terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Jornalista critica expressão racista em impresso do Rio de Janeiro

Prezado(a) Ouvidor(a) da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.


Chegou ao meu conhecimento e depois em minhas mãos fotocópia de uma matéria publicada em sete de janeiro próximo passado (07/01/09) na editoria Geral do jornal "Extra", das Organizações Globo, que trazia N informações sobre as primeiras iniciativas da nova secretária, sra Claudia Costin. Em uma das partes desta reportagem ("Capacitação nas áreas de risco..." ), é feita referência à existência de uma tal de "Zona Negra" que agruparia, conforme a matéria, as chamadas áreas de risco no município do Rio de Janeiro. Logo abaixo, em um resumo das medidas, a(o) responsável pela edição do jornal "Extra" de novo utilizou a expressão "Zona Negra".

Neste momento em que há uma expectativa de adoção, pela nova administração municipal, de uma estrutura de promoção de políticas de igualdade racial parecida com a já existente no governo estadual, fica extremamente impróprio o incentivo da SME à divulgação de uma expressão de cunho extremamente depreciativo.
A luta pela elevação da auto-estima da comunidade negra (pretos + pardos) no Brasil tem sido um dos pilares do discurso e da ação do Movimento Negro (conjunto de várias organizações formais e informais de combate ao racismo). Até mesmo em respeito ao espírito da Lei Federal 11.645 (antes 10.639) que introduziu o ensino da história e da cultura negra nos ensinos fundamental e médio, a SME deveria solicitar uma retificação - com destaque em posterior edição (se é que já não o fez) - ao citado jornal informando ser inadequada a utilização da expressão "Zona Negra" para denominar áreas de risco, que por si só já encerra uma idéia a ser passada e que não precisa do "reforço expressivo" da expressão "Zona Negra".

Se por ventura existisse a tal "Zona Negra" vinculada à área de risco, então poderíamos cunhar (também indevidamente) como "Zona Branca" as áreas onde os jovens endinheirados consumidores de drogas (inclusive as socialmente permitidas) as consomem com a tranquilidade de quem tem a certeza (na grande maioria das vezes, salvo exceções estratégicas) de não ser alcançado por qualquer "choque de ordem urbana".

Apesar das diferenças, fruto de posições ideológicas antagônicas e de visões diversas sobre a construção do fazer jornalístico, custo a acreditar que a expressão "Zona Negra" tenha sido produzida pela edição do jornal "Extra". Será? Ou apenas este veículo de comunicação social reproduziu - sem o devido olhar crítico - o que lhe foi informado por alguém? Aliás pode parecer que a informante foi a senhora Yvonne Bezerra de Mello, que assumirá em breve função pública na SME. Como a expressão foi posta na voz indireta...

Gostaria de saber tanto desta ouvidoria como do jornal como surgiu esta inapropriada expressão.

Sem mais para o momento,


MIRO NUNES
Membro da coordenação da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira/SJPMRJ), que integra a Comissão Nacional pela Igualdade Racial (Conjira) vinculada à Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).

PS: Cópias para a SME, jornal "Extra" e outros parceiros da Cojira-Rio

Um comentário:

  1. Boa indagação! Como afirmam Caetano Veloso e a trupe Onda Mulata Cotas,não! racistas são os negros.

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