional de outras religiões. Desta forma manifestamo-nos a favor de uma postura de paz, justiça, amor, graça e entendimento, que produza o testemunho de evangelho de Jesus de Nazaré que preza pela harmonia em detrimento do espírito de beligerância”.

Após várias audiências, o impasse foi solucionado, e durante toda essa terça-feira(08.12), caravanas de religiosos de matrizes africanas de casas de axé de várias nações, prestarão suas homenagens com oferendas à Iemanjá, cânticos e danças. Na Praça Multieventos localizada na Praia de Pajuçara em Maceió, a programação cultural iniciará às 10h, com uma grande roda de capoeira do Grupo Muzenza, organizada pelo Contra Mestre Carlinhos Muzenza e o Mestre Girafa.

A partir das 14h, em frente ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) – Rua São Pedro, nº10, Village Campestre 2 – terá a concentração para a carreata em alusão ao combate da intolerância religiosa, que percorrerá as principais ruas da capital alagoana e o destino final será na Praça Multieventos.

Durante todo o dia, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR-AL) estarão com uma tenda montada na praça, para repassar orientações e recolher denúncias referentes ao crime de racismo e intolerância religiosa. E ainda, terá a coleta de assinaturas para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) transforme a Festa de Iemanjá em patrimônio imaterial em Alagoas.

O dia 08 de dezembro não é uma data qualquer, é mais um dia reflexão e valorização do pertencimento étnico. E a luta por respeito continua!


Festa das Águas
Hoje, a partir das 13h, na Praça Multieventos em Maceió, terá a oitava edição do evento Festa das Águas. Terá a apresentação da banda Afro Zumbi, Civilização Negra (Escola de Samba Girassol), Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), Coletivo AfroCaeté, Afro Afoxé, Rogério Dyas e a Trincheira, Segura o Coco, Afoxé Ofaomin (Ilê Axé Ofaomin), Afoxé Oju Omin Omorewá, Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé), Grupo Maracatodos, Ara Funfun Omanjerê (Inaê/Grupo União Espírita Santa Bárbara), Afoxé Povo de Exu (Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê) e Roda de Samba coordenado pelos religiosos de matriz africana. Esse é um momento de celebração, integração e fortalecimento da cultura afroalagoana. Prestigie!


Iemanjá
Odoyá! Iemanjá é a divindade nas religiões Candomblé e Umbanda, popularmente conhecida, é tida como a mãe de quase todos os orixás: ancestrais divinizados africanos que correspondem a pontos de força da natureza e os seus arquétipos. Iemanjá é o orixá das águas doces e salgadas, regente absoluta dos lares, além de ser a protetora dos pescadores e jangadeiros. No Brasil, recebe diferentes nomes: Dandalunda, Inaê, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc. E no sincretismo religioso, corresponde à Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria. Independente de qual seja a sua crença, respeite!


Fonte: Coluna Axé – 370ª edição – Jornal Tribuna Independente (08 a 14/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

Crédito da foto: Ilustração


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

4ª edição do Encrespa Geral em Maceió


Domingo(06.12), das 9h às 15h, a Praça Centenário será o palco da 4ª edição do Encrespa Geral em Maceió. 

O evento é uma realização de um instituto nacional, que busca valorizar o uso do cabelo natural (cabelo crespo, cacheado, ondulado) como forma de autoconhecimento e reencontro das raízes, independente da idade, cor de pele, etnia ou tipo de textura capilar. 

O cabelo não deve ser associado apenas à estética, também é pertencimento étnico e autoestima. Na ocasião, terá o debate sobre Cabelos e Identidade conduzido pela assessora dos cachos Tamires Melo. O espaço também será destinado para exposição e comercialização de produtos. 

O Encrespa Geral tem reunido adeptos de várias idades e classes sociais, em várias partes do mundo. No Brasil, os encontros são realizados nas cidades de Belo Horizonte(MG), Brasília(DF), Campo Grande(MS), Curitiba(PR), Feira de Santana(BA), Fortaleza(CE), Ipatinga(MG), Joinville(SC), Juiz de Fora(MG), Juazeiro(BA), Macapá(AP), Manaus(AM) Natal(RN), Porto Alegre(RS), Recife(PE), Rio de Janeiro(RJ), Salvador(BA) e São Paulo(SP). No exterior, o Instituto chegou em Angola, Irlanda, Inglaterra, Itália, Austrália e Estados Unidos. 

O objetivo é combater preconceitos e os padrões de beleza constantemente difundidos pela mídia. Vamos encrespar!

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Correios promove Fórum de Direitos Humanos em Alagoas



Durante toda a tarde desta quarta-feira (02.12), os Correios promoverão a terceira edição do Fórum de Direitos Humanos e Igualdade de Gênero e Raça em Alagoas. O evento, aberto ao público, será realizado no Auditório da Casa da Indústria, no bairro do Farol, a partir das 13h30. O tema deste ano é: Mulheres Negras – Direitos Humanos e Empoderamento.

Em 2011, os Correios aderiram ao Programa Pró-Equidade nas Empresas Públicas, que busca a promoção da igualdade de gênero e raça no local de trabalho e na sociedade, bem como a inclusão social responsável no ambiente organizacional. No cerne desta ação, estão inseridos todas as atividades e discussões relacionados às temáticas dos direitos humanos, sobretudo no que se refere às garantias dos idosos, das pessoas com deficiência e às questões de gênero, raça e diversidade. 

Confira abaixo a programação:

14h- Abertura Apresentação Artística – Dança Afro com Nany Moreno.
Coreógrafa, Atriz, Compositora, Musicista, Educadora Social e Coordenadora do Grupo de Dança Oju Omin Omorewa.

14h30 - Palestra com a assistente social Lindonaria Lopes .
Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba, pós- graduada em Planejamento de Gestão de Projetos Sociais pela Faculdade Integrada Tiradentes. Atualmente é assistente social da Educação do município de Maceió.

16h00- Palestra com a assistente social Marli de Araújo Santos.
Possui graduação e mestrado em Serviço Social pela Ufal, tem experiência na área de Serviço Social com ênfase em Gênero, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação em Direitos Humanos, Gênero, Violência Doméstica, Violência Infrafamiliar. Atualmente é Professora Assistente da Ufal.

17h- Apresentação de esquete teatral: “Psicóloga”, com Marcos de Jesus.


Fonte: Ascom/Correios-AL

Respeito à religião afro

O dia 08 de dezembro em Maceió é um dia de luta e reflexão. Caravanas de religiosos de matrizes africanas de várias casas de axé homenageiam e prestam oferendas à Iemanjá, a grande mãe e senhora das águas. Iemanjá é um nome derivado de três outras palavras do dialeto africano iorubá: yèyé (mãe), omo (filha) e ejá (peixe). É o orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, é a matriarca do panteão afro sagrado.

A data também é estratégica para promover a reflexão da sociedade sobre o direto constitucional pela liberdade de culto, o combate à intolerância religiosa e a luta pelo respeito às manifestações afroculturais.

Nessa data, terá uma carreata pelas principais ruas da capital alagoana. A concentração será às 14h, em frente ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) – Rua São Pedro, nº10, Village Campestre 2 – com destino final na Praça Multieventos. Os interessados em participar ou obter mais informações sobre a carreata, entrar em contato pelo número (82) 99627-5966.

Na praça localizada na praia da Pajuçara em Maceió, a partir das 13h, terá a Festa das Águas. A programação que valoriza a história e cultura afroalagoana terá a apresentação com a banda afro Zumbi, Civilização Negra (Escola de Samba Girassol), Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), Coletivo AfroCaeté, Xirê - Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê, Afro Afoxé, Rogério Dyas e a Trincheira, Segura o Coco, Afoxé Ofaomin (Ilê Axé Ofaomin), Afoxé Oju Omin Omorewá, Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé), Maracatodos, Ara Funfun/ Inaê (Grupo União Espírita Santa Bárbara), Afoxé Povo de Exu (Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê), e uma grande Roda de Samba coordenado pelos religiosos de matriz africana.

Esse é um momento de celebração, em respeito à ancestralidade e onde deve ser propagado a paz! Axé!


Fonte: Coluna Axé – 369ª edição – Jornal Tribuna Independente (01 a 07/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com