Pela primeira vez o Ministro Edson Santos, após sete meses no comando da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), visitou o estado de Alagoas. A agenda foi repleta de atividades, como a participação na III Conferência Estadual dos Direitos Humanos; teve almoço especial com autoridades e empresários; reunião com o Governador Teotonio Vilela Filho; encontro político-cultural com representantes dos segmentos afro-alagoanos; e a tentativa frustrada de visitar a Serra da Barriga no Município de União dos Palmares.
A quinta-feira (11) foi um dia intenso, proferiu a palestra “Universalizar direitos em um contexto de desigualdades” na Conferência dos Direitos Humanos realizada no Maceió Mar Hotel. Depois, seguiu para um almoço político-empresarial na Casa da Indústria, onde conferiu a apresentação do Guerreiro, herança-cultural e um dos folguedos mais conhecidos do Estado. Também, visualizou uma performance cênico-corporal executada por estudantes africanas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que hipnotizaram os participantes pela beleza e criatividade.
Estiveram presentes no almoço, a Magnífica Reitora da Ufal, Ana Dayse Dórea; Márcia Valéria, Secretária Estadual de Educação e Esporte; José Carlos Lira, Presidente da Federação Alagoana das Indústrias; Arísia Barros, Gerente Étnico Racial da Secretaria de Educação; Elis Lopes, Gerente Afro-Quilombola da Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Valdice Gomes, Presidente do Sindjornal e representante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial; deputados estaduais, jornalistas, além de representantes do movimento negro como Djalma Rosendo (Agrucenup-União dos Palmares), Carlos Martins (Unegro-AL) e Helciane Angélica (Anajô e Cojira-AL).
A Seppir surgiu como uma resposta positiva para o Brasil após a Conferência de Durban. São cinco anos de atuação, dentre os avanços conquistados destacam-se: concessão de bolsas de estudos (Prouni), cotas raciais nas faculdades; aprovação da Lei 10.639/03; e a cooperação África-Brasil, para o intercâmbio político-cultural e tecnológico. O ministro ressaltou ainda, que as políticas afirmativas só terão êxito quando houver um esforço conjunto entre o setor público (promoção social) e o privado (com a abertura de oportunidades no mercado de trabalho), além de evidenciar a importância da educação no combate do preconceito racial e garantir a transformação social. “Sabemos que a educação é fundamental para inverter a pirâmide social, que é negra a sua base”, reforçou.
“Não basta tratarmos dessa questão (promoção da igualdade racial) apenas no âmbito das políticas universais, pois levaremos muito tempo para termos um país mais igual. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas leva-se em média 65 anos, mais de meio século, para que a pirâmide social do nosso país fique mais colorida no caminhar do desenvolvimento. E como já se colocou no Brasil, pelo Betinho, a fome tem pressa e o fim da desigualdade também tem. Nós tivemos a abolição da escravidão há 120 anos, e já passa da hora de haver o resgate dessa dívida histórica, que é da sociedade e do Estado Brasileiro para com a população negra”, declarou Edson Santos.
No período da tarde, o Governador Teotonio Vilela Filho recebeu o ministro no Palácio República dos Palmares, para discutir projetos favoráveis a comunidade negra. Um dos assuntos que não pôde ficar ausente, foi a Serra da Barriga – solo sagrado e palco da resistência negra – as más condições de acesso o deixou decepcionado. “Verificamos a dificuldade de se chegar até a Serra da Barriga e por causa disso farei uma solicitação de recursos ao presidente Lula para viabilizarmos projetos de acessibilidade para aquela região”, frisou o ministro. Ao assegurar investimentos na infra-estrutura, a visitação será realizada em qualquer período do ano (faça chuva ou faça sol) e não apenas no Mês da Consciência Negra, além de propiciar o desenvolvimento turístico e econômico do município.
Na sexta-feira (12), lideranças de vários segmentos afro-alagoanos tiveram a oportunidade de estabelecer contato, efetivamente, com o representante do Governo Federal para entregar uma pauta de reivindicações e propostas. A manhã político-cultural seguiu com pronunciamentos importantes e apresentações de dança e teatro-afro.
Edson Santos retorna à Brasília, com uma boa recordação do povo guerreiro de Alagoas. Esteve frente a frente, ora prestigiando apresentações artístico-culturais, ora debatendo propostas de ações afirmativas para o Estado e, também, recebeu o carinho das pessoas, pois não faltaram presentes e lembranças da terra de Zumbi dos Palmares.
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