terça-feira, 18 de maio de 2010

Violência contra o negro

Por: Helciane Angélica

A confirmação de que os jovens negros e pobres tem mais chances de serem assassinados não faz mais parte apenas da teoria, e sim, das estatísticas! De acordo com o “Mapa da Violência 2010: Anatomia de Homicídios no Brasil” apresentado em março deste ano, numa série histórica de cinco anos foi quantificado que o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no País é 130% maior do que o de branco.

Essa situação não é diferente quando se analisam todas as faixas etárias, o número de vítimas brancas passou de 18.852 para 14.308, o que significa uma redução de 24, 1%. Já entre os negros, o número de mortes saiu de 26.915 para 30.193, um crescimento de 12,2%. Para cada branco assassinado morrem 2,2 negros no País, enfim, isso significa que morrem no Brasil 107,6% mais negros do que brancos.

Recentemente, a sociedade brasileira ficou chocada com as mortes de um moto-boy e de um aposentado – ambos negros, que moravam em São Paulo. O moto-boy Alexandre Menezes dos Santos, 25, foi morto na porta de casa após apanhar dos policias militares, as pancadas foram tão fortes que só pararam até a perda da consciência, mesmo ele não estando com arma e mãe aos prantos observando tudo. O aposentado Domingos Conceição dos Santos de 47 anos, levou um tiro na cabeça em uma agência bancária, quando tentou passar pela porta giratória. Após várias tentativas e mesmo afirmando a existência de um marca-passo no coração, o segurança pensou que ele era um assaltante.

Coincidência ou não, durante esta semana onde se “comemorava” a realidade do Brasil pós Lei Áurea muitos eventos abordaram a segurança pública e a violência contra os negros. Foi o caso do 7º Ato Ufal em Defesa da Vida, que chamou a atenção da sociedade alagoana fazendo a exposição de 2000 pares de calçados que representam o número de mortos, além ter apresentações culturais e a mesa redonda “As faces da violência étnicorracial”. E também da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em parceria com os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores realizou em Brasília, um seminário de 12 a 14 de maio sobre as relações dos órgãos de Segurança Pública com negros, povos indígenas. Estiveram presentes cerca de 150 especialistas, técnicos, professores, gestores de políticas públicas da área de direitos humanos, além de policiais militares, civis, bombeiros e representantes do movimento social que trabalham com questões ligadas à juventude.

A PM ainda continua vendo os negros como suspeitos preferenciais, infelizmente, o racismo institucional ainda é forte, prevalecendo cotidianamente a frase: “Negro parado é suspeito, negro correndo é ladrão!”. Até quando?!


Fonte: Coluna Axé - Jornal Tribuna Independente (18.05.10)

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