sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tambor Falante debate intolerância religiosa










CHAMADO ESPECIAL

Você que é verdadeiramente MALUNGO E MALUNGA (palavra banta que significa irmão (ã) de criação; Companheiro (a) de caminhada). Você que acredita no debate/diálogo e na comunhão das ideias como alavancas de fomento e organização de um “povo”. ESTÁ ESPECIALMENTE CONVIDADO (A) PARA O NOSSO PRÓXIMO TAMBOR FALANTE!

Tema: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Data: 04 de julho de 2009. (sábado)
Horário: das 14h30 as 18h00
Local: Restaurante Central – Antigo Bingo (Centro de Maceió – Próximo à Praça dos Palmares).


O QUE É O TAMBOR FALANTE?
Trata-se de um projeto inovador, que visa articular encontros ordinários, reunindo lideranças, militantes e personalidades em geral para discutir, aprofundar e propor novas maneiras de participação na continuidade da luta e organização do povo negro e afro-descendente.

Dentre os objetivos do Tambor Falante, as entidades proponentes: Centro de Cultura e Estudos Étnicos – ANAJÔ, Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial – COJIRA e Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro - PNIBP entenderam como importante: 1) Realizar encontros entre lideranças étnico-raciais, militantes, simpatizantes e afins, para através de reflexões temáticas, debater amplamente as questões inerentes à conjuntura da comunidade negra alagoana e brasileira; 2) Fomentar a realização de encontros/debates, visando uma maior contextualidade e igual seriedade nas intervenções, conforme temáticas em favor da organização do Movimento Negro e a comunidade em geral; 3) Articular a criação de um documentário em forma de livro e/ou cd que possa contribuir efetivamente com os grupos de base e afins, no tocante aos saberes, reflexões e proposições dos debatedores em favor da conscientização dos mesmos; 4) Contribuir de forma permanente com a articulação supra-organizacional no processo de conscientização, congraçamento com novas e antigas lideranças quanto à importância impar na transformação da realidade dos grupos e organizações de Alagoas.

AS PRIMEIRAS ETAPAS:
Os dois primeiros “Tambores” aconteceram no Bar e Restaurante Velho Jardim - Riacho Doce – Maceió –AL. Sendo o primeiro no dia 10/01/09 (Sábado), um dia após o aniversário da Lei 10.639, cujo tema foi exatamente: SEIS ANOS DA LEI 10639 – DESAFIOS, CONQUISTAS E AVANÇOS com participações de diversas personalidades negras de Alagoas em forma de depoimentos.

A segunda etapa foi no dia 21 de março, cuja temática: RACISMO não poderia ser diferente, visto que tal data é fortemente marcada como DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DO RACISMO, devido a um grande massacre ao povo africano em Shaperville na África do Sul em 1960.

Agora faremos uma grande reflexão sobre as questões ligadas a INTOLERÂNCIA RELIGIOSA que tem aterrorizado dezenas de homens e mulheres cujos direitos constitucionais de vivenciarem suas crenças religiosas, sobretudo, as de matriz africanas, estão sendo desrespeitados e agredidos por pessoas inescrupulosas, etnocêntricas e racistas.

O CONTEÚDO A SEGUIR SERVIRÁ DE INFORMAÇÃO E REFLEXÃO E REQUER UM POUCO DE ATENÇÃO E PACIÊNCIA.

OS PASSOS DA HISTÓRIA
Entre meados da década de 1970 até o ano 2000 o Movimento Negro de Alagoas participou de vários encontros regionais e nacionais ajudando na organização e fortalecendo da luta. Contribuiu na criação do Memorial Zumbi (hoje desativado) avivando e trazendo a tona à importância da Serra da Barriga, enquanto solo sagrado e berço de liberdade, tornando-a posteriormente patrimônio histórico e paisagístico da nação e, sobretudo, visibilizando a história do Quilombo dos Palmares e seu ultimo comandante-em-chefe, Zumbi (um dos mais temidos e respeitados dos “Gangas”).

Em agosto de 1988 foi criada a Fundação Cultural Palmares para consolidar os projetos culturais do Movimento Negro Nacional, ficando responsável pela Serra da Barriga enquanto patrimônio cultural inscrito no livro do tombo desde 1995.

Não-obstante também de suma importância foi a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro da UFAL, o qual continua contribuindo significativamente no processo de conscientização e crescimento da comunidade negra alagoana, sobretudo no mundo acadêmico.

Alagoas participou e contribuiu na articulação da Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN, cominando com a execução coletiva do pré-lançamento do Projeto ZUMBI - 300 ANOS novembro de 1994.

Em 1995 em pleno 20 de novembro, acontecia uma grande homenagem à Zumbi e a todos os ancestrais quilombolas na Serra da Barriga e nas cidades de Maceió e União dos Palmares, concomitantemente centenas de militantes de todo País realizavam a grande Marcha Zumbi dos Palmares em Brasília, quando foi entregue uma série de propostas em busca de políticas públicas em favor da comunidade negra brasileira ao então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Em 21 de março de 1998, Zumbi dos Palmares foi inscrito como herói nacional, data esta em que parte do mundo relembra o grande massacre em Shaperville na África do Sul, tornando a data Dia Internacional Pela Eliminação do Racismo. Dentre outros acontecimentos de igual importância na contextualidade.

CONFERENCIA MUNDIAL EM DURBAN. (Agosto de 2001)
Ao passar por algumas dificuldades de articulação, o Movimento Negro Alagoano não conseguiu enviar representantes para a Conferência Mundial Pela Eliminação do Racismo, Discriminação Racial Xenofobia, Homofobia e Outras Discriminações Correlatas, acontecida em Durban na África do Sul em 2001. Alagoas conseguiu discutir e apresentar suas propostas durante as pré-conferências estaduais, as quais também foram realizadas em todo Brasil. No entanto, faltou uma discussão posterior, visto a importância dos documentos aprovados nas DECLARAÇÕES DE DURBAN.

AVANÇOS NACIONAIS
Enquanto isso, nacionalmente no decorrer dos anos, principalmente após a ascensão do Presidente Lula, todos pudemos constatar imensuráveis avanços se desencadearem mediante as propostas e ações de lideranças negras, tanto pelos segmentos organizados, quanto pelas ONGs que fortaleceram as forças partidárias, implementando candidaturas negras comprometidas com a causa, haja vista, diversas conquistas como: a criação da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), da SECAD/MEC (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) e outros tantos avanços, como a criação do Estatuto Pela Igualdade Racial (ora em tramitação); a criação da Lei 10639, a dimensionalidade da luta em prol das Comunidades Remanescentes de Quilombo; as incansáveis batalhas em busca do reconhecimento, fortalecimento e respeitabilidade das Comunidades Tradicionais de Religiões de Matriz Africana. E por fim, toda uma gama de conquistas indiscutíveis, mesmo que ainda consolidáveis em alguns aspectos.

AVANÇOS INSTITUCIONAIS EM ALAGOAS
Em Alagoas foi criada a SEDEM (Secretaria de Defesa e Proteção das Minorias) hoje extinta, que tinha o papel importante em articular políticas publicas, a exemplo do “XIRÊ” – Comissão Estadual de Educação e Transversalidade Afro-Descendente, que a partir dessas discussões fomentou o advento de importantes iniciativas institucionais, a exemplo do Núcleo Étnico na Educação e Posteriormente a criação da Gerência Afro da Secretaria Estadual de Educação.

Concomitantemente no âmbito municipal já se constituía o Núcleo de Desenvolvimento Étnico Racial - NEDER na Secretaria Municipal de Educação de Maceió, cuja equipe há muito já se empenhava na efetivação de propostas pedagógicas transversais junto à temática étnico-racial.

Por sua vez a Prefeitura Municipal de União dos Palmares instituía o Centro Acotirene (nome de uma liderança do Quilombo dos Palmares) cujas demandas garantiam a realização de aulas de capoeira, maculelê, danças africanas, etc.

Ou seja, provavelmente nenhumas dessas realizações seriam galgáveis se no passado, alguns sonhadores militantes do Movimento Negro não tivessem acreditado e gritado em favor desse sonho, interagindo e sensibilizando gestores e parceiros na efetivação dessas propostas que ainda são ínfimas, considerando a realidade de outros Municípios e Estados brasileiros.

No entanto e lamentavelmente, em Alagoas, muitas atividades que deveriam hoje estar sendo coordenadas por entidades negras representativas, não o são, principalmente pela fragmentação e desarticulação por parte da maioria das lideranças. Fato que levou o Fórum de Entidades Negras de Alagoas – FENAL debater e encaminhar uma nova forma de organização e assim efetivar novos diálogos, interatividade e busca de reconquista desses “espaços perdidos”.

O TAMBOR FALANTE COMO ALAVANCA DE ARTICULAÇÃO
A proposta do TAMBOR FALANTE é, sobretudo, fomentar na mente de cada personalidade negra, militante ou simpatizante, cada cidadão (ã) a importância da reflexão através de debates para que juntos possamos contribuir na transformação permanente da realidade.
O TAMBOR FALANTE é essencialmente uma forma de provocar, articular e estimular a consolidação de novas idéias, ações e realizações em favor do povo afro-alagoano e a sociedade em geral.

Texto de:
Helcias Roberto Paulino Pereira
Secretário Geral do ANAJÔ
Membro da Comissão Executiva do FENAL.

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