Foto: Glauco Araújo/G1)
"Em 70 anos vivendo nessa comunidade, essa foi a primeira vez que vi algo parecido. A destruição foi total e rápida demais.” Essa foi a maneira que o aposentado Antonio Nunes, 70 anos, encontrou para contar, com os olhos cheios de lágrimas, a sensação de ter perdido a casa com a chuva de sexta-feira (18) para sábado (19), em União dos Palmares (AL). Para conseguir escapar da água, 56 integrantes da comunidade quilombola Muquém subiram em duas jaqueiras e no telhado de uma casa para sobreviver.
No estado, foram confirmadas 34 mortes causadas pela chuva desde a semana passada. Em Pernambuco, foram 17 óbitos. Com isso, o número de mortes nos dois estados chega a 51.
Antonio Nunes disse nunca ter visto enchente tão forte em 70 anos de vida.
Todos os integrantes da comunidade quilombola chegaram a ser considerados desaparecidos pela Defesa Civil de Alagoas desde sábado. Eles só foram localizados na terça-feira (22), quando integrantes do Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e da Secretaria de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (Semarh) foram ao local, de helicóptero. “Temíamos o pior, mas conseguimos encontrá-los com vida. Alguns chegaram a ficar até 18 horas sobre as árvores”, disse Adriano Augusto de Araújo Jorge, presidente do IMA.
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Na região, apenas oito das 90 casas que existiam na comunidade ficaram de pé. Outras 50 foram completamente destruídas e as outras estão condenadas. “Não há mais como reconstruir as casas no mesmo local”, disse o secretário Alex Gama.
O quilombola Aloísio Nunes, 65 anos, disse que não teve tempo de escolher em qual árvore subir e se proteger. “Subi com meus parentes e ficamos agarrados na jaqueira, até a água baixar, a cerca de meio metro de altura. Era madeira boiando, móveis, tudo que tinha por perto foi arrastado pela água.”
G1
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