O prêmio nacional Jornalista Abdias Nascimento encontra-se na terceira edição, é uma realização da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
Nessa edição, coube à jornalista Sandra Martins ficar a frente da organização geral do prêmio. Ela é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Integrada Hélio Alonso em 1985. Iniciou a carreira profissional no Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, onde exerceu as funções de diagramadora, sub-secretaria de redação, repórter e sub-editora; e também foi bolsista-técnica de jornalismo na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz).
Tem o patrocínio da Ford Foundation, Fundo Baobá e Oi; além da parceria da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Ipeafro, UNIC-Rio, Cultne e Sated. E no apoio: W. K. Kellogg Foundation, Fundação Palmares, ANPR, além das Cojiras
que atuam no Distrito Federal, São Paulo, Alagoas, Paraíba, Bahia, Mato Grosso
e do Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros (RS).
Leia abaixo a entrevista especial:
Qual
a importância do prêmio Abdias Nascimento?
O
Prêmio Abdias é uma provocação que as Cojiras/Núcleo fazem aos jornalistas e
mídias comerciais ou não. Ao longo da história do Brasil, sempre fizemos nossa
afro-imprensa. Falávamos para nós, o que foi e é excelente, mas não podemos
ficar limitados, já o somos pelo histórico segregacionista. Mas não éramos
totalmente invisíveis na mídia, sempre estivemos presentes nas páginas
policiais, de cultura, geral. O questionamento sobre esse tipo de
representatividade foi levada para as nossas entidades sindicais e depois para
os nossos congressos nacionais de jornalistas. Com isso fortalecemos as
alianças, na realidade, foram elas que possibilitaram a boa realização deste
empreendimento que este ano vai para a 3ª edição. O mercado entendeu a
provocação. Claro que nada é fácil, é uma construção constante, com muito tato
e parceria.
Como se sente ao concluir essa edição do prêmio?
Estou muito feliz por concluir esta 3ª edição do Prêmio
Nacional Jornalista Abdias Nascimento. A experiência foi excepcional. Não é
nada fácil, mas todos deveriam passar por este aprendizado, que desenvolve
várias capacitações: paciência, articulação, visão do conjunto, entre outros.
Na coordenação, qual foi o maior aprendizado?
Percebi o quanto nós, ativistas, devemos nos qualificar para
tratar com as várias áreas de execução de um projeto: concepção textual do
projeto em si, captação de recursos, enquadramento às leis de incentivo,
articulação com potenciais apoiadores, produção de relatórios, gestão de
projeto, enfim, um aprendizado que é fundamental para todos e todas nós.
E
qual a repercussão nacional?
No
cenário nacional, o prêmio possibilitou levar a discussão racial para as
redações em todas as regiões do país. É importante ressaltar, que, segundo a fala
de alguns vencedores de versões anteriores, a vontade de escrever sobre a
temática racial existia, e eventualmente era possível, mas pautar o tema era
complicado, e o Prêmio foi uma estratégia fundamental para sensibilizar e
derrubar algumas barreiras.
As
inscrições são satisfatórias?
Os
dados indicam um crescimento de mais de 75% de inscrições em relação a 2012, o
Prêmio bateu recorde de adesão em 2013, reflexo da consolidação do concurso na
imprensa brasileira. A Comissão Julgadora, formada por dez jornalistas e
especialistas em relações raciais, escolheu os 21 melhores trabalhos dentre o
total de 310 inscritos. Isso mostra que houve avanços expressivos, conseguimos
estimular quem já se debruçava sobre o tema, ao mesmo tempo em que angariamos
mais corações e mentes. O nível das matérias também houve uma expressiva
melhora, ou seja, os nossos profissionais estão revendo seus próprios conceitos
a partir de suas próprias descobertas: isso é maravilhoso. Mas também
entendemos que é uma caminhada árdua e longa. O Prêmio Nacional Jornalista
Abdias Nascimento é o somatório de várias aspirações que vem de longa data,
antes mesmo de termos nascido, e mais ainda para aqueles que ainda vão surgir.
Na cerimônia de premiação, terá
atração musical?
O Prêmio Abdias é um prêmio ímpar, não
só na perspectiva da incitação ao diálogo com o/a produtor/a de conteúdo
jornalístico, mas também quer mostrar um pouco da sua produção cultural
engajada. Daí no primeiro ano, tivemos o som dos anos 70 e 90, soul black; na
edição seguinte, demos vez e voz ao samba; e este ano, a juventude negra vai
invadir os palcos da Zona Sul do Rio de Janeiro – o hip hop vai cantar o Prêmio
Nacional Jornalista Abdias Nascimento.
E quem receberá a homenagem desse ano?
Como entendemos que o que somos hoje é
uma construção coletiva, sempre homenageamos personalidades, na realidade,
arquitetos e engenheiras de nossas conquistas. No primeiro ano, o TEN, com Ruth
de Souza e Leia Garcia; em 2012, nosso mestre Muniz Sodré; e este ano, será a
vez de duas grandes damas do jornalismo e ativismo brasileiro: Vera Daiyse
Barcelos e Jeanice Ramos. As duas devotaram suas vidas para o bom jornalismo e
a promoção da igualdade racial, e levaram esta disposição para dentro do
sindicato, articulando a criação do Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do
sindicato gaúcho. E foram profissionais engajadas na mídia negra – Revista
Tição em Porto Alegre.
Fonte: Cojira-AL
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