As escolas públicas do Brasil não podem fazer ecoar o preconceito racial entre os jovens. O que ocorre, em grande parte das escolas, é uma omissão sobre a importância da cultura negra na composição da sociedade. "O preconceito racial não é um problema dos negros, é um problema do Brasil. É um problema que deve ser combatido por todos os brasileiros". A afirmação é do secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro, feita na última segunda-feira, 26, durante o lançamento de quatro novos produtos anti-racistas do Ministério da Educação.
A partir deste mês, todas as secretarias municipais e estaduais de educação receberão livros e um jogo pedagógico acompanhado de manual para o professor e para o aluno. A intenção é que os produtos possam esclarecer a contribuição dos negros para a cultura brasileira e garantir que as escolas públicas brasileiras sejam espaços de combate ao preconceito racial. "O Brasil não se reconhece como um país racista e isso é um grande obstáculo na luta pela igualdade", explicou Lázaro. De acordo com o secretário, o primeiro passo para enfrentar o preconceito racial no Brasil é reconhecer a dimensão do problema.
No Brasil, é comum se admitir apenas as conseqüências da escravidão. Essa visão, segundo Lázaro, deixa de reconhecer as contribuições positivas dos negros ao longo da história. "Eles foram agentes civilizadores do país. Trouxeram tecnologias agrícolas e metalúrgicas que desconhecíamos, e isso deve ser explicado", destacou o secretário.
Para a pesquisadora e organizadora das publicações Glória Moura, o país ainda não reconheceu sua identidade. "Se negamos ao papel do negro a sua importância, então estamos diante de um país com uma identidade incompleta", defendeu a pesquisadora, para quem a edição dos livros é a realização de um sonho. "Desde 1987, trabalhamos para que o dia de hoje fosse possível", explicou a organizadora que reuniu histórias de quilombos de vários estados brasileiros.
A primeira tiragem das publicações já está sendo entregue nas escolas. A segunda, em fase de produção, deve estar pronta nos próximos três meses. Dois produtos são destinados preferencialmente às escolas quilombolas - o jogo Yoté e o livro Estórias Quilombolas. As obras são destinadas a professores e alunos do ensino fundamental. O jogo traz imagens de figuras negras ilustres do Brasil como Chiquinha Gonzaga, Mãe Menininha e João do Pulo. Espécie de jogo de damas, a brincadeira funciona também como um reconhecimento de negros que foram importantes na constituição da sociedade brasileira. É que o jogador só pode 'comer' a peça do colega se contar a história do personagem. Acompanha cada jogo um livrinho para os alunos - que traz a história dos personagens - e outro para o professor.
Fonte: Assessoria
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