domingo, 21 de junho de 2009

Jogadores e mídia abrem guerra contra barulho das cornetas vuvuzelas


No meio dos debates mais relevantes que cercam a organização da Copa do Mundo do próximo ano, a África do Sul se vê obrigada a discutir durante os testes para o evento na Copa das Confederações uma polêmica mais trivial e inesperada. As cornetas vuvuzelas, que fazem parte da cultura do futebol do país, têm gerado discórdia entre alguns setores do esporte presentes ao torneio.

Enquanto que questões como funcionalidade de estádios e estrutura das cidades têm cada vez mais aprovação da crítica internacional presente à África do Sul para a disputa da Copa das Confederações, para alívio da organização, agora o som das vuvuzelas toma lugar das mesas de debate, incluindo até as oficiais dentro do protocolo da Fifa.

As vuvuzelas são cornetas coloridas, parecidas com as usadas em estádios do Brasil, mas que emitem sons diversos, alguns deles com origem tribal. Elas são manias nas arenas de futebol sul-africanas há um bom tempo e estão presentes em grande número nos jogos da Copa das Confederações, para alguns enriquecendo a atmosfera do espetáculo, para outros atrapalhando o trabalho de atletas e organização.

Jornalistas de Estados Unidos e Holanda, que cobrem o torneio na África do Sul, formalizaram protesto contra as vuvuzelas, pedindo que elas sejam excluídas das arquibancadas para a próxima Copa do Mundo.

A onda crítica às tradicionais cornetas sul-africanas ganhou o apoio de peso de um atleta envolvido na competição. "Não gosto dessas cornetas. A Fifa deveria banir essas coisas. Elas não chegam a tirar sua concentração, mas não é agradável jogar com um barulho desses", declarou o volante espanhol Xabi Alonso na quarta-feira.

Até os brasileiros reclamaram das cornetas sul-africanas. "Atrapalha. Era melhor se fosse um sambinha", disse Robinho. "Não dá para escutar o Dunga, só o jogador que está mais próximo dele escuta", conta Miranda.

Na quinta-feira, a polêmica ganhou as capas dos principais jornais do país, e o tema acabou levado a um encontro entre imprensa e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Questionado sobre as vuvuzelas, o dirigente disse que a entidade não tem planos de banir as cornetas, mas admitiu que elas são "barulhentas".

"Há muitos sons na África do Sul. Já disse e vou repetir. Aqui as pessoas cantam, dançam, tocam tambores, usam batuques e usam essas cornetas. Sei que algumas pessoas não gostam desse barulho. Alguns canais de televisão têm criticado esse som dizendo que atrapalha, mas não será a Fifa que irá proibir esse barulho nos estádios. Os treinadores e jogadores devem se adaptar", sentenciou Blatter.

"Essa é uma pergunta que está sendo colocada, se as pessoas podem bater umas nas outras com a vuvuzela. Sei que o Comitê Organizador está discutindo o tema, mas não vou dizer que a partir de agora seu uso será proibido. Seria uma interferência nos direitos pessoais", emendou o presidente da Fifa, sobre uma outra face da polêmica.

Entre os fãs sul-africanos, a expectativa é de que o detalhe da cultura do futebol local não fique de fora do Mundial do próximo ano. "A vuvuzela é a alma do torcedor de futebol da África do Sul. Não podem tirar ela dos estádios", diz o torcedor Mokaba Thekeli, em Pretoria para ver um dos jogos do Brasil no torneio, antes de soprar com força sua corneta bem diante dos visitantes estrangeiros.


Fonte: UOL Esporte
Alexandre Sinato e Bruno Freitas - Em Pretoria (África do Sul)

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