domingo, 29 de junho de 2008

Boleiras do Quilombo nos festejos juninos de Maceió

Texto e fotos: Helciane Angélica
Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da Cojira/AL



As boleiras do Quilombo, comunidade remanescente de Santa Luzia do Norte, abrilhantaram os festejos juninos do Jaraguá. De 21 a 30 de junho, das 18 às 2h da manhã, na Praça Marcílio Dias, elas comercializaram os deliciosos quitutes como: tapioca, pé-de-moleque, canjica, bolos de macaxeira, massa-puba e milho, a preço popular.

Integrantes do projeto Boleiras do Quilombo, utilizam as principais matérias-primas da comunidade, o milho e a mandioca, para produzir comidas típicas do segmento afro. Também já passaram por cursos de capacitação fornecidos pelo Sebrae e pela Secretaria de Trabalho.

Para manter a barraca, as boleiras contaram com o apoio da Prefeitura de Maceió e da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos. De acordo com Elis Lopes, gerente quilombola de Alagoas, a participação dessas mulheres na programação é extremamente importante. "Foram elas mesmas que demonstraram interesse em participar da programação e mostrar o trabalho da comunidade. E a importância deve-se principalmente pela valorização dessa produção tradicional, além de dar uma oportunidade de renda para os quilombolas", afirmou.

A comunidade foi reconhecida em 2005 pela Fundação Cultural Palmares. Possui 300 famílias que levam a sério a herança cultural deixada pelos antepassados: investem na agricultura familiar, principalmente, na plantação de mandioca; e também sobrevivem da pesca e dos mariscos na Lagoa Mundaú.

As denominações quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais e comunidades de terreiro, não caracterizam os "descendentes de escravos" (termo pejorativo). E sim, representam os grupos sociais afros-descendentes que resistiram ou, manifestamente, se rebelaram contra o sistema colonial e contra sua condição de cativo, formando territórios independentes onde a liberdade, o trabalho e o companheirismo se diferenciava do regime de trabalho adotado pela metrópole. Ao todo, existem 46 comunidades remanescentes em Alagoas e 22 receberam as certidões de reconhecimento, publicadas no Diário Oficial da União.

Um comentário:

  1. Muito bacana a matéria. Deu vontade de comer bolo agora.rsrs
    E parabéns para as "guerreiras" do quilombo Santa Luzia do Norte. A cultura nunca morrerá enquanto essas pessoas existirem.

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