Nordestinas discutem racismo e machismo na mídia

Mulheres de várias idades e segmentos afros mostrando o orgulho de ser negra

A Ilha de Itamaracá sediou nos dias 18 a 21 de março, o 1º Seminário de Mulheres Negras Nordestinas no combate da discriminação racial na mídia. A atividade foi promovida pelo Observatório Negro (PE) e a Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).

O encontro teve como principal objetivo criar uma rede regional para monitorar os casos de racismo e outras formas de preconceito nos meios de comunicação; além de ampliar a discussão sobre gênero e etnia na mídia. Cerca de 70 mulheres de várias idades e segmentos afros mostrando o orgulho de ser negra, partilhando conhecimento e experiências.

Estiveram presentes integrantes de grupos afro-culturais, hip hop, capoeira, religiosas de matriz africana, ONGs, sindicato das trabalhadoras domésticas, acadêmicas de vários cursos e jornalistas. Do Nordeste apenas a representante de Sergipe teve dificuldade de viajar, mas também tinham convidadas de Brasília, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Dentre os coletivos sindicais que defendem a igualdade racial, estiveram a Comissão dos Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas e o Núcleo de Comunicadores Negros do Rio Grande do Sul, com a presença de Vera Daisy e Isabel Clavelin. "Esse foi o meu primeiro encontro regional na área de gênero e etnia. Posso dizer sem dúvida alguma, que foi um momento riquíssimo tanto em conhecimento, como em diversidade sócio-cultural e compartilhamento de experiências", ressaltou a jornalista Helciane Angélica – editora da Coluna Axé, integrante da Cojira-AL e presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô/APN-AL, que foi a única representante alagoana.

Dentre os temas aprofundados no Seminário estiveram: racismo na mídia e violência simbólica contra as mulheres negras; justiciabilidade do Direito Humano à Comunicação; o processo da CONFECOM e seu impacto no combate da discriminação nos meios de comunicação; e uma roda de diálogo sobre Mulher Negra, Cultura Popular e Mídia – história de resistência da artista negra Lia de Itamaracá, uma mulher simples que é patrimônio imaterial de Pernambuco. As mulheres também prestigiaram a apresentação cultural do afoxé Oyá Alaxé de Recife e aprenderam a ciranda, uma dança típica do Estado.