sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Comunidades de matriz africana acusam prefeitura de preconceito


Dia de Iemanjá “Ou a prefeitura se mantém neutra ou será considerado racismo”
por Gabriela Flores
Arquivo CadaMinuto
Comunidades de matriz africana acusam prefeitura de preconceito
No próximo dia 8 de dezembro, dia Nossa Senhora da Conceição para os católicos e para as religiões de matriz africana é celebrado o dia de Iemanja. A cena que sempre se viu em nossa orla com as baianas e suas saias rodadas e todos os rituais de origem africana parece que não estão agradando os gestores públicos de nossa municipalidade.
A representante da comunidade de matriz africana Ilé Axé Legioniré Xoroqué, Mônica Carvalho revela que o estado vem dando apoio às manifestações religiosas e culturais, apoio este que vem sendo cada vez mais reprimido pela prefeitura de Maceió.
“No domingo dia 8 de dezembro, como acontece há anos estamos preparando as atividades religiosas e culturais de nossa crença, porém fomos informados que no mesmo dia haverá uma atividade gospel na praça multi-eventos, o que impediria as comunidades de cultura afro ocupar o referido espaço”, afirma Mônica.
Na busca do direito de poder exercer sua escolha religiosa e cultural, Mônica esteve no Ministério Público onde foi orientada a ir à Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU) para fazer o pedido para uso do espaço (praça multi-eventos) e da orla de Maceió.
“Na orla acontecem as manifestações religiosas e na praça as apresentações culturais como os afoxés, maracatus, bandas de percussão e outros”, explica Mônica.
Após seguir todos os caminhos legais Mônica recebeu o indeferimento do pedido do espaço para a realização do evento.
“Essa foi uma atitude anticonstitucional e só posso considerar como racismo. Queremos ter preservadas nossas tradições”, reforça a representante da comunidade de matriz africana.
Os membros da comunidade estão sendo acompanhados por um advogado para orientar o grupo sobre os procedimentos legais a tomar diante de medida tão arbitrária. Uma das indagações é “até quando a prefeitura de Maceió vai expor publicamente o seu racismo e o seu preconceito. Ou a prefeitura se mantém neutra ou será considerado racismo, até porque o artigo 23 do estatuto da igualdade racial defende o livre exercício dos cultos religiosos na forma da Lei”, desabafou Mônica.

Fonte: Cada Minuto

Instituto Raízes de África realiza baile de debutantes Ìrawò


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Exposição "Memória que o vento não levou..."


O Museu Cultura Periférica (Ponto de Memória do Jacintinho) e o Centro de Estudos e Pesquisas Afro Alagoano Quilombo em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Organização dos Estados Iberoamericano (OEI), Ministério da Cultura e a Secretaria Estadual de Cultura de Alagoas convida para o lançamento da Exposição “Memória que o vento não levou...”, palestra “Museu: a construção do conhecimento na interface do tempo e do espaço” e o clássico projeto “Mirante Cultural: um quilombo chamado Jacintinho” que acontecerá no dia 30 de novembro do corrente ano com uma extensa programação.  Ressaltamos que a exposição ficará na Feirinha nos finais de semana por um mês.

Durante três anos o Museu Cultura Periférica através de lideranças locais realizou acompanhamento das ações existentes, em quatro comunidades (Jacintinho; Vila Emater II, Vila de Pescadores e Zona Sul) e um recorte no hip hop, através de fotografias e filmagens, além de entrevistadas com pessoas ícones que lutaram para o crescimento de suas comunidades no aspecto socio-político-cultural. A pesquisa realizada sobre a formação e a cultura do Jacintinho será exposta na Feirinha em frente ao Mercado Público do bairro.

PROGRAMAÇÃO:

Lançamento da Exposição “Memórias que o vento não levou...”
Local: Feirinha do Jacintinho (em frente ao Mercado Público)
Data: 30/11/2012
Horário: 7h30 às 13h30

Palestra: “MUSEU: a construção do conhecimento na interface do tempo e do espaço” com a profª. Mscª. em História Elizabeth Salgado de Souza da Universidade Estadual Santa Cruz – Ilhéus - BA
Local: Esc. Est. Manoel Simplício, rua Divisória Feição, s/n, Jacintinho.
Data: 30/11/2012
Horário: 16h

Mirante Cultural: um quilombo chamado Jacintinho
Local: Mirante Kátia Assunção (por tráis da rádio 96 FM) no Jacintinho
Data: 30/11/2012
Horário: 19h30
Grupos Culturais:
·         Mostra do vídeo experimental: “Experiências de Memórias: Narrativas Populares do Brasil”.
·         Federação Alagoana de Capoeira (FALC) / Liga Feminina de Capoeira
·         Maracatu Coletivo Afro Caeté
·         Bumba meu boi Excalibur
·         Maculelê do Grupo Arte Brasil
·         Hip Hop da Crew Estilo Feminino
·         Maracatu Abassá de Angola
·         Coco de Roda Mangueirão
·         Banda Airê Yorubá


Viviane Rodrigues
Consultora do Museu Cultura Periférica
 (82) 8843-9311    (82) 8843-9311  / 9698-7928

Acontece hoje o XIII Ígbà- Seminário Afro-Alagoano


O XIII Ígbà- Seminário Afro-Alagoano: “O Povo Negro e as Memórias Ancestrais” iniciativa do Instituto Raízes de Áfricas acontece na quinta-feira (29) de novembro, no auditório do SESC no bairro do Poço, em Maceió-AL.

Com uma programação diversificada, o XIII Ígbà conta com a participação de palestrantes nacionais e locais e traz a proposta de abordar e discutir temas relevantes para a contextualização das políticas de ações afirmativas.


A inscrição para o XIII Ígbà: O Povo Negro e as Memórias Ancestrais, com certificação de 20 horas é gratuita.


E, em sua realização conta com o apoio da Fundação Cultural Palmares, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI)/MEC,SENAC/AL, Secretaria de Estado da Saúde, AL/SESC-Alagoas, Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, Secretaria de Estado do Turismo.


Se você ainda não se inscreveu, ainda tem tempo. Basta solicitar a inscrição pelos e-mails: bella.raizesdeafricas@hotmail.com, raizesdeafricas@gmail.com


PROGRAMAÇÃO
XIII Ígbà- Seminário Afro-Alagoano: “O Povo Negro e as Memórias Ancestrais”
8h00 –Entrega de material
8h40- Abertura Afro-cultural
9h00- Abertura oficial/composição da mesa de abertura
09h30-Mesa Ampliada de Conversas
Palestra I:
A Matriz Africana e o Ativismo Negro no Brasil e/ou o Estatuto da Igualdade Racial igualou? Uma reflexão sobre leis e culturas marginalizadas.
Elisa Larkin Nascimento- Mestra em Direito e Ciências Sociais pela Universidade de Bufalo/ Estado de Nova York. Americana de nascimento e brasileira por adoção, viúva do renomado ativista Abdias Nascimento- ( 20 minutos)
9h20-Palestra II-
O fio do meu cabelo pixaim tem raiz na história- Uma abordagem
Janaina Oliveira- RE.FÉM- MC carioca, Negra, Feminista, MC, Cineasta, Publicitária, Produtora, Ativista dos Movimentos de Mulheres e Juventude Negra. ( 20 minutos)
9h40- Palestra III:
Eu Não sou Morena, Parda ou Mulata. Sou Negra, entendeu?
Uma Conversa de/para meninas Negras.
Cida Batista de Oliveira- Prof. Ms. Maria Aparecida Batista de Oliveira -Professora Universidade Federal de Alagoas ( 20 minutos)
10h00- Debate
10h30- Esticando as pernas- Pausa para o cafezinho
11h00- Palestra IV:
“Onde está o nexo entre ordem pública e a criminalidade violenta que mata jovens e negros em Alagoas?
Sávio de Almeida, professor, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Direito, Sociedade e Violência do Centro Universitário- CESMAC, dentre outros...
11h40- Debate
12h00- Almoço
14h00- II Mesa Ampliada de Conversas:
Palestra V:
Negra consciência. Consciência negra. Afinal o que significa isso?
Zezito Araújo- professor, ex-secretário de Estado de Defesa e Proteção das Minorias, historiador e Coordenador do Curso de História do Centro Universitário CESMAC
14h30- Mostra de Vídeo e Mesa de Discussão:
"10.639/03. A Lei Que Não Sai do Papel."- Jornalista Thiago Correia-
Mesa VI-Os dez anos de silenciamento da Lei nº 10.639/03? Quantos ouviram? As facetas do racismo institucional. ( a confirmar)
16h00- Debate
17h00- Encerramento

Serviço:
XIII Ígbà- Seminário Afro-Alagoano: O Povo Negro e as Memórias Ancestrais”
Dia: 29 de novembro
Horário: Das 08 às 17 horas
Local: Auditório Maron Emile Abi-abib, SESC- Poço
Maceió/AL
Inscrições: Gratuita/com direito a almoço no local
Certificação: 20 horas
Informações: (82) 8827-3656/3231-4201/8726-1559
Solicitação de inscrição: raizesdeafricas@gmail.com, bella.raizesdeafricas@hotmail.com

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Conselheiros do CNPIR foram empossados para o biênio 2012/2014

Nomeação é fruto de um processo inédito e democrático que possibilitou a troca dos membros por meio de eleição organizada pela SEPPIR


Os novos representantes da sociedade civil no Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) foram empossados nesta terça-feira (27) para atuação no biênio de 2012/2014. A nomeação é fruto de um processo inédito e democrático que possibilitou a troca dos membros por meio de eleição organizada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) entre os dias 13 e 14 de novembro.

Durante a reunião, a ministra Luiza Bairros empossou os novos membros e agradeceu a participação dos conselheiros que atuaram no último biênio. Sobre o trabalho realizado nesse período, a chefe da SEPPIR ressaltou que irão frutificar nos próximos anos. “Os conselheiros mudam, mas as ações do órgão e os nossos compromissos permanecem”, afirmou a ministra, assegurando que ações elencadas pela gestão passada deverão continuar norteando os trabalhos da SEPPIR.

Durante a cerimônia de posse, o secretário executivo do CNPIR, Sérgio Pedro apresentou o relatório de trabalho dos últimos dois anos. O documento traz as atividades como o que foi desenvolvido pelo grupo de trabalho para implementação do Estatuto da Igualdade Racial e do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), além das discussões para subsidiar o Plano Juventude Viva.

Sérgio Pedro também ressaltou as contribuições dos conselheiros para o Plano Plurianual (PPA 2012/15), a participação no Ano Internacional dos Afrodescendentes no Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI) e na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20).

A advogada Vera Baroni representou os antigos conselheiros na saudação aos novos membros. Ela explicou que o trabalho do CNPIR implica fundamentalmente no cotidiano das pessoas, pois efetiva a democracia brasileira. “Esse conselho tem um papel especial, pois contribui para que um dia o racismo seja banido do nosso país”, ressaltou a conselheira.

Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial

Presidido pelo(a) titular da SEPPIR, o CNPIR é um órgão colegiado, de caráter consultivo e integrante da estrutura básica da secretaria. O órgão tem como finalidade propor, em âmbito nacional, políticas de promoção da igualdade racial com ênfase na população negra e outros segmentos raciais e étnicos da população brasileira. Além do combate ao racismo, o CNPIR tem por missão propor alternativas para a superação das desigualdades raciais, tanto do ponto de vista econômico quanto social, político e cultural, ampliando, assim, os processos de controle social sobre as referidas políticas.


Fonte: Ascom SEPPIR

terça-feira, 27 de novembro de 2012

2º Seminário de Promoção de Equidade em Saúde



Posse histórica

Na última quinta-feira (22.11), durante a semana nacional da Consciência Negra, ocorreu no Distrito Federal a posse do primeiro ministro negro na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ): Joaquim Barbosa. 

Em seu discurso, Barbosa fez uma análise sobre a desigualdade existente na justiça brasileira, e ainda, criticou a lentidão que provoca impactos diretos e negativos sobre a vida dos cidadãos e cidadãs. “É preciso ter a honestidade intelectual para reconhecer que há um grande déficit de Justiça entre nós. Nem todos os cidadãos são tratados com a mesma consideração quando buscam a Justiça. O que se vê aqui e acolá é o tratamento privilegiado”, declarou. 

Ele afirmou ainda que almeja um Judiciário sem firulas, sem rapapés. "O bom magistrado é aquele que tem consciência de seus limites. Não basta ter boa formação técnica, humanística e forte apego a valores éticos. O juiz deve zelar para que suas convicções íntimas não contaminem sua atividade (...) O juiz deve, sim, sopesar e ter em devida conta os valores caros à sociedade em que ele opera. O juiz é produto do seu meio e do seu tempo", disse. 

De acordo com o cerimonial do STF, foram impressos 2.500 convites para o evento destinados aos ministros aposentados, tribunais de países de língua portuguesa e nomes que integram a lista tradicional de cerimônias do Supremo. Entre os convidados pessoais do ministro, estiveram seus familiares oriundos de Paracatu (MG) e representantes de universidades no Brasil e no exterior. Também marcaram presença na solenidade a Presidenta da República Dilma Rouseff, muitas autoridades políticas e artistas consagrados como: o cantor alagoano Djavan, o sambista Martinho da Vila, a apresentadora de Tv Regina Casé, e os atores Milton Gonçalves, Lucélia Santos e Lázaro Ramos. 

E à noite foi realizado um coquetel em homenagem ao presidente empossado, oferecido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).  

Joaquim Barbosa é um homem que ficou conhecido pela seriedade, rigidez e até mau-humor. Porém, a sua coragem, inteligência e a trajetória árdua na superação da pobreza por meio dos estudos e muito trabalho, tem o consagrado como um orgulho para a população afro-brasileira.


Fonte: Coluna Axé - nº227 - Jornal Tribuna Independente (27.11.12)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Prêmio Troféu Raça Negra 2012


Na última segunda feira dia 19 na Sala São Paulo a Afrobás reuniu artistas e personalidades para celebrar a 10ª edição do Prêmio Troféu Raça Negra, o evento se pautou pela frase: “I have a dream” [Eu tenho um sonho] .
A noite de gala foi abrilhantada com a  apresentação de Vanessa Jackson, que homenageou Michael Jackson, Carlinhos Brown, Macau, Sandra de Sá e Jair Rodrigues, que incendiaram a Sala São Paulo. A poetisa Elisa Lucinda declamou uma poesia feita especialmente para o Troféu Raça Negra. O atleta Robson Caetano, a jornalista Joyce Ribeiro, e os atores Érico Brás e Patrícia Dejesus foram os mestres de cerimônia .
Bernice King filha de Martin Luther King prestigiou o evento e emocionou a plateia com seu discurso: — O discurso “I have a dream” [Eu tenho um sonho] de meu pai vai completar 50 anos em agosto de 2013. Muitas coisas mudaram desde então. E hoje temos o primeiro presidente negro nos Estados Unidos, mas não podemos estar satisfeitos, com tantos afro-americanos e afro-brasileiros na pobreza. Não podemos estar satisfeitos enquanto as oportunidades de educação e de trabalho não forem iguais para negros e brancos.
Glória Maria também se emocionou e chorou ao ouvir o discurso de Bernice, e seguiu emocionada e emocionado, ao receber o troféu ela lembrou do seu pioneirismo na TV brasileira, ela dedicou o premio ás filhas Laura e Maria— “Tenho orgulho de hoje voltar para casa e mostrar para elas este troféu. Quando eu tinha a idade delas, três, quatro anos, não havia referências negras na TV. Era impensável um evento como este. Hoje, minhas filhas sabem que é natural a mãe delas vir receber um prêmio assim. Quem sabe um dia elas estarão neste palco recebendo também?”
Confira tudo, através da galeria de fotos.

Fonte: Mulher Negra & Cia

Justiça é falha porque age tardiamente, diz Barbosa ao tomar posse


Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília






Ao tomar posse como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (22), o ministro Joaquim Barbosa criticou a lentidão da Justiça brasileira, que, segundo ele, é “falha porque age tardiamente”. “Necessitamos com urgência de um aprimoramento da prestação do serviço jurisdicional”. Segundo ele, justiça que tarda “é justiça que impacta direta e negativamente sobre a vida do cidadão”. Barbosa também disse que nem todos os cidadãos são tratados da mesma maneira pelo Judiciário.
Ele ainda elogiou a evolução do Brasil e fez uma reflexão sobre o papel dos juízes na sociedade brasileira. Seu discurso de posse durou cerca de 16 minutos.
"O bom magistrado é aquele que tem consciência de seus limites. Não basta ter boa formação técnica, humanística e forte apego a valores éticos. O juiz deve zelar para que suas convicções íntimas não contaminem sua atividade", afirmou.
"O juiz deve, sim, sopesar e ter em devida conta os valores caros à sociedade em que ele opera. O juiz é produto do seu meio e do seu tempo", declarou.
"Nada mais ultrapassado e indesejado do que aquele modelo de juiz fechado, como se estivesse encerrado em uma torre de marfim", disse. "Pertence ao passado a figura do juiz que se mantém distante e, por que não dizer, inteiramente alheio aos anseios da sociedade."
Ao iniciar sua fala, ele elogiou o Brasil, que, sob seu ponto de vista, está em "franca evolução". "O Brasil é um país em franca e constante evolução. Um olhar generoso sobre a nossa história nas últimas cinco ou seis décadas revelará a trajetória vitoriosa de um povo que soube desvencilhar-se da posição de pária das nações livres", avaliou Barbosa.
Segundo o novo presidente do Supremo, o país alcançou instituições sólidas. "Embora todos nós estejamos prontos a exercer nosso sagrado direito de crítica quanto ao funcionamento desta ou daquela engrenagem estatal, que às vezes teima em expor suas mazelas e debilidades intrínsecas, hoje podemos dizer que temos instituições sólidas. Mas não se pode falar em instituições sólidas sem o elemento humano que as impulsiona. Tomemos como objeto de reflexão o magistrado".
Barbosa também defendeu a independência do Poder Judiciário no país. "É preciso reforçar a independência do juiz. Afastá-lo das múltiplas e nocivas influências que podem minar-lhe a independência", declarou.
“Buscamos um Judiciário sem firulas, sem rapapés”, disse o magistrado. 
O ministro terminou o discurso agradecendo, emocionado, nominalmente à sua mãe e ao seu filho, e também aos convidados estrangeiros que compareceram à cerimônia de posse. Ele foi bastante aplaudido pelos convidados presentes ao plenário do Supremo.
Em seguida, ele recebeu os cumprimentos das autoridades.

Cerimônia

cerimônia de posse durou cerca de uma hora e meia. Barbosa foi empossado pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, e em seguida assinou o termo de posse.
Em seguida, Barbosa concedeu a palavra ao ministro Luiz Fux, seu colega o Supremo, para o discurso de saudação em nome da Corte.
"[Barbosa é] Paradigma de coragem e honradez", afirmou Fux. "Traz em si a retidão da alma." "O drama do juiz é a solidão. Raramente encontra espíritos do mesmo nível", disse ainda Fux sobre o novo presidente do STF.
Em seguida, discursou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que enfatizou a união dos diversos órgãos do Judiciário brasileiro. "Precisamos todos trabalhar juntos para dar continuidade ao aprimoramento de nosso sistema de Justiça", disse Gurgel.
 “Quando no futuro o seu retrato estiver incorporado à galeria dos presidentes [do Supremo], tenho certeza que seu mandato invocará pelo menos três qualidades: integridade, independência e firmeza”, disse Gurgel sobre Barbosa.
O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, disse que Barbosa ajudou a acabar com o estigma da impunidade. "Quem infringe a lei deve responder por seus atos", disse Cavalcante.

Repercussão

Para o ator Milton Gonçalves, um dos convidados da cerimônia, “ele [Barbosa] tem que ser lembrando pela capacidade, pelo raciocínio, por aquilo que ele empregou na juventude, na adolescência para se tornar um homem dessa importância. Óbvio que, como negro, sou copartícipe, sou parceiro dele, mas ele está lá por mérito, por mérito, só isso”.
Para a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, o fato de um negro assumir o posto de comando da mais alta Corte do país não deve ser considerado o mais importante, mas é símbolo de um novo Brasil. “Sem dúvida o simbolismo desse momento, para um país que se reconheceu como racista há tão pouco tempo, não pode ser negado”.
O deputado federal Romário (PSB-RJ) também destacou a importância de haver um negro na presidência do STF. “Eu, também como negro, fico feliz de saber que temos uma pessoa competente trabalhadora, objetiva, honesta, séria que vai assumir o maior cargo do país no Poder Judiciário.”
"É um momento histórico para o Brasil. Acho que o Brasil inteiro, de alguma forma, está presente aqui, se não fisicamente, de coração, em alma, e em solidariedade ao ministro Joaquim Barbosa, que é hoje o símbolo maior da altivez e independência do Poder Judiciário", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
"Hoje é o dia do Barbosa, ele é o cara", disse o ministro Teori Zavascki, que toma posse na próxima semana no STF.
Após a posse no STF, na noite desta quinta-feira as três entidades nacionais de juízes --AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho)-- vão oferecer um jantar em homenagem a Barbosa em um clube em Brasília.