terça-feira, 13 de abril de 2010

Cotas na educação

Por: Helciane Angélica


O sistema de cotas na educação é uma das mais importantes políticas afirmativas, existe em vários países como Índia, Canadá e Estados Unidos. No Brasil foi implantado há pouco mais de 10 anos, é destinado aos negros, pardos e indígenas provenientes de escolas públicas.

Atualmente cerca de 60 instituições de ensino superior no país, entre federais, estaduais e particulares já implantaram o Programa de Políticas de Ações Afirmativas e agora, esperam o julgamento do processo movido pelo Partido dos Democratas (DEM) no Supremo Tribunal Federal que querem a eliminação do processo que faz a reserva de vagas.

Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) as Ações Afirmativas entraram em vigor em 2004, e a cada ano o ingresso de cotistas ficou mais expressivo no processo seletivo, também é o único no Brasil que tem o recorte de gênero. Somente no último ocorreu a adesão de 776 pessoas pelo sistema de cotas e desde a sua vigência, já foram contabilizados cerca de 3.000 estudantes.

Várias pesquisas avaliaram o desempenho dos cotistas nas Universidades, e como resultado foi diagnosticado que esses alunos estão se destacando, apresentam boas notas e participam dos projetos de extensão e pesquisas. Trata-se de um mecanismo de inclusão social e racial, que busca dar oportunidades aos afro-descendentes de terem formação superior, principalmente, a possibilidade de mudar suas vidas e da própria sociedade com suas profissões.

O método paliativo é na verdade, um ato de reparação aos efeitos danosos da escravidão no Brasil que ainda contribuem para a perpetuação dos atos discriminatórios. O movimento social negro desde a década de 1970 vem pressionando o Estado para a implementação de políticas que combatam à discriminação racial nos mais diversos setores. Atualmente, segue firme com a mobilização em defesa das cotas, participando das audiências públicas, realizando ações sócio-educativas e investindo pesado na campanha Afirme-se, que consiste na arrecadação de recursos financeiros para a viabilização de uma publicidade étnica (informativa e de apoio às cotas) nos grandes meios de comunicação – acesse: www.afirmese.blogspot.com.

É lógico que o ideal seria não precisarmos de cotas e que a educação de qualidade fosse acessível a todos desde os primeiros anos de vida. As polêmicas e críticas são inevitáveis, mas enquanto houver injustiças contra as pessoas que possuem mais melanina (pigmento que dar a cor da pele) em um país onde 50,6% da população é composta por afrodescendentes, é o sinal que a luta contra a inferioridade sócio-cultural deve continuar. Axé!


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (13.04.10)

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