Jornalista (1102 – MTE/AL)
Lideranças do movimento negro de Alagoas tiveram uma reunião extraordinária no último sábado (12), com o presidente Zulu Araújo, da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura. O encontro aconteceu na sede do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), após ser adiado algumas vezes devido às alterações na agenda.
Dentre os pontos de pauta destacaram-se: a inclusão da cadeira representativa da capoeira no comitê gestor do Parque Memorial Quilombo dos Palmares; Igualdade de tratamento em relação aos projetos que envolvam os segmentos afro-alagoanos; Políticas Públicas da Fundação para Alagoas; e a situação dos moradores da Serra da Barriga.
Mestres e professores de capoeira reivindicam o reconhecimento da categoria no comitê, já que, no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) cerca de 80% do público que vai até a Serra é capoeirista. “A capoeira é um movimento político-social e cultural no mundo inteiro, que possui uma linguagem universal. E a gente fica sem entender porque não tem uma representação da capoeira no comitê gestor do Parque. Os religiosos também estavam de fora e tiveram que se reunir e sensibilizar, e nós (capoeiristas) estamos indo no mesmo caminho e temos esse direito”, declarou Mestre Conde.
As discussões sobre o respeito da capoeira ocorrem justamente num período importante, onde essa riqueza afro-cultural é candidata a patrimônio cultural. Estiveram presentes o Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Federação Alagoana de Capoeira (Falc); Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas; Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup); Centro de Pesquisa e Estudos Afro-Alagoanos Quilombo; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL); e o historiador Zezito Araújo, Vice-Diretor do Neab-Ufal e Secretário Executivo do Comitê Gestor.
O presidente da FCP ouviu atentamente aos questionamentos e críticas como: diferenciação de cachê para os grupos de capoeira em relação aos demais segmentos; dificuldades no acesso de informações; e as ações eventuais da Fundação em Alagoas, que focam as mesmas instituições e principalmente grupos de outros estados.
Zulu também fez duras críticas ao movimento negro local. “O movimento negro é um conjunto de ações de várias entidades e em vários Estados. E não é o fato de hoje eu estar como gestor, que me retira do movimento”. Rebateu ainda perguntando: “Se todos os outros segmentos exigirem sua representação, então, qual é o papel do Fenal? Eu não tenho problema nenhum em atender os segmentos, mas sendo assim o Fenal será mais uma entidade e não um Fórum” declarou.
No encerramento da reunião, as entidades deliberativas da capoeira alagoana entregaram um documento com seus posicionamentos e indicação de representantes. Mesmo sendo filiados ao Fenal, afirmam que é preciso ter no comitê gestor uma pessoa da própria capoeira, por vivenciar na prática. O mesmo acontece com os quilombolas, somente eles podem defender e discursar com propriedade sobre suas reais necessidades - justificaram a estratégia de ocupação de espaço.
Próxima visita
Próxima visita
Zulu Araújo retorna a Alagoas no dia 30, foi convocado para uma audiência no Ministério Público Federal, que definirá a situação das famílias residentes na área tombada da Serra da Barriga. E também conversará com os moradores in loco, pois tem que atender às exigências legais (cadastramento e re-locação), além dos aspectos sociais como geração de emprego e renda.
Também se comprometeu em ter reuniões específicas com a Falc e o Conselho Estadual de Mestres, para discutir políticas favoráveis à capoeira no Estado de Alagoas e deliberar sobre a inclusão ou não da capoeira no comitê gestor. O próximo encontro ficou agendado para o dia 1º de agosto, às 9h no Neab-Ufal.
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