domingo, 9 de maio de 2010

Casamento afro emociona convidados e parentes

Os noivos são evangélicos, também são ativistas e participam da Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió


Texto e fotos: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira/AL



A noite da última sexta-feira (7) foi de festa e emoção para o casal Jorge e Franqueline, que reuniram suas famílias no povoado da Barra Nova em Marechal Deodoro para celebrar o amor e a união. Foram convidados cerca de 200 pessoas, para o casamento afro, dentre os amigos da Pastoral da Negritude e outros integrantes da Igreja Batista do Pinheiro, companheiros do MST e do movimento negro alagoano.

A cerimônia foi celebrada pelo Pastor Wellington Santos, mas também contou com a pregação do Pr. Carlão e da Prª Odja. O continente africano estava completamente presente ali, pois o evento foi marcado pelas cores, sons e símbolos! Os noivos entraram ao som do atabaque e do berimbau com cânticos que exaltavam o povo afro-descendente e no ofertório foram entregues a Bíblia Sagrada e objetos africanos como o tambor (sinal de comunicação e respeitabilidade), cabaça (representa a grandeza da fertilidade feminina e a integração entre o lado espiritual e corporal) e o equetê/filá (vestimenta masculina que representa o compromisso e o respeito).


Na ocasião, o Pr. Wellington fez uma reflexão crítica sobre a Bíblia, que apresenta a palavra Deus e o compromisso profético aos pobres e oprimidos. "A Bíblia foi o quarto elemento ofertado, entrou para abençoar e ser abençoada. Durante muito tempo foi usada para legitimar a escravidão e ampliar a desigualdade, o povo negro se manteve afastado da Igreja e da palavra de Deus porque tinha gente batendo com uma chibata, enquanto estava com ela na mão", declarou.

Ele também fez questão de expor a intolerância religiosa. "Ouçam o som do berimbau e do atabaque, esse toque é de Deus ou do Diabo? Só porque era tocado por negros e pobres é visto com maus olhos, mas se tivesse sido trazido pelos holandeses seria diferente. Foi a mesma coisa com os cultos afros, é impressionante como a gente consegue demonizar a religião que cultua à natureza", refletiu.

Outros detalhes que merecem elogios foram as vestimentas dos noivos: ele com o filá em pano cru (abadá completo) e alpercatas de couro; ela com tranças africanas e um vestido completamente artesanal de renda confeccionado pela yalorixá Neide Oyá D'Oxum e sua equipe de criação.

Na assessoria do evento estava Dona Filó, que organizou a ornamentação composta por flores tropicais, tecidos e produtos artesanais, além do buffet temático que trouxe: arroz, salada, acarajé, vatapá, caruru, bobó de camarão, galinhada, purê de macaxeira e doces nordestinos (brasileira, pé de moleque, bananola, cocada e doces cristalizados).



Confira outras fotos no blog do Anajô

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