segunda-feira, 28 de junho de 2010

Prefeitura de Viçosa e Seppir se unem para atender quilombolas do Gurgumba

O prefeito de Viçosa, Flaubert Filho, e o subsecretário da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Alexandro Reis, fizeram neste final de semana uma visita a comunidade quilombola do Gurgumba, que estava isolada desde o dia 18 de junho quando o Rio Paraíba arrastou a ponte que dava acesso ao povoado, e constataram a situação de abandono dos remanescentes de Zumbi dos Palmares.

Saindo do Centro de Viçosa, a equipe passa pela comunidade quilombola do Sabalangá, segue pela estrada de barro até onde é possível, mas depois tem que seguir a pé porque não existem estradas de acesso até o Gurgumba. Uma ponte improvisada de madeira permite atravessar as águas do Rio Paraíba. Foi por meio desta ponte que o Corpo de Bombeiros conseguiu entregar cestas básicas aos moradores durante a semana.

Para visitar as 22 famílias que residem às margens do Rio Paraíba, nas imediações da histórica Serra Dois Irmãos, onde Zumbi morreu, é preciso andar mais um bocado. Na chegada um carrinho de rolimã é logo avistado. Este é o meio de transporte da comunidade. O cenário é de tristeza e abandono.

Casas de taipa, condições impróprias para sobreviver. O acesso aos serviços de educação e saúde são comprometidos pela dificuldade de chegar ou sair daquele povoado. Benedita Chaves é uma das que ainda resistem aquele lugar de confinamento, ela diz que não tem vontade de sair do Gurgumba, mas descreve o lugar com um semblante de tristeza: “Aqui tá morto”.

José Fabiano da Silva tem seis filhos e é um dos cinco chefes de famílias que viram sua casa arrastada pelas fortes águas do Paraíba mais uma vez. “Fiquei sem nada. Sem saber o que fazer. Só comi no dia seguinte porque a vizinha me deu. Já perdi a casa três vezes. Estou morando na casa de um amigo”.

A comunidade vive entre o Rio Paraíba e os trilhos da linha da rede ferroviária, que também foram afetados pela força da água. Um paredão de concreto foi erguido para proteger a rede ferroviária, mas não foi suficiente. As águas ultrapassaram o paredão e arrastaram os trilhos de ferro.

O prefeito Flaubert Filho se enche de esperanças ao receber o representante da SEPPIR, porque entende que a complexidade da situação do Gurgumba não lhe permite resolver todos os problemas sozinho. “Precisamos unir forças com o poder Estadual e com o poder Federal para tiramos estas pessoas da vida de isolamento e proporcionar uma qualidade de vida que hoje eles não têm. Temos que começar resolvendo a questão da acessibilidade. Viabilizando estradas, assim eles terão educação de qualidade, saúde e vamos poder construir casas de alvenaria para abrigar estas famílias, com acesso à água potável e saneamento”.

Flaubert Filho explica para Alexandro Reis que há mais de um ano tem o projeto de um posto de saúde para atender o Sabalangá e o Gurgumba, mas ainda não obteve êxito. Outro projeto do prefeito é implantar um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) para atender as cerca de 1100 pessoas que residem nestes dois quilombos.

Alexandro Reis comprovou in loco a necessidade de concentrar esforços para garantir a dignidade e o bem-estar daquelas pessoas. “Vamos fazer uma parceria entre o governo federal e a prefeitura para reconstruir as casas do quilombo, melhorar o acesso e instalar o CRAS que o prefeito apontou”.

O representante da SEPPIR disse que dentre tantas cenas fortes o que mais lhe chamou atenção foi: “a situação de confinamento, com pouco espaço físico para sobreviver. Se houver nova enchente a situação vai ser ainda pior. As casas são de taipa e os moradores estão expostos a doença de chagas. O governo Lula criou o Programa Brasil Quilombola para garantir a melhoria da qualidade de vida. Vamos lutar juntos para solucionar estes problemas”.

Alexandro Reis garantiu enviar, em caráter emergencial, cestas de alimentos para as famílias do Gurgumba e vai se esforçar para que esta assistência não seja apenas uma vez, passe a ser mensal se estendendo também para a comunidade do Sabalangá. A Prefeitura já trabalha no cadastramento destas famílias e prepara os projetos discutidos com a SEPPIR para acelerar o processo que visa a garantia de uma vida digna aos quilombolas viçosenses.

A visita do subsecretário da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Alexandro Reis, ao município de Viçosa de Alagoas foi viabilizado pela parceria com o Projeto Raízes de Áfricas. A coordenadora do projeto, Arísia Barros, acompanhou a visita.

Fonte: Ascom Prefeitura de Viçosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!