domingo, 9 de dezembro de 2012

Na beira do mar, festa e oferendas do candomblé para Iemanjá no seu dia

Por: Plínio Lins - TNH1

Terreiros homenageiam Iemanjá na Pajuçara
A praia da Pajuçara, a mais famosa da cidade, ganhou sons e cores diferentes na manhã deste sábado, 8 de dezembro. É a Festa das Águas, o louvor festivo dos terreiros de candomblé a Iemanjá. No sincretismo religioso brasileiro, é o feriado de Nossa Senhora da Conceição; as religiões de matriz africana celebram a Rainha das Águas com cânticos, vestes tradicionais e oferendas lançadas ao mar.
Na altura da Balança do Peixe da Pajuçara, desde cedo começaram a chegar as caravanas de terreiros e centros de Maceió e de várias cidades do interior, em ônibus – alguns bem velhos, mais baratos – e em carrocerias de caminhões.
Pelo menos durante a primeira parte da manhã, fiscais da prefeitura não causaram problemas, ao contrário do impasse criado pela SMCCU durante a semana, e que foi muito criticado como intolerância religioso, discriminação e preconceito, e foi parar na Justiça, que concedeu liminar para que os cultos pudessem se manifestar livremente na beira da praia.
E foi o que aconteceu. Vestidos com seus melhores paramentos – muita gente de branco, talvez a maioria, mas a praia ficou salpicada de azuis, amarelos, dourados, verdes –  as mães e filhas de santo, venerandas senhoras dos terreiros e jovens recém-feitas nas primeiras obrigações do  culto, os babalorixás e babalaôs, os pais de santo e tocadores tomaram conta daquele pedaço da orla.
As oferendas a Iemanjá, cuidadosamente arrumadas no chão forrado com panos brancos,  aguardavam o momento sagrado de serem lançadas ao mar. Colocadas na sombra das mangueiras e amendoeiras, elas davam ainda mais beleza ao ambiente. Era uma profusão de cestas de flores em arranjos multicoloridos, e havia também bonecos, perfumes e todo tipo de presente.
Os atabaques soavam alto, com ganzás e agogôs, ritmando a dança, criando um clima de concentração, transe religioso e festa de paz. O foguetório ajudava a chamar a atenção da cidade para as homenagens a Iemanjá.
O céu  não estava azul como se esperava; algumas nuvens pesadas pareciam trazer chuva, mas ficou na ameaça.
Centenas de turistas estrangeiros, recém-desembarcados de um navio italiano que atracou de manhã no Porto de Jaraguá, assistiam a tudo, uns maravilhados e outros procurando entender o que era aquilo. O tempo encoberto ajudou os estrangeiros, poupando sua pele branca do sol forte desta época do ano.
A partir das 9 horas, um após o outro e em perfeita ordem, cada candomblé saía da sombra e levava suas oferendas para a beira do mar, onde eram embarcadas em jangadas, que as deixariam além da arrebentação.
A obrigação estava cumprida, os fiéis pegavam seus ônibus de volta. A festa agora seria de outro terreiro que chegava em seguida, da periferia da capital ou de algum ponto do interior alagoano. Assim estava previsto para acontecer durante todo o dia e entrando pela noite de Maceió.

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