terça-feira, 30 de junho de 2009

Comunicadores querem políticas afirmativas

A aplicação de políticas afirmativas na área de comunicação social foi um tema paralelamente debatido na II CONAPIR. A iniciativa partiu de um grupo de jornalistas recebido pelo ministro da Igualdade Racial, Edson Santos.

Dogival Vieira, editor da Afropress, advertiu que a grande imprensa não fez a cobertura da II CONAPIR, assim como não deu espaço para reportagens relacionadas à I Conferência, realizada em 2005.”Não temos visibilidade na mídia”, resumiu.

A intenção é garantir a interlocução com a SEPPIR para, a partir da criação de um grupo de trabalho, elaborar agenda em torno de ações que atendam às demandas específicas da população negra.

Após o encontro com o ministro, foi realizada reunião com a presença de profissionais da imprensa e comunicadores populares. Entre os temas discutidos, a importância de inserir a temática racial na I Conferência Nacional de Comunicação, marcada para 1 a 3 de dezembro em Brasília.

De acordo com Sionei Leão, integrante da Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial do Distrito Federal (COJIRA/DF), o próximo passo é marcar audiência com a direção da SEPPIR para dar continuidade aos trabalhos.

Josué Franco Lopes – que desenvolve projeto de rádios comunitárias para quilombolas e é da coordenação da Associação Brasileira de Radios Comunitárias – considerou estratégica a articulação dos comunicadores negros que participaram da Conferência como delegados, convidados, observadores ou como representantes da mídia étnica engajada na cobertura do evento.

Fonte: Comunicação Social da II CONAPIR

Estandes foram atrações a parte na II Conapir

Texto e fotos: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL



Os participantes da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial realizado em Brasília, puderam conferir uma variedade de produtos nos estandes que ficaram expostos durante os quatro dias do evento. Também puderam receber gratuitamente livros e diversos materiais informativos nos estandes institucionais da Seppir e da Fundação Cultural Palmares.

Confira abaixo mais informações sobre os estandes que se destacaram no evento:


















BAZAFRO – Trata-se de um ateliê que se tornou um referencial em Brasília por produz vestimentas e acessórios afros. Há 20 anos, a carioca Lydia Garcia encontra-se erradicada no Distrito Federal é a grande responsável pelo sucesso do empreendimento voltado para a moda e arte étnica, que se tornou uma atividade familiar, pois conta com a participação da filhas Mali, Ialê e Luena Garcia.


Serviço: Bazafro – SHIGS, 709 Sul, Bloco M, Casa 30, Brasília-DF. Contatos: (61) 3443-6091 / lydiabazafro@hotmail.com







AFRO NZINGA – O salão de beleza afro existe desde 1992, atualmente possui seis profissionais que desenvolvem penteados diferenciados (especializado em cabelos crespos, cacheados e ondulados) e maquiagem que exaltam a beleza negra. No estande, os participantes puderam conferir um pouco do trabalho desenvolvido e experimentar a linha Muene (significa “Senhora” no dialeto africano ioruba), maquiagem específica para a pele negra.


Serviço: Shopping Venâncio 2000 – SCS – Quadra 08 – Bloco B60 – Sala 239, Brasília-DF. Contatos: (61) 3322-3982 / afronzinga@gmail.com / http://www.afronzinga.com.br/




LIVRARIA SOBA – A Livraria & Café Soba é especializada em livros étnicos e propõe ampliar os espaços de informação e conhecimento. A palavra SOBA de origem africana é inspirada no quimbundo, expressa: ancestralidade, sabedoria e semeadura. Possui livros nas mais diversas áreas e preços acessíveis.





ARTESANATO QUILOMBOLA / COOPRAP – A Cooperativa das Produtoras e Produtores Rurais da APA do Pratigi, divulgou o trabalho dos artesãos quilombolas e afrodescendentes do baixo-sul da Bahia (possui seis comunidades remanescentes de quilombo). Os produtos são confeccionados com papel reciclado, utilizam o bagaço da piaçava, palha da costa, coco de piaçava, e outros, que se transformam em belos objetos, como: porta-pão, porta-caneta, porta-cerveja; toalha de mesa; bolsa, bijuterias; caixas decorativos; cestos, etc.

Serviço: http://www.cooprap.com.br/



Além de encontrar acessórios diversos (bolsas, colares, chaveiros, roupas, etc), brinquedos e artigos da cultura indígena nos estandes no local do evento, também foi possível adquirir outras lembranças na frente do Centro de Convenções, onde tinham vários ambulantes.

Integração político-cultural na II Conapir

Credenciamento - cerca de 1.500 participantes, dentre: delegados, suplentes e convidados

Integrantes da delegação alagoana


Solenidade de abertura com várias autoridades, políticos, artistas, porém, sem a presença do Presidente Lula



Estiveram presentes representantes das religiões de matrizes africanas de várias partes do país


domingo, 28 de junho de 2009

Diversidade étnicorracial de Alagoas

Representantes das comunidades tradicionais de Alagoas na II Conapir em Brasília (25 a 29 de junho de 2009): José Petrúcio dos Santos (comunidade quilombola Santa Luzia do Norte / Santa Luzia do Norte), Emílio Bezerra Silva (comunidade quilombola Gameleiro /Olho D'Água das Flores), Márcia Alzira da Silva (Centro Afro Reino de Oxalá), Maria Selma Ferreira Campo - "Acanã" e Washington Tenório Silva - "Jaguriça" (tribo Tingui Botó /Feira Grande)


Foto-legenda: Helciane Angélica - jornalista e integrante da Cojira-AL

Jornalistas pela igualdade racial se encontram na Conapir



Por: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL, diretamente de Brasília


Durante a 2ª Conferência Nacional pela Igualdade Racial em Brasília, os jornalistas que atuam no desenvolvimento da mídia étnicorracial se encontraram na sala da imprensa para estabelecer o intercâmbio entre os profissionais e ações desenvolvidas; deliberação sobre a moção; Encontro de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas no mês de outubro; e a Conferência Nacional de Comunicação.

Participaram da atividade as Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRAs) de Alagoas e Distrito Federal; Afropress - Agência de Informação Multiétnica; Jornal Como é; Revista Mãe África; Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço); Instituto Mídia Étnica (BA).




Valdice Gomes e Helciane Angélica foram as representantes da Cojira-AL



Confira a moção que foi escrita e apresentada nos grupos de trabalho, inclusive, aprovada no GT de trabalho - na tarde deste domingo, será discutida na grande plenária.



Moção de repúdio e reivindicação sobre a área da Comunicação na 2ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial



Os participantes e as participantes da 2ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial repudiam os meios de comunicação privados pela invisibilidade deste importante momento de avaliação das políticas públicas do Estado para o combate ao racismo. Reivindicamos que a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) garanta mecanismos de visibilidade deste debate na mídia privada, insira o eixo temático comunicação na próxima conferência e atue para que o governo federal destine recursos publicitários para órgãos de mídia alternativa. No âmbito da comunicação pública, exigimos que o governo federal estabeleça programas de ação afirmativa, cotas raciais e de gênero nos concursos para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e assessorias de comunicação dos órgãos públicos. No âmbito da Conferência Nacional de Comunicação, reivindicamos que a Seppir atue na organização deste encontro, apoie a participação de comunicadores negros, indígenas e ciganos e garanta espaços para o debate de temas como: racismo, homofobia e intolerância religiosa nos meios de comunicação, regularização de rádios comunitárias quilombolas, negras, indígenas e ciganas, além da aplicação nos cursos de comunicação da lei 11.645/08 (Lei de Inclusão da História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena nos Currículos Escolares).



Proponentes:

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) de Alagoas e do DF
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço)
Afropress – Agência de Informação MultiétnicaInstituto Mídia Étnica (Bahia)

sábado, 27 de junho de 2009

Ialorixás representam Alagoas na Conapir

Mãe Rosa e Mãe Márcia de Oxalá



Texto e foto: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL, diretamente de Brasília


Alagoas é um dos estados que possui uma adesão expressiva em relação aos cultos de matrizes africanas, ao todo existem quatro federações no Estado: Federação Alagoana Espírita Umbandista Cavaleiro do Espaço no município de Pilar; Federação dos Cultos Afro-Umbandistas, Federação Umbandista de Cultos Afros, Federação Zeladora dos Cultos em Geral essas três últimas em Maceió. Porém não existe um número oficial sobre a quantidade de casas de axé, pois muitas delas não têm vínculo com essas instituições e se tornaram núcleos independentes ou preferem ficar no anonimato.

O número de adeptos e simpatizantes vem crescendo ao passo que também estão se intensificando os casos de intolerância religiosa. Diante disso, as ialorixás Márcia Alzira da Silva e Rosineide Souza, respectivamente Mãe Márcia de Oxalá e Mãe Rosa, defenderão os interesses dos religiosos de matrizes africanas do Estado de Alagoas na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) e pela efetivação de uma lei e punições severas às pessoas que cometem o desrespeito ao culto de matrizes africanas e outros.

As duas ialorixás atuam de forma efetiva para a quebra do estereótipo negativo que é apresentado sobre as religiões afros, principalmente nos grandes meios de comunicação e participam ativamente das articulações político-culturais com os demais segmentos do movimento social negro.


Atuações


O Centro Afro Reino de Oxalá situado no bairro de Chã de Jaqueira em Maceió, completará em novembro 10 anos de atuação. A ialorixá Márcia Alzira da Silva (mãe Márcia de Oxalá) é a zeladora tem 38 anos e é uma das mais novas do estado de Alagoas - é iniciada na religião desde os 16 anos e enfrentou vários obstáculos e conflito de crenças, pois sua família é toda evangélica. Atualmente, a casa de axé possui 58 filhos de santos e vários simpatizantes, que realizam os cultos religiosos, são realizadas atividades culturais e de entretenimento como: capoeira, cochê, pintura em tecido, bisqui, etc.

O terreiro Abassá de Oxum Pandá também possui 10 anos e encontra-se no Conjunto Village Campestre II em Maceió, tem 80 filhos de santos e cerca de 50 simpatizantes que acompanham os rituais e também participam das atividades culturais realizadas: fuxico, capoeira, fábrica de sabonete e dança afro. A casa de axé é administrada por Rosineide Souza, cujo nome dentro da religião é Iakeremi Mãe Rosa.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ministro Joaquim Barbosa recebe representantes da delegação alagoana


As cinco alagoanas fizeram questão de demonstrar o respeito e admiração que têm em relação ao primeiro negro atuante no STF, que já se tornou um ícone para a população afrodescendente



Por: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL, diretamente de Brasília




Na tarde desta sexta-feira (26) foi promovida uma audiência com o Ministro Joaquim Barbosa na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, com representantes da delegação alagoana que participam da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial até domingo.

A audiência foi articulada pela ativista e professora Arísia Barros (ONG Maria Mariá e Fórum de Entidades Negras de Alagoas); e contou com a participação das jornalistas e ativistas Valdice Gomes e Helciane Angélica, integrantes da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas e do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Elis Lopes, gerente afro quilombola que representou o Governo de Alagoas; e as vereadoras municipais de Maceió, Fátima Santiago e Teresa Nelma.

O encontro teve como pontos de pautas: a moção de apoio sobre a sua postura e encaminhamentos executados pelo ministro no STF, que foi acatada na Conferência Estadual; a entrega da Comenda Pontes de Miranda, aprovada por unanimidade na última terça-feira na Câmara Municipal de Vereadores de Maceió; e a solicitação da visita e uma agenda positiva em Alagoas com os segmentos afros.

Na ocasião, as alagoanas agradeceram a oportunidade adquirida em conhecê-lo pessoalmente e fizeram questão de demonstrar o respeito e admiração que têm em relação ao primeiro negro no STF. Também foi entregue um DVD que apresenta um pouco da história e belezas naturais do estado de Alagoas.

“Eu sei ministro que o senhor não defende causas, mesmo assim o senhor é uma referência, um exemplo para o povo negro. O estado de Alagoas precisa receber pessoas que impulsionem a população a lutar, e hoje ministro lá, em Alagoas o senhor é o cara!”, declarou Arísia Barros. O ministro agradeceu aos elogios, ressaltou que já visitou o estado por duas vezes, mas que no momento encontra-se com dificuldades na agenda.

A atividade transformou-se em um agradável bate-papo, que se deslocou para outros temas, como: a importância da II Conapir, as ações desenvolvidas em Alagoas favoráveis as questões énticorraciais e até sobre a decisão do STF contra a obrigatoriedade do diploma de jornalista – no dia da votação, o ministro não estava no Distrito Federal e não pôde participar.

As representantes reforçaram o interesse em articular a agenda positiva, inclusive para entregar solenemente em outubro, a Comenda Pontes de Miranda, uma homenagem e uma referência jurídica que possui o nome de um grande jurista alagoano, reconhecido nacionalmente.


Referência

Joaquim Benedito Barbosa Gomes nasceu em Paracatu (MG), no dia 07 de outubro de 1954 é um jurista brasileiro que foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para atuar como ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Desde o dia 25 de junho de 2003, é o único negro entre os atuais ministros do STF.

O ministro afirmou que sempre possuiu bons laços com o movimento negro nacional e internacional, mas nunca foi de ficar na frente de batalha e tem como grande inspiração e referência, o ativista Abdias Nascimento.

“Eu faço uma militância a minha maneira, participava de alguns encontros, mas nunca fui de apresentar bandeiras de luta e de estar à frente das mobilizações. Hoje, meu único comprometimento é criar uma identificação silenciosa com negros e brancos do Brasil. E com o passar dos anos temos preparar outros para estarem aqui”, afirmou.

II Conapir é aberta sem a presença do Presidente Lula







Por: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL, diretamente de Brasília


Na noite desta quinta-feira (26) no auditório central do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, foi oficialmente aberta a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Mais de 1000 pessoas compareceram à solenidade, entre delegados e convidados, porém, a programação não contou com a participação do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que não pôde ir devido a uma indisposição.

Dentre autoridades, estiveram presentes os ministros dos Esportes, Educação, Especial das Mulheres; os presidentes da Fundação Cultural Palmares e do Conselho Nacional da Organização das Nações Unidas (ONU); embaixadores, políticos diversos, representantes de vários países do Mercosul e artistas.

Na solenidade, teve a execução do hino nacional realizado pela Filarmônica Afro Brasileira e a demonstração da diversidade énticorracial e cultural com apresentações artísticas de um grupo indígena que dançou o toré, e pediu a Tupã proteção e paz para todos; a música cigana ao som do violino e piano; a apresentação uma dança típica executada por seis jovens palestinos; e no encerramento, teve o show do grupo afro Ilê Aiyê.

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, iniciou oficialmente os trabalhos ressaltando a importância da Conferência que avaliará as políticas públicas relacionadas às questões étnicorraciais no país. Também esteve sob a sua incumbência a leitura da carta escrita pelo Presidente Lula, que se desculpou pela a ausência e citou os avanços das ações executadas em seu governo, como a criação da Seppir e da Secretaria Especial da Mulher; a implantação do sistema de cotas que proporcionou uma maior adesão dos negros no Ensino Superior, inclusive com excelentes resultados; a efetivação de programas de desenvolvimento social da população brasileira; dentre outros.



Negros fumantes têm cinco vezes mais risco de câncer


A população negra brasileira que fuma tem até 5,21 vezes mais riscos de desenvolver câncer de pulmão do que os brancos fumantes. A constatação é de uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que foi apresentada no Congresso Europeu de Pneumologia.

O câncer de pulmão é considerado o de maior mortalidade no mundo. Cerca de 90% dos casos estão relacionados ao consumo excessivo ou à exposição passiva ao tabaco. Para realizar o estudo, os pesquisadores da Unicamp avaliaram 464 pessoas, sendo 200 portadoras de câncer de pulmão e 264 saudáveis e não fumantes.

Segundo o pneumologista Lair Zambon, autor do estudo, a maioria dos negros avaliados apresentou uma mutação no gene CYP1A1*2A que é capaz de potencializar a ação dos componentes carcinogênicos presentes no cigarro, especialmente o benzopireno -substância altamente cancerígena.

Editoria de Arte/Folha Imagem

Cada cigarro possui mais de 4.000 substâncias e cerca de cem delas têm potencial para provocar câncer.

"Observamos que essa alteração genética é a mais comum encontrada nos negros e descobrimos que essa mutação está fortemente associada ao aparecimento do câncer de pulmão nessas pessoas", diz Zambon.

Segundo o pesquisador, esse gene é responsável por facilitar o mecanismo de eliminação do benzopireno pelo organismo. Com o gene alterado e a dificuldade de eliminar a substância, aumenta o risco de desenvolver o câncer de pulmão.

Zambon reforça, entretanto, que os resultados refletem a situação dos negros brasileiros e não podem ser estendidos para toda a população negra -pois há a possibilidade de serem geneticamente diferentes.

O pneumologista Mauro Zamboni, do Serviço de Cirurgia Torácica do Inca (Instituto Nacional de Câncer), diz que vários trabalhos em todo o mundo vêm sugerindo essa possibilidade de maior incidência de casos na população negra, mas os resultados são conflitantes e não definitivos. "Apesar de o estudo ter um bom número de pessoas envolvidas, acho que amostra ainda é reduzida para ser extrapolada para a população brasileira na sua totalidade. O assunto é interessante, mas merece continuar sendo estudado", diz.

Prática clínica

Para o pesquisador, os resultados têm impacto imediato na prevenção da doença nessa população, por meio de campanhas educativas que estimulem as pessoas a parar de fumar.

Ele diz ainda que, apesar dos resultados apontarem para uma questão genética, os pneumologistas não devem passar a fazer testes genéticos nos negros que fumam porque isso seria economicamente inviável.

"É muito caro e praticamente impossível fazermos exames genéticos em todo mundo. Temos argumentos suficientes para explicar aos fumantes negros que eles têm risco aumentado de desenvolver câncer de pulmão e que, por isso, devem parar de fumar", diz.

O oncologista Jefferson Luiz Gross, diretor do Setor de Cirurgia Torácica do Hospital A.C.Camargo, acredita que o estudo poderá ter um impacto no desenvolvimento de tratamentos para esses pacientes. "Se você sabe que determinado gene está relacionado ao aparecimento do câncer, você pode estudar formas de bloquear a ação desse gene."

Gross também afirmou que essa população não deve passar por exames genéticos, pois os negros que não fumam e apresentarem a mutação não têm o risco de câncer aumentado. "O grande vilão do câncer do pulmão é o cigarro. Em vez de fazer teste genético, é melhor convencermos as pessoas a parar de fumar", afirma.

Fonte: Folha online

quinta-feira, 25 de junho de 2009

II Conapir reúne lideranças de todo o país


Em Brasília, Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira/AL


Teve início nesta quinta-feira (25) as atividades da II Conferência Nacional pela Igualdade Racial no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Até às 15h, cerca de 1500 pessoas de várias parte do Brasil realizarão o credenciamento no local e receberão o kit do evento, composto por: regimento; material informativo que servirá de subsídio para as discussões; camiseta do evento; livro; um DVD sobre "Diálogos com a ONU-Igualdade Racial" e folders diversos.

A cada instante chegam lideranças de diversos movimentos sociais, representantes das comunidades tradicionais (terreiros, religiosos de matrizes africanas e quilombolas), indígenas, ciganos e artistas. O estado de Alagoas trouxe 23 delegados: 13 da sociedade civil, oito (8) do poder público (municipal e estadual) e dois (2) parlamentares.

Dentre os objetivos do encontro estão: analisar e repactuar os princípios e diretrizes aprovados na I Conferência; avaliar as diretrizes para a implementação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial; apresentar propostas de alteração do conteúdo do plano e de sua forma de execução; além de definir diretrizes que possibilitem o fortalecimento das políticas de promoção da igualdade racial, na perspectiva de superação das desigualdades raciais ainda existentes.

A partir das 18h, terá início a abertura solene com a presença do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva e diversas autoridades.



Cojira-AL


Uma das instituições que encontra-se presente, inclusive com direito a voto, é a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) vinculado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal). A jornalista e editora da coluna axé, Helciane Angélica Santos Pereira, foi eleita com 34 votos na Conferência Estadual para ser uma das delegadas.


Para ter acesso a outras informações, os interessados podem acessar o portal www.conapir2009.com.br e conferir as matérias especiais neste blog www.cojira-al.blogspot.com.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Alagoas terá 23 delegados na II Conferência Nacional


Evento acontece de 25 a 28 deste mês, em Brasília, e vai propor ajustes às políticas raciais no Brasil


Desigualdades raciais e de gênero na educação, no mercado de trabalho, no acesso à saúde, na habitação e na segurança estarão em discussão em Brasília, de 25 a 28 deste mês, durante a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (II Conapir). O evento vai servir para avaliar e sugerir ajustes às políticas raciais brasileiras. A Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos realizou as duas etapas regionais e a estadual. A prefeitura de Maceió coordenou a metropolitana. Desses encontros foram eleitos um total de 23 delegados, que irão representar Alagoas no evento nacional.

Políticas internacionais de combate à xenofobia e a individualização dos dados referentes à população negra, indígena, e de imigrantes nos censos também estão na pauta de Brasília. Os delegados irão avaliar os resultados da primeira edição da conferência, ocorrida em 2005, quando deliberou pela criação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que orienta a criação de políticas de promoção da igualdade racial. O relatório final da 1ª edição destaca propostas como a promoção de equidade das manifestações culturais afro-brasileiras nas atividades oficiais do país.

Segundo dados do Ministério da Educação o número de jovens brancos no ensino superior é quase o triplo de negros e pardos. Além disso, apenas 37,4% dos negros em idade de ensino médio estão matriculados no período letivo adequado, enquanto essa porcentagem entre os brancos sobe para 58,4%.

Discussões — As conferências regionais foram realizadas em Delmiro Gouveia e União dos Palmares, nos dias 16 e 23 de abril, respectivamente, onde reuniram representantes de comunidades quilombolas, indígenas, movimento negro, religiosos e outros segmentos sociais, com o objetivo de debater os princípios e diretrizes aprovados na I Conferência Nacional e Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, além de avaliar as diretrizes para a implementação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial. A estadual foi realizada dia 21 de maio.

Os três encontros, inclusive a Metropolitana, servirão como base para o encontro nacional. As discussões e sugestões de propostas foram feitas com os grupos temáticos, sobre os temas Gênero e Raça, Juventude Negra e Segurança Pública, Educação e Saúde, Trabalho, Emprego e Renda, Questões Indígenas, Ciganas e Quilombolas e Intolerância Religiosa.


Fonte: Viviane Albuquerque / Agência Alagoas

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Nota da Fenaj: Oito contra oitenta mil


Perplexos e indignados os jornalistas brasileiros enfrentam neste momento uma das piores situações da história da profissão no Brasil. Contrariando todas as expectativas da categoria e a opinião de grande parte da sociedade, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, acatou, nesta quarta-feira (17/6), o voto do ministro Gilmar Mendes considerando inconstitucional o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista.

Outros sete ministros acompanharam o voto do relator. Perde a categoria dos jornalistas e perdem também os 180 milhões de brasileiros, que não podem prescindir da informação de qualidade para o exercício de sua cidadania.

A decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira.

Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade. A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente a ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, que intensifiquem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!


Brasília, 18 de junho de 2009.


Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ

Toni Garrido: Recomeço em família

O ex-vocalista do Cidade Negra volta à música em CD solo e conta com o apoio da mulher e das filhas nessa nova empreitada



A família Garrido está em festa. O homem da casa, o cantor e ator Toni Garrido, 41 anos, comemora com a esposa, Regina Coelho, 39, e as filhas, Vitória, 13, e Isadora, 6, o lançamento de seu primeiro CD solo, Todo Meu Canto. Após 14 anos como vocalista da banda Cidade Negra, o músico está animado em se arriscar nesse novo caminho. ''Estou reiniciando a minha vida, é um álbum de black music que tem um repertório pacífico e feliz. O grande desafio é ter trabalhado em grupo tanto tempo e, nessa idade, seguir um novo rumo'', declara.

O nome do álbum é uma homenagem ao colega de profissão Tony Tornado, 79. '''Todo o meu canto sai do meu coração' é um verso da música Me Libertei, que ouvi aos 4 anos de idade e acordei para a música imitando o Tony. Essa frase diz tudo!'', explica Toni, que garante não ter mágoa de sua antiga banda. ''Tenho gratidão pelo que construí lá. O Cidade Negra continua e cabe a mim, agora, criar o meu legado'', define.

Após 12 discos com o grupo, Toni não nega que a vendagem de seu CD solo o preocupa. ''Dá ansiedade, porque, além da música ser um fator de realização pessoal, é a minha maior fonte de renda, ambas fundamentais para a minha felicidade'', conta.


Ator de musical


Para o cantor não há situação mais confortável do que estar em um palco. ''O segundo lugar, na TV. É um jogo de pergunta e resposta, de ação, gosto muito desse encaixe. Se for apresentando, eu me sinto mais à vontade ainda. Atuar também é uma grande curtição!'', fala Garrido, que já trabalhou como ator em filmes e na novela Caminhos do Coração, da Record, mas confessa ter um certo medo do teatro aliado ao desejo de atuar em um musical. ''Sinto que o teatro musical está me esperando para um grande encontro. Se juntar tudo o que já fiz, verá que tenho perfil de um ator de musical'', aposta. Mas com os Garrido o bem-estar já está garantido. ''Montamos um 'lego' muito encaixadinho que é simples: o que acontece na rua não entra em casa, onde estão nossa família e poucos amigos. Combinamos que nosso universo seria assim e o blindamos contra os aborrecimentos externos'', explica Toni Garrido.

O cantor está casado há 22 anos com Regina, que também atua como sua personal stylist. ''Entro em casa e é tudo tão gostoso... Encontro as crianças zoando e a minha mulher sempre de bom humor, um montão de gente para dar amor'', completa ele durante um passeio pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, onde mora. A declaração de Vitória só confirma esse clima de harmonia. ''Meu pai é meu amigo e está sempre por perto. Sua vida de artista não o impede de participar de reuniões da escola e de se interessar por mim. Também adoro o trabalho dele'', fala a filha mais velha.


Lei familiar


É claro que uma vez ou outra Toni se aborrece em casa. ''Mas aí são com coisas do dia a dia, a educação das meninas, problemas adolescentes e do casamento, mas fica tudo resolvido dentro daquele núcleo'', declara, revelando em seguida a primeira lei da família. ''Acordou? Então saia da cama e vai beijar alguém. Vai sair? Não se sai de casa sem se despedir. Temos esse vínculo meio colante de abraço e beijo que é o que move o lar.''

Louco pelas filhas, o músico garante que não é ciumento, mas, sim, protetor. ''As mulheres têm de entender que homens entendem de homens. Se me pronuncio é porque quero evitar que elas sejam cobaias como as que encontrei durante a vida. É uma afirmação dura e machista, mas um pai tem de pensar nisso. Se ele não cuida da filha, ela pode ser uma menina de testes. Quero que elas comandem, essa é a educação que dou. E nunca dependam dos outros para definir o que querem'', finaliza.


Fonte: Fernanda Laskier - www.contigo.abril.uol.com.br

domingo, 21 de junho de 2009

Jogadores e mídia abrem guerra contra barulho das cornetas vuvuzelas


No meio dos debates mais relevantes que cercam a organização da Copa do Mundo do próximo ano, a África do Sul se vê obrigada a discutir durante os testes para o evento na Copa das Confederações uma polêmica mais trivial e inesperada. As cornetas vuvuzelas, que fazem parte da cultura do futebol do país, têm gerado discórdia entre alguns setores do esporte presentes ao torneio.

Enquanto que questões como funcionalidade de estádios e estrutura das cidades têm cada vez mais aprovação da crítica internacional presente à África do Sul para a disputa da Copa das Confederações, para alívio da organização, agora o som das vuvuzelas toma lugar das mesas de debate, incluindo até as oficiais dentro do protocolo da Fifa.

As vuvuzelas são cornetas coloridas, parecidas com as usadas em estádios do Brasil, mas que emitem sons diversos, alguns deles com origem tribal. Elas são manias nas arenas de futebol sul-africanas há um bom tempo e estão presentes em grande número nos jogos da Copa das Confederações, para alguns enriquecendo a atmosfera do espetáculo, para outros atrapalhando o trabalho de atletas e organização.

Jornalistas de Estados Unidos e Holanda, que cobrem o torneio na África do Sul, formalizaram protesto contra as vuvuzelas, pedindo que elas sejam excluídas das arquibancadas para a próxima Copa do Mundo.

A onda crítica às tradicionais cornetas sul-africanas ganhou o apoio de peso de um atleta envolvido na competição. "Não gosto dessas cornetas. A Fifa deveria banir essas coisas. Elas não chegam a tirar sua concentração, mas não é agradável jogar com um barulho desses", declarou o volante espanhol Xabi Alonso na quarta-feira.

Até os brasileiros reclamaram das cornetas sul-africanas. "Atrapalha. Era melhor se fosse um sambinha", disse Robinho. "Não dá para escutar o Dunga, só o jogador que está mais próximo dele escuta", conta Miranda.

Na quinta-feira, a polêmica ganhou as capas dos principais jornais do país, e o tema acabou levado a um encontro entre imprensa e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Questionado sobre as vuvuzelas, o dirigente disse que a entidade não tem planos de banir as cornetas, mas admitiu que elas são "barulhentas".

"Há muitos sons na África do Sul. Já disse e vou repetir. Aqui as pessoas cantam, dançam, tocam tambores, usam batuques e usam essas cornetas. Sei que algumas pessoas não gostam desse barulho. Alguns canais de televisão têm criticado esse som dizendo que atrapalha, mas não será a Fifa que irá proibir esse barulho nos estádios. Os treinadores e jogadores devem se adaptar", sentenciou Blatter.

"Essa é uma pergunta que está sendo colocada, se as pessoas podem bater umas nas outras com a vuvuzela. Sei que o Comitê Organizador está discutindo o tema, mas não vou dizer que a partir de agora seu uso será proibido. Seria uma interferência nos direitos pessoais", emendou o presidente da Fifa, sobre uma outra face da polêmica.

Entre os fãs sul-africanos, a expectativa é de que o detalhe da cultura do futebol local não fique de fora do Mundial do próximo ano. "A vuvuzela é a alma do torcedor de futebol da África do Sul. Não podem tirar ela dos estádios", diz o torcedor Mokaba Thekeli, em Pretoria para ver um dos jogos do Brasil no torneio, antes de soprar com força sua corneta bem diante dos visitantes estrangeiros.


Fonte: UOL Esporte
Alexandre Sinato e Bruno Freitas - Em Pretoria (África do Sul)

Conheça as top models negras do Brasil de sucesso no exterior

Requisitada, Gracie Carvalho desfilará para 23 marcas na SPFW. Emanuela de Paula é uma das musas da grife Victoria’s Secret.



Elas não tiveram a sorte de serem descobertas aos 14 anos, quando passeavam no shopping center - história comum contada pelas top models. E também não dependem de políticas de cotas para brilhar na passarela. Emanuela de Paula, Gracie Carvalho, Ana Bela e Samira Carvalho são negras e atualmente integram o time das supermodelos brasileiras de sucesso internacional.

Na São Paulo Fashion Week, que começa nesta quarta-feira (17), Graciele Carvalho, a Gracie, é uma das modelos mais requisitadas da temporada. A campineira de 19 anos estará na passarela de 23 das 39 grifes que apresentarão suas coleções do verão 2010.

“No último Fashion Rio desfilei para 20 estilistas. Sou maratonista de semana de moda”, brinca a top, que atualmente mora em Nova York e acumula trabalhos importantes como as campanhas das marcas GAP e Donna Karan.

Filha de uma cozinheira e de um mestre de obras, caçula de 17 irmãos, Gracie batalhou para entrar no mundo fashion. Aos 15, foi finalista de um concurso de beleza no interior paulista e, empolgada com o resultado, veio para a capital procurar uma agência de modelos.

“Comecei a desfilar aos poucos e há dois anos apareceram convites para trabalhar fora. Tive que largar o colégio, mas não senti falta. Nunca fui muito amiga dos livros”, confessa a bela. “Saudade sinto mesmo é das aulas de jazz. Por causa das viagens, não tenho mais tempo para curso de dança”.

Gracie considera positiva a promessa da SPFW em incentivar as marcas a contratar 10% de modelos afro-descendentes. “Vai ser legal ver mais garotas negras nos desfiles. Isso vai ajudar muitas meninas em começo de carreira”, opina a moça, que também faz ressalvas. “O chato é que pode rolar um desconforto, os estilistas se sentindo obrigados a escalar as negras...”.


Baby angel


A 'baby angel' Emanuela de Paula. (Foto: Divulgação)



Opinião semelhante tem a top pernambucana Emanuela de Paula. “Acredito que essa medida vai mudar um pouco a cabeça das pessoas. O Brasil é um país de tantas misturas, isso tem que aparecer na passarela”, avalia a modelo. “Espero que no futuro, os estilistas coloquem mais negras em seus desfiles por vontade própria”.

Aos 20 anos, Emanuela tem um dos contratos mais rentáveis do mundo da moda: é um dos “anjos” da grife de lingerie Victoria’s Secret. Caçula no seleto grupo formado por musas como Alessandra Ambrosio, Adriana Lima e Karolina Kurkova, a pernambucana é conhecida como “baby angel”.

“No começo foi meio difícil. Eu tinha vergonha de fotografar só de calcinha e sutiã”, relembra. “Mas depois fiquei confiante. O clima nas sessões é alegre e as outras ‘angels’ me receberam de braços abertos”.

Nascida em Cabo de Santo Agostinho, Emanuela faz cursos de modelo desde os 10 anos, quando foi eleita “Miss Pernambuco infantil”. Aos 15, quando desfilava para uma marca em um shopping de Recife, foi vista por Paulo Borges, o criador da SPFW. “Ele me indicou para uma agência de modelos em São Paulo e fui aceita”.

Se Borges foi o “padrinho” no mercado brasileiro, no internacional Emanuela teve outra ajuda poderosa: a de Anna Wintour. Em 2006, a editora da revista Vogue americana declarou que a brasileira era “a modelo da temporada”. O suficiente para torná-la modelos das mais procuradas.

Por conta dos trabalhos no exterior, a top não participa do calendário nacional de desfiles este ano.


Politizada


Ana Bela é estrela de marcas de maquiagem famosas. (Foto: Divulgação)


Quem andava sumida da passarela da SPFW por conta dos compromissos internacionais era a paulistana Ana Bela, de 24. Nesta edição do evento, a top fez questão de marcar presença nos desfiles.

“Adorei essa medida de apoio às modelos negras. Quero ser mais uma delas nesta temporada”, comemora a top, que estará no desfiles da Ellus, Reinaldo Lourenço, Glória Coelho e Huis Clos. “Este mês era para eu tirar férias, mas fiz questão de estar aqui, participando desse momento histórico”.

Os traços africanos fortes, como os lábios carnudos e o sorriso marcante, fizeram de Ana Bela uma estrela de marcas de maquiagem. No Brasil, ela estreou como garota-propaganda da grife Contém 1 Grama e no exterior fez as campanhas da Revlon, M.A.C. e Bobbi Brown.

“Não sei, acho que me acham uma ‘nega’ bonitinha”, diz a modelo, aos risos. “No início desfilava bastante. Hoje prefiro fazer mais fotos e comerciais, que dão mais grana”.


Ana Bela garante que nunca foi vítima de preconceito, nem perdeu trabalhos por conta de sua raça. “A única mudança que fiz foi no meu cabelo, que era bem ‘black’ e dava um baita trabalho para os cabeleireiros nos camarins. Eu mesma tomei a iniciativa de fazer um amaciamento”.


Estreia com Gisele



Samira Carvalho já desfilou na semana de alta-costura de Paris. (Foto: Divulgação)



Outra representante das top models negras nesta SPFW é Samira Carvalho, de 20. Há três anos, a paulista de Piracicaba venceu um concurso de beleza promovido pela revista “Raça Brasil” e de lá não parou mais.


Além de campanhas para grifes nacionais como Osklen, Cavalera e Melissa, Samira já tem currículo de veterana na moda internacional. Em 2007, ela abriu e fechou o desfile da estilista belga Diane Von Furstenberg e participou da temporada de mais importante do mundo fashion: a semana de alta-costura de Paris.

“Nos primeiros anos, fazia mais comerciais de TV. Quando fui contratada pela agência Ford Models, eles direcionaram minha carreira para o fashion”, explica a moça.
Nesta edição da semana de moda paulistana, Samira desfilará para 13 estilistas. “Adoro trabalhar no Brasil. Mato a saudade da minha família e dos amigos”, conta a modelo, que atualmente não tem endereço fixo: passa temporadas em Nova York, Paris e Milão, conforme o fluxo de trabalhos.

A estreia nas passarelas aconteceu em grande estilo. “Desfilei junto com a Gisele pela Zoomp, na SPFW. Você não imagina o quanto eu fiquei emocionada!”.

Apesar da admiração pela übermodel brasileira, Samira revela que se espelha em outra estrela da moda. “A Naomi Campbell é meu referencial maior, claro. Negra, linda e top”.


Fonte: G1 - Dolores Orosco

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desfile-protesto por negros na moda dá início ao SPFW


Paralelamente ao desfile da Osklen, que abriu a programação oficial desta 27ª edição do São Paulo Fashion Week, um grupo de cerca de 25 modelos realizou um desfile-protesto contra a falta de modelos negros nas passarelas do evento, em frente à entrada da Bienal, onde acontecem os desfiles do calendário.

O evento foi organizado pela ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), com o objetivo de mostrar não apenas o trabalho de modelos negros como também de marcas de roupa e cosméticos. “A diversidade é um dom de Deus Não temos como fazer desfiles aqui como se fosse na Suécia”, disse o representante do grupo Frei David.


Além do desfile-protesto, a Educafro está organizando a primeira semana de moda voltada para o público e profissionais afrodescendentes. “A primeira Fashion Black vai acontecer em outubro, ainda estamos estudando os locais”, falou o organizador André de Souza. “Também estamos montando uma agência de modelos que vai ser lançada no evento”.

Entre as modelos que desfilaram para o grupo estavam Laís Borges, 21, e Jacqueline Pessoa Ferreira, 21. Ambas são contra a existência de uma cota para modelos negros no São Paulo Fashion Week, como aconteceu nesta temporada, em que 10% do casting de cada desfile deverá contemplar a etnia. “Na real, não tinha que ter cota, tinha que ser igual”, disse Laís. “Nada disso seria necessário se fosse igual para brancos e negros. Já que não existe espaço, tem que ter a cota... mas não 10%. Não somos 10% da população”, completou Jacqueline.



Antes da “apresentação de guerrilha”, o Frei David reclamava com o grupo de modelos e organizadores da Educafro. “Foi um golpe baixo que eles fizeram. Contrataram quatro modelos que fazem desfile internacional para desfilar 20, 30 vezes e atingir a cota”, disse ele.

Esta agenda atribulada das modelos, no entanto, é comum durante as semanas de moda. Brancas, negras ou orientais, as meninas estão acostumadas à correria de um desfile para o outro ao longo de cada dia do evento.


Fonte: Fernanda Schimidt/UOL

Infecção vaginal é associada à falta de vitamina D


O distúrbio é tratável com antibióticos, mas pode levar a partos prematuros e é uma importante causa de mortalidade infantil



A vaginose bacteriana é a infecção da vagina mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Um novo estudo descobriu que ela está associada a uma deficiência de vitamina D. O distúrbio é tratável com antibióticos, mas pode levar a partos prematuros e é uma importante causa de mortalidade infantil.

A análise, publicada na edição de junho do The Journal of Nutrition, examinou 209 mulheres grávidas brancas e 260 negras, numa clínica de Pittsburgh. Foi descoberto que mais da metade das mulheres tinham níveis de vitamina D abaixo dos 37 nanomols por litro. Um resultado de 80 é geralmente considerado adequado.

Depois de controlar outros fatores, um nível de vitamina D de 50 ou menos esteve associado a um aumento de 26% na probabilidade de vaginose bacteriana. Um resultado de menos de 20 esteve associado a um aumento do risco de 65%. Cerca de 52% das mulheres negras tinham vaginose bacteriana, em comparação a 27% das mulheres brancas. As mulheres negras tiveram três vezes mais probabilidade de apresentar deficiência de vitamina D, possivelmente porque a pele mais escura evita a síntese adequada da vitamina.

A principal autora do estudo, Lisa M. Bodnar, professora assistente de epidemiologia da Universidade de Pittsburgh, afirmou que o estudo não significa que as mulheres devam "correr em busca de megadosagens de vitamina D".

"Se as mulheres têm preocupações com seus níveis de vitamina D", continuou, "elas devem conversar com seus médicos sobre se os suplementos são apropriados".


Fonte: UOL

Futebol e festa africana


Por: Helciane Angélica - jornalista e integrante da Cojira-AL


A população da África do Sul que é fanática por futebol está em estado de graça com a realização da Copa das Confederações, que servirá de subsídio para a Copa do Mundo de 2010, e também de avaliação quanto à infraestrutura. Pela primeira vez a competição mundial acontecerá no continente africano e promete ser um sucesso, não pelo fato de concentrar os melhores jogadores naquela região e a garantia de visualizar lances incríveis, mas também pela alegria contagiante que é apresentada nas arquibancadas. A torcida africana chama atenção em qualquer lugar, pelas vestimentas, coreografias contagiantes, barulho e o constante sorriso no rosto.


Lembrete:
Nesta quinta-feira (18) às 11h, horário de Brasília, o Brasil jogará contra os Estados Unidos.

Segurança Pública


Por: Helciane Angélica - jornalista e integrante da Cojira-AL


Acontece até quarta-feira (17) a Conferência Estadual de Segurança Pública no Centro de Cultura e Convenções de Maceió, no Jaraguá. O objetivo é definir os princípios e as diretrizes que possam contribuir para uma política nacional de segurança pública, ou seja, consolidar a implantação de um modelo único em todo o país sobre o setor.

Pela primeira vez, conta com a participação de diversos segmentos da sociedade civil: organizações não-governamentais, sindicatos, centros comunitários, movimentos sociais, etc. A discussão será ampla e rica, e com certeza o recorte étnicorracial estará presente, destacando-se na avaliação crítica sobre as abordagens policiais; o genocídio da juventude negra nas grandes cidades, provocados pela violência e o tráfico de drogas; além da falta de assistência quanto a segurança nas comunidades remanescentes de quilombo.

É extremamente importante a presença da sociedade, principalmente, nas conferências livres que serão intensificadas nas periferias. Todas as propostas aprovadas serão encaminhadas para a Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), que acontecerá em Brasília, entre os dias 27 e 30 de agosto. Mais informações no site: www.conseg.gov.br.



Comentário publicado na 57ª edição da Coluna Axé no jornal Tribuna Independente (16.06.09)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Músico caboverdiano se apresenta em Maceió

Manuel di Candinho dá continuidade a projeto de intercâmbio musical entre Alagoas e Cabo Verde

Após o show do caboverdiano Mário Lúcio, que iniciou o intercâmbio com músicos de Alagoas, onde Naldinho e outros músicos alagoanos fizeram uma turnê em Cabo Verde, em 2008, chegou a vez de Manuel di Candinho apresentar-se em Maceió.

O show, que terá a participação dos músicos alagoanos Wilson Miranda, Félix Baigon e Flávio Henrique (músico caboverdeano) será nesta quinta-feira (18) no Teatro de Arena Sérgio Cardoso, a partir das 20h, com entrada gratuita.

Esse evento conta com o apoio do governo de Cabo Verde, Sescoop (Serviço Social das Cooperativas, Diteal (Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas), IZP (Instituto Zumbi dos Palmares de Rádio e Televisão), Bella Gula, Mestre Cuca, Mandala, Operant, Armazém Guimarães, Brebal Sonorização e estúdio Concha Acústica.


O artista


Manuel de Candinho nasceu na ilha de Santiago em Cabo Verde. Ele ingressou na primeira banda musical em 1977, em 1982 emigrou para Portugal onde trabalhou com muitos artistas caboverdeanos, angolanos, moçambicanos e portugueses. Ali começou também a fazer trabalhos de stúdio orquestrando para discos. Trabalhou como músico privativo numa das maiores discotecas de Lisboa.

Em 1985, foi convidado a liderar uma banda na Holanda, onde fixou a sua residência até agora. Na Holanda, estudou piano na área de latin jazz e começou a trabalhar dirigindo a banda para todos os tops cantores de Cabo Verde e da Holanda. Já participou de vários festivais na Europa, na África e na América do Norte.

Manuel de Candinho é considerado um dos maiores violonista caboverdeanos da atualidade. O seu atual trabalho discográfico chama-se "ALMA E SOM", um CD instrumental muito criticado positivamente.


Fonte: Keyler Simões - Agência Alagoas

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Projeto Raízes de Áfricas discute Segurança Cidadã para a população negra

O Projeto Raízes de Áfricas (ONG Maria Mariá), membro-representante do movimento negro na Comissão Organizadora da Conferência de Segurança Pública- COE/AL, participa nesta terça-feira (16/06) até sábado (20/06) do Curso Convivência e Segurança Cidadã, que acontecerá no Resort Starfish Ilha de Santa Luzia , Sítio Tingui, s/n, Praia do Costa – Ilha de Santa Luzia, Barra dos Coqueiros, Sergipe.

O Curso gira em torno do enfoque integral do tema da Convivência e Segurança Cidadã, adaptado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD.

Organizado pelo Ministério da Justiça, é destinado aos membros das COE’S de 05 estados da região Nordeste: Alagoas, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e objetiva o fortalecimento de capacidades e habilidades dos gestores e demais atores do poder público, da sociedade civil e do setor privado brasileiros representados nas Comissões Organizadoras Estaduais da CONSEG, além de novos gestores municipais da área de segurança pública, de tal forma que possam contar com bases e elementos que lhes permitam participar ao máximo e realizar aportes substanciais e qualificados durante a CONSEG.

O Projeto Raízes de Áfricas (ONG Maria Mariá) filiado ao Fórum de Entidades Negras de Alagoas, se propõe a enfocar, nos espaços de debate, o racismo como um dos fatores estruturantes para os números crescentes da violência contra a população negra, como também propor diretrizes considerando a perspectiva da diversidade sexual, de gênero, cultura e étnico-racial na construção de novos olhares para a segurança pública nacional.

A Conferência Estadual de Segurança Pública acontecerá de 15 a 17 de julho, a etapa nacional, ocorrerá em Brasília, nos dias 27 a 30 de agosto de 2009.
Fonte: Divulgação

Países africanos buscam exemplo brasileiro para se despontar no cenário econômico mundial


O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, concluiu no sábado (13) uma missão empresarial à Gana, ao Senegal, à Nigéria e à Guiné Equatorial, na África. Para outubro próximo, o ministério prepara mais um périplo africano. Da próxima vez, o roteiro deverá incluir a África do Sul, o Zimbábue, Angola e Moçambique, que será a terceira missão à África este ano. O interesse pelo continente se explica pelas ligações históricas, mas também pela perspectiva econômica: em breve, os africanos serão uma população de 1 bilhão de pessoas.

No momento, a África desponta como a parte do mundo menos atingida pela crise econômica mundial, extremamente rica em produtos estratégicos - petróleo e minério, por exemplo -, e carente de produtos e serviços que as empresas brasileiras acumularam alguma experiência, como a execução de grandes obras.

Diversos países africanos precisam urgentemente de rodovias e hidrelétricas. Outra urgência é encontrar uma vocação econômica sustentável, que gere emprego e renda no continente mais pobre do mundo.

A intenção, admitida durante a missão pelos africanos dos países visitados, é que a África se torne, como um todo, um continente de países emergentes como é o Brasil.

Em torno desses objetivos, o ministro Miguel Jorge esteve com três chefes de Estado e reuniu-se com dezenas de ministros. Os executivos brasileiros que acompanhavam a missão fizeram contato com mais de 700 produtores e importadores africanos.

De volta ao Brasil, depois de seis dias de viagem, aguardando o abastecimento do avião da Força Área Brasileira (FAB), no aeroporto de Recife, Miguel Jorge concedeu a seguinte entrevista à Agência Brasil, onde falou dos resultados da viagem e dos recentes fatos da economia como a redução do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, a redução da taxa Selic a 9,25% e a possibilidade de prorrogação da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


Agência Brasil (ABr) – Que balanço o senhor faz da missão empresarial à África Subsaariana?

Miguel Jorge
– Um balanço positivo, como tenho feito das outras missões. Nós tivemos cerca de 85 empresários brasileiros, desde pequenas e médias empresas até grandes companhias. Esses empresários fizeram muitos contatos, alguns fizeram negócios mesmo e assinaram contratos. Eu conversei com alguns, que até nomearam distribuidores de produtos brasileiros em alguns países da África. Uma missão como essa tem o objetivo de vender, se não o empresário não viria. Mas ela tem também um objetivo muito importante que é o de o empresário fazer contato, fazer com que o empresário encontrem contrapartida do outro lado e comece uma relação comercial que se estenda no futuro. Nesse ponto de vista, a missão foi de absoluto sucesso. Nós fomos recebidos muito bem em todos os lugares. Há uma expectativa muito grande em relação ao Brasil, não que vendamos produtos para eles, mas também que nós ajudemos com qualificação de mão de obra, treinamento e transferência de tecnologia. A transferência de tecnologia é um fator que aparece em praticamente todas as reuniões com governos e empresários africanos. Nós temos um papel importante de ajudar esses países. Isso se percebe com muita clareza, há um interesse e expectativas enormes da África pelo Brasil. Eu acho que nós devemos atender ao máximo essas expectativas. Esses países precisam do Brasil, precisam da gente. Nós temos uma posição diferente em relação aos países ricos, que têm pouca preocupação com a parceria com os africanos. Eu acho que o brasileiro desenvolveu uma solidariedade em relação aos seus vizinhos e, especialmente, aos países africanos, que não se nota em outros países. Essa solidariedade é que faz com que haja essa expectativa. Nós somos claramente, como país e como povo, uma extensão da África. Portanto, como nós somos vistos como uma extensão da África que deu certo e avançou muito, que progrediu e que somos um país que tem importância econômica e que tem índice de qualidade de vida muito superior a esses países, o que eles gostariam de ser é o Brasil. O sonho desses países é ser como o Brasil. Nós temos que ajudá-los para que isso aconteça.


ABr – Os executivos que estiveram na missão assinalaram a dificuldade do crédito para os africanos financiarem importações de produtos ou contratarem serviços brasileiros. Eles apontam que o Brasil exige muitas garantias e os procedimentos são muito burocráticos, e que a concorrência (chinesa e coreana, por exemplo) é mais dinâmica. Isso é de fato um problema?

Miguel Jorge
– O problema fundamental não é da burocracia ou de dinamismo, mas a capacidade de financiamento do país. A China tem reservas de mais de US$ 1 trilhão e o Brasil de mais de US$ 200 bilhões. Quando ocorreu a crise, como em outros países, uma grande parte das empresas brasileiras tinha muito financiamento no exterior. Quando esse financiamento secou, as empresas buscaram financiamento no mercado interno e, evidente, como o país não tem uma economia tão grande quanto à China, por exemplo, houve falta de recursos. O dinheiro é uma mercadoria. Você tinha gente tomando empréstimo no exterior e de repente voltou a pegar dinheiro no Brasil, faltou mercadoria, faltou dinheiro, faltou financiamento. Isso já está voltando ao normal. Houve também na época uma aversão muito maior pelo risco, isso fez com que os financiamentos ficassem mais difíceis. A normalização do processo econômico vai levar que isso mude. Não vai faltar dinheiro. Eu reconheço dificuldades para as pequenas e médias empresas, dificuldades para financiar tanto para mercado externo quanto mercado interno. Mas para essas empresas não tem faltado financiamento. O BNDES tem para este ano um orçamento de US$ 109 bilhões e não tem faltado financiamento para empresas que sejam idôneas, sérias, com cadastro positivo. Não temos tido reclamações. Isso aconteceu, principalmente, no começo do ano, mas hoje está praticamente normalizado. Nós não temos tido mais queixa nesse sentido.


ABr – Qual efeito da redução da Selic (taxa básica de juros) para a economia brasileira?

Miguel Jorge
– Nós vamos ter que aprender a conviver com essa taxa de juros que começa a chegar no nível de país civilizado, próximo de 5% em termos de juros reais. Por outro lado, ela [a nova taxa, hoje 9,25% ano ano] cria uma série de problemas para a economia, especialmente porque ainda temos algum tipo de indexação que está acima desse patamar. Vamos ter que fazer um tipo de ajuste e a sociedade toda vai ter que se acostumar a uma taxa de juros muito menor. Claro que é benéfico, quanto menor a taxa de juros, melhor. A taxa de juros Selic é uma referência e a sua diminuição abre nova perspectiva para o país.


ABr – Que tipo de problema? A caderneta de poupança?

Miguel Jorge – A poupança é um deles, mas falo dos contratos que estão indexados. A economia vai ter que ficar bem mais desindexada. Nós vamos passar por um processo de aprendizagem interessante e positivo.


ABr – Com a redução, vão aumentar os investimentos das empresas?

Miguel Jorge – Eu acredito que sim. Isso mostra que o país está estável e os fundamentos da economia funcionam muito bem. Os empresários sempre reclamam da taxa de juros, ela é um indicador. O que interessa aos empresários, de modo geral, e à população, é que os juros diminuam na ponta, na operação real. Que os juros do sistema financeiro sejam menores assim como o spread bancário. Claro que o spread é sempre relativo ao custo do dinheiro. O dinheiro é uma mercadoria como outra qualquer: tem falta de dinheiro, o preço sobe; tem abundância de dinheiro, o preço cai. No entanto, nós sabemos que quando teve essa enorme folia financeira que levou à crise, o nosso spread era muito alto. Nós precisamos fazer com que o spread diminua e, aí sim, os investimentos sejam financiados não só por bancos como o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], mas também que haja no sistema financeiro um processo de investimento.


ABr – Como o senhor recebeu a informação da queda do PIB no primeiro trimestre?

Miguel Jorge –
Com bastante naturalidade. Eu já tinha dito que o PIB seria negativo. Eu tenho criticado muito os analistas, que erraram mais uma vez em relação à redução da taxa de juros. Os analistas estavam todos prevendo 0,75 ponto percentual e aí você lê nos jornais 'analistas surpresos'. A única coisa que sempre se lê nos jornais é 'analistas surpresos'. Eles deveriam se abster um pouco de fazer previsão. Quando eu falei em recessão, e até recebi umas críticas, é porque os números já estavam claros. Os números do último trimestre do ano passado eram negativos e os números que nós acompanhávamos, mas não eram divulgados, também eram. Quando eu falava em recessão, portanto, era recessão técnica, que até alguns economistas hoje não consideram tão importante. De qualquer forma, o resultado do PIB foi o esperado e nós vamos ter um segundo trimestre melhor e, conseqüentemente, um terceiro melhor que o segundo, e um quarto melhor que o terceiro. Programas como Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, começarão ter impacto na economia a partir do segundo semestre, quando começam os desembolsos. Repare que a Caixa Econômica Federal nos cinco primeiros meses do ano fez quase o dobro de empréstimos do que no ano passado, quando havia a chamada abundância de financiamento e de dinheiro. Nós estamos no caminho certo para a recuperação, que vai ser lenta e difícil mas vai ocorrer.


ABr – E o resultado da balança comercial?

Miguel Jorge – A balança tem se mostrado positiva há algum tempo, fora aquele acidente de percurso nos dois primeiros meses do ano, tanto que já tem acumulado US$ 7,5 bilhões e tem mantido uma média boa no fechamento semanal. Nós consideramos que a tendência é haver melhora no segundo semestre, e este semestre será menos ativo, mas nós teremos um bom resultado este ano.


ABr – Diante dessas perspectivas, ainda é necessário manter a isenção e a redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]?

Miguel Jorge – Eu venho da indústria e sempre, quando foram tomadas essas medidas de redução e isenção de IPI, reclamei muito quando alguma autoridade dizia que deveríamos manter a redução do IPI porque faz que haja uma postergação de compra. O IPI reduzido tem o objetivo de fazer com que o consumidor se entusiasme e compre o produto. Se você anuncia com antecedência de duas ou três semanas que o IPI será reduzido, alguém que estava se programando para comprar o produto vai deixar para o próximo mês. O próprio presidente Lula tem falado: 'olha se você for comprar, compre agora não deixe para depois. Faça com que a roda da economia continue a girar'. Então, mesmo que eu seja favorável, até o último dia eu vou dizer que sou contra a prorrogação da isenção e redução do IPI.



Fonte: Agência Brasil
O repórter viajou a convite do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior/ Edição: Fernando Fraga e Lana Cristina

domingo, 14 de junho de 2009

Comissão discute ações para a segurança pública

Conferência estadual acontece entre 15 a 17 de julho, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Jaraguá.
Faltam menos de 80 dias para a primeira Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg). O evento vai acontecer em Brasília, entre os dias 27 e 30 de agosto. Na oportunidade, o Ministério da Justiça vai reunir gestores, sociedade civil e trabalhadores para a consolidação de uma política única em todo o país sobre o setor. Mas, para isso, a discussão deve ser feita previamente, nos municípios e estados.

O governo de Alagoas já trabalha nessa frente, por meio de uma comissão, gerenciada pelo vice-governador, José Wanderley Neto. Nesta terça-feira (9), a equipe se reuniu com a mobilizadora regional do Conseg, Regina Lopes. Em pauta, a conferência estadual, a ser realizada de 15 a 17 de julho, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Jaraguá.

José Wanderley revelou a preocupação do governo com a violência. “Existe um esforço muito grande da Defesa Social, mas temos muitos obstáculos. O principal ponto são as drogas. Por isso, o trabalho não deve ser apenas da polícia. Nesse combate, temos que envolver toda a sociedade”, explicou.
Foi apontada também a necessidade de encontros nos municípios. “São parceiros importantes. Temos que levar essa discussão para todo o Estado, de forma descentralizada”, tratou o vice-governador. Na próxima segunda-feira (15), José Wanderley deve se reunir com representantes da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA).

Regina Lopes explicou a importância de toda essa mobilização. “A finalidade é definir os princípios e as diretrizes para uma política nacional de segurança pública. O sistema não pode ser imposto de cima para baixo. Deve ser discutido por toda a sociedade”, disse.

Arísia Barros, da ONG Maria Mariá, revelou que deve ser feito um recorte sobre a questão étnico-racial. “A violência já chegou nas comunidades quilombolas. A violência dizima o povo negro nas cidades. Temos que desenvolver a segurança pública também voltada para esse problema”, contou.

Comissão em Alagoas - O comitê é formado pelos três segmentos: trabalhadores, sociedade civil e gestores. O representante do Fórum Permanente contra a Violência em Alagoas, Everaldo Patriota, salientou a importância desse processo. “Pela primeira vez, temos a participação de diferentes movimentos discutindo a segurança pública. Temos que aproveitar essa oportunidade”, avaliou.

Mais informações no site www.conseg.gov.br
Fonte: Agência Alagoas

ARTIGO: Nunca Tive Namorada Negra

O preconceito molda a nossa capacidade de amar


Escrito por: IVAN MARTINS (editor-executivo de ÉPOCA)



Eu nunca tive uma namorada negra. Saí uma ou duas vezes com moças negras na universidade, tive um caso intenso e demorado com uma mulher negra há pouco tempo, mas nenhuma delas foi namorada, relação firme, gente se que incorpora à vida e se leva à casa da mãe. Por que razão?

Um dos motivos é geográfico: desde a adolescência quase não há pessoas negras ao meu redor. Elas não estavam no colégio, não estavam na faculdade e não estão no trabalho, com raras e queridas exceções. É nesses ambientes - escola e emprego -- que se constroem relações duradouras de amor e amizade.

O outro motivo é vergonhoso: racismo. Deve haver um pedaço de mim que acha mulher branca mais bacana que mulher negra, independente de beleza, inteligência ou caráter. Mesmo tendo ancestrais negros, cresci numa sociedade em que a cor, os traços e os cabelos africanos são tratados como defeito. É difícil livrar-se desse lixo.


Ando pensando sob re essas coisas desde que tive uma discussão, dias atrás, com meu melhor amigo, sobre cotas raciais na universidade. Ele contra, eu a favor. Ele defende cotas econômicas, para jovens pobres oriundos das escolas públicas. Eu sinto que isso não é suficiente. Acredito que os negros têm sido sistematicamente prejudicados ao longo da história brasileira e fazem jus a políticas e tratamento preferenciais. Penso nas namoradas negras que eu não tive. Elas não estavam na boa escola pública de primeiro grau onde eu entrei depois de um exame de admissão.

Também não estavam na escola federal onde fiz o colégio. Ali só se entrava depois de um vestibular duríssimo. Na Universidade de São Paulo, onde estudei jornalismo, só havia um colega negro, nenhuma garota que eu me lembre.

Será que isso é apenas econômico? Duvido. Eu vim de uma família pobre e cheguei à universidade e à classe média. O mesmo fizeram minhas irmãs e meus amigos brancos. Os coleguinhas negros da infância - com poucas exceções -- não chegaram. Estavam em desvantagem. Tem algo aí no meio que é mais do que pobreza.

É fácil para mim enxergar que a linha de corte na sociedade brasileira não é apenas de renda. Ela é de cor também. Essa linha está dentro de nós, dentro de mim. Somos racistas, embora mestiços. Por isso me espanta que as pessoas não se inclinem generosamente pela ideia de uma reparação aos sofrimentos infringidos aos negros - até como forma de purgar essa coisa ruim e preconceituosa que trazemos dentro de nós.

Eu, que nunca tive uma namorada negra, gostaria que meus filhos vivessem num país melhor. Um país em que houvesse garotas e garotos negros na universidade pública, ao lado deles. Um país em que eles tivessem colegas de trabalho negros. Engenheiros. Médicos. Advogados. Jornalistas. Um país onde as pessoas pudessem se conhecer, se admirar e se amar sem a barreira do preconceito que ainda nos divide.

Lançamento do livro "Oyé Orixá"



Umbanda e a síntese dos princípios do Branco, do Vermelho e do Negro
Lançamento do livro no dia 17 de Junho, às 19 horas no Rayuela Café, 412 Sul, Brasília


É preciso compreender a diferença existente entre as semelhanças de conceitos e sistemas empregados pela Umbanda com o conteúdo de outras filosofias antes de declarar a própria Doutrina Umbandista como "uma mescla" de diversos segmentos religiosos, o que lhe retiraria toda a sua personalidade mística, a qual se afirma, aliás, de maneira pungente sobressaindo claramente das demais, o que lhe vale a outorga de primaz em seu gênero. (Trecho da Apresentação)


Poucas tem sido as abordagens na pesquisa intelectual e bibliográfica da matriz africana da Umbanda no Brasil que enfocam os princípios Fun Fun (o branco), Pupa (o vermelho) e Dudu (o negro).

Dividido em 18 livros, este Oyé Orixá (sendo Oyé = Sabedoria), é um livro simultaneamente para leitura dos adeptos das filosofias afro-brasileira e para pesquisa e reflexão dos estudiosos no assunto. Tudo isso devido ao conjunto de histórias, mitos, lendas, descrições, apontamentos de estudo e da vivência prática dos autores nos centros e terreiros de Umbanda e Candomblé em Salvador e Brasília.

O simbolismo da Umbanda é essencialmente duplo: por um lado é racional e passível de compreensão em suas analogias e representações, por outro é imaginativo, místico e espiritual. Em seu contexto místico, iremos encontrar aqui a linguagem velada de seus ensinamentos maiores, aquela utilizada pelos Guias Espirituais em sua maneira de se expressarem, mas também o profundo da sua filosofia esotérica, cuja liturgia preserva em sua substância o plano do sagrado. É um livro para ter sempre do lado. Para ler e reler seus ensinamentos como quem bebe em um poço cuja água nunca pára de jorrar.


OS AUTORES



Marcelo Costa Nunes (Obá Apejá) é historiador. Estudou simbologia antiga no Egito, Grécia e Roma e há vinte e três anos vem pesquisando e escrevendo sobre mitologia africana e tudo que envolve a filosofia e o culto à Umbanda. Desde 1993, é dirigente da Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada, Ordem espiritualista de caráter iniciático voltada ao estudo e prática da Umbanda e das filosofias do passado.

Rafael Alves de Assis (Oju Meji Obaluaiê) é vice-coordenador da Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada é um dos responsáveis pela direção do Templo Espiritualista São Jerônimo, em Brasília-DF.


Fonte: Ascom - Fundação Cultural Palmares