terça-feira, 22 de dezembro de 2009

APN's

Por: Helciane Angélica


A Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros (APN’s) surgiu em 1983, durante um processo de mudança no contexto sócio-político e econômico no Brasil, onde também existia a redemocratização do poder nos mais diversos setores da sociedade, principalmente, dentro da Igreja Católica.

Os negros e negras atuantes nas igrejas queriam ter mais espaços, serem realmente vistos e ouvidos, e ampliar a discussão sobre teologia e negritude. “Embora o negro fosse à missa, ao espaço evangélico, sempre teve contato com alguma benzedeira ou um pai de santo. Enfim, tinha contato, mas não podia ter uma abertura para se manifestar ou falar de suas raízes”, destacou o APN Nuno Coelho.

A entidade teve início dentro da Igreja Católica e compunha o corpo organizacional, mas depois percebeu que precisava ampliar seus horizontes e agregar pessoas de diversas crenças religiosas, tornando-se um espaço para discussão política e transformação social.

De acordo com Helcias Pereira, que já foi coordenador nacional de formação e contribuiu para a implantação de mocambos (grupos de base) dos APN’s em Alagoas no ano de 1988, a instituição superou muitas barreiras para hoje se tornar uma referência nacional – “Quando a gente levava o atabaque para a Igreja, nós éramos chamados de macumbeiros e quando íamos para as atividades do movimento negro nós éramos chamados de papa-ostras, foi um conflito muito grande até o povo entender a nossa missão”, disse o ativista alagoano.

O lema da instituição nacional é “Fé, luta, organização e conscientização” e atualmente encontra-se presente em 14 estados e o Distrito Federal, distribuídos em todas as regiões do país.

De 21 a 24 de abril de 2010, acontecerá em Goiânia (GO) o 1º Congresso Nacional da instituição com o tema “APN’s, olhando história e projetando o futuro”. O evento já é visto como um momento de extrema importância, pois tem a missão de discutir a linha política para os próximos 10 anos de atuação, priorizar a organização, oxigenação de lideranças e trabalhar o pertencimento (potencializar a identidade étnica e o compromisso com os ideais do grupo).

A Comissão dos Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) deseja sucesso no fortalecimento das ações – “A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!”.


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (22.12.09)

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