segunda-feira, 31 de março de 2008

Lula parabeniza os APN's pelos 25 anos de luta


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Concurso Logomarca Fundação Cultural Palmares 20 anos

Para marcar o seu aniversário de 20 anos, a Fundação Cultural Palmares (FCP) lançou, nesta segunda-feira (31), um concurso para escolha da logomarca desta festa. Com o nome Logomarca Fundação Cultural Palmares 20 anos, o concurso vai selecionar o melhor projeto de criação da logo.

A logomarca vencedora vai ser utilizada em todos os eventos comemorativos e nos materiais de divulgação do aniversário da FCP. O autor do projeto vencedor será premiado com R$ 10 mil.

A Comissão Julgadora vai analisar os projetos sob os critérios de criatividade, originalidade, comunicação, aplicabilidade e representatividade. O projeto deve estar de acordo com as especificações do edital. O resultado do concurso será publicado a partir do dia 10 de junho.

As inscrições vão até o dia 16 de maio. Cada participante poderá inscrever apenas um projeto. Para concorrer, é preciso preencher o formulário de inscrição e enviá-lo pelo correio para a sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília. Com o formulário, o participante deve enviar uma cópia autenticada da carteira de identidade e do CPF, além do projeto de criação da logomarca. As inscrições postadas após o dia 16 ou que chegarem depois do dia 23 de maio não serão aceitas.

Informações: concurso20anos@palmares.gov.br

Fonte: http://www.palmares.gov.br/

Casa do Estudante Quilombola


Os Agentes de Pastoral Negros (APNs) da Bahia implantaram no dia 20 de fevereiro a Casa do Estudante Quilombola Zumbi dos Palmares, em Vitória da Conquista


Dezesseis estudantes universitários e pré-universitários já estão residindo na Casa, que foi totalmente equipada com verba de subsídio social destinada aos APNs pelo deputado Waldenor Pereira. Em seu discurso, o deputado ressaltou a parceria entre seu mandato e os agentes, ressaltando a importância do projeto para inclusão sócio-educacional dos estudantes quilombolas.

O secretário Luiz Alberto, que veio a Conquista especialmente para o ato de inauguração, afirmou que o Estado da Bahia deve dar também sua parcela de contribuição para o avanço de políticas públicas voltadas para a comunidade negra, historicamente marginalizada. “O ano passado foi dedicado à arrumação de nossa secretaria”, informou para destacar que alguns projetos serão adotados pela pasta para garantir os direitos de raça e gênero.

O líder comunitário e administrador de empresas Luciano Joaquim, da comunidade quilombola de Barra, no município de Rio de Contas, traçou um histórico da luta desenvolvida na localidade pela garantia dos direitos à educação e saúde, afirmando que a Casa do Estudante Quilombola vai propiciar condições objetivas de permanência dos alunos na universidade. “Temos aqui pessoas que não poderiam dar continuidade aos estudos”, disse.
Elizabeth Ferreira (Beta), conselheira nacional da Igualdade Racial e coordenadora estadual de Assuntos Quilombolas, afirmou que a Casa é “um sonho” antigo. Ela lembrou que durante os últimos 20 anos tem desenvolvido ações junto às comunidades quilombolas de toda a região, tendo observado que uma das principais carências dos estudantes que concluem o 2° grau é prosseguir nos estudos em função da falta de condições financeiras para se ficar na cidade. “Acredito que estamos dando um passo inicial, mas vamos precisar do apoio de outras instituições e pastas do governo para dar manutenção ao nosso projeto”, finalizou.

Sociedade civil evidencia a importância da Serra da Barriga


Lideranças do movimento negro de Alagoas, professores, gestores e moradores discutiram propostas favoráveis ao Patrimônio Nacional


Por: Helciane Angélica
Jornalista (1102 MTE-AL)


Foto: Paulo Nicásio



A Serra da Barriga é o maior patrimônio histórico-cultural e de resistência para o povo afro-brasileiro, localizada no município de União dos Palmares, Zona da Mata de Alagoas, foi o local escolhido para a execução do II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. A atividade aconteceu no último sábado (29.03) nas dependências do Parque, das 10 às 16hs.

A programação foi iniciada com o acolhimento afro e o mushaká (momento de reflexão) coordenado pelo Babalorixá Célio Rodrigues. Destacou-se a importância de exaltar o orixá exú – orixá mensageiro, o que abre caminhos e tem o dom da palavra – para energizar todos os participantes e garantir que o encontro tivesse decisões coesas e movidas pela união.

Para dar continuidade aos trabalhos realizou-se um resumo do I Debate Estadual (maio de 2007) e a leitura do texto-base. Já a mesa-redonda, contou com a explanação do Secretário Estadual de Turismo, Virgínio Loureiro; da Prefeitura de União dos Palmares, representada por Emanuel Cabral – membro do Conselho Municipal de Cultura; e Maria Aparecida Moura, 2ª Coordenadora Geral do Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL).

Ao todo estiveram presentes 32 instituições, dentre: representantes dos diversos segmentos afros (capoeiristas, religiosos de matriz africana e grupos culturais), professores, estudantes, sindicalistas, gestores e moradores da Serra da Barriga. Também contou com a presença de órgãos competentes como o 2º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas, a Câmara dos Vereadores de União dos Palmares, Comissão de Defesa das Minorias da OAB-AL e a Secretaria Estadual de Cultura de Alagoas.

Devido à forte chuva e a neblina no período da tarde, a estrada que possui vários trechos de barro, ficou escorregadia e impossibilitou a visita à comunidade remanescente de quilombo Muquém, a 5Km da cidade de União dos Palmares. Para a execução do II Debate Estadual contou-se com o apoio da Prefeitura de União dos Palmares; Casa da Indústria; Lojas Paulinas; Sinteal; Sindjornal; Sebrae; a vereadora de Maceió, Fátima Santiago; e os Deputados Estaduais Judson Cabral e Paulo Fernando (Paulão).


Encaminhamentos

O encontro in loco proporcionou o intercâmbio sócio-étnico-cultural entre os participantes, fomentando uma ampla discussão sobre a realidade da Serra Barriga, dificuldades e suas potencialidades no âmbito cultural, histórico, político, educacional e turístico. Além disso, analisaram-se a importância do movimento negro, suas dificuldades e avanços para o fortalecimento da identidade étnica.

Devido à ausência de um representante da Fundação Cultural Palmares, órgão responsável pela administração da Serra da Barriga, muitos questionamentos permanecem latentes e necessitam de respostas imediatas. Para exemplificar, as principais dúvidas referem-se à divulgação do Edital que selecionará a instituição para administrar o Parque; o número exato dos membros (titulares e suplentes) no comitê gestor e suas incumbências; políticas de sensibilização ambiental a serem adotadas; e as condições de sustentabilidade para garantir emprego e a auto-estima dos moradores da Serra e os quilombolas de Muquém.

Sendo assim, será sistematizado um Documento com as perguntas e propostas anunciadas pelos participantes durante as intervenções. O material será encaminhado para o Ministério da Cultura, o comitê gestor do Parque, Ministério Público, Governo de Alagoas, lideranças do movimento negro nacional e os meios de comunicação, além de solicitar uma audiência com a FCP para garantir que a sociedade civil de Alagoas seja escutada.

Na mobilização do Debate estiveram: o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (AGRUCENUP), Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Alagoas (SINTEP), Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e o Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Mulheres negras fora das redações

Apenas seis das cem jornalistas no mercado de trabalho da Baixada Santista são negras. Esse foi o resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) A Inserção da Jornalista Negra nos Meios de Comunicação da Baixada Santista realizado pelas jornalistas Carolina Ferreira dos Santos, Elys Paula Santiago da Costa e Vera Lúcia Oscar Alves da Silva, recém-formadas. O TCC, uma grande reportagem em formato de revista, foi apresentado ao final de 2007 no Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP, e orientado pelo jornalista e professor Adelto Gonçalves, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).

O recorte de gênero e raça para constatar se há igualdade de oportunidades dentro da profissão é inédito. Até então, havia apenas levantamentos sobre a questão de gênero ou de raça, sem levar em conta a possibilidade de dupla discriminação.Mulheres excluídas. A pesquisa, foco do trabalho, constata que dos 200 profissionais que trabalham nos 12 veículos da Baixada Santista que responderam à pesquisa, 100 são mulheres e apenas 6% dessas mulheres são negras. Foram enviados e-mails para 17 redações com perguntas referentes ao número de jornalistas que trabalham nesses veículos, dentre eles, quantidade de mulheres, dessas mulheres, quantas são negras e se entre as afro-descendentes, alguma ocupa cargos de chefia.

O tema do trabalho foi escolhido um ano antes da apresentação. "Sou militante dos movimentos negro e feminista e as minhas duas colegas de trabalho, simpatizantes", diz Vera Oscar. "Foi entre conversas ligadas a essas questões que decidimos o tema do nosso TCC", conta. Ainda segundo ela, o principal objetivo das estudantes era responder à questão: a ausência de mulheres negras que ocorre em diversas profissões também acontece no jornalismo?

Carolina Ferreira conta como foram feitas as grandes reportagens que embasaram a pesquisa. "Foram entrevistadas especialistas na questão de gênero e racial como a ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e a psicóloga Edna Roland que foi relatora da ONU na Conferência Mundial Contra o Racismo na África do Sul em 2001".

Histórias de vida - Além das especialistas, seis jornalistas negras que se formaram ou trabalham na região contaram suas histórias de vida. Textos de apoio contando a trajetória da mulher negra no Brasil e definindo conceitos como feminismo, raça e etnia também serviram para complementar a grande reportagem.A revista recebeu o nome de Dandara, que significa "a mais bela", em homenagem a uma heroína brasileira.

"Embora os historiadores estejam ainda concluindo as pesquisas sobre a personagem, o que se sabe é que Dandara foi uma mulher negra, esposa de Ganga Zumba, rei do Quilombo dos Palmares antes de Zumbi", explica a terceira componente do grupo, Elys Santiago. "Dizem que ela lutou ao seu lado, escondeu escravos e se suicidou para não voltar à condição de escrava".Ao comentar o que representou o trabalho para suas autoras, Carolina Ferreira diz que, além de se tornarem jornalistas com consciência social, as recém-formadas estão disponibilizando "mais um mecanismo para a luta pela democracia racial e de gênero no País".


Por: Adelto Gonçalves
Fonte: Afropress - 27/3/2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

Movimento Negro discute políticas-culturais para a Serra da Barriga

O II Debate Estadual in loco reunirá representantes de segmentos afros, professores, estudantes, gestores e quilombolas no dia 29 de março
Por: Helciane Angélica
Jornalista (1102 MTE-AL)


A Serra da Barriga localizada no município de União dos Palmares, Zona da Mata de Alagoas é considerada um palco sagrado e de resistência para o povo afro-brasileiro. È também o centro de homenagens, pesquisas, romarias e encontros como o II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que será realizado no dia 29 de março nas dependências do Parque.

O debate in loco promoverá o intercâmbio sócio-étnico-cultural entre lideranças dos segmentos afros (capoeiristas, religiosos de matriz africana, grupos culturais, organizações políticas), representantes da comunidade quilombola Muquém, professores, estudantes, gestores e sociedade civil. Tem com objetivo a discussão de propostas favoráveis ao Patrimônio Nacional, além de definir o real papel do movimento negro alagoano junto ao comitê gestor do Parque – recentemente anunciado pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura.

A programação será composta por um acolhimento afro, mesa-redonda, debate e visita a comunidade remanescente de quilombo Muquém, a 5km da cidade de União dos Palmares. O encontro conta com o apoio da Prefeitura de União dos Palmares; Casa da Indústria; Lojas Paulinas; Sindprev; a vereadora de Maceió, Fátima Santiago; e os Deputados Estaduais Judson Cabral e Paulo Fernando (Paulão).

Na mobilização deste Debate encontram-se a comissão organizadora composta pelo: Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (AGRUCENUP), Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Alagoas (SINTEP), Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e o Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas.

Programação

07h00 – Concentração na Praça Sinimbú, Centro de Maceió.
07h30 – Saída dos participantes (ônibus disponibilizado para os inscritos)
10h00 – Acolhimento afro e momento de reflexão (mushaká) coordenado pelo Babalorixá Célio Rodrigues.
10h15 – Lanche
10h30 – Leitura expositiva do Relatório sobre o I Debate Estadual (realizado em maio de 2007) e texto-base produzido pela comissão organizadora.
10h50 – Mesa-redonda
11h50 – Debate
13h30 – Almoço
15h00 – Visita a comunidade remanescente de Quilombo Muquém e apresentações culturais coordenadas pela Agrucenup.
17h00 – Encerramento das atividades


Serviços

II Debate Estadual – políticas favoráveis a Serra da Barriga
Local: Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado no platô da Serra da Barriga em União dos Palmares.
Quando: 29 de março de 2008 (sábado)
Custo: R$ 10,00 (dez reais) para a alimentação.
Contatos: 8831-3231 (Helciane), 9999-1301 (Valdice), 8823-6646 (Madalena) e 8819-6762 (Amaurício), 3336-7464 (Sintep).

Mestres de Capoeira organizam Conselho de Alagoas


Cerca de trinta mestres de capoeira se organizam para criar o Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas. A organização da Sociedade Civil - OSC, sem fins lucrativos, com finalidade sócio-cultural e educativa, pretende organizar a categoria que pretende divulgar e preservar a cultura afro-brasileira no estado, no país e até no exterior. Alguns dos principais objetivos da iniciativa são criar um interlocutor legitimado pela comunidade capoeirística para discutir a implementação de políticas públicas direcionadas a capoeira em Alagoas.
Além disso, eles desejam promover formação continuada para mestres, participar das discussões em torno da implementação das Leis Federal 10.639/03 e Estadual 6.814/07 que tratam da obrigatoriedade do ensino da história da África e da cultura afro-brasileira nas escolas públicas. A inclusão de forma específica da capoeira em editais estaduais e municipais de cultura, a exemplo dos publicados pelo Ministério da Cultura, vai ser uma das principais reivindicações dos mestres. Eles também pretendem construir mecanismos que possibilitem a inclusão da capoeira enquanto disciplina nos currículos escolares.
Os capoeiristas são conhecidos pelos seus apelidos ou nomes artísticos, adquiridos durante a vivência capoeirística, ou colocado por seus mestres por ocasião dos batizados de capoeira e fazem questão de serem conhecidos dessa forma. Por muitas décadas, a capoeira não tinha conseguido uma organização desse porte, tendo no passado seus mestres atuado de forma isolada e informal. Mestre Tunico, que desenvolve um projeto de extensão com capoeira angola através do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros- NEAB, na Universidade Federal de Alagoas - UFAL, ressalta a importâcia histórica da criação do Conselho. ' Estava na hora dos mestres assumirem sua liderança, enquanto educadores populares, criando condições para construir uma nova realidade. Sempre trabalhamos pela inclusão social e cultural e agora conseguimos reunir os mestres de vários estilos e grupos de capoeira com um objetivo comum, que é a nossa inclusão no processo educativo formal e participação em editais de fomento a cultura afro-brasileira, especificamente, a capoeira, no estado e no município'.
A proposta do Conselho de transformar o ensino da capoeira numa disciplina formal nas escolas públicas está baseada nas Leis Federal e Estadual, em experiências isoladas, como a de Arapiraca que já aprovou, através da Câmara Municipal, a obrigatoriedade da capoeira nas escolas do município. Mestre Girafa, do Grupo Muzenza, um dos maiores no Brasil e no exterior, garante que em Israel, onde tem dois alunos ensinando capoeira, o ensino formal da mesma nas escolas públicas já é uma realidade.
Mestre Condi, recém graduado em Educação Física na UFAL, garante que é necessário envolver a universidade e as secretarias de Educação e de Cultura do estado e do município nessa construção coletiva. 'Ser capoeira é ser ousado, é buscar caminhos, não se conformar com o estabelecido, principalmente quando o que está colocado não satisfaz a comunidade capoerística. Por isso, estamos construindo o Conselho de uma forma democrática, plural e inovadora', ressaltou.
A idéia da criação do Conselho surgiu a partir da organização da primeira roda pública de capoeira angola a ser realizada no primeiro domingo de cada mês, às 16h30, no Posto Sete, no bairro da Jatiúca. Os mestres Condi, Tunico e Claudio coordenam a roda que terá sua estréia no dia 6 de abril, onde o toque e os fundamentos serão de angola, mas todos podem participar. Foi a partir dessas reuniões que surgiu a articulação com vários mestres como Jacaré, Ventania, Novo, Meinha, Jorge Ceará, He Man e Urubu, de Arapiraca, para o nascimento do Conselho. Segundo levantamento realizado pela Comissão de Organização do Conselho, Alagoas possui mais de 30 mestres de capoeira.
A Secretaria de Cultura de Alagoas tem dado apoio logístico para a realização do I Encontro de Mestres do Estado, no dia 3 de abril, às 14h, no Memorial da República, no bairro do Jaraguá. Nesse encontro, serão discutidos o estatuto e regimento do Conselho de Mestres, os critérios para a composição da diretoria, além dos objetivos e estratégias de atuação do mesmo.
Fonte: Ascom da Secretaria de Cultura

quarta-feira, 19 de março de 2008

21 de Março - DIA DE REFLEXÃO

Há 45 anos o Brasil assinou uma carta de compromisso pela eliminação da prática do racismo, cuja época houve uma campanha internacional dado ao vergonhoso acontecimento três anos antes na África do Sul, quando o poder militar hegemonicamente branco massacrou centenas de manifestantes. O Mundo ou pelo menos parte dele, passou a ter ciência que no dia 21 de março de 1960, o Regime do APARTHAID da África do Sul, massacrara covardemente uma população indefesa e demonstrara que o racismo é como uma “doença contagiosa” capaz de levar ao extremo as bestialidades do etnocentrismo segregacionista.

No caso do Brasil que assinou o documento em 27 de março de 1963, é fato que o seu racismo tanto na sociedade, quanto de forma institucional ainda vigora na contemporaneidade. Não é incomum sabermos que pessoas sem padrão europeu são vítimas constantes dessa prática dentro das instituições e fora delas, principalmente em se tratando no campo de emprego, saúde, segurança, educação e outros. O preconceito de cor reafirma cotidianamente que a ideologia do branqueamento é vigente e muito ainda haveremos de lutar para extinguir está lástima que degenera a humanidade.

Estamos a 48 anos do massacre de Shaperville na África do Sul onde foram ceifadas sessenta e nove vidas de pessoas indefesas e mais de uma centena de feridos entres homens, mulheres e crianças sob a óptica indiferente de um regime político segregacionista e desumano. Em verdade, as atrocidades do APARTHEID demonstrou o que nos dias atuais ainda se confirma como uma prática vergonhosa, ainda mantida por pessoas que lastimavelmente acreditam em superação de uma raça sobre outra, considerando sobretudo a cor da pele, dos olhos, do tipo de cabelo e nível sócio-cultural e religioso.

É sabido que nas últimas três décadas aconteceram importantes intervenções internacionais contra a prática do racismo, a exemplo; das Conferências Mundiais ocorridas em Genebra em 1978 e 1983 respectivamente; da Declaração de Viena e o Programa de Ação, adotados pela Conferência Mundial de Direitos Humanos em junho de 1993 e da Conferência de Durban - África do Sul, realizada em 2001, o qual se transformou no Ano Internacional de Mobilização Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. O Brasil inteiro foi mobilizado para discutir a temática anti-racista e propor ações inerentes. Alagoas inclusive fez a sua parte.

Lamentavelmente ainda termos de assistir vários tipos de agressão, munidas de preconceitos e discriminações às tantas pessoas negras e indígenas no Brasil, Principalmente quando nas entrelinhas constatam-se uma prática que aposta na impunidade, proveniente de total ignorância ou desrespeito as leis existentes em favor desses povos.

Atualmente, tanto os segmentos do Movimento Negro, quanto parlamentares, gestores públicos, magistrados, educadores e a sociedade em geral, precisam atentamente fomentar e implementarem ações permanentes contra essa prática vergonhosa que assola o mundo a exemplo da nação brasileira.

Que no dia 21 de março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial – cada pessoa, independente da sua etnia, religião ou condição social, esteja atento e consciente para uma reflexão que o faça perceber que discriminar ou outro por não estar dentro do seu entendimento de padrão é sobretudo uma prática ensimesmada, vergonhosa, abominável e criminosa.




Helcias Pereira
*Membro do Centro de Cultura e Estudos Étnicos - ANAJÔ
*Membro do Conselho Diretor do Instituto Magna Mater

Governo federal altera data de realização da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial para maio de 2009


Foi publicado no último dia 13 de março no Diário Oficial da União, um decreto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que altera a data de realização da II Conapir - Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

De acordo com o documento, a conferência acontecerá no período de 13 a 15 de maio de 2009 sob a coordenação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, com o objetivo de analisar e repactuar os princípios e diretrizes aprovados na I Conferência Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e avaliar a implementação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

O decreto de 12 de março de 2008 dá nova redação somente ao artigo 1o do Decreto de 19 de outubro de 2007, que convoca a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial.


Fonte: Assessoria de Comunicação Social Seppir/PR

Cefet-AL terá curso de Africanidade

"O curso atenderá ao que exige a lei 10639/2003 que dispõe sobre o ensino da cultura da África nas escolas públicas.Para inserção do ensino da cultura africana na matriz curricular da instituição federal de ensino, primeiramente, o Cefet precisa formar professores para se habilitar, em seguida, ao programa da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC que incentiva a realização de cursos a distância em nível de “latu-sensu” com 360 horas nesta área. Segundo o diretor de Ensino, José Carlos Pessoa, o Cefet-AL será a unidade certificadora desse curso de especialização que terá o objetivo de capacitar professores das redes estadual e municipal de educação.

O Cefet promoverá, a partir do segundo semestre deste ano, um curso de formação na área de Ciências Humanas com enfoque para a cultura africana. O curso atenderá ao que exige a lei 10639/2003 que dispõe sobre o ensino da cultura da África nas escolas públicas.Para inserção do ensino da cultura africana na matriz curricular da instituição federal de ensino, primeiramente, o Cefet precisa formar professores para se habilitar, em seguida, ao programa da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC que incentiva a realização de cursos a distância em nível de “latu-sensu” com 360 horas nesta área. Segundo o diretor de Ensino, José Carlos Pessoa, o Cefet-AL será a unidade certificadora desse curso de especialização que terá o objetivo de capacitar professores das redes estadual e municipal de educação.

O curso será ministrado em convênio com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC. A Secad tem por objetivo contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos, em especial de jovens e adultos, em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação continuada. Além disso, a secretaria responde pela orientação de projetos político-pedagó gicos voltados para os segmentos da população vítima de discriminação e de violência.
O curso contemplará o programa do MEC de Educação Continuada em Ensino de História e Culturas Afro-Brasileira e Africana, que visa destacar a importância do estudo e da pesquisa das relações étnico-raciais para a sociedade brasileira, fornecendo aos educadores subsídios para o tratamento adequado dessa questão, procurando informar e construir uma nova imagem dos negros no Brasil, desde sua vinda da África até a atualidade.

Até 2011, o Ministério da Educação planeja capacitar 500 mil professores com curso de Africanidade. Todo o processo de realização desse curso no Cefet-AL é discutido por um grupo gestor que definirá qual será a instituição que ministrará o curso. O Núcleo de Estudos da Cultura Afrodescendentes, criado, recentemente na instituição federal de ensino também será incorporado na discussão para a implantação do curso de formação."

Fonte: Site oficial do Cefet AL.

Iteral realiza visitas para reconhecimento de comunidades quilombolas

A Gerência do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e a Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) definiu o calendário das visitas a comunidades quilombolas do Estado, para elaboração de relatório a ser enviado ao Ministério da Cultura. O objetivo é conseguir do ministério o reconhecimento oficial dessas comunidades como remanescentes de quilombos e assim garantir recursos para projetos de melhoria das condições de vida nessas localidades.

Até setembro deste ano, uma equipe do Iteral irá visitar 20 comunidades quilombolas em todas as regiões do Estado. De hoje até quarta-feira, a gerente do Núcleo de Quilombolas do instituto, Berenita Melo, acompanhada de um historiador, uma socióloga e um antropólogo, visita as comunidades Passagem e Sítio do Meio, em Taquarana; Jussara, em Santana do Mundaú; Abobreiras, em Teotônio Vilela; Gurgumba, em Viçosa, e Bom Despacho, em Passo do Camaragibe.

A equipe irá analisar os costumes, o modo de vida e investigar a história de cada comunidade. Também irá fazer um relato das condições sociais, como o acesso à educação e saúde, aos programas assistenciais do governo federal, o tipo de moradia e as estradas de acesso à localidade. “Tudo isso fará parte de um relatório individual sobre cada uma delas, que o Iteral vai enviar à Fundação Palmares, para que o Ministério da Cultura dê seu parecer”, explica a gerente do Núcleo de Quilombolas, Berenita Melo.

O decreto que permite o reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombos é o 4.887, de 20 de novembro de 2003. “Com esse reconhecimento, as comunidades podem ser beneficiadas com recursos do governo federal para projetos de melhoria das condições de saúde, educação, estradas de acesso, moradias, saneamento, entre outros programas”, relata Beredita.
Ela destaca também a importância do reconhecimento. “É extremamente necessário, pois essas comunidades são muito carentes, os índices de analfabetismo são elevados e elas dispõem de poucas opções de trabalho e quase nenhuma assistência”, finaliza.

Fonte: Site Tudo na Hora

segunda-feira, 17 de março de 2008

Movimento Negro realiza II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga


*Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)


Lideranças de diversos segmentos do movimento negro alagoano (capoeiristas, religiosos de matriz africana, grupos culturais, organizações políticas); professores; estudantes; gestores; quilombolas e sociedade palmarina participarão do II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. A atividade acontecerá no dia 29 de março, das 10 às 14hs nas dependências do Parque.

O encontro in loco tem como objetivo o intercâmbio sócio-étnico-cultural entre os participantes; a discussão sobre o papel do movimento negro nas ações políticas-culturais favoráveis a Serra da Barriga; e a necessidade de uma interação permanente entre o poder público responsável pelo Patrimônio Nacional e a sociedade civil organizada.

O primeiro debate ocorreu em maio do ano passado e foi liderado pela organização não-governamental Anajô, que serviu para esclarecer as dúvidas sobre a implantação e funcionalidade do Parque Memorial Quilombo dos Palmares – primeiro projeto paisagístico arquitetônico dentro da contextualidade afro-ameríndia no Brasil e o único no continente americano.

Na articulação do II Debate Estadual encontram-se o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup), Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Alagoas (SINTEP), Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas.

Para participar é necessário contribuir com uma taxa de R$10,00 (dez reais) e preencher a ficha de inscrição. As inscrições acontecem no período de 17 a 26 de março, das 9h às 12h e das 15h às 18h no SINTEP, localizado na Rua Lourival Vieira Costa, 32, Prado – próximo a Praça da Faculdade. Contatos: 3336-7464 (Sintep) / 8831-3231 (Helciane) / 8823-6646 (Madal) / 8819-6762 (Amaurício) / 8862-3942 (Filó).
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É Jornalista; Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira/AL)

FENAL tem nova Diretoria: “Resistência Negra”



Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)


No último dia 15 de março foi realizada a eleição da nova Diretoria do Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL), que ocorreu no auditório do Museu de Imagem e Som (MISA) no bairro do Jaraguá em Maceió. Na ocasião, foram discutidos aspectos estatutários e administrativos da entidade, além da apresentação da chapa única Resistência Negra , eleição e apuração de votos.

Atualmente, o Fórum possui cerca de 35 grupos afro-culturais e políticos filiados, e tem como meta a adesão de novas entidades. Na Assembléia eletiva participaram 12 entidades, porém na condição de observadores estiveram o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô e Abasá de Angola (casa de religião afro). Não foi registrada a presença de grupos oriundos de União dos Palmares.

Dentre as entidades que estiveram presentes e aptas para votar, foram: Federação de Capoeira de Alagoas (FALC); Orquestra de Tambores (grupo percussivo); Civilização Roots (banda de reggae); Arca de Zambo (banda afro); Timbatuk (grupo percussivo); Ojú Omin Omoriwa (grupo de dança afro); Tambores do Trapiche (grupo percussivo); Núcleo de Cultura Afro-Brasileiro Iyá Ogun-té (casa de religião afro); Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; Centro de Estudos e Pesquisas Afro-alagoano Quilombo.

O FENAL foi fundado em outubro de 2005 e na sua administração constam 12 membros, sendo seis diretores e seis conselheiros fiscais. Veja os integrantes da gestão Resistência Negra (2008-2010):

Diretores
1ª Coordenadora Geral: Ana Paula da Silva
2ª Coordenadora Geral: Maria Aparecida dos Santos Moura
1º Secretário: Amaurício de Jesus
2º Secretária: Silvana de Souza Santos
1º Tesoureiro: Otávio de Souza Rocha
2º Tesoureiro: Denivam Costa de Lima

Conselho Fiscal
Titulares: José Wilson dos Santos, Wellington Santana dos Santos e Agantângelo de Souza Rocha.
Suplentes: Roberto Albuquerque Júnior, Jadilson Domingos Serafim dos Santos e José Robson da Silva.

De acordo com a 1ª Coordenadora Geral eleita, Ana Paula da Silva, “o nome Resistência Negra surge como uma idéia de renovação e resgate de cidadania da população afrodescendente, numa proposta que venha ser participativa, buscando parcerias que corroborão nesse processo histórico e democrático”, afirmou. Sobre as metas da entidade destacou: “Vamos lutar para virar Lei o Estatuto da Igualdade Racial, vamos trabalhar junto às instâncias de educação e na implementação da Lei 10.639/03 (...) combater o racismo em todas as suas esferas, tendo como eixo a organização, mobilização e resgate dessa identidade que a tantos anos foi negada. Buscar essa identificação em cada comunidade, que atua no anonimato para tornar cada uma e cada um protagonista dessa ação cidadão”, disse Ana Paula.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Alagoas trabalha na implementação da lei que prevê o ensino afro nas escolas da rede estadual

Em reunião com o Movimento Negro na Educação, nesta terça-feira (11.03), no Palácio República dos Palmares, o secretário-chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, se comprometeu com a elaboração de um decreto governamental que irá instituir uma rede executiva de trabalho para os devidos encaminhamentos visando à implementação da lei estadual nº 6.814/07, que trata da inclusão da temática "História e Cultura Afro-brasileira" nos currículos escolares do ensino fundamental e médio do Estado.

A lei nº 6.814/07 foi sancionada em julho de 2007, pelo governador Teotonio Vilela Filho, e tem por objetivo dar extensão e efetividade no Estado à lei nº 10.639/03, do governo federal, que prevê a obrigatoriedade de inclusão da temática no currículo de toda a rede oficial e particular de ensino do país.

Além do Gabinete Civil, a reunião contou com a participação de representantes das secretarias de Estado da Mulher, da Cidadania e Direitos Humanos, da Assistência Social, da Educação e do Esporte, da Defesa Social, além da delegada do Ministério de Desenvolvimento Agrário e presidente do Conselho Estadual de Educação, Sandra Lira, bem como integrantes do movimento negro, da iniciativa privada e estudantes de escolas públicas.

O secretário Álvaro Machado iniciou o encontro ressaltando a importância da reunião para o governo. "O assunto que nos traz aqui hoje é tão importante que não poderíamos adiar mais nenhuma semana, por isso antecipamos a reunião e esperamos sair daqui com propostas efetivas e que atendam a pauta", disse.

Segundo a gerente de Educação Étnico-Racial da Secretaria de Estado da Educação, Arísia Barros, a reunião teve como finalidade alinhavar uma rede de parceiros e instituições para dar maior dinamicidade e celeridade ao processo de implementação da lei 6.814/07. "Ainda em campanha, eu procurei todos os candidatos para tratar de questões da cultura negra. O secretário Álvaro Machado foi o único que deu a devida importância, me colocando em contato com o então candidato Teotonio Vilela Filho, que, uma vez governador, assumiu este compromisso e deixa bem explicito em seu plano de governo a questão do movimento negro, para a igualdade das raças. Ainda não podemos falar em vitória, mas nunca na história de Alagoas a questão negra teve tanto espaço", ressaltou Arísia.

A gerente explicou que é preciso criar uma política pública que colabore para a implementação da lei 6.814, a fim de unir forças no âmbito governamental para a igualdade racial. "A história de Alagoas se mistura com a história dos negros. Precisamos de historiadores que ensinem isso e mostre a verdadeira identidade do nosso Estado. Alagoas tem um referencial nessa área que precisa ser divulgado. Para isso é necessária a intervenção do governo, para que não fique apenas na área das secretarias, mas que seja uma ação governamental, com força", avaliou.

Para a presidente do Conselho Estadual de Educação, Sandra Lira, existe a necessidade de fazer com que as instituições públicas atuem em conjunto, elaborando um grupo de trabalho para integrar as diversas ações que são realizadas na área da etnia racial.

A secretária da Mulher, da Cidadania e Direitos Humanos, Wedna Miranda, complementou a fala da delegada afirmando que só a união de forças irá colaborar para que as ações sejam efetivas. "É necessário unir esforços, uma vez que cada secretaria trabalha separadamente. Esta união possibilitará uma conversa conjunta com os direitos humanos, a educação, a questão agrária e demais áreas. Nós temos uma ferramenta cultural muito rica, precisamos valorizá-la", observou Wedna Miranda.

Decreto - Por fim, o secretário-chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, ressaltou a importância da criação de uma rede de trabalho que una esforços de todas as pastas, com o intuito de dar maior dinamicidade à implementação da lei. O secretário afirmou que o documento deverá ficar pronto até o fim de março.

Fonte: Agência Alagoas

Hito, o jovem-destaque da Serra da Barriga


José Carlos dos Santos é um jovem de 21 anos, esforçado e de origem humilde, que mora na Serra da Barriga em União dos Palmares-AL. Estudou a vida toda em escolas da rede pública de ensino, porém diante das adversidades encontrou forças para desenvolver seu dom: é um autodidata, aprendeu sozinho quatro idiomas – Inglês, Espanhol, Francês e Japonês.

A paixão pelos idiomas e carência de agentes turísticos na Serra da Barriga, lhe rendeu uma importante missão tornou-se o anfitrião para muitos turistas no Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Busca relatar a importância histórica do Quilombo dos Palmares, os costumes dos guerreiros e guerreiras quilombolas, além de apresentar a infra-estrutura do Parque.

Hito, como prefere ser chamado, gosta de estudar, jogar Caá-puêra (Capoeira) e visitar os amigos nas horas livres. Tem como objetivo, conseguir um emprego para e ajudar sua família. Sobre o seu sonho ele afirma: “Eu quero no futuro falar perfeitamente às línguas que eu estudo e também gostaria de viajar a outros países para melhorar o meu vocabulário”.

Os resultados da sua dedicação já começaram a aparecer, recentemente, passou em primeiro lugar no curso de Letras/Espanhol na Universidade Federal de Alagoas. O estudante José Carlos que concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Dr. Carlos Gomes de Barros (União dos Palmares), e mais três alunos da rede pública de ensino foram homenageados na última sexta-feira (07.03) no Palácio do Governo República dos Palmares – durante a cerimônia de posse da nova Secretária de Educação e Esporte, Márcia Valéria Lira.

BATE-PAPO:

1. Na sua opinião, qual a importância da Serra da Barriga e o que ela representa para você?

HITO: A Serra da Barriga é algo muito importante para União dos Palmares, Alagoas e para o Brasil, e até mesmo para os próprios moradores da Serra da Barriga. É algo ainda mais significante, pois foi da Serra da Barriga, que surgiu a luta contra os maus tratos com os negros e índios que lutavam pelas suas liberdades e de lá surgiu o grito de liberdade. A Serra da Barriga também é muito importante para mim, pois lá eu sinto o ar puro da natureza e os cantos dos pássaros, e lá eu sei que estou morando um lugar muito importante para o Brasil.

2. O que foi mudado no cotidiano dos moradores com a construção do Parque?

HITO: O Parque como um todo fez com que houvesse várias modificações nas vidas dos moradores, está fazendo com que as famílias até mesmo tenham condições de vidas melhores. Hoje, eles estão ganhando dinheiro com a venda de: tapioca, pé-de-moleque, cocada, refrigerante, água mineral e até mesmo almoço. Também foi muito importante para mim, pois graças a ele hoje eu também estou ganhando um pouco de dinheiro.

3. De acordo com o que você tem visto e convivido, o que os turistas gostam mais de ver/conhecer na Serra da Barriga?

HITO: Os turistas gostam de ver o Parque que antes não havia, e de ver as novidades nele, como os pontos de áudios, a paisagem e a Lagoa dos negros, já o que eles gostam de conhecer é a história do Quilombo e de se aprofundar cada vez mais e também saber quais as etnias havia no quilombo.

4. Para você, o que falta para a Serra da Barriga ser incluída nos roteiros turísticos de Alagoas?

HITO: Faltam divulgações das agências de turismo, falta a pavimentação do acesso de União dos Palmares a Serra da Barriga e infra-estrutura da cidade tal como hotelaria... e a própria a administração do Parque.

5. Que tipo de contribuição você vem exercendo para o funcionamento do Parque?

HITO: Venho dando apoio aos turistas de forma que o Parque fique mais informatizado, que as pessoas saiam dele com mais conhecimento, e que eles divulguem as coisas positivas do Parque, e assim eles me dão uma contribuição por guiá-los.

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Entrevista realizada pela jornalista Helciane Angélica.
Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô e integrante da Cojira/AL.

domingo, 9 de março de 2008

Fenal elege nova diretoria dia 15 de março

*Valdice Gomes, jornalista (MTE 288/AL)

O Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal) realiza, no próximo sábado, dia 15 de março, eleição dos novos membros da Diretoria Administrativa e do Conselho Fiscal da entidade, para o exercício 2008/2010. A assembléia eletiva, que acontecerá no Museu da Imagem e do Som (Misa), terá início às 9hs, em primeira convocação e no caso de não alcançar o quorum estatutário, em segunda convocação uma hora depois, com qualquer quorum, segundo informações da Comissão Eleitoral. A eleição prossegue até às 14hs.

Poderão participar do processo eleitoral os associados em dia com suas obrigações estatutárias e com mais de um ano de filiação. O Misa está localizado na rua Sá e Albuquerque, em frente à Praça Dois Leões, em Jaraguá.

Segundo Sirlene Gomes, integrante da Comissão Eleitoral, o Capítulo V, Art. 25 do Estatuto do Fenal prevê que o registro de chapas deverá ser efetuado no dia da eleição tendo como limite máximo para a apresentação 20 (vinte) minutos antes do horário inicial da votação.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Oficial da PM é acusado de crime de racismo e agressão contra empregada doméstica em Maceió

A Comissão de Defesa das Minorias da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, vai entrar hoje com representação no Comando-geral da Polícia Militar contra o capitão PM Carlos Coelho da Paz, pelo crime de racismo. O militar é acusado de fazer declarações ofensivas à empregada doméstica Neuza Maria dos Santos, 44, que é negra, e de agredi-la fisicamente. “Vou entrar com duas representações. Uma na delegacia pelo crime de discriminação racial e outra no Comando da Polícia Militar. Ele a chamou de negra vagabunda, ladra e disse que ela não procurasse a delegacia porque ele é poderoso e se ela fizesse isso quem seria presa era ela”, confirmou Alberto Jorge, presidente da Comissão de Defesa das Minorias da OAB.

Por telefone, a dona-de-casa relatou à Gazeta que no último dia 8 de fevereiro estava trabalhando na casa do capitão Carlos Coelho, no conjunto Santo Educardo, onde fazia serviços domésticos há seis meses, quando o militar pediu para que ela comprasse carne, bebida alcoólica e cigarro. "Ele me deu vinte reais para comprar tudo, só que o dinheiro não foi suficiente. Quando voltei do mercadinho e disse a ele que o dinheiro não tinha dado, ele levantou da cama e veio para cima de mim, começou a me xingar, disse que eu era uma ladrona, que estava sujando a casa dele por ser negra. Depois me empurrou e disse que todo negro é ladrão e vagabundo. Veio para cima e me deu um murro", lembra Neuza Maria.

Ela conta que nunca foi tão humilhada e resolveu prestar queixa na Delegacia de Mulheres, só que os policiais civis ainda estavam em greve. "Então me orientaram a procurar a OAB e fiz isso. Estava querendo denunciar. Quando ele deu um murro em mim fui para o meio da rua e muita gente viu o que aconteceu. Ele falou para mim que era a lei e que eu seria presa quando resolvesse denunciar a agressão à Polícia", declarou a dona-de-casa.

Quando retornou, poucos dias depois da agressão, à residência do militar, para receber o salário, Neuza foi novamente agredida. "Duas testemunhas viram tudo o que aconteceu e ela nem recebeu o salário que o militar lhe devia. Vamos denunciar tudo que aconteceu à imprensa, para que alguma providência seja tomada", reforçou Alberto Jorge.

A assessoria da PM informou que o capitão Carlos Coelho é clínico-geral, mas está afastado das funções em decorrência de graves problemas de saúde. "Ele tem sérios problemas de saúde e está sendo reformado por causa disso. Nesse caso, um processo deverá ser aberto, mas se for confirmada a denúncia, isso será um crime de natureza comum, que não tem relação com o fato dele ser militar", informou a assessora de imprensa da PM, major Fátima Ferreira. O presidente da Comissão de Defesa das Minorias vai reunir a imprensa hoje, às 9hs, na OAB, para denunciar o caso. A dona-de-casa vai falar sobre as agressões.


(Fonte: GAZETA DE ALAGOAS)

quinta-feira, 6 de março de 2008

CEFET cria Núcleo de Estudos Afro-descendentes

O Núcleo de Estudos Afro-descendentes do CEFET-AL está em funcionamento desde outubro passado e se reúne todas as quartas-feiras às 18h30 na sala da Coordenadoria de Linguagens e Código ou na Diretoria de Ensino. O Núcleo surgiu a partir da Lei Federal 10.639/2003 e a Lei estadual 6.814/2007 que tornam obrigatória a inserção curricular de História da África e da Cultura Afro-brasileira.
As duas primeiras turmas de cultura afro-brasileira serão constituídas e as inscrições já estão abertas para alunos e servidores. A primeira será de uma Roda de Capoeira, sob o comando do mestre Cláudio Palmares. O batismo da turma ocorrerá no Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Serra da Barriga pede atenção


Movimento negro alagoano reivindica ações políticas-culturais favoráveis para a Serra da Barriga e manutenção do Parque Memorial Quilombo dos Palmares


*Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)


A Serra da Barriga situada na cidade de União dos Palmares, zona da mata do Estado de Alagoas, encontra-se a 500 metros acima do nível do mar, no então Planalto da Borborema e próximo ao Rio Mundaú. Também conhecida como Cerca Real dos Macacos, foi a sede administrativa do Quilombo dos Palmares, berço de liberdade para guerreiros e guerreiras quilombolas.

Considerada um palco sagrado e de resistência do povo afro-brasileiro, teve seu reconhecimento quando foi tombada em 1985 como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Trata-se de um local de grande importância política-cultural – é o centro de homenagens, oferendas, pesquisas, encontros, romarias e grandes concentrações no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro).

O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, primeiro projeto paisagístico arquitetônico dentro da contextualidade afro-ameríndia no Brasil e o único no continente americano, vitalizou a região que antes era mais freqüentada no mês da Consciência Negra. Desde a sua inauguração no último 19 de novembro o número de visitantes cresceu diariamente, a exemplo, foram registrados no mês de fevereiro cerca de 500 turistas, além de excursões realizadas com escolas da região.

No entanto, o projeto arquitetônico que foi idealizado pelo Instituto Magna Mater, viabilizado com recursos do Ministério do Turismo e patrocínio da Petrobrás, possui incumbências administrativas pendentes que devem ser solucionadas pela Fundação Cultural Palmares – órgão do Ministério da Cultura responsável pelo patrimônio nacional, assim como, a fiscalização das irregularidades.

Descaso
A Serra da Barriga no decorrer dos anos vem sofrendo com a prática do desmatamento e até mesmo ocorrência de incêndios. De acordo com o agente florestal Diogo Palmeira, um incêndio no dia 09 de janeiro teve grande proporção e faltaram apenas 60m para atingir o Parque. “Aproximadamente 20 hectares foram destruídos pelo fogo, e plantas nativas como palmeiras, sabiá, murici, imbaúba, cabotã foram queimadas”, disse.

O incêndio teve início às 16h30 e só foi controlado às 02h da manhã do dia seguinte. Os agentes florestais trabalharam com recursos limitados, e contou com o apoio de alguns moradores até a chegada do Corpo de Bombeiros, que deslocou duas viaturas com 4.000l cada uma, porém uma delas quebrou no caminho e não pôde subir a Serra da Barriga. A Fundação Cultural Palmares foi informada sobre o fato, mas não houve um pronunciamento oficial.

Atualmente, os agentes florestais enfrentam dificuldades quanto a infra-estrutura para as condições de trabalho, como: o efetivo profissional é insuficiente; número reduzido de rádios amadores; ausência de equipamentos importantes como abafadores, lanternas modernas e motos potentes.

II Debate Estadual
Lideranças do movimento negro de Alagoas estão articulando o II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que será realizado no dia 29 de março para reivindicar ações políticas-culturais imediatas. O encontro in loco, acontecerá nas dependências do Parque com a participação de vários segmentos afros (capoeiristas, religiosos de matriz africana, grupos culturais, organizações políticas), pesquisadores, estudantes, gestores, quilombolas e sociedade palmarina.

Foi definida como programação o acolhimento afro dos participantes; leitura expositiva da síntese do relatório (1º Debate) e das cartas políticas produzidas pela Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (AGRUCENUP) e o Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL), que serão anexadas e entregues as autoridades; mesa redonda; almoço e visita a comunidade remanescente de quilombo Muquém.

O primeiro debate ocorreu em maio do ano passado e foi liderada pela organização não-governamental Anajô. Passado nove meses, o movimento negro de Alagoas e a comunidade em geral reivindicam soluções imediatas para as pendências administrativas, como: a escolha da instituição gestora do Parque; licitação para o funcionamento do restaurante; ampliação do efetivo dos agentes florestais; pavimentação do acesso; criação de um conselho consultivo; vitalização da Serra da Barriga com campanhas de reflorestamento e prevenção de incêndios; inserção nos roteiros turísticos e investimento publicitário; além da execução de atividades sócio-culturais durante todo o ano.

Na articulação do II Debate Estadual encontram-se o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, Agrucenup, Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Alagoas (SINTEP), Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas.


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É Jornalista; Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira/AL)

POESIA: FILHOS DE N´ZAMBI

FILHOS DE N´ZAMBI

De: Helcias Pereira



Palmares, Palmares, Palmares...
N´Zambi sabe a luta que foi palmares,
Dos sonhos de Aqualtune
Ao atravessar os mares,
Dos guerreiros que sonharam
Com o apogeu da liberdade.
Desde Dambrabanga à Amaro,
Sabalangá a Subupira,
Ozenga que seria atalho,
A Cucaú zona de ira.
E lá pra bandas do Sumidouro,
Onde não se ouve os adulfes,
Das armadilhas de Andalaquituche
Gritou-se em guerra um só coro.
Viva Ganga-Zumba o rei primeiro,
Cujo sangue reinou hereditário,
Nas veias de Toculo e Acaiuba, grandes corsários,
Guerreiros que fortaleceram outros guerreiros.
Viva Acotirene que mexe em nossa memória,
Das poucas mulheres que viveram a poliandria,
Dos homens unidos que sustentaram essa história,
Das crianças livres que viveram essa alegria.
Viva os quilombolas que nos trouxeram aqui,
Salve os Mocambos antes e ainda resistentes,
Axé para o povo que continua a luta dessa gente,
Viva! Viva, o nosso grande Rei Zumbi!



* Integrante do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô
e do Instituto Magna Mater (IMM)