sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
A mais nova integrante do Movimento MLST
A família conta que o parto foi iniciado na Praça e não deu tempo de Maria Valquíria chegar à maternidade. O casal não se mostra abatido com a triste realidade da criança, muito pelo contrário, se apresenta uma família feliz e em fase de construir sonhos.
'Temos muita esperança que as coisas vão mudar e o movimento cresce a cada dia, nos fortalecendo e nos alimentando a crença de que poderemos dar uma vida digna aos nossos filhos', diz Josivan, que ainda tem outra criança de 2 anos de idade, também acampado com o casal, na Sinimbu.
Maria Valquíria, que conta com a ajuda de uma irmã para cuidar de sua filha, também se mostra confiante nas mudanças. “Quando sairmos daqui, tudo será mais fácil”, afirma.
Famílias do MLST ainda não têm data para desocupar a Praça Sinimbú
As lideranças do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) estiveram reunidas, na tarde com hoje, com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Eles negociaram a desocupação das 120 famílias que estão acampadas na Praça Sinimbu, desde novembro do ano passado.
O Incra prevê a remoção das famílias para um imóvel de 300 hectares, na fazenda Novo Horizonte, no município de Joaquim Gomes. De acordo com o ouvidor agrário do Incra, José Carlos Cardoso, as negociações dependem da conclusão da segunda etapa do processo de monitoração dos dados cadastrados pelo instituto na avaliação do processo de vistoria, realizado numa primeira etapa.
O Instituto dispõe de dois processos para assentar as famílias, num primeiro momento, acontece o processo de vistoria, com o trabalho de campo, estudo da condição do solo e hidrográficas, acessibilidade da terra, entre outros. Numa segunda etapa, esses dados são avaliados e o valor da terra é repassado ao Governo Federal. É justamente neste ponto, que está a negociação do INCRA com o Governo, para a remoção das famílias do MLST da Praça Sinimbu.
‘Esta segunda etapa deve durar um prazo de 15 a 20 dias. Enquanto isso, estamos providenciando lona e cesta básica para as famílias acampadas’, diz José Carlos.
Marcos Antônio da Silva, conhecido como Marrom, de 40 anos, coordenador estadual do MLST informou que as negociações com o Incra duram mais de um ano. As pautas principais são as vistorias das terras, desapropriação, liberação de crédito para reforma agrária e a remoção das famílias da Praça Sinimbu.
'Nós marcamos outra reunião com o movimento para o dia 5 de maio, às 10h, no Incra, vamos contemplar uma pauta geral para tratar da vistoria das terras, da infra estrutura dos assentamentos e da liberação dos recurso do Governo Federal', diz o superintendente do Incra, Estevão Oliveira.
Segundo Estevão, a transferência das famílias para Joaquim Gomes, vai depender da negociação do Incra com o proprietário da terra. ‘A idéia é que os assentados possam ocupar uma pequena área delimitada, enquanto aguardam a liberação do recurso do Governo Federal’, diz Joaquim.
O Movimento
por Kelly Baêta / Alagoas em Tempo Real
http://alemtemporeal.com.br/?pag=agricultura&cod=1292
Mirante Cultural chega a 21ª edição nesta sexta-feira
O Mirante Cultural se consolidou como um espaço de disseminação e integração da cultura popular e afro. Em mês o projeto receberá os seguintes grupos: Bumba-meu-boi Excalibur; Núcleo de Capoeira; Banda Desejo de Forró; Associação Puma de Fer Kwon Do e a Banda Guerreiros da Vila.
O C.E.P.A.A Quilombo vem lutando pela requalificação do Mirante Kátia Assunção com o objetivo de transformá-lo em um espaço de fomentação de cultura e lazer. Dentro dessa requalificação visa trabalhar também a mudança do nome de mirante Kátia Assunção para um ícone da luta quilombola, homenageando assim, um símbolo da resistência negra.
O Mirante Cultural continuará defendendo a integração entre educação e arte, buscando sempre impulsionar os artistas locais, trabalhando a geração de renda e valorizando a cultura popular e afro-alagoana. Agradecendo sempre os apoios da comunidade, dos artistas, dos parceiros e da imprensa.
PROGRAMAÇÃO:
Bumba-meu-boi Excalibur
Banda Guerreiros da Vila
Associação Puma de Fer Kwon Do
Banda Desejo de Forró
Núcleo de Capoeira
GRUPOS PARCEIROS DO C.E.P.A.A. QUILOMBO:
Escola de Samba Arco-Íris
Núcleo de Capoeira
Grupo Lésbico Dandara
Bumba-meu-boi Excalibur
Grupo de Teatro Máscaras sobre Máscaras
Fonte: Assessoria de Comunicação - Viviane Rodrigues
Capoeira na periferia
A programação terá início no dia 29/04 às 19h, com um bate papo sobre Arbitragem e Regulamento de Competição de Capoeira, no Centro de Treinamento Muzenza no Clima Bom. No dia 30/04 às 14h, discussão sobre “Capoeira Inclusiva” na sede do CEPEC, Grota da Alegria; tem grande roda às 17h em frente ao terminal de ônibus do Benedito Bentes e 19h30 outras manifestações afro-culturais (dança do fogo, maculelê, hip hop, samba de roda).
Já no dia 1º de maio, às 08h serão ministrados os cursos de confecção de Caxixi e de encordamento de atabaque; às 15h é iniciada a 3ª Copa Benedito Bentes de Capoeira na Praça Padre Cícero no Benedito Bentes e no encerramento do evento às 20h, a apresentação da Banda de Baldes e Latas com crianças e adolescentes da Grota.
Mais informações e inscrições: 8813-9900 / 8808-9366.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Entrega do Prêmio reunirá artistas e autoridades
A entrega do 1° Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, em Brasília no próximo dia 27, contará com a presença de representantes dos 20 projetos selecionados no edital e com os jurados escolhidos pelo público para julgar os trabalhos. Os mestres de cerimônia da noite serão os atores Zezé Mota e Antonio Pompeu. Já a programação cultural do evento será um coquetel performático realizado pelo grupo de teatro de Brasília, Cabeça Feita, dirigido por Cristiane Sobral - uma das juradas do Prêmio.
O Prêmio é uma iniciativa da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, e do Centro de Apoio ao Desenvolvimento (Cadon), com patrocínio da Petrobras. A entrega dos prêmios serão feitas pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira; pela Diretora do Cadon, Ruth Pinheiro e pelo representante da Petrobrás na região, José Samuel Magalhães.
O edital teve mil inscritos, dos quais cerca de 600 não estavam aptos a participar e, dos 400 restantes, apenas 20 foram selecionados. "Isso demonstra que ainda estamos muito distantes de atender a demanda da cultura afro-brasileira", observa o Diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira, Elísio Lopes Junior.
Ruth Pinheiro fala sobre a diversidade que o edital abrangeu. "Temos grupos consagrados em suas linguagens, mas temos grupos formados por quilombolas, que jamais imaginaram que poderiam acessar um recurso desse para sua arte. Isso é um sonho".
O desejo dos organizadores, agora, é que o edital tenha continuidade. "O teatro e a dança permanecerão, mas a cada nova edição entrará uma linguagem diferente para compor, como o áudio visual está sendo previsto para a próxima seleção", explica Elísio.
Serviço:
O quê: Entrega do 1° Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras
Quando: 27 de abril
Hora: 19h
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Setor Cultural Sul/ Lote 2 - Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Fonte: Assessoria de Comunicação da FCP
Novos rumos
Durante toda a programação, várias autoridades políticas, como gestores do Governo de Goiás, deputados, vereadores e até o novo Ministro Eloi Ferreira, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) prestigiaram o evento que teve: quatro seminários “Racismo e Democracia: Característi¬cas, Enfrentamento e Ações Governamentais”, “APNs e Diálogo Interreligioso”, “Um Quilombo Chamado Brasil: “Do Sonho a Realidade”, Racismo. Machismo e Sociedade”; 10 grupos de trabalho; Ato Político em favor do Estatuto da Igualdade Racial; a 14ª Assembleia Geral, que também foi eletiva e a posse da nova Direção Nacional dos APNs.
Sem sombras de dúvidas, o momento mais marcante foi quando os participantes foram às ruas na sexta-feira e realizaram um ato público em defesa do Estatuto da Igualdade Racial e contra o senador Demóstenes Torres (DEM), que durante a audiência sobre as cotas raciais na educação teve a audácia de anunciar seu pronunciamento machista e altamente racista – afirmou que os estupros praticados pelos senhores de engenho durante o escravismo eram consensuais e responsabilizou os negros pela própria escravidão. Na manifestação, homens, mulheres e crianças de vários segmentos afros e credos se uniram para transmitir à sociedade a indignação da população afro-brasileira por meio dos discursos fervorosos e cânticos afros.
Outro destaque, foi a riqueza de propostas deliberadas nos grupos de trabalhos, dentre elas a criação de um GT sobre “Mídia e Racismo” e o monitoramento dos termos racistas utilizados nos veículos de comunicação. Também promover estratégias de comunicação para informar a sociedade sobre os atos racistas nos diversos setores denunciando e executando campanhas de valorização étnicorracial, e a interlocução entre os APNs e as Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRAS) que são vinculadas aos sindicatos, inclusive, estimular a adesão dos jornalistas que fazem parte do movimento social negro a participarem. Muito bom, que outros movimentos possam executar atividades tão enriquecedoras como essa. Axé!
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (27/04/10)
domingo, 25 de abril de 2010
Projeto de dança em Alagoas é premiado
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (20.04.10) / Foto: André Fon
Retorno do programa Conexão
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (20.04.10)
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Taís Araújo é condecorada pelo presidente Lula
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Mulher negra concorre a vaga no Conselho Curador da EBC
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realiza este ano a primeira consulta pública para definir novos integrantes para seu Conselho Curador. Criado em 2007, o conselho foi concebido como um instrumento de participação da sociedade na gestão da comunicação pública, em especial das emissoras de TV e rádio, agência de notícias e demais veículos da EBC.
A escolha dos integrantes do Conselho Curador por meio de consulta pública é iniciativa que amplia de maneira significativa o diálogo com o movimento social e popular. Este processo deliberativo ainda pode ser aprimorado, mas torna o conselho mais democrático. Trata-se de uma oportunidade ímpar para debater as demandas da população brasileira a serem efetivadas na política de comunicação, com respeito à diversidade étnico-racial, gênero e a pluralidade cultural.
Neste sentido, as comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras) e o Núcleo e Jornalistas Afrodescendentes do Rio Grande do Sul apresentaram minha candidatura ao Conselho Curador da EBC, acatada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e demais entidades do movimento social negro, feminista e de democratização da comunicação. Entre elas, Movimento Negro Unificado, Fórum de Nacional de Mulheres Negras, Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Intervozes e Articulação Mulher e Mídia.
Essa ampla rede de entidades acredita que a democratização da informação passa pela concepção de que os meios de comunicação devem primar pelo tratamento igualitário da notícia, sem reproduzir os estereótipos e quaisquer tipos de discriminação. Mulheres, homens, negras, negros, indígenas, crianças, jovens, idosos, LGBTTs, portadores de deficiências, pobres, ricos, personalidades e lideranças políticas, comunitárias, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras merecem VISIBILIDADE e respeito no trato da informação pelos veículos de comunicação radiofônicos, televisivos, impressos e virtuais.
A gama desta especificidade precisa estar retratada no jornalismo investigativo, de pesquisa, cultural, social, comunitário, meio ambiente, policial; no entretenimento, nos programas humorísticos, de auditórios, evitando o sensacionalismo e a banalização das pessoas. A sociedade civil no Conselho Curador, além de banir práticas abusivas, racistas, machistas nas grades da programação, deve ainda ser uma impulsora de proposições de temas considerados historicamente tabus como as relações afetivo-homossexuais, a discriminalização do aborto, o uso na medicina de células-tronco, a exploração sexual de crianças e adolescentes, o trabalho escravo, a liberdade de expressão a todas as crenças religiosas. Estas temáticas devem ser abordadas sem o viés moralista e repressor.
Outro aspecto importante a tratar seria o horário da veiculação de programas, debates e entrevistas, de cunho didático, pedagógico, exibidos na madrugada, cerceando a audiência de públicos alvos específicos. Uma proposta a ser considerada pela sociedade civil no Conselho Curador vislumbra a grade da programação voltada para o público infanto-juvenil que interaja com a esta parcela da população importante para elevar a auto-estima e a descoberta de talentos.
O Conselho Curador deve propor a participação dos profissionais da Empresa Brasil de Comunicação na programação voltada para a questão étnico-racial e de gênero, subsidiadas pelas entidades negras e de mulheres. É necessário que a EBC cumpra as resoluções aprovadas pela I Conferência Nacional de Comunicação, entre elas, a realização do Censo Étnico-Racial e de Gênero, visando saber quantos profissionais negros e negras fazem parte do quadro da EBC, em quais funções e destas quais as instâncias de decisão como editorias, coordenações e chefias. É fundamental garantir capacitação dos profissionais de comunicação no tocante às relações étnico-raciais, além de participação dos profissionais negros e negras nos editais de contratação e produção de conteúdo.
Neste sentido, acreditamos que a participação da mulher negra no Conselho Curador é uma demonstração de que a EBC assume esta responsabilidade que vem cumprindo e que possa avançar muito mais. Nesta disputa, estão as companheiras Nilza Iraci, do Geledes e Ana Veloso, da Rede Feminista da Saúde.As entidades que nos apoiaram, da minha parte, foram 10 instituições. Ana Veloso liderou o número de apoios, com 12 entidades. Agradecemos esta mobilização e com certeza a nossa presença FARÁ A DIFERENÇA.
Esperamos que o Presidente Lula tenha esta sensibilidade na escolha das três vagas que estão na disputa.
Jacira da Silva
- Cojira-Distrito Federal/Sindicato dos Jornalistas do DF- MNU-DF- Fórum de Mulheres Negras do Distrito Federal
APNs inicia Congresso em Goiânia
O 1º Congresso Nacional dos APNs será realizado em Goiânia, de 21 a 24 de abril, no Augustus Plaza Inn. A solenidade de abertura e conferência inicial, que será proferida pelo deputado federal e ex-ministro da igualdade racial, Edson Santos, será realizada na Câmara Municipal, às 19h, do dia 21. Estarão presentes a secretária de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial, Denise Carvalho; a coordenadora nacional dos APNs, Jacinta Santos, dentre outras autoridades locais.
O Congresso dos APNs trará a Goiânia diversas personalidades importantes dentro do contexto da igualdade racial. Um dos destaques é Epsy Campbell Barr, ativista feminista e antirracista, economista, ex-deputada e fundadora do Partido Ação Cidadã da Costa Rica. Ela participará do seminário Racismo, Machismo e Sociedade, no dia 23 de abril.
Outras presenças confirmadas são a do ministro Elói Ferreira, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir); do embaixador da República Unida da Tanzânia, Joram Mukama Biswaro; do deputado federal Vicentinho, que tratará dos negros nos espaços de poder em um dos seminários; e representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além dos coordenadores regionais e locais dos APNs.
Fonte: www.apnsbrasil.org
terça-feira, 20 de abril de 2010
APN’s - Congresso Nacional
O Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô é a única entidade que representará o estado de Alagoas e pode levar até oito delegados e delegadas para o evento. Para viabilizar o deslocamento da comissão, foi feita uma campanha financeira junto às pessoas e instituições comprometidas com as questões étnicorraciais, dentre os apoiadores estiveram: Sinteal, Sindicato dos Urbanitários, Sindpol, Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, a vereadora Heloisa Helena (Psol), e os deputados estaduais Paulão e Judson Cabral – ambos do PT.
O grupo heterogêneo é formado por jornalista, professores, produtores culturais e arte-educadores – uns com experiência e outros iniciando na militância – mas, todos querendo ampliar seus conhecimentos e com a intenção de fortalecer o vínculo da entidade com o movimento negro nacional.
A solenidade de abertura acontecerá no dia 21 de abril às 19h, no Plenário da Câmara dos Vereadores de Goiânia, e terá a conferência magna de Edson Santos, Deputado Federal (PT-RJ) e ex-Ministro Chefe da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que abordará o tema “Sociedade e o Estado Brasileiro: Relações raciais na década de 90” . Na programação terão quatro seminários “Racismo e Democracia: Características, Enfrentamento e Ações Governamentais”, “APNs e Diálogo Interreligioso”, “Um Quilombo Chamado Brasil: “Do Sonho a Realidade”, Racismo. Machismo e Sociedade”; 10 grupos de trabalho; Ato Político em favor do Estatuto da Igualdade Racial; a 14ª Assembleia Geral, que também é eletiva e a posse da nova Direção Nacional dos APNs.
Confira a programação completa no site www.apnsbrasil.org e a cobertura no blog www.anajoonline.spaces.live.com. Representantes de todos os 14 estados membros mobilizados para executar o planejamento do projeto político da instituição nacional nos próximos dez anos! Axé.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Só Porque Estavam Nus
Algumas das utopias acalentadas pelas sociedades ocidentais tinham sido alcançadas e se mostravam reais
- Preguiçosos, folgados, gentílicos, só sabem pedir mais terra, tomar cachaça e reclamar, reclamar...
Esta, provavelmente, pode ser a resposta que uma boa parcela da população brasileira daria se perguntada sobre o que pensam dos nossos índios. Porém, quem comete esse tipo de resposta desconhece que este deturpado conceito coletivo, no que se refere aos povos indígenas, nada mais é que o reflexo de uma visão destorcida que, através dos séculos, foi construída de geração em geração a partir da nossa incapacidade de entender, aceitar e respeitar a cultura do índio brasileiro. E tudo começa lá na gênese dessa questão. Primeiro, pelo fracasso dos colonizadores em escravizá-los e catequizá-los. Depois, em ato contínuo, pela matança indiscriminada de parte da nação indígena brasileira.
Pelo grau natural da resistência estabelecida pelos nossos gentios, só restou ao dominador, “povos civilizados”, subverter os valores da cultura indígena, desqualificando-a pelo descrédito e desdém. São estas as armas covardes utilizadas por quem tem rabo-de-palha e visão geodésica pautada pela ignorância premeditada. Senão vejamos: achamos que o índio brasileiro é preguiçoso porque em sua cultura prevalece o respeito à natureza e, de forma respeitosa e criteriosa, se apropria apenas do que é necessário à sobrevivência, deixando por conta da própria natureza a renovação dos mananciais, capazes de garantir sua existência em perfeita harmonia com o todo.
É claro que tal forma de vida, cuja estrutura social demonstrava que algumas das utopias acalentadas pelas sociedades ocidentais tinham sido alcançadas, sem conceitos cumulativos, sem prisões, sem hospícios e em perfeita harmonia com a natureza. Tudo isso deve mesmo ter causado estranheza ao dominador. No entanto, ao invés de ser uma lição de vida, foi entendida como indolência, preguiça e um prato cheio para a avareza dominadora que, hoje, mais do que nunca, as sociedades modernas cultivam.
Por outro lado, de tão integrado à natureza, pois sua cultura foi construída no âmbito dela própria, foi difícil para o indígena assimilar a visão ortodoxa do branco que, por sua vez, invariavelmente, se utilizou de uma linguagem bastante peculiar em seus perversos derivativos: escravização, estupros, doenças contagiosas, seqüestros e matança gratuita.
Naturalmente, fugindo dessa praga avassaladora, o índio brasileiro se embrenhou nas matas em busca de um isolamento onde fosse possível se ver livre de tanta agressão aos seus valores, conceitos e crenças. Atualmente, nem isso é possível. Apesar das demarcações das terras indígenas em imensos territórios, conceituados de nação (para a ONU este conceito significa soberania), as invasões continuam e desta vez sob as bandeiras estrangeiras. Orlando Villas Boas, antes de morrer, já havia alertado sobre a estratégia americana que envolve os índios da Amazônia e a iminente ocupação de suas nações pelo “bondoso” Tio Sam.
E é assim que, vergonhosamente, temos muito pouco da contribuição que a cultura indígena poderia ter dado para a formação cultural do povo brasileiro. É por isso que boa parte da mídia, no dia do índio, prefere destacar o aniversário do Roberto Carlos e, este ano, à morte da sua mãe. Afinal, ele fez canções para caminhoneiros, gordinhas, santos, santas, baleias e Jesus Cristo...
19 de abril, era o dia do índio.
Fonte: Blog Quiprocó - www.alagoasdiario.com.br