terça-feira, 10 de novembro de 2009

Conferência defende cota para negros na TV

Evento que mobilizou ativistas e membros do governo propõe regra para garantir a negros e índios 20% das vagas em rádio e televisão


DAYANNE SOUSA
da PrimaPagina

Conferência que reuniu ativistas e membros do governo aprovou a criação de cotas para artistas e jornalistas negros no rádio e na televisão. A II CONAPIR (Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial) propôs que negros e indígenas sejam 20% das equipes de rádio e televisão e 30% do elenco de propagandas do governo.

As resoluções da Conferência servem de orientação para tomadas de decisões no governo. Durante a CONAPIR, foram aprovadas 761 medidas, em áreas como saúde, educação, segurança e cultura.

O relatório final da CONAPIR não determina de que forma a cota seria estipulada. O texto diz apenas que deve-se “garantir uma política de participação de 20% de negros, povos indígenas e outras etnias discriminadas”. Para Vera Barcellos, do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do Rio Grande do Sul, é preciso que as cotas virem lei. As empresas de comunicação seriam obrigadas a contratar um determinado percentual de negros e índios. “No momento, o país não oferece igualdade, só regulando a mídia para ela ser mais democrática”, diz Vera.

“Hoje, no Rio Grande do Sul, temos apenas dois jornalistas negros nas bancadas da televisão”, conta, “nem nos canais comunitários e fechados há espaço”.

O texto da CONAPIR, que ocorreu de 25 a 28 de junho, vai ao encontro de ideais consolidados recentemente no Estatuto da Igualdade Racial, aprovado no Congresso. O documento determina que “na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos negros”.

O relatório da Conferência destaca ainda que os negros atuem também em papéis principais. “Não é só ter uma Helena negra”, afirma Vera, se referindo à protagonista de Viver a Vida, da Rede Globo, interpretada pela atriz Taís Araújo. “Ela é a principal, mas a sua família não é do primeiro núcleo, ela vive com um homem rico e branco”, observa.

Outra proposta para os meios de comunicação obriga-os a veicular programas sobre a cultura africana. A ideia é que 20% da programação seja voltada para esses temas.

A CONAPIR é um modelo de conferência que permite a participação do público em assuntos de políticas públicas. Numa primeira fase, pequenas reuniões com entidades comunitárias e administrações municipais e estaduais levantaram propostas. Todas elas foram discutidas em plenário em Brasília, que determinou as que iriam para o relatório final.


Fonte: PNUD Brasil

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