quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mais de dez mil pessoas caminham pela liberdade religiosa em Copacabana - Nem chuva, nem frio, só Axé e Fé.

Por: Miro Nunes
Jornalista / Membro da Cojira-Rio


Nem o frio trazido pela chuva fina que caia nesta manhã de domingo afugentou as quase dez mil pessoas que participaram hoje (21) da caminhada em defesa ao direito à liberdade de culto na orla de Copacabana. Sob o som das palavras de ordem "Eu tenho Axé. Eu tenho Fé!", representantes de várias religiões, intelectuais, artistas e políticos partiram da Praça do Lido, ponto de concentração, e estão seguindo até o posto seis.

No primeiro dos dois carros de som, o ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em discurso, pontuou a importância do diálogo entre as religiões e disse que irá entregar ao Presidente da República as principais reivindicações contra a intolerância religiosa em prol de ações de governo mais contundentes. O advogado e, Luiz Fernando Martins da Silva, enfatizou que as pessoas que se sentissem ameaçadas ou agredidas pelo fanatismo devem procurar as autoridades, pois eles estão aptos a dar apoio às denúncias: "a liberdade religiosa e o direito de seguir qualquer credo estão assegurados pela Constituição Federal, que o maior documento jurídico do país. Então devemos acionar o Ministério Público, o Judiciário, as autoridades governamentais para assegurar os nossos direitos constitucionais".

Entre as inúmeras autoridades presentes à manifestação alguns destaques são fundamentais, como a presença do ex-senador Abdias Nascimento (que mesmo com a saúde fragilizada mostrou o vigor de sua energia); o ex-deputado e autor da lei que leva seu nome, o jornalista Carlos Alberto Caó. Vários candidatos em plena campanha eleitoral participaram do evento, mas foram convidados pela organização a se posicionarem ao final da marcha, o que foi aceito sem maiores problemas.

O protesto pacífico, que acontece em várias capitais brasileiras, integra as comemorações ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data oficializada pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e está sendo comemorada pela primeira vez. O Código Penal prevê prisão de um mês a um ano ou multa para quem comete esse crime. A pena pode ser acrescida de até um terço no caso de haver violência.

A "Caminhada em defesa da liberdade religiosa" é uma ação que integra a campanha "Liberdade religiosa, Eu tenho Fé!", capitaneado pela Comissão de Combate a Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro que envolve distintas organizações: mulheres; indígenas, ciganos; cristãos; muçulmanos; judeus; bahais; orientais; filosóficos; grupos culturais; setores do Movimento Negro; organizações de direitos humanos; artistas, imprensa; políticos.

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