Por: Odilon Rios - Jornalista
Levantamento da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em Washington,
mostrou que Alagoas, se fosse um país, teria a pior educação do mundo.
Alunos pesquisados nas escolas públicas
ou não sabem ler ou não interpretam textos; não sabem somar, subtrair,
mutiplicar ou dividir.
Líder em analfabetismo, Alagoas assiste à
tramitação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa, do deputado
Ricardo Nezinho (PMDB).
Batizado de "Escola Livre", tem seis
páginas e oito artigos. Em "Deveres do Professor" está escrito: ele deve
se abster de abordar conteúdos que estejam em conflito com as
convicções morais, religiosas ou ideológicas dos estudantes ou pais ou
responsáveis. Pena: suspensão ou demissão no serviço público.
Cursinhos ou escolas que preparam alunos
para o Enem podem ser proibidos, seguindo a lei, de abordar a teoria da
evolução das espécies, em contraste com a tese bíblica de Adão e Eva;
ou que se discutam ideias de filósofos ateus como Nietzsche, Augusto
Comte; ou se aborde Freud e a sexualidade no homem.
Quem se sentir atingido em sua moral ou
convicção pode acionar o professor no Conselho Estadual de Educação ou
na Secretaria Estadual de Educação.
O Escola Livre foi aprovado ano passado pela Assembleia Legislativa. Por unanimidade.
Deputados justificaram: votavam por Deus e pela família.
Em janeiro, o governador Renan Filho
vetou o Escola Livre. Entendeu que ele fere o artigo 206 da Constituição
Federal ("liberdade de aprender, ensinar e pesquisar").
Próxima terça (26), os deputados
discutem derrubar os vetos do governador. A Arquidiocese de Maceió e a
Assembleia de Deus dão como certos os votos de 26 dos 27 deputados,
favoráveis ao Escola Livre.
Seguidores das religiões afro temem que a
lei estadual criminalize o professor que aborde o Candomblé, a
Umbanda a
alunos católicos ou evangélicos.
Há 104 anos, terreiros foram destruídos e queimados em Maceió acusados de bruxaria.
Se passar pela Assembleia, o Escola Livre pode oficializar o pior: o início da Idade Média na educação de Alagoas.
Fonte: Blog do Odilon
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