O filme “Bróder”, do diretor Jeferson De, foi o grande vencedor da 38ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Na cerimônia de premiação, realizada na noite de sábado, 14 de agosto, o longa levou os três principais “Kikitos” da noite: melhor filme, melhor diretor e melhor ator (Caio Blat), além de vários prêmios técnicos.
A história de três amigos de infância nascidos no Capão Redondo, periferia de São Paulo, que tiveram destinos diferentes era pontada como grande favorito pelos participantes do festival. “Bróder” foi exibido no primeiro dia e nenhum outro filme da competição conseguiu empolgar.
Caio Blat desembarcou em Gramado somente no sábado, interrompendo a filmagem de um novo longa no Xingu. “O personagem Macu foi o maior presente da minha vida. Hoje, eu posso encher a boca e dizer ‘eu sou negão!’”, disse o ator no agradecimento ao prêmio.
Jefferson De completou o comentário ao subir para agradece o prêmio principal. “O Brasil é um país de contradições. Hoje, o Caio Blat diz que é negão e eu estava na Villa de Caras”, brincou.
“Bróder” é o primeiro longa de Jefferson De e também foi premiado no Festival de Paulínia. O diretor, que já tinha dito que queria uma indicação para concorrer ao Oscar de Filme Estrangeiro, ficou ainda mais confiante com a premiação.
“Acho que o filme tem todas as credenciais para ir ao Oscar. Pelo elenco, pela equipe técnica e pelo drama que apresentou na tela”, retomou. O filme deve estrear nos cinemas em novembro.
Simone Spoladore, que encantou o festival em “Elvis e Madona”, que infelizmente não estava na competição, foi lembrada na premiação por seu papel em “Não se Pode Viver sem Amor”. Ela levou o Kikito de Melhor Atriz. O filme dividiu a crítica, mas também levou o prêmio de Melhor Fotografia.
A mistura de documentário e drama “O Último Romance de Balzac”, de Geraldo Sarno, ficou com o prêmio da crítica.
Na premiação para os filmes estrangeiros, os troféus também se concentraram em poucos filmes. O Kikito de Melhor Filme Estrangeiro foi para o documentário chileno “Mi Vida con Carlos”, em que o diretor German Berger narra a busca pelo pai, assassinado pelo regime militar. “O prêmio é o reconhecimento da necessidade de abordar o passado para se ter uma sociedade mais justa”, discursou o diretor. “Mi Vida con Carlos” também foi premiado por sua fotografia.
O Kikito de Melhor Ator Estrangeiro foi dividido entre Gabino Rodriguez (“Perpetuum Mobile”) e Martin Piroyansky (“La Vieja de Atrás”). O Melhor Diretor foi Nicolas Pereda, de “Perpetuum Mobile”. “La Vieja de Atrás” ganhou também como Melhor Roteiro. Já o Prêmio Especial do Jurí ficou com o nicaraguense “La Yuma”, outro favorito dos críticos presentes na cobertura do festival. Alma Blanco, que interpreta Yuma, também ganhou o Kikito de Melhor Atriz Estrangeira.
Em seu final, a 38ª edição do Festival de Gramado teve um balanço positivo, com a apresentação de muitos filmes interessantes, maior abertura para países distantes do Cone Sul e a correta consagração de “Bróder”. Mas é inegável que o evento acusa o impacto da investida de Paulínia no circuito dos festivias. Com muito mais dinheiro e oba-oba, Paulínia já rouba os holofotes e encurta o tapete vermelho de Gramado.
Antigamente conhecido – e críticado – por seu desfile de celebridades, este ano até alguns dos premiados, como Simone Spoladore e o diretor Jorge Durán, faltaram à premiere de seus filmes. Caio Blat chegou em cima da hora apenas para receber seu troféu. Isso pode ser interpretado como um problema, mas também ser facilmente revertido em virtude. Gramado tem agora a chance de renascer como um Festival importante para o cinema e não apenas para as vaidades das colunas sociais. O prêmio de “Bróder” aponta o caminho.
Fonte: http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=40314
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