terça-feira, 28 de outubro de 2008

‘"Sou um cantor nota 10", brinca Lázaro Ramos sobre o seriado ‘Ó paí, ó’

Ator diz que se inspirou em bandas de axé para criar personagem. Nova série vai ao ar toda sexta, a partir do dia 31 de outubro


Cláudia Loureiro Do G1, no Rio


O antagonista do seriado, Matheus Nachtergaele, e o protagonista, Lázaro Ramos (Foto: Cláudia Loureiro/ G1)


“Sou um cantor nota 10”. É dessa forma, em tom de brincadeira, que o ator Lázaro Ramos define sua atuação na nova minissérie da Globo "Ó paí, ó" , que, depois do teatro e do cinema, estréia no próximo dia 31 na TV. "Quem tem que falar mal são os outros", completa na sua auto-avaliação.

À vontade na pele de um baiano de bom coração, o personagem de Lázaro ganha a vida numa oficina de pintura afro, mas sonha em se tornar um cantor de sucesso. Para vivê-lo, Lázaro teve que afinar o gogó durante dois meses nas aulas de canto e buscou inspiração nas bandas de axé. “Eles têm um comunicação popular absurda”, diz o ator.

A história se passa num animado cortiço do centro histórico de Salvador e fala de temas sérios de um jeito bem popular. “Não é só comédia. Falamos dos dramas urbanos com deboche. E um aspecto positivo é que isso é algo que não é produzido no Centro-Sul, ou seja, Rio-São Paulo, mas na Bahia”, explica Monique Gardenberg, que assina a direção do filme homônimo. Entre os temas abordados, há pirataria, intolerância, saúde pública, adoção e moradia.

Segundo Monique, que também dirigiu dois episódios, a história na minissérie antecede o filme e tem no elenco muita gente já conhecida do público, como o próprio Lázaro, Stênio Garcia, Virgínia Cavendish, Preta Gil e Matheus Nachtergaele, entre outros. Mas há também rostos novos na telinha.

Bando de Teatro Olodum

O seriado conta com a participação do Bando de Teatro Olodum, formado por atores da Bahia, e de onde saíram atores como o próprio Lázaro. Criado em 1990, o grupo virou referência pela linguagem própria e popular, pelas improvisações, a criatividade e o bom humor.

“O Brasil vai ter a oportunidade de conhecer um pouco mais do Bando, que é maravilhoso. Até hoje me considero parte desse grupo. E o importante é que o Brasil vai poder conhecer outros teatros além do Rio e de São Paulo. Foi uma porta que foi aberta”, defende Lázaro.


Elenco e direção conferem no escurinho do cinema o primeiro episódio do seriado (Foto: Cláudia Loureiro/ G1)

Matheus Nachtergaele no elenco

Também de forma descontraída, Matheus Nachtergaele, premiado recentemente no Festival do Rio com o prêmio de melhor diretor pelo filme “A festa da menina morta”, fala com modéstia sobre sua atuação na série. “Sempre acho que estou entrando (em cena) cada vez pior”, fala aos risos.

Para ele, o seriado é uma grande oportunidade de conhecer o trabalho de gente que está na estrada há muito tempo. “A paisagem humana representada pelo Bando é a alma desse trabalho. Só tenho que agradecer a honra de participar".

Filmagens


Durante dois meses, a equipe de filmagem conviveu com baianos e turistas de Salvador. A escolha da locação teve inconvenientes e mudou a rotina dos moradores, mas trouxe também histórias engraçadas e improvisos. Monique Gardenberg conta que dois turistas que passavam por uma locação no Pelourinho acabaram participando, sem querer, do seriado por achar que se tratava da vida real.

O regionalismo, segundo Monique, não vai impedir que a mensagem da série seja passada. "Isso não é importante para a compreensão da trama. É quase um 'caco'. A trama não está dependendo da compreensão de uma expressão. Nós tomamos esse cuidado em todos os episódios. Então, por exemplo, quando um personagem fala 'me passa uma cebola', ninguém sabe o que é isso, né?. Mas é 'me faça chorar', porque você corta a cebola e começa a chorar. Quando ela fala essa expressão, a idéia já foi passada antes." "Ó paí, ó" vai ao ar às sextas-feiras, a partir de 31 de outubro, logo após o "Globo Repórter".


Saiba quem é quem na minissérie

Roque (Lázaro Ramos) - Um rapaz charmoso, de bom coração, poeta, informado e politizado. Seu sonho é se tornar cantor famoso, mas para ganhar a vida tem uma oficina de pintura afro.

Dona Joana (Luciana Souza) - Evangélica fervorosa, se diz dona do cortiço e faz de tudo para controlar a vida dos moradores do animado prédio no coração do Pelourinho. Com o marido sumido há vários anos, ela cria os filhos Cosme e Damião sozinha e realiza seus desejos mais ocultos bisbilhotando a vida dos outros.

Reginaldo (Érico Brás) - O taxista é aquele típico malandro que só se dá mal. Mulherengo, é casado com Maria e amante de Yolanda, travesti e vizinho de porta.

Maria (Valdinéia Soriano) – Maria está sempre às turras e atrás de seu marido Reginaldo, o tipo mais simpático e o maior 171 do Pelô.

Yolanda (Lyu Arisson) - Travesti ousado, safado e de língua ferina, vive atrás de Reginaldo.

Queixão (Matheus Nachtergaele) - Amalucado e racista, sobrevive às custas de pequenos
golpes e contravenções.

Mãe Raimunda (Cássia Valle) - Mãe de santo, vidente esotérica, joga búzios para turistas e lê o futuro para seus vizinhos do cortiço.

Carmen (Auristela Sá) - Enfermeira, batalhadora, de coração e espírito maternal, é mãe adotiva de sete crianças.

Baiana do Acarajé (Rejane Maia) - Fiel ao candomblé e dona de uma visão aguçada sobre aquela realidade que a cerca, seu tabuleiro funciona como um ponto de encontro e fofoca do bairro.

Neusão da Rocha (Tânia Toko) - Sapatona "arretada", está sempre envolvida com as histórias dos moradores do cortiço, que freqüentam seu bar e a tomam por confidente. Devido à amizade que nutre por todos, vende fiado e vive com problemas de caixa.

Seu Gerônimo (Stênio Garcia) - Dono de um luxuoso antiquário no Largo do Pelourinho, o comerciante luta constantemente para expulsar os meninos de rua e os desocupados do bairro, que atrapalham a tranqüilidade dos turistas.
Lúcia (Edvana Carvalho) - Nega bonita funcionária de Seu Gerônimo, é mais uma baiana estilizada de porta de loja do Pelourinho, com vergonha de ser negona e sonho de casar com gringo.

Dandara (Aline Nepomuceno) – Uma dançarina sensual, de olhar profundo e misterioso, que encantará Roque.

Raimundinho (Leno Sacramento) – Afilhado de Mãe Raimunda, ele tem um grupo de hip hop.

Negócio Torto (Cristóvão da Silva) – Mendigo, mudo, judiado por todos do cortiço, exceto por Roque, que o protege como pode.

Mattias (Jorge Washington) – Vendedor ambulante de cafezinho, militante do movimento negro e casado com a Baiana do Acarajé.

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