quarta-feira, 19 de maio de 2010

Jornalistas apóiam carta da COJIRA-AL

IGUALDADE RACIAL

Uma carta aos jornalistas

Miro Nunes


O papel da comunicação social é o de transmitir significados entre as pessoas para a integração das mesmas na sociedade, o que se dará necessariamente com a promoção da igualdade entre os grupos que a compõem. Neste contexto, foi divulgada na web, na quinta-feira (13/5), uma "Carta aos Jornalistas" em virtude da passagem do dia que marcou os 122 anos de abolição da escravidão no Brasil – e é também o Dia Nacional de Combate ao Racismo.

Temos como jornalistas responsabilidade social, pois nossa matéria-prima vem das demandas sociais. Com elas lidamos 24 horas por dia, servindo o jornalista e a jornalista de "ponte" entre as reivindicações populares e as chamadas autoridades constituídas, que por isso acabam sendo fiscalizadas pela mídia. Por isso é essencial fazer a nossa crítica interna diária, a fim de não reproduzir em nosso cotidiano as injustiças que retratamos e analisamos.

As Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial ligadas aos sindicatos no município do Rio de Janeiro, no Distrito Federal e nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, São Paulo e Rio Grande do Sul (onde se chama Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros) apoiaram o documento redigido pela Cojira-Alagoas, em cujo território abriga-se a Serra da Barriga, local onde o Quilombo de Palmares existiu e resistiu por quase 100 anos às investidas das forças dos colonizadores de então.

Expressões racistas

A luta destes grupos nos campos do trabalho e da educação (como impulsionadora do aprimoramento profissional) tem como objetivos incluir muito mais negros e negras na produção de conteúdo na mídia e influir na qualidade do que hoje é produzido sobre as culturas negras nos meios de comunicação. Isto significa também criticar matérias que não retratam de modo igual as fontes sobre temas que nos interessam mais de perto, como as ações afirmativas e, mais especificamente, a adoção de cotas no ensino superior (especialmente nas universidades públicas).

Na carta, também destacamos que os jornalistas devem no seu cotidiano evitar expressões racistas como "lista negra", "línguas negras", "a coisa tá preta", "buraco negro" (sem conotação científica), "páginas negras da história", "samba do crioulo doido" e vários outros.

Conforme frisamos no documento, temos entre os nossos desafios a tarefa de sensibilizar os jornalistas. E para isso contamos com espaços como este Observatório da Imprensa na internet. Sugiro que no seu espaço na televisão pública e no rádio o OI, em breve, paute para reflexão este tema que é tão caro a milhões de brasileiros.

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