domingo, 1 de fevereiro de 2009

FSM: Palestra aborda direitos da mulher negra


Texto e foto: Emanuelle Oliveira
Jornalista e integrante da Cojira-AL

Durante palestra sobre os direitos da mulher negra, que aconteceu na sexta-feira (30), na tenda temática do movimento negro, na Universidade Rural do Pará (UFRA), integrantes de ongs e associações falaram sobre a dificuldade que existe para a entrada no mercado de trabalho e ainda, para o controle da natalidade e da exploração sexual.

De acordo com Zélia Amador, que é uma das coordenadoras das atividades do movimento no Pará, os homens negros já entram no mercado de trabalho com um déficit de 50%, devido à sua cor, enquanto as mulheres têm desvantagem de 75%, pela questão do gênero e da raça.



Zélia afirma que a mulher negra precisa ser integrada ao mercado de trabalho


"Existem estudos que mostram avanços nesses dados, porque o sexo feminino já entrou em determinadas carreiras, como Direito e Medicina, mas atribuem funções inferiores às negras, já que costumam achar que elas só servem para serem empregadas domésticas", explicou Zélia.

Para Mônica Conrado, que faz parte da Organização "Nós Mulheres" do Pará, o debate sobre discriminação exclui as especificidades da mulher negra, já que para ela, existem três formas de opressão. "A opressão política retira os direitos, a econômica as exclui do mercado de trabalho, enquanto que a ideológica cria estereótipos de beleza e é isso que gera as desigualdades".


Mônica Conrado foi uma das palestrantes do evento


Ainda segunda Mônica, as negras têm o maior índice de analfabetismo, mais filhos, salários menores, são vítimas de violência doméstica e continuam sendo cultuadas como objeto sexual, além de morrerem precocemente e por serem pobres, dificilmente fazem parte das pesquisas, já que para ela os dados oficiais são brancos e o sujeito tem cor e gênero e deve ter sua identidade reconhecida. "Nos hospitais somos discriminadas e se souberem que frequentamos religiões de matriz africana a situação é pior", completou.

A estudante Giovana Miranda, que faz parte do Movimento de mulheres Dandara, que promove cursos de capacitação e produzem informativos no município paraense de Itupiranga afirma que o preconceito contra a mulher ainda é intenso. "Somos discriminadas três vezes: Por sermos mulheres, negras ou indígenas e pobres”.


Giovana Miranda busca elevar a alto estima da mulher negra


Giovana relatou que já presenciou casos em que mulheres não foram aceitas para exercer determinadas funções devido à sua cor e que por isso, o grupo de 40 mulheres, que fazem parte do movimento, procurou mudar a mentalidade das próprias negras, que se sentem excluídas da sociedade. "Na nossa entidade, que já existe há oito anos e que conseguiu formar outros grupos de discussão, temos um salão de beleza que trabalha com penteados afros, para que as mulheres parem de achar que têm os cabelos feios e diferentes dos que vêm na televisão, porque muitas não se identificam como negras", contou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!