quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Em defesa do Diploma de Jornalismo

Por: Helciane Angélica
Jornalista (1102 - MTE/AL); Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; integrante da COJIRA-AL; e editora da Coluna Axé, jornal Tribuna Independente.
helci_angel@hotmail.com



A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os 31 sindicatos filiados realizam de 11 a 17 de agosto, a Semana Nacional de Luta em defesa da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. E essa articulação não é por acaso, já que está prestes a ser julgado o Recurso Extraordinário (RE) 511961, no Supremo Tribunal Federal (STF), e se for aprovado irá desregulamentar a profissão de jornalista.

Trata-se de um momento extremamente importante e de alerta para jornalistas, acadêmicos e a sociedade. Caso isso aconteça será um tremendo retrocesso, e sem dúvidas, todos sairão prejudicados! É fato, que precisa investir mais na formação com qualidade para os futuros profissionais e lutar por uma comunicação, verdadeiramente, a favor da população. E outro desafio a ser conquistado é o processo de democratização nos meios de comunicação, porém nem adianta dizer que isso deve-se a forças ocultas, sabemos do fervoroso jogo de interesse.

Lembro que logo no início da Faculdade (não faz tanto tempo), ouvi a expressão: "Mídia, 4º poder"... Aff, realmente é! Uma informação pode enaltecer ou destruir indivíduos e nações inteiras, transformando realidades em questões de segundos. Portanto, não é uma função para qualquer pessoa. Trata-se de uma profissão tão essencial quanto o ramo da Medicina, já pensou um leigo na sala cirúrgica?!

A formação do jornalista (assim como de outros profissionais) não equivale apenas aos quatro anos de aprendizado, e sim, toda a experiência adquirida ao ultrapassar as fronteiras das salas de aula (pesquisa, extensão e estágio). O diploma simboliza toda a trajetória acadêmica, afirma que o indivíduo recebeu os conteúdos essenciais para execução do seu trabalho, então, não podemos aceitar mais as inúmeras irregularidades nos meios de comunicação. Pessoas desabilitadas estão ocupando o espaço de quem realmente merece, além de prejudicar a qualidade da informação que você ouve no rádio, ver na TV e acessa na Internet.

É bom lembrar que a desregulamentação prejudicará sensivelmente os jornalistas negros, mesmo com diploma, enfrentam dificuldades de espaços no mercado de trabalho. E não é uma questão de capacidade, e sim de oportunidade, uma herança fétida da escravidão e do racismo camuflado existente em nossa sociedade – muitas pessoas podem até discordar, então, sugiro que mentalmente conte o número de jornalistas negros no seu Estado. Bom, isso já seria tema de outro artigo, e não me prolongarei.

Precisamos realmente de um jornalismo comprometido com a verdade, que garanta a transformação sócio-político-cultural, respeite às diversidades (raça, credo e de gênero), com responsabilidade teórica e técnica. O diploma não é meramente um pedaço de papel, é o critério mais democrático de acesso à profissão!

A Semana Nacional de Luta em Alagoas foi lançada no sábado (09), com o Bar da Comunicação, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal). O Comitê Estadual em Defesa do Diploma amplia a mobilização com visitas as redações de jornais, TVs e assessorias; planfetagem nas faculdades de jornalismo (Ufal, Cesmac e a FITS) do Estado; e encerrará no dia 15, a partir das 14h, com um grande ato público em frente à OAB-AL, no Centro de Maceió. Com certeza devemos fortalecer esse movimento, pois essa não é uma luta apenas da categoria!

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