Jornalista, Presidente do Anajô e integrante da Cojira/AL
A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, recebeu denúncias de favorecimento e discriminação no concurso da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Realizado no período de 26 a 28 de maio, a fim de selecionar professores para integrar o Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), precisamente, nos cursos de Artes Cênicas e Dança.
O ato de favorecimento aconteceu durante uma aula pública, que tinha a presença de acadêmicos da Ufal. “Na execução da prova didática, a professora (Cícera Lúcia Almeida Coimbra) chegou com um atraso de 15min. O edital é claro quando diz que todos os candidatos precisam estar no local e horário marcado, para assinar a ata e comprovar os presentes. A banca retardou o processo e quando ela chegou não tomaram nenhum encaminhamento”, explicou a candidata ao cargo de professora assistente em prática de dança.
Já as características discriminatórias foram percebidas pelo comportamento hostil emitido por integrantes da banca. “E a partir do momento que não toma esse encaminhamento. Leva o processo adiante e depois ainda fica com olhares e posturas de agressividade, discriminação e com animosidade. E aí, eu tive que enfrentar as etapas futuras do processo gozando desse desprestígio e infelizmente sendo a minha presença indigesta para eles, então, o fato de contar com isso, ter que ir suplantando essa discriminação, preconceito e violência. E no final de tudo, vê a Prof. Msc. Cícera Lúcia Almeida Coimbra como única candidata aprovada no certame”, declarou decepcionada.
A Comissão de Defesa das Minorias da OAB/AL entrou com representação criminal no Ministério Público Federal contra a Universidade Federal de Alagoas, alegando crime de Prevaricação e Favorecimento Ilícito, além de pedir uma reavaliação do ato administrativo. Segundo o presidente da Ordem, Dr. Omar Coelho, a instituição não compactua com esse tipo de procedimento e afirma que o Supremo Tribunal prever por meio de súmula que a Administração Pública pode rever seus atos desde que seja por meios legais. “A gente vê com muita tristeza esse tipo de procedimento, num momento que Alagoas está mudando a sua condição e a forma de agir. Nós estamos solicitando da Reitora que refaça o certame para evitar qualquer tipo de ação judicial”, ressaltou.
Lideranças do movimento negro e a sociedade civil estão acompanhando o caso de perto. A reunião que oficializou a denúncia ocorreu no dia 02 de junho, e contou com a participação das entidades: Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal); Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; Centro de Estudos e Pesquisa Afro-Alagoano Quilombo; Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; Grupo Teatral O Arrebol; e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira/AL).
Outros casos
Após a corajosa atitude da professora foram revelados outros episódios. Por exemplo, a situação de Ricardo Araújo, com licenciatura em Artes Cênicas e Mestre em Educação, que não pôde se inscrever no concurso por ter a supressão de áreas afins. Ele afirma que todos os critérios de títulos e especializações do edital, condiziam de forma generalizada, com o candidato aprovado na seleção. Os casos de favorecimento remetem-se a professores que já atuavam na Ufal, na condição de substitutos e aprovação no concurso oficializaria a situação.
Piedade revela-se satisfeita com sua atuação e por ter ajudado outras pessoas. “Eu fico muito feliz por está sendo o instrumento. A oportunidade para as pessoas que não tiveram o apoio de um advogado competente como o Dr. Betinho, da Ordem dos Advogados e de todo movimento social negro para dar visibilidade a procedimentos ilícitos, injustos e antiéticos que são costumeiros no Brasil”, afirmou ainda que “esse nosso país tem jeito sim, se nós denunciarmos, se nós lutarmos por justiça” exaltou.
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